sexta-feira, dezembro 30, 2011

It's not the euro, stupid! (parte III)

Parte I, parte II.
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Ontem, durante o jogging, ouvi uma uma parte do livro "Gut feelings : the intelligence of the unconscious" de Gerd Gigerenzer".
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No capítulo 6 com o delicioso título: "Why Good Intuitions Shouldn't be Logical" gigerenzer chama a atenção para esta particularidade:
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"Mark got angry and Mary left.
Mary left and Mark got angry.
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Verona is in Italy and Valencia is in Spain.
Valencia is in Spain and Verona is in Italy.
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We understand in a blink that the first pair of sentences conveys opposite causal messages, whereas the second pair is identical in meaning. Only in the last pair is the and used in the sense of the logical AND. Even more surprising, we also know without thinking when and should be interpreted as the logical OR, as in the sentence
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We invited friends and colleagues.
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To this day, linguists are still working on spelling out the rules of thumb that underlie this remarkably intelligent intuition. No computer program can decode the meaning of an and sentence as well as we can. These are the interesting unconscious processes that we only partly understand, but which our intuition masters in the blink of an eye."
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Escrevo isto porque não me canso de me surpreender com o que os investigadores escrevem sobre a competitividade e a produtividade das empresas. A tríade de encalhados usa modelos obsoletos para explicar a realidade e, quando os modelos deixam de explicar a realidade... deixam de falar na realidade e continuam, como lapas, agarrados a ideias antigas que agitam sem contraditório.
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Ainda mais surpreendente, os investigadores que descobrem que os modelos estão obsoletos e avançam para a realidade para formularem modelos mais robustos, depois de muita investigação, depois de um caminho árduo, chegam ao topo da montanha onde já me encontro há alguns anos...
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Arrogância intelectual da minha parte? Não!
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O contacto permanente com PMEs que têm sucesso a exportar e a reflexão... por que é que estas empresas têm sucesso apesar da procissão de desgraças que os encalhados da tríade previram? Por que é que os gerentes das PMEs, muitos com a 4ª classe, fizeram o que Daniel Bessa postulava como sendo impossível?
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O percurso que me tem levado a Mongo, a "somos todos alemães", à vantagem do numerador e da eficácia sobre o denominador e a eficiência está retratado neste blogue e pode ser condensado neste postal de Agosto último "Promotor da concorrência imperfeita e de monopólios informais".
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Ainda hoje ouvimos os governos apelarem às empresas pequenas a seguirem o exemplo das empresas grandes, ainda hoje ouvimos dizer que as empresas grandes são mais competitivas que as empresas pequenas, que têm produtividades, que podem ser mais resistentes a choques de competitividade.
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Continua na parte IV, que tentarei escrever ainda hoje, com um exemplo que deita por terra todas estas ideias com um vector chamado China!
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Satisficers (parte II)

"A lone, hungry rat runs through what psychologists call a T-maze.
 It can turn either left or right. If it turns left, it will find food in eight out of ten cases; if it turns right, there will only be food in two out of ten cases. The amount of food it finds is small, so it runs over and over again through the maze. Under a variety of experimental conditions, rats turn left most of the time, as one would expect. But sometimes they turn right, though this is the worse option, puzzling many a researcher. According to the logical principle called maximizing, the rat should always turn left, because there it can expect food 80 percent of the time. Sometimes, rats turn left in only about 80 percent of the cases, and right 20 percent of the time. Their behavior is then called probability matching, because it reflects the 80/20 percent probabilities. It results, however, in a smaller amount of food; the expectation is only 68 percent.3 The rat’s behavior seems irrational. Has evolution miswired the brain of this poor animal? Or are rats simply stupid?
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We can understand the rat’s behavior once we look into its natural environment rather than into its small brain. Under the natural conditions of foraging, a rat competes with many other rats and animals for food.
If all go to the spot that has the most food, each will get only a small share. The one mutant organism that sometimes chooses the second-best patch would face less competition, get more food, and so be favored by natural selection. Thus, rats seem to rely on a strategy that works in a competitive environment but doesn’t fit the experimental situation, in which an individual is kept in social isolation."
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Interessante... quando se pensa na dispersão de produtividades, na dispersão de dimensões, na dispersão de produtos e serviços, na dispersão de mercados... na economia. E, já agora, no destino económico ser a mongolização, o aumento exponencial da dispersão de opções.
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Trecho retirado de "Gut feelings : the intelligence of the unconscious" de Gerd Gigerenzer.

