Mostrar mensagens com a etiqueta hilary austen. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta hilary austen. Mostrar todas as mensagens

sábado, fevereiro 11, 2012

Tantas lições

Um pequeno artigo sobre uma marca de mobiliário e tantas lições para os interessados!!!
.
"Em 2008, a crise económica que desabou sobre a Europa já dava os primeiros sinais, com os investimentos, o empreendedorismo e os projetos inovadores a serem pensados e repensados, perante um cenário que não se adivinhava fácil.
.
Ainda assim, Paula Sousa, uma jovem designer, então com 30 anos, já com provas dadas no sector, consolidadas com uma experiência profissional em Itália, pesou os prós e os contras, e com estudo, formação e dedicação, decidiu seguir um sonho antigo, "pontapeando" os vaticínios negativos dos indicadores económicos para estabelecer a sua própria empresa e a marca Munna. (Moi ici: A economia pode estar mal, contudo, isso não é razão para que uma empresa, ou um projecto em particular tenha de correr mal. Não é preciso correr mais do que o leão... basta correr mais do que outro corredor)
...
Logo nos primeiros minutos de conversa com a empresária Paula Sousa, percebe-se os ingredientes de sucesso. "A paixão na criação dos produtos" é o conceito-chave no léxico da Munna, em que detalhes como "o serviço aos clientes, a qualidade das peças e a inovação", corporizam resultados económicos crescentes ano após ano.  (Moi ici: Quantas vezes escrevo aqui sobre a importância da paixão, aquilo que não aparece nas folhas de cálculo, nem é captável pelos algoritmos das instituições financeiras)
.
A criadora partilhou com o DN o estilo que adotou para o mobiliário que cria: "Não fazemos peças minimalistas nem clássicas. Tentamos fazer algo único. Inspiramo-nos na história da arte do mobiliário e, dentro dos vários estilos que existem, selecionamos algumas formas e alguns conteúdos e adaptamos para um estilo moderno."  (Moi ici: Outra lição. Não competir por ser o melhor, tentar, procurar, desejar ser único. Estar num campeonato, num jogo à parte, num jogo em que as regras nos favorecem, em que podemos ser diferentes)
.
No atual modelo de negócio, a Munna não aposta na produção própria. A empresa desenha as peças e depois subcontrata a sua execução física a outras firmas.  (Moi ici: Outra lição. Produzir é o mais fácil. Difícil, difícil é vender. Tanto empresário que se concentra única e exclusivamente nas máquinas, nas linhas de fabrico e descura a venda, o circuito que valoriza o que faz)
...
A conjugação do design, da tecnologia e da tradição, da qual resulta as peças da Munna, tem sido uma fórmula de sucesso reconhecida em feiras e na imprensa especializada, que serviu de rampa de lançamento da marca quando, em 2008, a conceituada revista britânica Interior Designs for Professionals publicou uma peça da empresa na sua capa e elegeu uma das criações de Paula Sousa com uma das melhores do ano.  (Moi ici: Outra lição. O papel das feiras e o papel dos prescritores, começamos a entrar no ecossistema da procura, na criação e desenvolvimento de relações com outros agentes que podem influenciar os clientes)
.
A aposta da Munna passa claramente pela internacionalização, pois tal como admite a empresária "Portugal é um país pequeno em consumo de design, sendo muito limitativo pensar apenas no mercado nacional". E a verdade é que o mobiliário português parece estar em alta em termos de aceitação internacional: "Ainda na última feira em que estivemos verificámos que muitos clientes estão a escolher fornecedores portugueses, elogiando a qualidade, a inovação e o design", notou Paula Sousa.
.
Perante tal potencial, a jovem empreendedora não hesita em deixar um conselho a outros criadores nacionais: "Recomendo que tenham persistência, ambição e capacidade para correr riscos e se lançarem neste mercado. Há enorme potencial para ser explorado, e quando se fala em crise acho que ela está no gestor e não nos criativos."  (Moi ici: Outra lição. Os gestores olham para números, aprenderam a trabalhar para a concorrência perfeita. Os criativos, recordar Hilary Austen, tentam alimentar a concorrência imperfeita)
.
Trechos retirados de "Simbiose de 'design' e tradição leva criações além-fronteiras"

domingo, dezembro 11, 2011

Indie capitalism e Mongo!!!

"If you add up all the trends under way today, I believe we are beginning to see the start of something original, and perhaps wonderful. (Moi ici: Interessante e sintomático o uso desta palavra "wonderful". Ler este postal e ver este extracto do filme retirado e disponível aqui)
...
Indie (Moi ici: "Indie" de independente) capitalism is, above all, a maker system of economics based on creating new value, not trading old value. It embraces all the strains of maker culture--food, indie music, DIY, craft, 3-D digital fabrication, bio-hacking, app enabling, CAD modeling, robotics, tinkering. Making is not a rare act performed by a few but a routine happening in which just about everyone participates. (Moi ici: Mongo como um mundo de artesãos) Making and using tools are part of a meaningful existence. And tools shift from a ritual presence to a practical role in everyday life. Having great tools and making great things begin to replace consumption as an end in itself.
...
We are just two guys who made something people want to buy, and then we sell it to them. No middle men, no big corporations, no venture capital, no investments. (Moi ici: Isto é Mongo!!!)
...
A while back, the futurist Paul Saffo predicted a new “creator economy” replacing the industrial and consumer economies. I like the term but prefer “indie capitalism” because it captures more of the social context and values of this new economy. I think it is sufficiently different from the entrepreneurial, startup culture of Stanford/Silicon Valley to warrant its own name. The term feels more 21st century, while “startup” sounds, well, 20th century. It’s socially focused, not technology focused, more designer/artist-centric than engineering-centric. (Moi ici: Definitivamente, e quem não perceber isto perde parte importante dos alicerces... leiam Hilary Austen!!!)
...
I think that rising before us may be the solution to all that. Indie capitalism could be the kind of reinvigorated capitalism that we can all believe in again. To make it really work, we might need a new indie economics (of creativity and innovation), plus a new indie set of political policies. (Moi ici: Façam como eu, procurem na biblioteca o livro dos Toffler "A 3ª Vaga". Depois, leiam tudo sobre a "electronic cottage")
.

