sexta-feira, maio 02, 2014

Curiosidade do dia


Esta figura faz-me lembrar o Portugal dos gloriosos anos de dinheiro fácil e barato... Salgado e os seus não-transaccionáveis numa boa.
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Imagem, retirada de "Why America's Essentials Are Getting More Expensive While Its Toys Are Getting Cheap"

Meter código nisso com batota misturada

Via André Cruz tive acesso a "Kinematix encomenda "faixas" a campeões ingleses de râguebi".
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Um texto que nos remete para:


E, numa vertente muito pessoal, ele também sabe que eu preciso deste serviço, para minimizar as lesões geradas pelo calçado inadequado e incorrecta postura de corrida.
""este é o único equipamento que permite obter informação dentro do sapato".  
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"Hoje o calçado desportivo é muito técnico ou segmentado e isto permite, numa questão de minutos, comparar vários pares de sapatos e ter um resultado muito visual sobre quais são os mais equilibrados, por exemplo, para a sua forma de correr", explicou."

Diferentes tipos de inovação

"Need seekers (think Apple)
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"...these are companies who's innovation strategy is essentially around knowing customers better than themselves, identifying unarticulated needs, and then being the first to market with a product that addresses those needs.
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Market readers (think Samsung)
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"...a market reader is sort of the classic fast follower, it doesn't mean they ignore their customers, but they're very attuned to what competitors are doing and what other people are bringing to market first and observing what seems to be gaining traction, then very rapidly coming up with their own version of that innovation.
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Tech drivers (think Google)
"The third category is what we call technology drivers. This is much more the traditional technology push kind of model, where the pendulum hasn't swung completely away from customers and markets, but its much more oriented towards leveraging the technology base, seeing what you can push out, seeing where there might be applications for the technology.""
Trechos retirados de "How Apple, Samsung, And Google Take Different Approaches To Innovation"

O problema é a procura, não a oferta (parte IV)

Parte Iparte II e parte III.
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Terminei a parte II com aquela frase-ideia-metáfora de Hausmann, "os macacos não voam".
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Recordar:
Leio sempre com interesse os textos de Hausmann, o último é este "The Mismeasure of Technology":
"The problem is that a key component of technology is knowhow, which is an ability to perform a task. And knowhow, unlike devices and ideas, neither involves nor can be acquired through comprehension.
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Technology has trouble diffusing because much of it requires knowhow, which is an ability to recognize patterns and respond with effective actions. It is a wiring in the brain that may require years of practice to achieve. This makes its diffusion very slow
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Progress happens by moving into what the theoretical biologist Stuart Kauffman calls the “adjacent possible,” which implies that the best way to find out what is likely to be feasible in a country is to consider what is already there."
Aquele "adjacente possível" encaixa perfeitamente nesta série "O problema é a procura, não a oferta". O adjacente está fora mas é tangível, é concreto, do lado de dentro vê-se.

O problema é a procura, não a oferta (parte III)

Parte I e parte II.
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Voltando ao gráfico da tríade, referido na parte II:
Esta abordagem é, de certa forma, referida no relatório da consultora Roland Berger "Escaping the commodity trap – How to regain a competitive edge in commodity markets" (mencionado aqui) no diapositivo 22 e consiste em seguir a opção "Play by the rules" em que o futuro passa por:
  • aumentar de dimensão e realizar economias de escala;
  • reestruturar e cortar custos.
Sem uma vantagem competitiva sustentável é difícil a uma empresa portuguesa, com um mercado interno pequeno, ir por aqui. Uma excepção é o caso das celuloses, onde nenhum outro país permite o que Portugal permite que seja feito em benefício de um sector.
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Voltando à proposta de Caldeira Cabral, retratada neste gráfico:


Por vezes, esta abordagem acontece com algumas empresas: PMEs recorrem a laboratórios tecnológicos sectoriais, ou a centros tecnológicos, ou a laboratórios universitários (confesso que às vezes não sei se as empresas recorrem por iniciativa própria, com o recurso a fundos comunitários, ou se são as entidades de tecnologia e investigação que aliciam as PMEs a entrarem em projectos, com o argumento de que não pagarão nada, de que tudo será pago por projectos financiados). Nestes casos, com alguma frequência, as entidades de tecnologia e investigação chegam, a produtos interessantes e tecnologicamente inovadores e diferenciados.
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Contudo, as PMEs quase nunca conseguem tirar partido comercial deles.
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São produtos destinados a outros clientes-alvo que não conhecem.
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São produtos destinados a outras prateleiras que não sabem quais são ou como contactar os seus donos.
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São produtos que precisam de ter um marketing que a empresa não domina ou reconhece como válido.
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São produtos que precisam de uma abordagem comercial diferente daquela a que estão habituadas.
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Resultado, a subida para depois andar para a direita:
Tem este risco.
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Prefiro este percurso:
Prefiro que as empresas tenham sempre o foco virado para fora de si, para os clientes-alvo, para o ecossistema da procura e, procurem servir os clientes underserved.
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Servindo esses actores exigentes, as capacidades internas das empresas são levadas ao limite e, naturalmente, nasce a necessidade de alargar a fronteira dessas capacidades.

quinta-feira, maio 01, 2014

Que visão tão redutora...

A propósito de "How Global Manufacturing Cost Competitiveness Has Shifted Over the Past Decade", deste gráfico:

E da conclusão:
"These findings suggest that some nations must act urgently to shore up their manufacturing competitiveness. It also suggests that companies should reassess their global production and sourcing footprints in light of today’s cost structures and trends."
Conjugar com estes título "U.S. trade deficit climbs to $42.3 billion in February" e com isto:
"The deficit with China dropped a sharp 25.1% in February to $20.9 billion. But analysts are still looking for the trade gap with China, which has been the highest with any country, to top the record set in 2013."
Que visão tão redutora, achar que o futuro é ser o mais low-cost dos fornecedores...
 
 

"A competência crucial passa a ser a de organizar a criação de valor"

Continuado daqui.
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O capítulo "Strategic thinking" continua com base nesta figura:

Uma figura que resume bem uma abordagem possível para a estratégia das organizações. Antes da figura vem a introspecção, vem a reflexão sobre quem somos, como empresa, em que nos distinguimos, qual é o nosso ADN, em que paisagem competitiva estamos ou queremos estar. Depois, vem a identificação dos clientes-alvo e do ecossistema da procura
"value is always cocreated in exchange and in the use and integration of what is exchanged. This view proposes that multiple stakeholders contribute to the value-creation process by integrating and applying resources to create value for themselves and for others.
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The exchange of service is not confined to an actor-to-actor (A2A) dyad.
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The actors are linked by value propositions, which are essentially invitations to participate in a particular value cocreation process. The service ecosystem mainly functions to enable actors to integrate and apply their resources and the resources of others (accessed through exchange) to improve its own viability as a system"
Desenhado o ecossistema com os vários actores e as suas motivações intrínsecas, o passo seguinte passa por equacionar como pôr os vários intervenientes-chave a colaborarem numa relação ganhar-ganhar-ganhar, para densificar as relações entre eles.
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O passo seguinte é a formulação das propostas de valor que poderão atrair os vários intervenientes-chave para a relação.
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Depois, desenhar o ecossistema a funcionar no futuro desejado e trabalhar para configurar o mercado nesse sentido.
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Recordar:


"A competência crucial passa a ser a de organizar a criação de valor."
Frase de "Reframing Business - When the Map Changes the Landscape" de Richard Normann.

um bom desafio para este primeiro de Maio

O @CN_  no Twitter lançou, há bocado, um bom desafio para este primeiro de Maio:
"Vamos lá, no dia do trabalhador pensem nos desempregados devido a todas as crendices e falácias económicas das elites académicas e políticas"

O problema é a procura, não a oferta (parte II)

Parte I.
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No artigo referido na parte I, Caldeira Cabral usou este gráfico:

Segundo Caldeira Cabral, o governo pretende seguir o caminho da seta na figura que se segue:
Não é só o governo, esta é a via do grupo encalhado no modelo mental a que chamo de tríade. Por exemplo, esta é a via de quem, como Ferreira do Amaral, quer sair do euro e viver da ilusão monetária. Os membros da tríade vivem, eles próprios, numa ilusão, a ilusão de voltar ao tempo em que a desvalorização da moeda nacional resolvia os problemas de competitividade... esquecem-se é que nesse tempo não havia a fortaleza China. Nunca esquecer esta tabela:
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Já Caldeira Cabral, no artigo, propõe esta abordagem:
Se aumentarmos a oferta de gente qualificada o PIB per capita vai crescer.
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Pessoalmente proponho uma outra abordagem:
Cada empresa, individualmente deve procurar subir na escala de valor, deve procurar melhorar as suas margens. Então, ao fazê-lo, vai descobrir que precisa de gente mais qualificada como instrumento de criação de valor.
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O truque é assentar a mudança naquilo que é familiar.
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Nunca esquecer Hausmann, os macacos não voam!
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Continua.

20 anos

Faz hoje anos que deixei de ver corridas da Formula 1

Tradição


Tirado durante uma das minhas caminhadas.

quarta-feira, abril 30, 2014

Não me digam a verdade!

"É natural que se multipliquem os protestos contra a situação. Mas se não se rejeitar o que produziu a crise, esta será cada vez mais grave, até que a força do absurdo entregue ao acaso a resolução da crise. A origem da situação está no sistema político, onde os candidatos seduzem os eleitores com as promessas que lhes apresentam e os eleitores se deixam iludir acreditando que essas promessas são realistas e realizáveis.
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Quem protesta contra a situação não protesta contra o presente, está a protestar contra o passado (mesmo que não tenha consciência disso). Os que protestam contra a situação estão, de facto, a protestar contra os candidatos (que seduziram pela ilusão) e contra os eleitores (que se deixaram seduzir pela ilusão)."

Trecho retirado de "Os paradoxos do inconsciente"

um sintoma de que doença(s)?

Durante mais uma caminhada, tive oportunidade de ler este relatório da consultora Roland Berger "Escaping the commodity trap – How to regain a competitive edge in commodity markets". Um tema e um desafio que tratamos, há vários anos, quer neste blogue quer no dia-a-dia profissional.
"A "commodity trap" describes a situation where even complex products and services are downgraded to "commodities", with limited differentiation and where competition is primarily price-based – this is due to a combination of developments experienced by customers, competitors and in products/technologies
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The commodity trap is a phenomenon found in all industriesover 60% of the study participants have been affected, 54% have yet to take sufficient action to escape (and among affected companies even 65%). At many companies, there is a significant gap between recognizing the commodity trap and reacting accordingly [Moi ici: Quem são os clientes de uma consultora como a Roland Berger? Qual será a tipologia das empresas que fazem parte do universo questionado?].
In most industries, commoditization already started some 5 years ago – almost all industries report their low-end market segments as being affected, [Moi ici: Algo perfeitamente expectável, já o que se segue começou por me chocar...] more than half of the participants also see their middle segments being hit and about 20% face commoditization even in their premium segments." [Moi ici: O que significa isto? Isto é um sintoma de que doença(s)? Como não fazer a ponte para esta interrogação do Paulo Peres "Marcas serão mais vulneráveis no futuro?" ou para aquela que parece ser a ideia-base do livro que tenho na lista para ler "Absolute Value: What Really Influences Customers in the Age of (Nearly) Perfect Information" de Itamar Simonsen and e Emanual Rosen. Faz algum sentido uma oferta premium estar comoditizada? Não é um sintoma de um profundo distanciamento entre clientes e marcas?]
No final a consultora apresenta 5 factores-chave para o sucesso no combate à armadilha da comoditização:
"1 Core competencies – Leverage core competencies to develop new know-how or business opportunities
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2 Thinking outside the box – Look beyond the current business model for ways out of the commodity trap
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3 Change management – Be aware that successful implementation, especially for business model innovations, requires comprehensive change management actions
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Value chain & market segments – Analyze all directions along the value chain and potential market segments in order to find the "white spot" for your future business
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5 Sustainability – Think of long-term, sustainable ways to escape a commodity trap – short-term actions usually only postpone the problem"
 Porque acredito no Estranhistão, porque acredito que cada vez mais "We are all weird" [and proud of it], porque acredito no mundo de tribos apaixonadas, fico surpreendido pela pouca ênfase colocada na cada vez maior importância da escolha dos clientes-alvo, na cada vez maior importância da interacção.
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Caricaturando, posso pensar que os clientes-tipo da consultora ou são Golias ou aspiram a ser Golias, por isso, dão muita ênfase ao que podem controlar e crescer é o fim e não uma consequência. Por isso, estão cada vez mais afastados dos clientes e pensam que o logotipo da marca aguenta tudo... não aguenta, porque num mundo onde a assimetria de informação a favor da empresa está cada vez mais ameaçada, o valor durante o uso é cada vez mais fácil de percepcionar antes da compra.