OMG... E vão viver de quê (parte XI)

"Portugal já exportou mais do que importou de Espanha":
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"As exportações portuguesas para Espanha ultrapassaram em outubro, pela primeira vez, as importações, com as vendas a atingirem o valor recorde de 1,9 mil milhões de euros, anunciou a Câmara de Comércio e Indústria Luso-Espanhola.
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Devido a este facto inédito, Portugal ascendeu, em outubro, ao quarto lugar do 'ranking' dos principais países fornecedores de Espanha, adianta o mesmo organismo em comunicado, citando os dados mais recentes da Agência Tributária espanhola.
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As importações de Espanha atingiram, no mesmo mês, 1,8 mil milhões de euros.
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Portugal vende para Espanha, sobretudo, artigos de moda (roupa, sapatos e produtos para bebés) e de lazer (óculos, motociclos, bicicletas e artigos desportivos)."
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Impressionante este desempenho nacional... é que não é à custa da redução das importações, que baixaram, mas à custa do aumento das exportações:
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"De acordo com os dados oficiais espanhóis, para o volume de exportações portuguesas para o país vizinho contribuiu o setor dos bens de consumo, que aumentou, em outubro, 479 por cento face ao período homólogo de 2010, para os 1,2 mil milhões de euros."
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"Contabilizando, no entanto, a totalidade dos dez primeiros meses de 2011, Portugal comprou mais a Espanha do que vendeu: o volume de exportações (8,8 mil milhões de euros) ficou quase a metade do das importações (14,2 mil milhões de euros)."

Mongo de braço dado com a batota

"consumers are moving away from conspicuous consumption and instead are spending more on digital experiences, both digital and physical (Moi ici: As experiências durante a compra fazem parte do campeonato da batota)
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This consumer trend towards ‘experiential retailing’ also lends itself quite well to the online mass customisation space.  (Moi ici: A mass customization é o campeonato de Mongo)  Why would you want to buy a normal pair of shoes when you can have the experience of designing your own shoes and having them made for you? Why settle for off the rack shirts and suits when you can design these too? There are a number of great companies providing this service, such as Joe Button, Blank Label, YouTailor and Indochino, that are all doing well. And why settle for a standard chocolate bar when you can select your own ingredients?
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Mass customisation is no longer just a small business - NikeID turned over $100M in revenue in the niche category of custom sneakers last year (I love their product)!
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Recordando este postal "It's not the euro, stupid! (parte I)", a solução para o comércio tradicional resistir à grande distribuição não é a redução de custos, não é competir ombro a ombro no preço mais baixo. A solução é inovar, fazer batota e proporcionar experiências.

quinta-feira, dezembro 29, 2011

It's not the euro, stupid! (parte II)