domingo, novembro 06, 2011

Outra história portuguesa longe da corte lisboeta ou, OMG!!! E vão viver de quê? (parte V)

Parte IV.
.
A conversa da treta dos macroeconomistas cainesianos:
.
"Armchair economists like to assume that human action is predictable and calculable.  But action, based solely on individual preference, isn't measurable with econometric formulae.     
Increased production financed through accumulated savings drives sustainable growth.  This goes hand in hand with entrepreneurial seeking of unmet demand, not aggregate demand in general.  Steve Jobs didn't create the iPod because consumers were spending at Walmart.  He speculated that there was a demand for a portable device that could store a massive amount of music, designed the product, determined the marginally profitable price it could be sold at, and decided whether or not to risk his capital and make the whole thing happen.  He could have been wrong, but thankfully for all of us, he wasn't.
Keynesian focus on aggregate demand misses the big picture.  Taken to its extreme conclusion, overconsumption can ultimately lead to higher prices as supply diminishes and production can't keep up.  Inflation only exacerbates the situation as wages and prices eventually adjust after distorting the structure of production.
Meanwhile, the real barriers holding back economic growth are unacknowledged by government apologists acting as economists.
...
Aggregate demand is the last vestige of economists who believe that prosperity is but a simple math formula away. Those who hold it truly believe that government spending on anything creates wealth. (Moi ici: Por isso, quando um governo atira dinheiro para cima de um problema, ou de um projecto sem retorno positivo, eufemisticamente chama-se a isso investimento... assar sardinhas com o lume de fósforos, acabam os fósforos acaba a chama)
.
Quem olha para a economia como um bloco homogéneo, escreve estes títulos "Contratar pessoal em 2012 vai ser quase missão impossível" e, entretanto:
.
"Actualmente, a Porcel exporta para mais de 30 países, maioritariamente para os EUA, Médio Oriente, América Latina e Escandinávia. E o objectivo é "estar cada vez em mais mercados". Para isso contribui o serviço de personalização de peças, concebidas por designers nacionais e estrangeiros(Moi ici: Divergência, divergência, divergência, se calhar, afirmar que a Porcel está no sector da cerâmica de porcelana é já tão enganador, quanto dizer que a Asics está no sector do calçado. É uma empresa no sector das experiências, dos sentimentos. Fugir da massificação, da série... recordam-se de Hilary Austen? A caminho da arte!!!)
.
Começou com 15 trabalhadores. Hoje são mais de 80. E, contrariando a tendência actual, a fábrica até está a admitir colaboradores. Não há uma fórmula mágica(Moi ici: Se os cainesianos percebessem isso... se percebessem como o seu mundo é redutor e pobre, se vislumbrassem o quão rico em diversidade e nichos é a vida em Mongo"Mas há um conjunto de receitas que se vai aperfeiçoando à medida que a Porcel vai evoluindo", (Moi ici: É a única forma, tentativa e erro, tentativa e erro, iterar, iterar, iterar sempreafirma Ana Luísa Roque, especificando algumas: "produtos de qualidade, inovação, design, flexibilidade, rigor e formação dos trabalhadores."

A Porcel oferece todo o tipo de produtos, especialmente para os segmentos médio- -alto e alto, uns com decorações mais simples, sem ou com pouco ouro, e outros com decorações mais complexas."
...
"Para combater a actual crise, a Porcel aposta em feiras e mostras internacionais, (Moi ici: Já aqui escrevi acerca da presença em feiras e eventos do género) isoladamente ou associada aos seus parceiros não formais, que nas suas exposições incluem produtos da fábrica."
.

sábado, julho 16, 2011

Imprimam bentos (parte II) ou: O fim do engenheiro

A solução fácil é: imprimam bentos!
.
Neste blogue basta procurar eficácia vs eficiência, numerador vs denominador, valor versus preço, distribuição de produtividades e tantos outros marcadores, para concluir inequivocamente de que lado estou.
.
Recentemente li "Artistry Unleashed" the Hilary Austen que reforçou ainda mais a minha crença na arte, nos nichos, em Mongo como o futuro que nos vai ajudar a criar um mundo melhor para todos.
.
Tom Gillis escreveu esta reflexão "The End of the Engineer" que vai no sentido certo, na minha opinião:
.
"Three decades ago the core competency that separated good from great was determined by the ability to produce something that was “better, faster, and cheaper” than any alternative.
...
But just as we’ve seen manufacturing, distribution, and supply chain management mature to the point of commoditization, engineering development is now on the same trajectory.
...
I’m not suggesting that great engineering talent won’t be important to great companies, but we are rapidly reaching a point where multibillion-dollar value creation will not be enabled by a bunch of techies who have a new algorithm or architecture that is better, faster, and cheaper.
...
The great companies of tomorrow will be built around something else: a competency of customer understanding. This understanding includes a vision of solving problems the customer has yet to anticipate. It requires the soft skills that allow a company to gather a million points of often-conflicting data—and turn them into a clearly articulated solution.
...
In the coming decades, success will be defined by the ability to understand the complex problems that customers face, and the ability to solve these problems elegantly.
...
Great companies of tomorrow will not be defined by products that are better, faster, and cheaper, but by products that are sexier and smarter."

quarta-feira, junho 01, 2011

A economia não é homogénea!

