segunda-feira, março 04, 2013

"Por que é que calçado e têxtil têm tido desempenhos tão diferentes?"

A revista Exame traz um artigo sobre as diferenças e semelhanças entre os sectores do calçado e do têxtil português "Tão iguais, tão diferentes".
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No passado dia 20 de Fevereiro, na viagem para este evento em Felgueiras, tive oportunidade de conversar com alguém que conhece o sector do calçado há muitos anos, chegou a referir-me conversas da associação do sector, a APICCAPS, com o então ministro da Indústria Mira Amaral.
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Uma das perguntas que lhe fiz foi "Por que é que calçado e têxtil têm tido desempenhos tão diferentes?"
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Precisamente a pergunta a que o artigo da Exame pretende dar resposta.
"Mas porque é que a imagem dos têxteis está a demorar mais tempo a descolar dos anos de declínio, marcados pelo impacte da concorrência asiática e da deslocalização de empresas e encomendas?"
O designer Miguel Vieira confirma essa diferença:
""os dois sectores estão em estádios diferentes de desenvolvimento". "O calçado deu o salto, percebeu a importância da tecnologia, da marca, da embalagem, da imagem, enquanto que o têxtil adormeceu, ficou mais estagnado no private label""
Como referi neste postal, esta figura conta a primeira parte do que aconteceu ao sector, às empresas do calçado:
Menos empresas, empresas mais pequenas, menos produção em pares e menos pares por trabalhador.
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O artigo dá um exemplo concreto:
"Há 12 anos éramos 500 pessoas e tínhamos cinco clientes activos. Hoje somos 160 e temos mil clientes activos"
Os números retratam uma mudança formidável!!! Passámos da quantidade, de grandes séries e poucos modelos, para uma produção mais diversificada e flexibilizada. É como passar de um extremo para o outro do espectro competitivo:
 BTW, recordar o postal de onde tirei a imagem... escrito em Janeiro de 2007.
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Os cinco clientes de há 12 anos não desapareceram, foram para a China.
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Nesse mesmo evento de 20 de Fevereiro, uma das pessoas presentes, exterior ao sector do calçado, verbalizou para a plateia o seu espanto com o que via, algo que a minha companhia de viagem tinha referido menos de uma hora antes. Essa pessoa, tinha estado em várias dezenas de sessões do mesmo tipo noutros sectores industriais e o do calçado tinha algo que o diferenciava... a quantidade de gente nova à frente de novas empresas, ou de empresas de 2ª e 3ª geração. O que diz o artigo da Exame?
"Poder de atracção de novos talentos Até no poder de atracção de jovens designers o calçado tem marcado a diferença, visível em números como a criação de mais de 300 marcas desde 2005 ou em histórias como a de João Pedro Filipe, que lançou a primeira colecção da marca Sr. Prudêncio na London Fashion Week, em Londres, depois de vencer o prémio Young Creative Fashion Entrepeneur da Plataforma de Moda - Fashion Hub Guimarães 2012 e do British Council. "Sempre estudei vestuário, mas em Paris decidi apostar no calçado. pela consciência de que parecia mais aliciante para o futuro". diz o jovem designer." 
Em Fevereiro de 2011 escrevi "Não é impunemente que se diz mal" e julgo que não é preciso dizer mais nada.
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Ao longo dos anos sempre chamei a atenção para a diferença de discurso entre a APICCAPS e a ATP. Nunca encontrei um texto da associação do calçado a apelar ao proteccionismo, a defender barreiras alfandegárias, a invectivar os chineses. Pelo contrário, ao longo dos anos tenho chamado a atenção para a inelasticidade do tempo e para o excesso desse recurso que é gasto pela ATP a combater os chineses, a combater os pobres paquistaneses, a pedir proteccionismo e a defender o levantamento de barreiras alfandegárias.
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O artigo também refere o trabalho de 30 anos da APICCAPS com sucessivos planos estratégicos para o sector. Recordar o que escrevi sobre o tema em 2009.