A vantagem dos duendes

Há muitos anos, entre 25 e 30, não sei se no meu primeiro Drucker, "Innovation and Entrepreneurship", ou no meu segundo, o monumental "Management: Tasks, responsibilities, practices" li a história de uma marca suíça de botas de montanha que ganhou prestígio após a primeira guerra mundial. A empresa era gerida por dois irmãos, durante essa guerra, um dos irmãos ficou a gerir a fábrica, enquanto o outro foi combater como voluntário, julgo que no exército francês, esse irmão usava as botas e mandava cartas, ao irmão na fábrica, com conselhos sobre como melhorar o desempenho e conforto das botas. (BTW, em quantas empresas os seus gestores e líderes não usam nem conhecem os seus produtos e serviços? Por exemplo, quem decide as carreiras dos transportes públicos anda de transportes públicos?)
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Com a especialização trazida pela era industrial, em que quem produz o recurso está distante de quem usa e integra esse recurso na sua vida, a comunicação entre produtor e beneficiário tem tendência a rarefazer-se e mesmo a desaparecer. Sem essa comunicação não há co-evolução, não há interacção, não há customização.
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Lembrei-me de tudo isto por causa do artigo que o DE trazia ontem "Nelo admite crescer acima de 10% ao ano com novas modalidades":
"A marca foi criada em 1978 por Manuel Ramos, e está ligada à evolução da própria modalidade em Portugal. "A génese da canoagem portuguesa confunde-se com o aparecimento da marca Nelo. O senhor Manuel Ramos foi o primeiro campeão nacional da modalidade.
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Muitos dos 85 trabalhadores são praticantes de canoagem. Não há nada como passar pela experiência para perceber as necessidades dos atletas. "Mais de 50% das pessoas que trabalham aqui estão ou estiveram ligadas à modalidade. Começando pelo senhor Manuel Ramos até ao empregado mais novo que tem 19 anos, e que é também campeão nacional de canoagem. É um dos factores principais do nosso sucesso, que as pessoas que trabalham nos barcos percebam o que é o barco, como é que funciona""
Esta interacção com o beneficiário, esta coincidência entre produtor e utilizador é um trunfo importante, conjugada com esta abordagem:
""desde cedo que Manuel Ramos percebeu que não podia fazer as coisas como os outros faziam, tinha de ser diferente, de ser superior aos outros, para se conseguir distinguir, para ser um ‘player' no mercado"." 
Esta é a vantagem dos artesãos modernos, dos duendes, a paixão conjugada com a coalescência entre produtor e consumidor, fomentadora de interacção que cria diferenciação, customização e, sobretudo, magia!!!

Especulações

Omtem, o JdN trazia um artigo com muitos números sobre a investida dos Golias americanos sobre os Golias europeus. Até o editorial, "EUA um passo à frente", é dedicado ao tema, transpirando um sentimento da superioridade americana.
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O anónimo engenheiro de província entra em campos que não domina e resolve especular com um sorriso nos lábios.
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Os Golias americanos depois de mais de uma década de deslocalizações e explosão do consumo na Ásia, estão sentados em cima de muito dinheiro nos seus balanços.
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Contudo, esse dinheiro está fora dos EUA e, se for repatriado será sujeito a impostos.
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Ainda, manter depósitos em dólares zimbabweanos? é arriscado (a sociedade americana e a sua classe política já estão infectadas pela adição de uma moeda em desvalorização deslizante, este artigo "Euro ou não euro?" é de guardar) e convém trocá-los por activos.
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Admitamos que Mongo se está a entranhar na economia mundial. O que acontecerá aos rendimentos dos Golias com o advento do Estranhistão? Cada vez terão um menor crescimento orgânico porque o mercado de massas, que conhecem e dominam como ninguém, está em retrocesso no Ocidente. Assim, para satisfazer os accionistas impacientes, há que crescer por aquisições.
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Era interessante que os Golias americanos comprassem os Golias europeus e o capital transaccionado fosse aplicado no desenvolvimento da multidão de pequenas empresas que o futuro no Estranhistão vai requerer.