"Vendas de materiais de construção caem quase 50 por cento homólogos no primeiro trimestre"
.
Ou seja, os parabéns ainda são mais merecidos!!!
.
Exemplos concretos da diversidade que existe dentro de um mesmo sector de actividade.
.
A diversidade é danada! Como torna a modelação do fenómeno económico muito difícil, os macro-economistas optam por trabalhar com médias.
.
Depois, todo o mundo olha para os números e pensa na realidade como um todo homogéneo.
.
A solução, o truque para dar a volta, está precisamente na diversidade, no que a diversidade revela e a média esconde.
.
E quem é que se apercebe da diversidade? E quem é que mergulha na diversidade?
.
Não, não são os académicos, nem os ministros... e voltamos a D. Quixote:
.
"Don Quixote defies ordinary conceptions of reality. He asks whether it is better to accept reality or to invent it, why should we not believe in Dulcinea and in a more beautiful world. Don Quixote’s “madness” therefore consists of living in a world that he has created rather than in the one others experience and of not caring about the consequences of his action." (Moi ici: isto é mesmo poesia)
.
Quem está de fora, perdido no meio das média não vê alternativa, acha que D. Quixote é maluco... mas há sempre uma alternativa à espera de ser criada.
.
"On the other hand, reality can be created by action. It need not necessarily be taken as given. This extends to the discourse of a leader: Dulcinea is created by Don Quixote’s imagination. Reality is in part a social construction, and interpretation plays an important role in this construction.
...
Don Quixote teaches us that the meaning of life is neither given to us in advance nor discovered, but affirmed by an act of will."
.
Quem está de fora e vive num mundo de certezas não tem pistas, quem está por dentro é movido pela esperança de uma alternativa e pela curiosidade

terça-feira, maio 31, 2011

A experiência pode ser uma desvantagem (parte III)

“Experience may possibly be the best teacher, but it is not a particularly good teacher.” (James March em "Ambiguities of Experience")
Experiential Knowledge is rooted in our sensitivity to qualities. But developing sensitivity is one matter; using this sensitivity to learn is another matter altogether.
The action and the consequence must be joined in perception. The relationship is what gives meaning; to grasp it is the object of all intelligence. (Moi ici: Costumo escrever que muita gente age como amadores a jogar bilhar. São incapazes de relacionar acções agora com consequências futuras. Tenho apontado vários exemplos ao longo dos anos)
Our personal experience is both limited and compelling. This combination leads us to overvalue the importance of the very small sample of experience our lives bring. While meaningful, this limited life experience can be very difficult to interpret; usually our interpretations are flawed in the many ways that March identifies. All these flawed interpretations lead us to build Conceptual Knowledge that is often incomplete and misdirecting.
One of these flaws is particularly problematic when it comes to developing artistry. When we experience effectiveness, the gravitational pull of this success often keeps us from exploring further; when we learn quickly in the moment, we often miss better options. (Moi ici: Fundamental a postura de seguir a curiosidade em vez da busca de certezas) As March says, ‘Experience is likely to generate confidence more reliably than competence and stop experimenting too soon. As a result, there is a persistent disparity between the assurance with which advice is provided by experienced people and the quality of the advice.”
.
Último recorte de "Artistry Unleashed" de Hilary Austen, um livro cuja leitura recomendo vivamente. Indispensável para quem não vê saída no mundo dos negócios, para quem só conhece o preço/custo como única alavanca para conquistar clientes.

segunda-feira, maio 30, 2011

Acerca do trabalho de consultoria (parte II)

Continuado daqui.
.
Hilary Austen no seu "Artistry Unleashed continua, até ao fim, a ser uma boa fonte de reflexão:

“A person building a Knowledge System that is progressive builds it on a foundation of curiosity and a focus on qualities that this curiosity makes possible, rather than on the certainty of what he or she already knows. (Moi ici: Faz-me lembrar uma conversa que tive há anos com uma pessoa da área da Psicologia. Quando alguém acaba um curso universitário só tem certezas. É claro que tem dúvidas mas são sobretudo acerca do mercado de trabalho, não sobre o que aprendeu. Crescer profissionalmente e crescer como pessoa, o amadurecer que a idade traz, é ser capaz de lidar com a incerteza, é ser capaz de, como escreve Roger Martin em “The Opposable Mind”, ser capaz de manter e viver com pensamentos opostos no mesmo cérebro: “to hold two conflicting ideas in constructive tension”-is an intellectually advantageous evolutionary leap through which decision-makers can synthesize “new and superior ideas.” É ser capaz de esquecer os “ismos” e concentrar a atenção num caso particular, sem receitas pré-concebidas)
There are no clear answers, only fruitful understandings. (Moi ici: Como escrevem alguns amigos: “BRUTAL!!!”)
Thinks of her practice as ‘organic’ because it develops and re-forms as she finds ways to ‘make things work’.
She is not interested primarly in pushing clients toward finding right answers, but rather in ‘moving ahead, making headway, or carrying the ball one step further.’ Instead of setting established destinations, she ‘wants to engage them in a rigorous kind of messing around that generates a good direction and several candidate ends-in-view.’ (Moi ici: Até porque não se trata de resolver um puzzle, algo com uma solução à espera de ser revelada, de ser encontrada. Aqui não há soluções à priori, há soluções que se constróiem tendo em conta a paisagem competitiva e as pessoas que vão agir)
Her destination emerges as ends and means interact; that is, as she, her clients, and the situation interact.

Out of this creative conflict and rigorous messing around, Diana and her clients must generate ends they believe will get them where they want to go; that is, strategies, solutions, and decisions and choices about what to do. (Moi ici: Como a história do mapa que Karl Weick me contou acerca do sensemaking em “Estratégia, mapas errados e self-fulfilling prophecies” ou Liderança = energia + movimento)

sábado, maio 28, 2011

Acerca do trabalho de consultoria

"The single distinguishing feature that makes artistry artistry, and not something else, is your ability to use qualities to help you solve enigmatic problems. This is qualitative reasoning, the reasoning that practicioners use to take initiating qualities and turn them into products and outcomes with ‘total qualities’ they approve.