É sempre engraçado encontrar entrevistas a Daniel Bessa sobre o calçado... e acho que já é maldade da minha parte relembrar este postal: "Para reflectir"
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E agora, coisas que os membros da tríade (políticos, académicos e paineleiros) precisam de aprender sobre os patrões do calçado:
"Há números que ajudam a compreender o percurso da indústria portuguesa de calçado, a investir, em média, 16% do seu valor acrescentado bruto por ano, quase o dobro dos concorrentes Italianos.
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Sob o lema "A indústria mais sexy da Europa", os sapatos made in Portugal acompanharam a recuperação das exportações com a qualificação dos seus recursos humanos: a percentagem de trabalhadores qualificados subiu de 28% para 48% e o valor acrescentado bruto por trabalhador cresceu 34% em 10 anos." (Moi ici: Recordar o segundo conjunto de gráficos deste postal)
Para terminar, uma parte do artigo que está menos conseguida... é quase caricata:
"Se há uma guerra entre os sectores, o calçado terá tido o tempo a favor. Ao contrário dos têxteis, obrigados a enfrentar a liberalização do mercado apenas em 2005, os sapatos começaram a competir com os grandes asiáticos mais cedo, uma vez que não beneficiaram de um período de transição, com quotas de exportação para a Europa."
A pessoa que me acompanhou na viagem, respondeu-me aquela pergunta lá de cima, "Por que é que calçado e têxtil têm tido desempenhos tão diferentes?", com esta diferença. O calçado teve de conquistar o futuro porque não tinha experiência, histórico, tradição de estar protegido por barreiras alfandegárias. O têxtil tem gasto demasiado tempo e outros recursos a defender o passado, a pedir proteccionismo... não lhe sobra tempo para abraçar o futuro
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Esta argumentação da revista, põe em causa todos os programas sectoriais de transição... muito poucas empresas mudam por causa de relatórios ou de avisos, a esmagadora maioria só muda pressionada pelas circunstâncias. Por isso, é que a desvalorização da moeda cria uma adição perversa que impede a subida de uma economia na escala de valor. 
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Por fim, algo verdadeiramente preocupante, o equivalente a ter um Ferrari e não ter mãos para o controlar:
"Na contagem de armas, não há um só representante do calçado no top das 10 maiores empresas de moda, mas os responsáveis da fileira têxtil vêem o peso da sua dimensão como uma fraqueza potencial"
Ainda continuam a sonhar com o modelo mental de há vinte anos... dimensão, quantidade, ... não conseguem perceber e passar à acção, e implementar, e operacionalizar os estudos sobre o sector que o próprio sector financia, ver "A teoria não joga com a prática".
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BTW, é sempre reconfortante ver o futuro muito tempo antes da multidão.
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BTW, sempre que ouvirem André Macedo falar sobre um qualquer assunto com um ar de superioridade intelectual e moral... não esqueçam isto "Cuidado com as generalizações, não há sunset industries"

Todos os barcos metem água e, apesar disso...

Às vezes... quase sempre, fico preso aos pequenos postais de Seth Godin. Sobretudo os pequenos, tão pequenos e tão cheios de sumo.
"There's always a defect, always a slow drip, somewhere. Every plan, every organization, every venture has a glitch.
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The question isn't, "is this perfect?" The question is, "will this get me there?"
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Sometimes we make the mistake of ignoring the big leaks, the ones that threaten our journey.
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More often, though, we're so busy fixing tiny leaks that we get distracted from the real goal, which is to go somewhere."
Este, particularmente, bateu fundo.
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Tentar decidir o que fazer para ter um futuro, quando não se tem uma estratégia clara, é como subir a uma cadeira e procurar o caminho a seguir a partir desse pequeno ponto mais elevado. Formular uma estratégia em equipa e acordar no que ela significa é como subir a uma montanha e procurar o caminho a seguir a partir desse ponto muito  mais elevado. Contudo, nem sempre isso é suficiente, a nossa mente é preguiçosa, não somos nós, é a biologia, e, por vezes, mesmo a partir desse ponto muito mais elevado, mesmo com um mapa da estratégia junto de nós, mesmo com a visão panorâmica que nos dá, continuamos prisioneiros das pequenas falhas que nos distraem do verdadeiro objectivo. E achamos que se não dermos tiros nos pés chegamos lá... não chegamos ponto.
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Como se ultrapassa isto?
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Volto a Roger Martin: praticar, praticar, praticar.
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Regressando à metáfora de Seth, todos os barcos metem água, por mais bem calafetados que estejam, há um ponto a partir do qual a viagem pode ser feita, em segurança, em direcção ao destino, apesar da quantidade de água que entra.