Parte I.
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A partir deste "amigo" cheguei a este "amigo" que me levou a este "amigo" (abençoada Internet).
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Em "Trade Induced Technical Change? The Impact of Chinese Imports on Innovation, IT and Productivity" de Nicholas Bloom, Mirko Draca e John Van Reenen, publicado em Janeiro de 2011 descubro uma alma gémea. Já li o corpo do artigo duas vezes e ainda não encontrei nada com o qual não concordasse... tudo o que é apresentado vem suportar as teses que defendo há anos aqui no blogue.
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Convém recuar ao Portugal de 1996... salários baixos, dentro da fortaleza Europa...
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"A vigorous political debate is in progress over the impact of globalization on the economies of the developed world.
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One major benefit of Chinese trade had been lower prices for manufactured goods in the developed world. We argue in this paper that increased Chinese trade has also induced faster technical change from both innovation and the adoption of new technologies, contributing to productivity growth. (Moi ici: O mesmo efeito que a ausência de patentes impõe no mundo da moda) In particular we find that the absolute volume of innovation (not just patents per worker or productivity) increases within the firms and industries more affected by exogenous reductions in barriers to Chinese imports. (Moi ici: Uma outra forma de dizer: subir na escala de valor, fugir do campeonato do preço e entrar no do valor)
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A contribution of our paper is to confirm the importance of low wage country trade for technical change using a large sample of over half a million firms and exploiting China’s entry into the World Trade Organization (WTO) to identify the causal effect of trade.
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The rise of China and other emerging economies such as India, Mexico and Brazil has also coincided with an increase in wage inequality and basic trade theory predicts such South-North integration could cause this. ... What may be happening is that trade is stimulating technical progress, which in turn is increasing the demand for skilled labor.
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First, on the intensive margin, Chinese import competition increases innovation, TFP and management quality within surviving firms. Firms facing higher levels of Chinese import competition create more patents, spend more on R&D, raise their IT intensity, adopt more modern management practices, and increase their overall level of TFP. Second, Chinese import competition reduces employment and survival probabilities in low-tech firms - e.g. firms with lower levels of patents or TFP shrink and exit much more rapidly than high-tech firms in response to Chinese competition. Thus, our paper jointly examines the effects of trade on survival/selection and innovation. The combined impact of these within firm and between effects is to cause technological upgrading in those industries most affected by Chinese imports. An additional set of results shows that Chinese imports significantly reduce prices, profitability and the demand for unskilled workers as basic theory would suggest. (Moi ici: Tudo, tudo a suportar o que defendemos neste blogue há anos!!! Baixar salários? Aumentar o tempo de trabalho para fazer face aos chineses? Get a life!!! Quem o defendo só ilustra assim a sua ignorância dos números e não percebe o que se passa/passou)
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Chinese imports reduce the relative profitability of making low-tech products but since firms cannot easily dispose of their “trapped” labor and capital, the shadow cost of innovating has fallen. Hence, by reducing the profitability of current low-tech products and freeing up inputs to innovate, Chinese trade reduces the opportunity cost of innovation. (Moi ici: É o salto para a frente, há empresas que são inovadoras por causa do seu ADN, está-lhes na massa do sangue. Há muitas mais que só inovam quando a necessidade aperta!!!)
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First, import competition from low wage countries like China has a greater effect on innovation than imports from high wage countries. This occurs because Chinese imports have a disproportionate effect on the profitability of low-tech products, providing greater incentives to innovate new goods. Second, firms with more trapped factors (as measured by industry-specific human capital, for example) will respond more strongly to import threats.
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for labour economics we find a role for trade with low wage countries in increasing skill demand (at least since the mid-1990s) through inducing technical change.
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Our paper uses new patenting, IT, R&D, management and productivity data to establish that trade drives out low-tech firms (reallocation) and increases the incentives of incumbents to speed up technical change.
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important role of trade on technical change. In particular, our finding that (i) the positive trade effect is on innovation (rather than just compositional effects on productivity via offshoring or product switching)
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we find that about half of the increase in innovation following the fall in trade barriers against China comes from within firms (they expand the number of patented innovations, spend absolutely more on R&D and modernize their management practices) implies that changing composition is not the whole story.
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size is not an adequate proxy for productivity, finding that small plants actually do relatively better than larger plants following an increase in Chinese import.  (Moi ici: Em toda a linha!!! Até este tópico da dimensão das empresas e a vantagem das PMEs vem suportar as teses deste blogue!!!)
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In their model, small firms survive by operating in product niches rather than the standardized products competing with China.  (Moi ici: Nichos, outro conselho recorrente deste blogue!!!)
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Chinese imports are associated with an increase in the wage-bill share of college educated workers, suggesting Chinese trade raises the demand for skills. ... This is consistent with the model that Chinese trade leads firms to switch from producing older low-tech goods to the design and manufacture of new goods, which is likely to increase the demand for skilled workers.
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in the face of Chinese import competition European firms change their product mix."
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Só gostava de conhecer um estudo com números, com suporte em amostra estatisticamente significativa que comprove que o problema da nossa economia é a falta de competitividade do sector de bens transaccionáveis... ao menos um.

It's not the euro, stupid! (parte I)