This reasoning is rooted in the unity artists achieve with their medium. (Moi ici: Sem esta unidade, sem esta comunhão, quem está de fora acha estranho, está cego, não vê nenhuma hipótese de saída, não vê alternativas) Qualities, rather than symbols or quantities, are the elements artists manipulate through reasoning. However, in the face of enigmatic problems qualitative reasoning is useless if your Knowledge System is too rigidly held. What you need is a Knowledge System thar can reformulate in response to the qualities you experience rather than one that simply imposes itself on the medium. (Moi ici: De nada vale... de pouco vale a experiência, se não está acoplada a uma mente que se interroga, que se questiona, que testa os seus modelos mentais confrontando os resultados reais com os resultados esperados da simulação que o modelo mental permite fazer. Muitas vezes, uma ajuda externa pode permitir simplesmente deitar abaixo uma parede que não permitia ver um mundo de oportunidades, como o frágil fio prende o elefante adulto.)

First, when you use qualities, your sensitivity, your judgment, and your involvement make the work what it is. In essence, you become part of the instrumental means by which problems are strctured and resolved. (Moi ici: Por isso é que um consultor só pode ser um facilitador, falta-lhe a especificidade da vida daquele agente no mercado. Pode tentar percebê-la, pode tentar enquadrá-la na paisagem competitiva em mudança)
Second, because enigmatic problems are what they are – that is, means and ends are interwined and evolving simultaneously – you as part of evolving means will change in unison with the evolving ends you have in view.
Third, different practitioners with different Knowledge Systems will experience and reason with qualities differently. This potential variety means you will be fashioning a personalized way of working and generating unique outcomes." (Moi ici: E a necessidade de Mongo surge em todo o seu esplendor, como resultado da interacção entre diferentes agentes a actuar num mercado)
.
Trechos retirados de "Artistry Unleashed" de Hilary Austen

terça-feira, maio 24, 2011

Prática e mestria, a preparação que, quando encontra a ocasião, faz a sorte

"Practice time can lead to mastery, but it also creates the opportunity for new alternatives to be discovered. When perceived for the first time, original ideals, ideas, and experience can be startling to mastery, but they can also be so unfamiliar as to be completely overlooked."
.
Escreve Hilary Austen em "Artistry Unleashed".
.
Uma outra forma de expressar a mensagem do provérbio japonês:
.
"As oportunidades multiplicam-se à medida que são agarradas!"

terça-feira, maio 17, 2011

Esta doeu!!!

Ainda esta manhã escrevi "O que falta no relatório".
.
E o que escrevi está em linha com o meu esforço missionário neste blogue:

É um esforço titânico contra as forças do status-quo!!!
.
Vejam lá se não tenho razão... com os salários chineses a crescerem ao ano a uma taxa com 2 dígitos a solução é... não, não é cortar os salários!!!
.
A solução é... subir na escala de valor!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
.
.
.
Sim, a tal que é só a longo prazo... pois...
.
"China: the end of cheap? Not so fast…"
.
"China’s export makeup is changing (and has already changed significantly). Shoes, textiles and garments that once made around half of Chinese exports a decade ago, now only account for just over 20 per cent. Instead, electronics, machinery, cars and car parts are taking over"
.
O tempo que se perde com discursos e masturbações de gente que não sai de gabinetes nem da academia e não percebe como Mongo pode ser fantástico para todos!!!

O que falta no relatório

O INE publicou ontem um relatório com informação sobre a evolução do Índice de Custo do Trabalho.
.
O índice de custo do trabalho é um indicador que mede a evolução do custo médio do trabalho por hora efectivamente trabalhada (custo médio horário).
.
Dois gráficos chamam-me a atenção.
.
1º Como se comparam as evoluções dos custos de trabalho na UE no quarto trimestre de 2010
2º Como se comparam as evoluções dos custos de trabalho sectorialmente em Portugal  no primeiro trimestre de 2011
Olhando para o pormenor do quadro que se segue:
Gostaria de chamar a atenção para um parâmetro que não se encontra neste relatório.
.
Um parâmetro que escapa à maioria dos economistas... por isso, este relatório é bom para demonstrar como esta mentalidade está ultrapassada.
.
.
Já imaginam qual é?
.
.
.
.
O custo do trabalho e a quantidade de trabalho não têm nada a ver com o valor gerado!!!
.
Por isso, é muito mais útil usar os Custos Unitários do Trabalho.
.
Álvaro Santos Pereira escreveu recentemente no seu blogue:
.
"A lógica da desvalorização fiscal é simples: nos últimos anos, um dos factores que mais afectou a competitividade das exportações portuguesas foi o agravamento dos custos unitários do trabalho, que subiram bem mais do que na Zona Euro. Por isso, se quisermos que as nossas exportações fiquem mais competitivas, não temos outro remédio que não seja diminuir estes custos. (Moi ici: Qual a formula de cálculo dos Custos Unitários do Trabalho? Custos Totais do Trabalho sobre o Produto Real Produzido) Ora, como os custos unitários do trabalho dependem da evolução da produtividade e dos custos laborais, uma melhoria da competitividade necessita não só que nos tornemos mais produtivos, mas também que efectuemos uma redução dos nossos custos do trabalho. Como ganhos significativos de produtividade só são possíveis a médio e longo prazo (pois dependem, entre outras coisas, da melhoria do capital humano), (Moi ici: Por que se argumenta que "só são possíveis a médio e longo prazo"? Por que se argumenta tão rapidamente que dependem "do capital humano?" Há uma forma rápida de aumentar a produtividade de uma costureira! Basta despedi-la de uma fábrica subcontratada por uma marca para costurar T-shirts e, adimiti-la numa outra fábrica, na mesma rua, que tem marca própria e fabrica T-shirts para vender com essa marca) resta-nos diminuir os custos laborais."
.
Ás vezes penso que os economistas têm medo de falar sobre a criação de valor... como não a entendem, porque ela está na cabeça de quem compra e na mente de quem cria em sintonia com os clientes, como o valor está cada vez mais associado à diferenciação, à arte, os economistas não o conseguem meter nos seus modelos. Por isso, despacham-na para um futuro a médio longo prazo e, assim, retiram-na do problema em mãos.
.
Volto sempre ao sector que devia servir de benchmarking para todos os outros, quantos anos demorou o calçado a fazer a revolução? Volto ao têxtil, como é que o sector está a exportar para a China? Volto ao mobiliário, por que é que o sector exporta mais de 60% do que produz e, no entanto, o país importa mobiliário da Malásia, da Tailândia e ...?
.
Hoje, devia ser muito claro para muita mais gente a máxima:
.
"Don't try to compete on costs with China, and with Wal-Mart on price"
.
Era muito interessante que o INE disponibilizasse a distribuição dos CUT para um mesmo sector de actividade. Talvez dessa forma as explicações simplistas demais não fossem suficientes para descrever a figura que se iria ver... basta recordar a diferença entre a  realidade e a teoria.
.
NOTA: Há dias, em resposta a um comentário do JMG, entretanto cortado pelos problemas que o Blogger teve na passada quinta e sexta-feira, escrevi:
.