Trecho retirado de "All boats leak"

domingo, março 03, 2013

Curiosidade do dia

Deve ser a isto que chamam espiral recessiva:
"As vendas de automóveis em Portugal subiram 11% em Fevereiro, face a igual mês do ano anterior para 8.797 unidades, segundo os dados divulgados esta sexta-feira pela ACAP.
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No mercado de veículos pesados, observou-se um aumento de 36,5% das vendas no último mês, comparativamente com o mesmo período do ano anterior."

Trecho retirado de "Venda de automóveis cai 1,4% nos primeiros dois meses de 2013"

Gente nova a fazer pela vida

"Com 25 mil euros, Mariana começou a imprimir móveis"

Ou como a necessidade aguça o engenho.

Cuidado com o destino das formigas num piquenique

Recordar o que sempre disse sobre a redução da TSU na competitividade das empresas exportadoras, por exemplo aqui :
E conjugar com o artigo "Exportadoras desvalorizam efeitos dos salários na competitividade", publicado no Jornal de Negócios de 1 de Março:
"No entanto, é quase consensual que a diminuição dos encargos com pessoal não são fundamentais para que as unidades nacionais sejam mais competitivas nos mercados externos ou exportem mais.
"No nosso caso, existem benefícios, mas não é determinante para o ganho de competitividade. Se não existisse não íamos deixar de ter o mesmo plano e a mesma estratégia. Posso dizer que o ganho é marginal", explica o CEO da empresa de mobiliário Molaflex
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No caso da Couro Azul, unidade que fábrica revestimentos de assentos para a indústria automóvel, o presidente, Pedro Carvalho, explica que na sua empresa "a mão-de-obra representa, com os operadores gerais e quadros, não mais do que 12% da estrutura de custos. Não somos uma empresa de mão-de-obra intensiva, e essas, na maioria, já saíram de Portugal".
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Mais radical. é o presidente da Kyaia, maior fabricante de sapatos em Portugal, e também líder da associação empresarial do sector do calçado, Fortunato Frederico, que pensa que as alterações "não foram benefício nenhum". "Acho que os salários já são muito baixos.
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Na líder ibérica de produção de ferramentas de corte de precisão, a Frezite, o presidente José Manuel Fernandes, apesar de reconhecer que ainda não fez as contas às poupanças que vai ter com a diminuição do número de feriados, do pagamento de horas extrardinárias, ou em despedimentos. não tem dúvidas do resultado. "Não é significativo", reconhece.
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Rafael Campos Pereira, vice-presidente executivo da AIMMAP (associação empresarial da metalurgia e da metalomecânica), junta ao argumento de Fernandes, a pressão do preço das matérias-primas e da energia "Lidamos com margens muito apertadas, que têm de ser compensadas de alguma coisa", identifica. Mas haverá uma baixa nos preços da venda de produtos no estrangeiro? "Não, mas pelo menos permite mantê-los."
A linguagem usada neste postal "Vocabulário do valor" já tem quase 2 anos e foram 2 anos em que a service-dominant logic me ensinou uma nova forma de encarar e perceber o valor. Hoje faria algumas alterações ao texto para se perceber melhor que valor está na mente do cliente e não na produção e oferta do fornecedor. No entanto, recorro a esta figura:

Existe 3 formas de ganhar mais dinheiro com uma oferta:
  • reduzindo o custo;
  • aumentando a diferenciação, que permite praticar preços mais elevados; e/ou
  • inovar no modelo de negócio
Olhem para o exemplo do calçado... é pelo custo?
Olhem para o exemplo do mobiliário... é pelo custo?
Olhem para o exemplo da metalomecânica... é pelo custo?
Olhem para o exemplo do vinho... é pelo custo?
Olhem para o exemplo da ...