It was China!
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RESSALVA: Não pretendo insultar ou ser indelicado com ninguém, estou só a manipular uma expressão que ficou conhecida.
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"A última década foi a pior de que há memória para a economia portuguesa e o mau desempenho deve-se mais às restrições causadas pela união monetária que a erros políticos, diz o economista João Ferreira de Amaral.
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Acumularam-se desequilíbrios gigantescos nas balanças de pagamentos, nomeadamente em Portugal, na Grécia e também, em parte, em Espanha."
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Porque não temos condições de crescimento nenhumas, e o nosso aparelho produtivo continuará talvez anda mais ineficiente que agora""
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Por que é que nenhum dos jornalistas, estagiários saídos das escolas da Revolução Industrial, habituados a receber "press releases" e a servir de megafones, nunca confrontam Ferreira do Amaral com os números da economia que compete com o euro como moeda forte?
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Por que é que aceitam acriticamente tudo o que ele diz? Sim, eu sei, a culpa não é deles, quando estiverem a começar a sair da casca e a querer fazer perguntas e investigar... acaba a comissão de serviço... nada de pessoal, vicissitudes do modelo actual do negócio dos jornais.
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Os jornais são como Ferreira do Amaral, e muitos outros a quem chamo encalhados ou membros da tríade. Os jornais estão num combate com a Internet, a Internet está para os jornais como a concorrência chinesa está para as empresas que produzem bens transaccionáveis, ou da grande distribuição está para o comércio tradicional.
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Como é que os jornais combatem a Internet... reduzindo custos, tentando competir no mesmo campo que dá vantagem à Internet. Só que a Internet é imbatível, é gratuita... é como uma escola privada querer competir com uma escola do Estado pelo custo... é uma guerra perdida à partida.
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Esqueçamos a eurozona e pensemos no caso norte-americano, como é que Ferreira do Amaral explica que as consequências que ele atribui ao euro possam ser visualizadas, até talvez com mais ênfase, na economia norte-americana?
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O que é que é comum à eurozona e à economia norte-americana?
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A entrada da China na WTO e o fim de muitas barreiras às importações com origem em países de mão-de-obra barata!!!
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As empresas que produziam bens transaccionáveis, quase de um momento para o outro, foram sujeitas a um tsunami competitivo assente em custos muito, muito, muito baixos!
Esta tabela, presença habitual neste blogue, ilustra o que se passou... percebem o massacre a que a economia de bens transaccionáveis foi sujeito na última década por todo o mundo?
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Apreciem este gráfico:
Ferreira do Amaral não conhece este números? 
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"Para Ferreira do Amaral, a "transferência de recursos de sectores de bens transaccionáveis para bens não transaccionáveis" é resultado de Portugal fazer parte de um espaço com uma "moeda forte".
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"O aparelho produtivo reorientou-se para sectores protegidos da concorrência externa, porque a moeda é forte e não fazia sentido concorrer com produtos importados", argumenta. "Isso não foi um erro de política económica, o erro foi aderir a essa zona [de moeda forte].""
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Será que Ferreira do Amaral acha que o nosso sector de bens transaccionáveis resistiria melhor ao impacte chinês se ainda tivéssemos o escudo? Mesmo com aquele diferencial no custo da mão-de-obra? 
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Quando Ferreira do Amaral diz "e não fazia sentido concorrer com produtos importados"", está a referir-se a produtos importados da China ou da Europa do Norte?
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Isolemos e excluamos o factor China. Como se comportou a economia de bens transaccionáveis de 1986, ano de entrada na CEE, até 2001 no do começo físico do euro? (O que tolda este exercício é a entrada do ecu em prática)
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Perdemos gente e capacidade produtiva em sectores arcaicos como a agricultura e as pescas, incapazes de competir com os preços mais baixos do pescado espanhol ou dos cereais franceses. E na indústria como foi? Foram os nossos anos de ouro. 
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Como começou o fim? Com a saída das multinacionais que compravam minutos de mão-de-obra barata, para os padrões ocidentais, e com a sua deslocalização para a China.
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Qual é a receita deste blogue?
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Para competir com a China, para ter sucesso com uma moeda como o marco, para os jornais competirem com a Internet, para o comércio tradicional competir com a grande distribuição e para as escolas privadas competirem com os chineses do Estado, só há um campeonato, o campeonato do valor! Tudo o resto é albanização que nos leva a ser a Sildávia do Ocidente.
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Ou seja:
Optar por ser uma empresa que trabalha para aumentar preços, não como o Estado o faz com os reféns que são os contribuintes e utentes.
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Na economia as empresas é que são reféns da vontade dos seus clientes e eles só aceitarão pagar mais se durante o uso do produto/serviço sentirem que emerge mais valor para as suas vidas.
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Tudo isto é o que tenho aprendido ao longo de quase cerca de 20 anos de trabalho como consultor, depois de quase dez anos a trabalhar na indústria, assenta no que tenho visto resultar e não resultar na vida real conjugado com a reflexão que os livros e a Internet me proporciona.
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Na parte II que espero escrever ainda hoje vou-me calar e deixar outros falarem por mim.

Cuide do seu queijo

"Most companies I know have been running pretty hard lately. And, like the White Rabbit in Alice in Wonderland, many feel that the faster they go, the behinder they get."
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O famoso Red Queen effect que mata as empresas através da anorexia.
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Quem está entre a manada tem de correr mais sob pena de não ter ração para viver mais um dia, como todos correm mais ou menos juntos, quanto mais um corre mais os outros correm também... até ao esgotamento, quando já não há músculo e é só osso. Nessa altura ficam apenas aqueles que desde o princípio estavam destinados a vencer, não pela sorte mas pela análise fria dos números, como Cornuallis.
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Cornuallis tinha um exército mais experiente, mais disciplinado, mais bem armado e mais numeroso. Ganhou enquanto os revolucionários lutaram seguindo as mesmas regras... começou a perder e perdeu a guerra da independência quando os revolucionários mudaram as regras do jogo.
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"Especially after the last few years, when chasing business has sometimes been frantic, this is a good moment to stand back and ask yourself some hard questions. One of them might be: What's most important now: growth or consolidation?"
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Um das mensagens que continuo a considerar válida, ano após ano, é: impaciente com os lucros e paciente com a quota de mercado, com o volume. É uma vacina contra a comoditização e uma forma de apostar constantemente na subida na escala de valor potencial.
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Talvez 2012, com o choque que o meio abiótico vai proporcionar às empresas, seja um bom ano para reflectir sobre quem tirou o meu queijo:
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"1. Poor strategic focus.
When you take any business you can find, it's easy to discover that your positioning is now way off course–or non-existent." (Moi ici: Em que é que são bons? Em que é que se podem especializar e fazer a diferença? O que é que os apaixona?)
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"2. Bad customers.
Not all customers are equal. Some are demanding and that helps you become better at your job. But others are demanding just for the sake of it. They Drain your time, attention, and patience, and, in essence, they take far more than they will ever pay for. Pure pursuit of revenue says that you have to keep pleasing them. A more analytic approach would highlight the degree to which some customers are unprofitable and therefore need to be fired."  (Moi ici: Quem são os clientes-alvo? Talvez a pergunta mais vezes colocada neste blogue e nas empresas com que contacto. As empresas deviam ser "obrigadas" a fazer as suas curvas de Stobachoff para terem umas surpresas e descobrirem formas simples de aumentarem o lucro)
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"3. Expensive footprint.
It's tempting to take business wherever you can find it. But a very broad geographical spread can cost you a fortune in time and travel. While it may look as though that customer on the other coast takes just a day's work, in reality getting there takes one day and getting back takes another. Does the income justify that expense?"  (Moi ici: Ghemawat em "World 3.0" visualiza como isto é importante. As relações comerciais são sobretudo com os "vizinhos", a importância da proximidade. Mais perto mais flexibilidade, mais relação e menos probabilidade do preço ser o order winner)
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"4. Valuable time.
Many businesses fall into what I call the revenue/time trap. They are so busy chasing cash that they don't have the time to sit down and invest the time and resources required to develop new products or new markets. Impulsive and energetic, they work hard but never attain momentum." (Moi ici: Aquilo a que chamo drenagem do presente, motivo pelo qual falo não de uma empresa mas de 4 em simultâneo e como isso requer jongleurs nas empresas)