  • Se me vendem a redução da TSU para tornar as empresas que exportam mais competitivas não engulo.
  • Se me venderem a redução da TSU para facilitar a vida às empresas que vivem do mercado interno concordo.
  • Se me venderem a redução da TSU para capitalizar as empresas concordo.

O velho desafio do gato e do rato e da pregação do Evangelho do Valor.
.
Ontem à noite, enquanto lia o sexto capítulo do livro de Hilary Austen, "Artistry Unleashed", não pude deixar de pensar em como a autora toca numa série de pontos-chave para o desafio da originação de valor!!!

segunda-feira, maio 16, 2011

Libertar a mente para repensar a vida!

Empresas estabelecidas têm dificuldade em manter quota de mercado numa economia que atravessa uma recessão motivada por desajustes estruturais.
.
E se as empresas estabelecidas se comportassem como startups?
.
Claro que não é fácil, há os custos afundados, o ADN incorporado e a experiência.
.
Mas admitamos que uma empresa estabelecida procura comportar-se como uma startup para encontrar um novo caminho pós reajuste estrutural.
.
Qual o conselho de Steve Blank para as start-up?
.
"GET OUT OF THE BUILDING!!!"
.
Qual o conselho de Tim Brown para as empresas?
.
"HIT THE STREETS!!!"
.
Ou seja:
.
"Any real-world strategy starts with having fresh, original insights about your market and your customers. Those insights come only when you observe directly what's happening in your market. ...
"Directly witnessing and experiencing aspects of behavior in the real world is a proven way of inspiring and informing [new] ideas. The insights that emerge from careful observation of people's behavior . . . uncover all kinds of opportunities that were not previously evident."
.
Very often, you can build an entire strategy based on the experiences your customers go through in their interactions with your organization. Service brands have a horrible habit of focusing on the one interaction where they think they make money. If you're running an airline, there's an awful temptation to focus all of your attention on what it's like to fly a particular route on a particular aircraft. In fact, you can track backward and forward a whole series of interactions that consumers have with you that are very relevant. If you start to map out that entire journey, you begin to understand how you might innovate to create a much more robust customer experience."
.
Qual o conselho de Hilary Austen para o alicerce da actuação com "arte"?
.
"Qualitative sensitivity comes only as you immerse yourself into qualities themselves.
...
This is a process of learning to see, taste, hear, and feel; of discerning and discriminating through participation and observation; of making distinctions, becoming a connoisseur; and of developing a personal intimacy with the qualities that emanate from the activity of your interest.
...
Once you've experience it, this intimacy is indelible. It changes you forever by establishing a new level of awareness that few people can easily forsake.
...
Awareness - of taste, touch, balance, sound, atmosphere, interactions - reaches its highest level when the apparent division between the artist and the qualities in his medium disintegrates into ... unity. Unity means thinking can happen in the qualities of the medium itself; the need for translation disappears.
...
Skill follows awareness, not recipes or routines."
.
Qual o conselho de John Kotter para iniciar a mudança?
.
"See, Feel, and Change, as opposed to Analyze, Think, and Change"
.
Voltemos ao desafio das empresas estabelecidas que vêem o seu mercado esvair-se, como areia entre os dedos, por causa de um forte ajustamento estrutural da economia.
.
Por que é que as empresas bem sucedidas falham na incorporação das disrupções que criaram ou permitiram?
.
"A big problem is that these companies tend to treat nascent opportunities (Moi ici: Um mercado a sofrer um forte ajustamento estrutural cria novas realidades, cria novas oportunidades. Assim como mata e seca  anteriores pastagens, cria novas, se calhar mais pequenas, se calhar mais escondidas, se calhar em outros locais) the same way that they approach established businesses. They want data, even though data on non-existent markets is inherently fictional. So they focus on the market as it is today, where data are more easily obtained, and they employ the most conservative estimates about new sources of growth. They may also concentrate exclusively on what their customers want (Moi ici: O que pode cegá-los e impedi-los de ver o despontar de novos modelos de negócio), which biases them toward incremental improvements of current solutions."
.
Se estamos presos ao paradigma do passado, se não mergulhamos na realidade para ver e sentir o que se passa... como podemos caracterizar o novo ecossistema da procura? Se sempre trabalhamos com os aplicadores, não fará sentido seduzir os clientes dos aplicadores? Se sempre trabalhamos para os compradores, não fará sentido seduzir os prescritores? Se...
.
Se estamos presos ao passado... como podemos caminhar para o futuro?
.
Tim Hurson, ontem no Twitter, escreveu duas mensagens que se ajustam a este desafio:
.
"By giving up your attachment to where you are, you create the possibility of being somewhere else" e "Creativity is dangerous—it threatens what is. Stifling creativity is more dangerous—it threatens what could be"
.
Algures, para criar o futuro, vai ser preciso perder o pé e começar a nadar.
.
Algures, para criar o futuro, vau ser preciso cortar o cordão com um passado que foi como um lar acolhedor.
.
É a vida!
.
Aqui parece fácil... mas o lastro do passado é muito forte.
.