O futuro não vai ser ganho a olhar para o umbigo e a conquistar clientes à custa de uma melhor arrumação interna das cadeiras.


Imaginem um governo a torrar dinheiro ...

"A problem for every bricks-and-mortar retailer is internet retail, which went from $45bn to $225bn, or more than 6 per cent of all US retail, between 2002 and 2012. Meanwhile, data from CoStar Realty show that during that decade US retail space grew 13 per cent, or about 1.9bn sq ft. Traditional retailers are hurting. A lot of stores will have to be shuttered before the pain stops."
BTW, imaginem um governo a torrar dinheiro dos contribuintes para suportar uma indústria sobre-dimensionada e alicerçada num modelo de negócio tornado obsoleto pela tecnologia... à espera da retoma.

Trecho retirado de "US retail: shutters are poised"

sábado, março 02, 2013

Curiosidade do dia



"The next big thing: 4D printing"

Imaginem um governo a torrar dinheiro ...

"According to data released on February 26th by the International Federation of the Phonographic Industry, sales of recorded music grew in 2012 for the first time since 1999, albeit only by 0.3%, to $16.5 billion (see chart).
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The internet sank the music industry, but is now helping it to resurface. Digital sales rose 9% last year; a third of the music industry’s revenues now come through digital channels. Download stores represent roughly 70% of digital revenues. Popular “streaming” services, such as Spotify and Deezer, which pay a royalty each time a song is played, have also helped to rescue the business. Subscription services had 20m paying subscribers around the world in 2012, up 44% from a year earlier. Millions more use free advertising-supported versions."
BTW, imaginem um governo a torrar dinheiro dos contribuintes para suportar uma indústria sobre-dimensionada e alicerçada num modelo de negócio tornado obsoleto pela tecnologia... à espera da retoma.

Trecho retirado de "Something to sing about"

Leitura recomendada aos novos velhos

Recomendo a leitura de "For Startups, Design is the New Competitive Advantage" aos novos velhos aqui referidos:

Preço, valor e a Sildávia do Ocidente

Recordo esta imagem:

A maior parte da riqueza criada vai para salários...
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No entanto, esta imagem:

Diz-nos que os salários são baixos.
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Se os salários são baixos e, mesmo assim, já comem grande parte da riqueza gerada, então, a conclusão é óbvia:

Cada hora trabalhada gera muito pouca riqueza.
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Pergunta: se queremos um futuro onde empresas saudáveis, economia saudável e salários mais elevados se compatibilizem, onde temos de actuar?
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Na criação de riqueza!
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Num futuro desejado, cada hora trabalhada terá de gerar mais riqueza! Ou seja, cada hora trabalhada tem de contribuir para facilitar mais valor percepcionado, mais valor criado pelos clientes. Quanto mais valor for criado pelos clientes na sua vida com um artigo ou serviço que compram, mais elevado será o preço que estão dispostos a pagar por esse artigo ou serviço. E quanto mais elevado o preço, mais riqueza é criada, mais a produtividade sobe a sério e mais os salários podem subir sem entrar na guerra do gato e do rato (salários vs produtividade) (recordar Rosiello e Marn)
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Isto que acabei de escrever é desconhecido da maioria dos decisores, por isso, continuam presos a velhos modelos. Ontem, no Jornal de Negócios, apesar de Portugal ter um desempenho no crescimento das exportações superior ao alemão desde 2007, no artigo "Há indicadores que já dão como recuperada a competitividade perdida" pode ler-se a receita do BCE:
"Aquele que é talvez o principal indicador de competitividade do País, que considera a evolução do euro, dos custos do trabalho e da produtividade, já está em melhor nível que antes do euro. Ainda é pouco, dizem alguns. O Norte da Europa tem de ajudar, reforçam outros. As empresas têm mesmo de baixar preços, diz BCE."
Que idade terão os decisores do BCE? O que aprenderam e moldou e enformou os seus modelos mentais? Quando o aprenderam? E como era o mundo quando o aprenderam? Normalistão ou Estranhistão?
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Diga-se de passagem que o Rui Peres Jorge também não ajuda ao meter no mesmo texto corrido a competitividade e as exportações com:
" "reflecte a falta de concorrência na economia interna", e afirmando que "impõe-se que exista uma grande determinação para reduzir as margens de lucro excessivas resultantes de uma concorrência monopolista, em particular em sectores protegidos da concorrência internacional""
 O mesmo Jornal de Negócios, no mesmo dia, já não na página 4 mas na página 23 traz este artigo "Portugal vende sapatos 15% mais caros e reforça segundo lugar mundial" onde se pode ler:
"A indústria portuguesa de calçado nunca exportou tanto, tendo fechado o último ano acima dos 1,6 mil milhões de euros de vendas ao exterior. o que traduz um crescimento  de 4,5% em relação ao ano anterior. E reforçou a sua segunda posição no "ranking" dos sapatos mais caros do inundo, ao conseguir vender 71 milhões de pares de calçado a 22.71 euros o par, um preço 15% superior ao atingido em 2011."Conseguimos assim distanciarmos-nos ainda mais da França, cujo preço médio subiu 7%, e aproximarmos-nos mais da Itália, que apresentou um crescimento de 10%", adiantou ao Negócios Paulo Gonçalves, porta-voz da associação do sector (AP1CCAPS). A taxa de crescimento do preço médio do calçado é o dado mais relevante na validação da performance comparativa dos sapatos portugueses com os seus mais directos concorrentes."
Qual é o segredo?
""É o resultado da aposta do sector na valorização dos seus produtos. Por um lado, as empresas apresentam colecções cada vez mais sofisticadas, e, por outro lado, a aposta na valorização da imagem do calçado português atrai um conjunto de potenciais novos clientes", frisou Paulo Gonçalves."
Será que o calçado é uma indústria com barreiras que impeçam a entrada de concorrentes asiáticos?
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O futuro desejado, para um país pequeno como o nosso, conquista-se não à custa da venda de quantidade de artigos com baixo valor unitário, mas à custa de artigos com cada vez maior valor unitário. Não perceber isto é condenar-nos a ser uma Sildávia do Ocidente:

Os senhores do BCE querem o nosso mal? Não, simplesmente seguem uma cartilha que funcionava quando não havia globalização e quando o Normalistão era a norma.
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O mundo mudou e, como dizia Max Planck:

“A Ciência avança um funeral de cada vez”.
ou
“Uma verdade científica não triunfa porque convenceu seus oponentes e os fez ver a luz, mas sim porque os seus oponentes eventualmente morrem, e uma nova geração cresce familiarizada com ela.”
Só quando os decisores do BCE forem substituídos por novos decisores ... duvido que um Ananias lhes abra os olhos.

sexta-feira, março 01, 2013

Curiosidade do dia

"La crisis publicitaria impacta de lleno en los medios de comunicación. El año pasado la facturación cayó un 15,8% de media (pasó de 5.497  millones de euros a 4.630), aunque afectó con especial virulencia a la prensa, que experimentó un descenso del 20,8%. Por primera vez, el volumen de publicidad que absorben los periódicos (766 millones) se vio en España superado por Internet (880 millones), aunque la web ha dejado de ser un sector en crecimiento, como lo ha sido en los últimos años. En 2012, la inversión en Internet ya no aumenta sino que se ha reducido un 2,1%, según el estudio Info Adex presentado hoy."