Conselho: ousar

Encontrei neste postal "Design Your Own Profession" um bom conselho:
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"So what does all this mean for job-seekers in this uncertain economy? Forget the titles on the org charts and the advertised positions. Design your own profession and convince employers that you are exactly what they need."
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Bem na linha desse outro postal inesquecível com um conselho do mesmo tipo "Screw Your Career Path. Live Your Story."
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Confesso, no entanto, que tal me parece difícil numa sociedade em que a escola prepara os alunos para a uniformização, pessoas que deviam ser diferentes, para serem dóceis peças numa engrenagem desenhada por outros.
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Se não é a escola da Revolução Industrial, concebida para criar exércitos padronizados de operários de colarinho branco ou azul, talvez um caso perdido... talvez as famílias possam agir como redutos "asturianos" para ensinar os seus filhos a serem diferentes da manada... não é serem melhores, é serem diferentes. Na manada é tudo igual, os indivíduos são tratados no agregado... à cabeça, por cabeça.
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Ousar ser diferente, ousar seguir o caminho menos percorrido, ousar estar sozinho no deserto.
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BTW, o meu filho mais novo anda no 8º ano de escolaridade e tem ... 16 disciplinas.



quarta-feira, dezembro 28, 2011

O que determina a produtividade?

Há pelo menos um ano e meio que descobri os artigos e os estudos de Chad Syverson sobre o tema da produtividade.
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O último que li foi publicado este ano e chama-se "What Determines Productivity?" e foi publicado pelo Journal of Economic Literature em Junho de 2011.
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O autor faz uma pesquisa bibliográfica procurando listar o que pode contribuir e em que sentido para a produtividade.
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Ao ler este tipo de artigos fico um pouco na retranca, parece que o autor lista os factores que podem contribuir para a produtividade independentemente de fazerem parte de um conjunto harmonioso integrado numa estratégia. Por exemplo, de pouco vale investir em IT se isso não contribuir para reforçar a proposta de valor a oferecer a clientes-alvo.
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Interessante a saliência dada à capacidade de gestão e personalidade do líder da empresa. Atenção para a contribuição negativa que representa, estatisticamente, a sucessão das empresas familiares privilegiar o primogénito.
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Interessante a influência da inovação nos produtos e serviços como contribuinte para o aumento do valor acrescentado potencial dos outputs por unidade de input, ou seja, para o aumento da produtividade.
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Interessante também esta perspectiva:
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"Interestingly, despite the strong correlation between the average productivity level of an industry’s plants and that industry’s trade exposure, there is less evidence of large productivity impacts on the domestic plants when they begin exporting. That is, exporters are almost inevitably more productive than their nonexporting industry counterparts, but most studies have found that this correlation largely reflects selection rather than
a causal impact of exporting on productivity.
Plants that choose to begin exporting were already more productive before trade. This is surprising if only because exporting firms can leverage the benefits of any productivity gains across larger markets, raising their incentive to engage in innovative activities.
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Interestingly, firms exporting to higher-income regions saw greater productivity growth. Apparently the export market—not just the exporter itself—matters. This raises interesting selection issues about which markets firms choose to export to, even conditional on the decision to export in the first place."
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Simplificação

O Deus do Antigo Testamento ensinou a jogar o jogo da vida seguindo uma estratégia: tit for tat. (Olho por olho, dente por dente)
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O Deus do Novo Testamento convida-nos a criar um jogo da vida em que aprendemos a perdoar e a esquecer, ou seja, seguir uma estratégia tit for n tats. N deve crescer à medida que a cooperação entre humanos reduza a hipótese de exploração pelos prevaricadores em relação aos cumpridores.