domingo, maio 15, 2011

Há sempre uma alternativa (parte II)

Continuado daqui onde o andrecruzzzz perguntou:
"mas que pincéis são esses?"
.
Consideremos uma empresa.
.
Pergunto:
.
- Podem continuar como até aqui? 
.
.
.
- Se não, têm de mudar?
.
.
.
- Olhem para a realidade que vos trouxe até aqui! Sejam realistas!!!
Perante este cenário, perante esta paisagem, os economistas têm uma solução de imediato:
.
Baixarás os teus custos para conseguires vender mais barato!
.
Tontos!!! Essa resposta pode ser adequada para alguns casos mas não pode ser a resposta para a maioria dos casos (lembrar: não há boas-práticas!)
.
Mentes algemadas a modelos mentais ultrapassados
têm uma visão túnel que só lhes permite visualizar uma alternativa de solução: a alternativa asséptica dos economistas e políticos.
.
No final desse túnel temos um porto de chegada
Sildávia!!!
.
Não arrisquei escrever Albânia como símbolo de país pobre e atrasado, porque desconfio que nos hão-de ultrapassar enquanto tivermos estas políticas chavistas-de-gravata-à-europeia.
.
Qual a alternativa?
.
Ainda e sempre a ARTE!!!
.
Mentes algemadas olham para a fotografia da realidade e desesperam... e enterram a cabeça entre as mãos e prolongam a espiral viciada que há-de levar ao fim "at some stage".
.
Quem aposta na arte, faz como os artistas, em vez de ver nos obstáculos algo a derrubar, tenta tirar partido da situação, procurando uma pedra angular de onde possa começar a construir uma diferença.
.
Se o pintor usa uma tela, usa pincéis, tintas e luz para criar a obra de arte, o que as empresas devem fazer é reunir o equivalente a esses materiais:
Isto é o que nos tem trazido até aqui, e nesse contexto temos pontos fracos que quando conjugados com as ameaças são autênticos homens-bomba prontos a destruírem o que resta da empresa. Não entrar em pânico...
.
Há alguma ponta de oportunidade a que nos possamos agarrar?
.
.
.
Os pontos forte só o são em função das oportunidades que se identificam...
.
Ou será que as oportunidades só o são em função de pontos forte que se possuem?
.
A Apple é conhecida pelo seu design... será que foi por causa das aulas sobre arte que Jobs frequentou, enquanto andava a tentar encontrar-se na universidade? Sorte ... quando a preparação encontra a oportunidade... por isso é que a escola é perigosa, homogeneíza demasiado... visão túnel... não há lugar para a arte num curso de engenharia... ERRADO!!!
.
Assim como o artista usa os pincéis, as tintas e a tela para criar a obra... as empresas usam o que têm para começar a sua obra de arte, o caminho da diferenciação.
.
Ao escrever estas linhas tenho medo de parecer um quesadista a escrever baboseiras sem adesão à realidade, só conversa. A verdade é que é difícil contar como se faz, é como aprender a tocar um instrumento, no início todos os movimentos têm de ser pensados, é-se lento e desastrado, só a prática gera o milagre de começar a tocar sem pensar, deixando a coisa a fluir. E ainda, como dizem os chineses, as oportunidades multiplicam-se à medida que vão sendo agarradas...
.
Esta semana tive oportunidade de ter uma conversa sobre arte num canto recôndito deste país com alguém que trabalhava com cimento!!! Talvez o exemplo ajude:
.
Já viram um homem lavar roupa num tanque? Num daqueles tanques que antigamente, nas casas onde vivi na minha infância, estavam nas varandas.
.
Estão a imaginar quem é que constrói os tanques de lavar roupa... sim, claro, homens!
.
Agora imaginem que uma mulher resolve começar a fabricar tanques de lavar a roupa... e que em vez de copiar os modelos que conhece, resolve fazer um de madeira à sua maneira, um adequado à experiência de utilização que gostaria de ter e não tem.
.
Arranja quem lhe faça um molde a partir do modelo de madeira e começa a produzir os seus tanques em cimento. E começa a criar o seu lifestyle business não em Silicon Valley mas na Terra Fria.
.
Como escrevi aqui:
.
"Gente que faz umas coisitas malucas, fica a ser conhecida como os malucos que fazem umas coisas malucas. Assim, quando alguém sonha com uma coisa maluca... pensa logo nos malucos habituados a lidar com coisas malucas. É uma espiral virtuosa sem limites"
.
Ou como Marn e Leszinski escrevem:
.
"Choosing those changes least likely to provoke undesirable competitive reactions. If the repositioning is successful, or looks as if it will be, competitors will react. The likeliest, and least desirable, reaction is a price cut, which often leads to price cuts across the industry and lower profits for all. One manufacturer of medical supplies always reacted to competitors' price cuts by improving benefits. Every time a competitor dropped its price, the supplier countered with an improved version of its product at the same price, but on the new VEL. In this way it gained a distinctive market position, offering increasingly superior benefits over competitors that chose to move only along the price dimension."

sábado, maio 14, 2011

Há sempre uma alternativa!!!!