Trecho retirado de "Internet supera por primera vez a los diarios en inversión publicitaria"

Mais um batoteiro

Trechos retirados de "Retail: Does showrooming actually work the other way around?"
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"Fire every single customer-facing person on your staff who can't provide amazing service.
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Seriously. Every last one of them. I can find assholes in retail everywhere but Amazon. I loathe going to stores because for the most part, they're filled with apathetic and often entirely ignorant staff.
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So when I find the rare gem of a store which hires only friendly, knowledgable, competent people, I'm very excited. And very loyal. Knowing that I can get help from people who understand the product and how it will connect with my needs is an outstanding incentive to hop in the car and get some face time.
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Without that? Screw it. I can stay in my pajamas and buy with one click.
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You can't be everything to everyone. You know who can? Amazon.
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So don't try to play that game. You're going to lose.
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Instead, specialize in something you understand well and optimize the hell out of the experience for the sort of people who want that category of product.
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So my advice to retailers is, in brief: stop being shitty. Most are. And Amazon is going to rightly clean their clocks in a burning pyre of righteous creative destruction. Good on them.
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The ones who survive will be those whose customer focus, convenience, service and reliability make shopping on Amazon seem stupid by comparison. There are a handful out there. "

Trabalho de casa

Trabalho de casa para os gurus da moeda fraca como mecanismo de competitividade dos países... como se os países exportassem e não as pessoas que trabalham em organizações.
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Por um lado "Reino Unido à beira de uma terceira recessão em quatro anos" e, por outro "Currency moves contextualised":
"And to sterling. Is it a dog right now? Yes. It’s the worst performing major currency in 2013 so far and just about nobody we talk to expects it to pick up any time soon."

O by-pass

Há anos que recomendamos aqui, primeiro o by-pass ao Estado e, depois, o by-pass ao próprio país. Por isso, isto é música para os nossos ouvidos "“Os portugueses fascinam-se com o Estado”" e Miguel Noronha em "O Isurgente" pinta bem o quadro em "Portugal socialista"

... before you understand your customers and their needs

Ontem, ao princípio da noite, durante o meu jogging ouvi Seth Godin e retive a mensagem:
"First, define yourself, then, define your audience"
Agora, encontro este postal de Rags, tão ao nosso jeito "Don’t touch that pricing dial":
"Don’t touch the pricing dial before you understand your customers and their needs."

Acerca de previsões

Recordando o BTW daqui "Outra previsão acertada pelo anónimo da província":

  • "O indicador de confiança dos Consumidores aumentou em janeiro e fevereiro, após atingir o valor mais baixo da série na sequência do movimento descendente observado desde setembro. O indicador de clima económico recuperou ligeiramente nos últimos dois meses, embora não se afastando significativamente do mínimo da série registado em dezembro. Em fevereiro, observou-se um aumento dos indicadores de confiança em todos os setores, Indústria Transformadora, Construção e Obras Públicas, Comércio e Serviços." (Fonte)

quinta-feira, fevereiro 28, 2013

Curiosidade do dia

"Sales of LP records have quadrupled since 2007. It’s a powerful reminder that convenience isn’t the only thing people care about. Music, like video and telecommunications, reached a digital/analog split long ago, and digital won because it’s cheaper, faster, and more convenient. But analog persists, in part because of nostalgia but also because formats like film, print, and vinyl reflect the people and processes that made them, forming an emotional connection that digital can’t match.
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Stop worrying about the contradictions. 2013 will not be the year that analog displaces digital, nor will any other year. But it will be the year when mainstream consumers start to embrace “outdated” technologies along with cutting-edge ones. A brand that can seamlessly straddle the divide makes far more sense to them."

Trecho retirado de "The 12 Trends That Will Rule Products In 2013"

Pensem em cenários ...