Satisficers

"People who reported exhaustive search in shopping and leisure were called maximizers, because they tried hard to get the best. Those who engaged in a limited search and settled quickly with the first alternative that was satisfactory or “good enough” were called satisficers. Satisficers were reported to be more optimistic and have higher self-esteem and life satisfaction, whereas maximizers excelled in depression, perfectionism, regret, and self-blame."
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Algo me diz que os economistas julgam que todos os agentes económicos somos "maximizers"... desconfio que muitos de nós são satisficers.
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Trecho retirado de "Gut feelings : the intelligence of the unconscious" de Gerd Gigerenzer.

Simplesmente delicioso

"In the year 2000, the investment magazine Capital announced a stock-picking contest. More than 10,000 participants, including the editor-in-chief, submitted portfolios. The editor laid down the rules: he chose fifty international Internet equities and set out a period of six weeks in which everyone could buy, hold, or sell any of these stocks in order to make profit. Many tried to gain as much information and insider knowledge about the stocks as possible, while others used high-speed computers to pick the right portfolio. But one portfolio stood out from all others.
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This portfolio was based on collective ignorance rather than on expert knowledge and fancy software, and it was submitted by economist Andreas Ortmann and myself. We had looked for semi-ignorant people who knew so little about stocks that they had not even heard of many of them. We asked a hundred pedestrians in Berlin, fifty men and fifty women, which of the fifty stocks they recognized. Taking the ten stocks whose names were most often recognized, we created a portfolio. We submitted it to the contest in a buy-and-hold pattern; that is, we did not change the composition of the portfolio once it was purchased.
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We hit a down market, which was not good news. Nevertheless, our portfolio based on collective recognition gained 2.5 percent. The benchmark proposed by Capital was its editor-in-chief, who knew more than all the hundred pedestrians together. His portfolio lost 18.5 percent. The recognition portfolio also had higher gains than 88 percent of all portfolios submitted, and beat various Capital indices. As a control, we had submitted a low-recognition portfolio with the ten stocks least recognized by the pedestrians, and it performed almost as badly as the editor-in-chief ’s. Results were similar in a second study, where we also analyzed gender differences. Interestingly, women recognized fewer stocks, yet the portfolio based on their recognition made more money than those based on men’s recognition. This finding is consistent with earlier studies suggesting that women are less confident about their financial savvy, yet intuitively perform better."
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Trecho retirado de "Gut feelings : the intelligence of the unconscious" de Gerd Gigerenzer.

Recordar Lawrence... nada está escrito (parte XVII)


terça-feira, dezembro 27, 2011

Get out of the building

Útil para todos mas sobretudo para administradores de empresas como os STCP, CP, Metro, ... "If You're Not Sitting Where Your Customer's Sitting, You're Not Really Seeing Your Brand"

Não confundir meios com fins

Neste postal de 2007 registei:
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"In 1970, 5% of global patents were issued to small entrepeneurs, while today the number is around one-third and rising. When P&G realized this, it saw that its old model of purely internal innovation was suboptimal. Why not tap these entrepeneurs and scientists?"
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Falamos de resultados, não de dinheiro gastado.
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O livro "Mavericks no Trabalho" que também li em 2007 (ver, por exemplo este postal) dedica o capítulo 5 à "fonte aberta".
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Por isso, não consigo concordar com este título "Why large firms are often more inventive than small ones". No relatório citado pode ler-se:
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"Big companies spend, on average, far more on research and development per worker"
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Hoje, veio-me parar às mãos, através de um familiar, o número de Dezembro de 2011 de uma revista que não conhecia "Portugal Inovador". Na revista encontrei estas palavras de Daniel Bessa (dupla precaução):
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"Portugal tem dado passos seguros no caminho da inovação. Demonstram-no indicadores como:

  • o peso das despesas de I&D no PIB, que atingiu, eem 2009, 1,71% do PIB...
  • o número de investigadores ETI (equivalente a tempo integral), que, ..."
Estas palavras creio que laboram no mesmo erro que o relatório citado acima, concentram-se na contagem dos recursos e infra-estruturas e esquecem-se que estes são ferramentas, são instrumentos para atingir resultados... os recursos e infra-estruturas não são a finalidade, são um meio.
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BTW, continuo a acreditar na afirmação:
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A paixão numa empresa é inversamente proporcional à sua dimensão.