terça-feira, abril 29, 2014

O problema é a procura, não a oferta

Análise interessante de Caldeira Cabral em "As dificuldades de estar à frente da curva", por exemplo:
"Significa que o país tem um PIB per capita superior ao que seria de esperar para as qualificações, capital e recursos naturais que tem.   Isto conduz-nos a uma resposta algo surpreendente e até provocatória: aparentemente Portugal é melhor do que a média da OCDE a tirar valor dos factores que tem."
Este trecho:
"O facto de Portugal estar dentro da UE, enquanto a maioria dos países com qualificações semelhantes estarem fora, foi um factor que favoreceu o nosso país. Portugal, apesar de ter salários mais elevados do que muitos países com níveis de qualificação semelhante ao seu, continuava a ser um país de baixos salários no mercado onde estava. Portugal era o país de salários baixos de um clube de ricos."
Está em perfeita sintonia com o que escrevemos, por exemplo em "Reflexão sobre a competitividade, com ou sem euro":
"Como já referi aqui no blogue várias vezes, com a adesão à então CEE, acabam as barreiras alfandegárias que protegiam o ecossistema da economia portuguesa e, ... é uma mortandade sobretudo nas empresas que competiam pela nata do mercado interno. As empresas de produção de bens transaccionáveis de baixo valor acrescentado potencial minimamente bem geridas não tiveram grandes problemas. Competiam pelos preços mais baixos em sectores onde as empresas dos países da CEE não queriam ou podiam competir. Aliás, até se reforçou o movimento de investimento directo estrangeiro para levantar empresas nesses sectores de competição pelo preço mais baixo." 
Ou em "Portugal aproveitou bem os fundos comunitários?":
"Muito do dinheiro que foi investido na indústria, aquando da adesão de Portugal à então CEE, podia estar justificado por estudos sérios e muito completos; contudo, com a entrada da China nos circuitos económicos e com a adesão dos países da Europa de Leste à União Europeia, o cenário mudou. Aquilo que era uma vantagem competitiva portuguesa, os custos baixos, desapareceu quase de um dia para o outro.
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Assim, todo esse dinheiro investido em projectos baseados nos baixos custos acabou por falhar. Basta ver o que o dinheiro privado das multinacionais do calçado fez, entrou em Portugal porque fazia sentido económico e foi-se embora, quase todo ao mesmo tempo, quando passou a fazer sentido ir embora."
Porém, começo a discordar quando apresenta a ameaça da globalização como uma coisa que ainda está por vir:
"No entanto, isso mudou. E mudou radicalmente. O clube deixou entrar 13 novos membros, com melhores qualificações e salários inferiores aos portugueses, e abriu as portas à globalização. Hoje, a China, a Turquia ou o Bangladesh exportam praticamente sem barreiras os seus têxteis, vestuário e calçado para o que, nos anos 90, era o nosso mercado cativo. Concorrem com salários muito mais baixos e não tendo de cumprir as muitas das dispendiosas regras europeias.     A geografia alterou-se. O nosso privilégio de acesso desapareceu. Os produtos que exportamos têm entrada livre, venham de onde vierem. Sem essa vantagem haverá maior pressão para convergir com a recta."[Moi ici: "haverá"? Então não houve uma década silenciosa de destruição provocada pela China? Caldeira Cabral, faço-lhe justiça, não é um ignorante lesboeta, como o relatado em "O provincianismo nortenho", o que quererá dizer com o "haverá"?]
Caro Caldeira Cabral, a globalização já veio e já passamos o seu pico, já está em regressão, não por causa dos preços baixos mas, sobretudo, por causa da proximidade, da flexibilidade e rapidez de resposta, das pequenas séries, da diversidade e da customização.
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Discordo quase totalmente da conclusão:
"Outra alternativa, mais difícil, mas mais interessante, é tentar aproximar-nos da recta andando para cima. [Moi ici: É a velha questão do ovo e da galinha. Os países ficam mais ricos porque têm mais licenciados ou, porque ficam mais ricos podem ter mais licenciados?] Isto, em grande medida, significa retomar políticas que o actual Governo interrompeu. Isto é, retomar os esforços de melhoria das qualificações, apostando não só no acesso dos jovens ao ensino superior, mas também na requalificação dos trabalhadores mais velhos. [Moi ici: Aqui volto ao "The Predator State" de Galbraith, pessoa que não pode ser acusada de ser de direita e que registei em "Ainda acerca da formação profissional". O problema não está na oferta de mão-de-obra qualificada, recordar que uma costureira se for licenciada, não produz mais por isso. O problema está na procura de mão-de-obra qualificada. Penso antes desta forma, que condições devem ser proporcionadas para que surjam livremente, e por sua iniciativa e risco, ou seja, nada de Qimondas de aviário, actores que procurem mão-de-obra mais qualificada?] E voltar a apostar na ciência, inovação e tecnologia, e em reforçar a confiança nas nossas instituições."
Recordo este caso particular relatado pela Renascença:
"Conclui-se também que nem sempre mais habilitações significam mais vencimento. Por exemplo a diferença entre um contabilista ou revisor oficial de contas com, pelo menos três anos de experiência e habilitações mínimas de Mestrado, e um canalizador, com o quarto ano do primeiro ciclo e um mês de experiência profissional, são 100 euros, a favor do canalizador." 
Recordo também, do último relatório mensal do IEFP:
"Segundo a escolaridade, a redução anual do desemprego foi sentida em todos os níveis de instrução, à exceção do superior (+1,0%). O 2º ciclo do ensino básico, por sua vez, registou o decréscimo mais significativo (-8,6%)."