Quando D'Aveni escreve isto sobre a impressão 3D "3-D Printing Will Change the World" percebo mesmo que a parada é muito alta e continua a crescer:
"more goods will be manufactured at or close to their point of purchase or consumption. This might even mean household-level production of some things.
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many goods that have relied on the scale efficiencies of large, centralized plants will be produced locally. Even if the per-unit production cost is higher, it will be more than offset by the elimination of shipping and of buffer inventories. Whereas cars today are made by just a few hundred factories around the world, they might one day be made in every metropolitan area. Parts could be made at dealerships and repair shops, and assembly plants could eliminate the need for supply chain management by making components as needed.
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goods will be infinitely more customized, because altering them won’t require retooling, only tweaking the instructions in the software. Creativity in meeting individuals’ needs will come to the fore, (Moi ici: Recordar os velhos de 24 anos que reclamam que o futuro vai ser mau e é preciso deixar o design para os designers "Tão novos e já tão velhos...") just as quality control did in the age of rolling out sameness. (Moi ici: E a malta da qualidade ao mais alto nível não percebe isto? Recordar "O perigo da cristalização")
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These first-order implications will cause businesses all along the supply, manufacturing, and retailing chains to rethink their strategies and operations. And a second-order implication will have even greater impact. As 3-D printing takes hold, the factors that have made China the workshop of the world will lose much of their force.
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China has grabbed outsourced-manufacturing contracts from every mature economy by pushing the mass-manufacturing model to its limit. It not only aggregates enough demand to create unprecedented efficiencies of scale but also minimizes a key cost: labor.
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Under a model of widely distributed, highly flexible, small-scale manufacturing, these daunting advantages become liabilities."
 Ontem, na viagem de comboio nocturna, ouvia Seth Godin nos meus ouvidos a perguntar:
"Who do you want to become, a linchpin or a cog?"
E veio-me logo à mente esta imagem:

Isto era uma crítica ao sistema de produção do século XX que, então, estava em ascensão.
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As pessoas, porque tinham conhecido outra realidade, percebiam a crítica.
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Hoje, parece que muitos o que querem é voltar ao sistema que sempre conheceram, porque já estava implantado quando nasceram, e não pensam, ou não percebem, ou não querem perceber, que o mundo é isto, este fluir, esta mudança constante.
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Pensem em cenários influenciados por estes factores:
  • design;
  • ciclos rápidos; 
  • diversidade;
  • customização;
  • auto-emprego;
  • artesão moderno;
  • regresso das trocas;
  • proximidade;
  • diferenciação;
  • tribos;
  • papel da escola;
  • e... onde vai o Estado cobrar impostos quando as partes trocam, entre si, bens e serviços que produzem

Detectam dois padrões?

O Paulo Vaz e o LR, recentemente, chamaram a atenção para o fenómeno:

"Entretanto, fonte da Danone em Portugal garantiu à TSF que a produção da fábrica de Castelo Branco não vai ser afetada pela reestruturação que o grupo agroalimentar vai fazer na Europa, mas nos escritórios em Lisboa é certo que haverá despedimentos."
Ontem, sublinhei:

"A região de Lisboa e Vale do Tejo foi a que registou maior número de despedimentos, com um total de 594 trabalhadores despedidos no âmbito de despedimento colectivos concretizados por 53 empresas."
Hoje, encontro:

"Dos 120 postos de trabalho a criar até 2015 através deste investimento de oito milhões de euros, 40 a 60 estarão a trabalhar até ao final do primeiro semestre.
A Altran passou por "algumas dificuldades" na primeira fase de recrutamento de engenheiros para o centro de serviços "Nearshore", que arrancará em Março no Fundão."
Detectam dois padrões?



Quem procura ajuda são os melhores

Esta reflexão de Seth Godin (de 2007), que Tim Kastelle me fez revisitar há dias, é tão interessante:
"Most people in the US can't cook. So you would think that reaching out to the masses with entry-level cooking instruction would be a smart business move.
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In fact, as the Food Network and cookbook publishers have demonstrated over and over again, you're way better off helping the perfect improve. You'll also sell a lot more management consulting to well run companies, high end stereos to people with good stereos and yes, church services to the already well behaved."
Quem procura ajuda são os melhores, que querem melhorar ainda mais.
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Talvez isto também ajude a explicar porque muitas vezes as economias mudam, não porque as empresas mudam, mas porque muitas empresas incapazes de se transformarem morrem. É um problema português?
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Não!
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Basta recordar o exemplo finlandês:
"It is widely believed that restructuring has boosted productivity by displacing low-skilled workers and creating jobs for the high skilled."
Mas, e como isto é profundo:
"In essence, creative destruction means that low productivity plants are displaced by high productivity plants."