O que é isso do campeonato do valor - tentativa de resposta

Preço é o que o cliente paga. Valor é o que o cliente recebe.
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Foi assim que aprendi. Hoje sou capaz de re-escrever a frase e apresentá-la desta maneira:
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Preço é o que o cliente paga. Valor é o que o cliente sente ao integrar o produto/serviço adquirido na sua vida. .
A integração leva à emergência do sentimento de mais ou menos valor percepcionado, em função daquilo que o cliente procura e aprecia.
Dois vectores, dois campeonatos: o dos que sobem preços à custa do valor acrescentado potencial e o dos que reduzem preços à custa de ganhos de escala e aumento da eficiência.
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Se uma empresa se concentra no preço que vai praticar no ponto de venda, concentra-se no momento da venda, no instante em que o cliente troca dinheiro pelo produto/serviço. O campeonato desta empresa vai ser o do preço, logo, o dos custos. Uma empresa neste campeonato consegue competir apresentando os custos mais baratos do mercado, para poder apresentar os preços mais baixos do mercado. Se usarmos a figura  criada por Jean Claude Larreche concluiremos que tal empresa tem de apostar na extracção e captura de valor, tudo se resolve na cadeia de actividades até ao momento da transacção. Os clientes que valorizam acima de tudo o momento da transacção são aqueles que usam o preço como critério de de decisão, o preço é o "order winner".
Os clientes que procuram o preço mais baixo na verdade perguntam: para um dado nível de desempenho, para um dado tipo de especificações, quem é que tem o melhor preço, o preço mais baixo?
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Este campeonato normalmente assenta na escala, nas grandes produções e pode ser representado pelas opções das bolas azuis deste postal. Competir pelo preço mais baixo é um campeonato honesto e muito rentável mas não é para quem quer mas para quem pode. Para quem tem um modelo de negócio sustentável e que se torna cada vez mais rentável com a conquista de novos clientes.
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Se uma empresa se concentra no valor que os clientes vão sentir durante a experiência de uso, então, o essencial é o que se passa para lá do momento da compra. É o campeonato da originação do valor.
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Neste campeonato da originação de valor não há limites... é a espiral virtuosa com potencial para fazer emergir cada vez mais valor na vida dos clientes... tudo depende da capacidade conjunta de o co-criar.
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No campeonato do valor podemos estar a falar de algo que um cliente está disposto a pagar mais do que o standard porque é único, porque tem um desempenho superior, porque tem um design especial, porque foi feito à medida, porque ... (cada um destes "porque" representa um tipo de melhor desempenho que é possível conseguir para uma dada quantidade de dinheiro) quem trabalha para este tipo de clientes tem de ter uma estrutura produtiva, comercial, e  logística e de investigação capaz de trabalhar no mundo das bolas negras do postal.
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O importante no campeonato do valor é que, como aprendi com Marn e Rosiello, o nível de vida dos trabalhadores pode subir sem prejudicar grandemente a produtividade porque esta depende do valor acrescentado potencial de cada produto/serviço produzido e não da quantidade de produto/serviço produzido por unidade de tempo. Enquanto que no campeonato do preço produtividade e salários andam sempre numa guerra do gato e do rato. Remato com os seguintes postais:


Caro António, talvez ajude recordar este ponto:
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Quando escolhemos um sector de actividade de uma economia e analisamos a produtividade desse sector descobrimos que ela, longe de ser uniforme, tem uma distribuição em torno de um valor médio. E o que é super-interessante é que existe mais dispersão de produtividades dentro de um mesmo sector de actividade do que entre diferentes sectores de actividade. Numa mesma economia, num mesmo sector de actividade, sob as mesmas leis, impostos e mercado de trabalho, encontramos uma grande diferença de produtividades. O meu ponto é que vamos encontrar as altas produtividades entre aqueles especialistas que produzem items de elevado valor acrescentado potencial e os poucos especialistas que podem competir no preço através das grandes quantidades. Com baixas produtividades vamos ter os das bolas vermelhas que não se definem e que querem ir a todas e servir toda a gente. Como no campeonato do preço vingam sobretudo os tubarões, as empresas grandes, o meu conselho para as PMEs é apostarem no campeonato do valor, onde todos podem ter um lugar se se diferenciarem.
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Não esquecer a armadilha de Pasinetti e os vectores de Saviotti.