Curiosidade do dia

Ontem ao final da tarde fiz uma caminhada por entre campos que em breve serão de milho para forragem.
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Percebi porque razão encontro tantos licranços mortos por agricultores ignorantes que não sabem o quão eficazes eles são a comer insectos e lesmas.
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Tive tempo para tirar o telefone do bolso e tirar várias fotos:
A última foto foi para ter uma ideia da dimensão:

"continuam no paradigma da venda"

Leio "Are you paying enough attention to customer retention?" e sublinho:
"most companies still put more effort into attracting new customers than selling more to the ones they have already.
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The paradox is this: We all know attracting new customers is more expensive than selling to existing ones, but most marketing people consider the hunt for new business to be sexier and more high-profile than figuring out how to sell more to people already in their database."
E penso logo no Evangelho do Valor, no poder da interacção, e no pouco investimento que tantas e tantas empresas fazem em procurar perceber melhor os seus clientes... continuam no paradigma da venda, ainda não perceberam que o valor é co-criado durante a interacção e criado durante a utilização.

"... e fico doente"

Sabem como neste blogue se defendem posições anarco-libertárias!
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Sabem como neste blogue se critica o peso sufocante do Estado na Economia!
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Sabem como neste blogue há anos aconselhamos as empresas a fazerem o by-pass ao Estado!
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Sabem como neste blogue sempre se olhou para Vítor Gaspar como mais um socialista-normando pronto a sacar do revólver da impostagem!
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Sabem como neste blogue se tem medo da relação pedo-mafiosa de que o Estado se aproveita de quem a ele recorre!
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E leio "Empresários dão nota mais baixa de sempre aos resultados da política de inovação" e fico doente.
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Recordo logo "Acerca da atitude" e:
"Constraints spur innovation, if you have the right attitude.  Where others see only barriers, innovators see opportunities."
Estes empresários gostariam que Portugal fosse a Suécia ou a Finlândia e, qual socialista, adoram impor modelos ao resto do país.
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Preferia que pensassem primeiro na sua empresa, nos seus trabalhadores e clientes, nos seus sectores de actividade e na sua independência face ao Estado.

Sintomas de que o mundo não é como o simplificam