Acerca de Mongo... um futuro em construção

"Mass Customization and Custom Artisans":
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"How disruptive is the following statement to your way of thinking about business?
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Customers don’t want a choice; they want exactly what they want.”
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If your business model is based on a 20th century mass production paradigm, this observation about 21st century consumers by acclaimed author and business coach Joe Pine might spell trouble.
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But what if you’re a custom artisan? What impact do 21st century consumer attitudes and the mass customization movement in business have on your livelihood? (Moi ici: Como tudo se liga... indústrias tradicionais, pequenas séries, flexibilidade, rapidez, proximidade, printers 3D, design, inovação... Mongo!!!)
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Although many businesses have tried to introduce mass customization into their offerings, this is a difficult transformation. The number one obstacle they face is the mass production mindset. Mass production is designed to be “pushed” by efficiency, the need to utilize materials and equipment in the most cost-effective manner possible. (Moi ici: A minha velha guerra acerca da eficiência vs a eficácia, e a superioridade desta última) Mass customization, on the other hand, is “pulled” by customers’ choices.
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Mass customization has added a new element to the classic economic dyad of standardized goods and customized services. When companies mass customize goods, they become service businesses that help customers figure out what they want. “Mass customization automatically turns a service into an experience.” If people enjoy that experience, they will pay a premium for it."
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"The Maker Movement" (Moi ici: Isto é tocar o futuro...)
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"“The people who create, build, design, tinker, modify, hack, invent, or simply make something.” The definition of “maker” is also changing, he notes. Small businesses, startup entrepreneurs, inventors, craftspeople, can all be makers who embody “the spirit of DIY.” Awareness and appreciation of these people are growing, too.
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What does this movement stand for? What do they do? (Besides make things).
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According to Dale Dougherty, the founder of MAKE magazine and organizer of Maker Faire, and one of the luminaries of the movement, the makers are creating a new culture, a new way of looking at manufacturing, creativity, and ourselves."
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Daqui e aqui:
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""The 20th century was about dozens of markets of millions of people." Mass consumers, in other words. (Moi ici: O mundo para o qual as fábricas deste postal foram criadas para triunfar em grande)
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But—says Joe Kraus: "The 21st century is about millions of markets of dozens of people". A mind-changing insight, closely aligned with what Joe Pine told me 16 years ago.
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Model
To cater for the radically changed consumer market place will need companies able to mass customize their products into huge numbers of individualised configurations, answering their customers’ individual needs. (Moi ici: Qual o mosaico de actividades, qual o tipo de fábrica, qual o tipo de relação com os consumidores, necessários para aproveitar esta mudança radical?)
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That’s the insight of the author and commentator Joe Pine; it is one not understood by most companies organised around the mass production principles which in many industries are now looking inadequate and tired."
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Ficção científica a entrar-nos pelo ecrã todos os dias...

Lição para as PMEs

A propósito de "China Makes Almost Nothing Out of Apple's iPads and iPhones" talvez faça reflectir quem acha interessante  dar condições vantajosas a marcas estrangeiras para que venham para Portugal para serem cá produzidas.
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Lição para as PMEs portuguesas:
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"If you want lots of jobs and lots of high paying jobs then you’re not going to find them in manufacturing." 
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Claro que isto é a mentalidade americana dominada pela economia à moda antiga, se estão no campeonato do preço, tudo tem a ver com os custos. Ainda não somos alemães mas os alemães dão a lição de que é possível ter "high paying jobs in manufacturing", não é a produzir para outros, não é a fazer produtos indistintos como automóveis familiares.
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Quando as PMEs assumem uma marca, quando criam pontos de venda, quando apostam no design:
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"They’re where the money is, in the design, the software and the retailing of the products, not the physical making of them."
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Quando se lê isto " Manufacturing is just so, you know, 20 th century."" recordar o que aqui escrevo tantas vezes para escândalo de muitos: produzir é o mais fácil (aqui, aqui, aqui, aqui, ...)
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segunda-feira, dezembro 26, 2011

Aguardo para ver essas mudanças

""A orientação geral de todas essas reformas será a democratização da nossa economia", (Moi ici: Interessante, sobretudo para nós que estamos sempre a citar Mao e "Que mil girassóis floresçam". Contudo, muito difícil, por todo o lado vamos ter reacções destas se se quiser democratizar a economia "Associação de lares de idosos diz que há mais de mil ilegais a funcionar") afirmou, defendendo que o objetivo é "colocar as pessoas, as pessoas comuns com as suas atividades, com os seus projetos, com os seus sonhos, no centro da transformação do país".
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O primeiro-ministro disse querer que "o crescimento, a inovação social e a renovação da sociedade portuguesa venha de todas as pessoas, e não só de quem tem acesso privilegiado ao poder ou de quem teve a boa fortuna de nascer na proteção do conforto económico".  (Moi ici: Interessante, sobretudo para nós que estamos sempre contra a política de PINs, de privilégios para quem acede às carpetes, corredores e biombos do poder. Contudo, muito difícil, pois assim os que decidem vão perder poder e influência
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(Moi ici: O homem aqui atrapalhou-se... ou quem lhe escreveu o discurso falhou) Estas reformas, que devem "nascer de baixo para cima", foram pensadas pelo Governo  (Moi ici: Construção frásica infeliz... algo bottom-up pensado pelo Governo top-down. Certamente queria dizer: medidas liberalizadoras top-down para libertar a energia criativa bottom-up das pessoas, sem esperar por orientações governamentais tipo "Espanha! Espanha! Espanha!")  "para fazer dos homens e das mulheres de todo o país os participantes ativos na transformação e na recuperação de Portugal", sustentou."
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