Consideremos uma empresa que produz materiais de construção.
.
Perante a evolução catastrófica do sector a empresa resolve arregaçar as mangas e procurar fazer o seu caminho, em vez de esperar por uma hipotética retoma.
.
A empresa olha para a paisagem competitiva em busca de perceber as forças que estão em jogo:
A empresa olha para as ameaças e para os seus pontos fracos:
E encara-os não como barreiras que impedem o futuro, mas como obstáculos a contornar. 
.
Por aqui não vamos lá! Por aqui não temos alternativa!
.
Hilary Austen escreve: "True artists see the features identified above not as obstacles but as exciting opportunities. ... Artists seek rather fear ambiguity in their medium. They embrace rather than avoid or ignore surprises; instead, they court the solutions tat surprises stimulate and the growth that surprises make possible."
.
Há alguma possibilidade de construir um caminho para o futuro?
.
A empresa olha para uma nesga onde pode construir uma alternativa:
Sendo assim, que oportunidades existem no mercado? E, à luz dessas oportunidades quais são os pontos fortes da empresa?
Estes são os pincéis, as tintas, as telas que os artistas manipulam 

Como usar estes ingredientes para construir o futuro?
As conjugações:
  • oportunidades x pontos fortes
  • oportunidades x pontos fracos
  • ameaças x pontos fortes
  • ameaças x pontos fracos
Permitem formular uma estratégia que enquadra as 8 acções identificadas.


quarta-feira, maio 11, 2011

Quando entra a arte...

A arte ao serviço de Mongo pode ser exemplificada com os doces.
.
Na zona de Coimbra temos as escarpiadas... que nos Estados Unidos geraram a Cinnabon.
.
Na zona de Coimbra temos o arroz-doce, tenho sorte de a minha mãe ainda o fazer... e recordo com saudade o que a minha avó fazia. Reparem como a arte pega num doce tradicional e cria valor (e em brasileiro).
.
Claro que em Portugal é difícil isto acontecer... consumir é pecado, todo o dinheiro que as pessoas ganham pertence ao Estado. Mas adiante...
.
Mongo é isto, é olhar para o que sempre se fez com uma postura de artista.
.
E o esquema que Hilary Austem usa no seu livro:
Faz todo o sentido, o conhecimento que resulta da experiência apaixonada, é transformado num modelo de negócio e orientado por uma visão para além do ganho financeiro.

segunda-feira, maio 09, 2011

Interpretações para todos os gostos

Este artigo "“Recém-licenciados são mão-de-obra mais acessível”" deixou-me a pensar nas diferentes interpretações possíveis.
.
Interpretações positivas:

  • As empresas reconhecem que estão perante uma nova realidade e que as práticas seguidas têm de mudar e que mentes novas, sem experiência e sem vícios, podem fazê-lo de forma mais fácil, pelo menos em teoria.

Interpretações negativas:

  • As empresas só olham para os colaboradores como mão-de-obra barato indiferenciada, o importante é reduzir os custos.
  • As empresas não estão a transformar-se para enfrentar novos tempos com novas estratégias, estão simplesmente a prolongar velhas receitas baixando os custos a todo o custo.
  • Os colaboradores mais antigos são incapazes de criar valor que os diferenciem dos recém-licenciados.
Como refere Hilary Austen em "Artistry Unleashed", e eu integro no modelo que vou apresentando neste blogue - Mongo - Mongo precisa é de mais arte por parte das empresas, e mais arte por parte das empresas implica fugir das receitas repetidas. Os caloiros podem estar demasiado presos a receitas que aprenderam na escola e, para lhes fugirem terão primeiro de ganhar experiência no terreno (awareness e skills) para compreenderem e organizarem o conhecimento que vão adquirir para poderem passar a um novo nível do jogo. Os experientes e tarimbados podem estar demasiado presos a receitas que aprenderam e resultaram no passado e não têm a ousadia de experimentar a arte, de fazer diferente.
Conselho para caloiros e para tarimbados: nas costas dos outros vemos as nossas. Como podem alterar comportamentos, como podem fazer a diferença para fugir a este padrão?
.
Para terminar, causa-me alguma incomodidade que a três perguntas a entrevistada responda sempre com o mesmo argumento "os recém-licenciados são uma mão-de-obra financeiramente mais acessível"... esse é o pior argumento de todos... pois, os colaboradores são o nosso tesouro mais importante... un-lol

quarta-feira, maio 04, 2011

Criatividade e Mongo

Acredito que vamos a caminho de uma paisagem competitiva a que chamo de planeta Mongo:
Mongo é o nome do planeta onde decorrem as aventuras de Flash Gordon contra o malvado Ming. O que sempre me fascinou acerca do planeta Mongo foi a sua heterogeneidade. Um planeta onde coexistiam sem misturas, diversos povos e espécies inteligentes, em diversos estágios de evolução tecnológica.
.
Acredito que vamos a caminho de uma paisagem competitiva semelhante a Mongo. Em vez da vitória de um modelo único de negócio, para servir um único tipo de cliente-alvo, vamos ter n modelos de negócio, vamos ter n tipos distintos de clientes-alvo, e cada tipo em busca de experiências únicas. E, cada vez mais, as escolhas que possibilitam fornecer uma dada proposta de valor a alguns clientes-alvo, são precisamente o motivo que impede de fornecer outra proposta de valor a outros clientes-alvo em simultâneo.
Acredito que em vez de uma paisagem com um único pico, estamos a construir uma paisagem com uma infinidade de picos,  e que esse número continua  a crescer.
.
Cada pico representa um conjunto de clientes-alvo que só podem ser servidos por uma determinada conjugação de factores organizativos internos de uma empresa.
.
Acredito que o truque que está na base do crescimento do número de picos, é a introdução progressiva da arte na vida das empresas e do que elas oferecem aos seus clientes-alvo.
.
Por arte entenda-se algo que parece magia, algo que assenta em qualidades e não em quantidades, algo que assenta em sentimentos e não em cálculos.
.
Ou seja, cada vez mais as empresas precisam de criatividade para criar valor.
.
Como é que evolui a criatividade das pessoas em função do seu percurso escolar?
Quantos mais anos passamos na escola menos criatividade artística sentimos. Não será isso também uma barreira ao empreendedorismo? Como contaminar mais gente com a propensão para a criação de valor?
.
Hilary Austen em "Artistry Unleashed" revela algumas dificuldades:

  • "Those who achieve artistry aren't great at telling amateurs what's involved."
"Having reached an artistic level of performance, practicioners often find it hard to describe to novices exactly what they're doing in the moment. Their actions - and, even more, the how and why behind these actions - have become automatic and natural. So much so, that they defy description.
...
  • Artistry cannot be learned vicariously; it must be lived
"Artistry cannot be learned while sitting on a couch. Nor can it be learned in classrooms, from reading books, od from watching others act. Instead, artistry develops as action unfolds. Students of artistry cannot escape undergoing the risks, the emotional demands, the hours of practice, the investment of resources, or the impacts of outcomes they generate.There's no sugar-coating it: this is stressful. ... Learning artistry is a transformative process."
  • Artistry is emergent
"In our goal-oriented society, artistry defies conventional wisdom. The harder you try to make it happen, the more elusive it becomes. Artistry emerges when you pursue a connection, or a feel for a discipline, rather than when you pursue particular goals. It comes to people who make judgments in response to change, rather than those  who depend on the skills learned in yesterday's lesson. At the same time, of course, these skills and goals cannot be abandoned, and this apparent contradiction can create confusion.
...
  • Artistry is fluid and progressive
"Artistry is not a final destination. . What works in one moment probably won't work in the next. Today's success can be tomorrow's failure, and today's failure can magically transform into tomorrow's success.
    ...
    what we experience as artistry will shift and advance. ..., there's no end to what's possible."
    .
    Talvez estas reflexões de Hilary Austen ajudem a perceber o quão difícil é para quem está de fora perceber que existe vida para além da guerra do preço.
    .
    Reparar que naquela paisagem competitiva lá em cima, a cheia de picos, há muitas empresas a viver lado a lado sem nunca competirem entre si.

    terça-feira, maio 03, 2011

    A barreira a vencer

    "In each instance, the practicioner allows himself to experience surprise, puzzlement, or confusion in a situation he finds uncertain and unique... He is not dependent on categories of established technique, but constructs a new theory of the unique case... He does not keep means and ends separate but defines them interactively as he frames a problematic situation." (trecho de Donald Schon retirado de "The Reflective Practitioner")
    .
    Cada caso é um caso. Cada caso é único. O que funcionou ontem já não funciona hoje...
    .
    Impressionante como o conselho que se segue, de um cowboy para alguém que quer aprender a montar um cavalo, se aplica ao desafio que um empresário tem de enfrentar nos tempos actuais em que Mongo se instala e a globalização imperial da quantidade recua. O que aconteceu na TV, desde o "I love Lucy" até à actualidade, é uma metáfora do que está a acontecer na economia (BTW, lembro-me de em miúdo ver na TV portuguesa esse programa "I  Love Lucy")
    .
    "Eric: You're trying to do too much. Stop thinking, and pay attention to your horse. It's about trying to feel what is happening underneath you right now. You can't ride yesterday's horse. You can't ride what might happen. Everybody who rides has the same problem: we're hoping what we learned yesterday will always apply.  You often ride the problem you had a minute ago, or for the goal you want to achieve. But this not a recipe. It changes every second, and you've got to change with it."
    .
    E o que fazem os macro-economistas? Pois... e o que valem as suas previsões baseadas na extrapolação do passado?
    ...
    "You've got to start with observing real people in depth. Burn the market research. Go out there with your own eyes. Stand there. Do it yourself as the businessperson. Be there with your own eyes."
    .
    "This way of working - call it artistry.
    Artistry is rooted in qualities. ... To become a proficient rider in her own right, she needs to perceive these qualities and interpret them herself; until she does that, she's merely applying a collection of disconnected generic techniques - and haphazardly, at that. If she can become focused enough and then use this awareness to respond effectively to these qualities, she'll be able to improve her own efforts and those of her horse. She faces the same learning challenge that students of every demanding discipline face if they wish to leave routines and recipes behind and become creative and masterful practicioners in their own right."
    .
    Por isto é que é tão redutor isto "“A qualificação devia ser o motor da competitividade da economia”" Imagino n situações em que gente mais qualificada, podia ajudar a fazer milagres na capacidade de originar valor ... desde que tenha a humildade de abandonar as receitas assépticas e aceite apaixonar-se.
    .
    Focalização, sempre a focalização...
    .
    "Eric: Just because he has a little more energy than you're used to doesn't mean you have to freak out about it. Ride it, for Christ's sake! One of the reasons we ride horses is because they're dynamic. So, when things are a little different, you should appreciate that and not be scared of it. Scared is a distraction. Utilize him!"
    .
    Por cá, muitas vezes, a reacção instintiva quando as coisas mudam e ficam um pouco diferentes é... pedir protecção e ajuda ao papá-Estado. E isso, impede o crescimento interno, evita a subida para o nível seguinte do jogo, ficamos parados e atolados no nível actual.
    .
    "I recognize this vulnerable state, when fear, anxiety, or embarrassment creates a self-absorbed distraction. Yet in the heat of the moment it's nearly impossible to ignore these reactions."
    .
    Aqui, o papel de um outsider que não imponha receitas mas que facilite uma abordagem diferente ao desafio, pode ser útil.
    .
    "Eric: It takes more focus, but that's what this game is about. When we talk about asking a horse for a hundred percent, we're asking a person for a hundred percent. It means we have got them right to the point where they are either going to perform or explode! If they perform to their maximum ability, they will do the best they possibly can if you can get it just right, and you're sitting on a hundred percent of a horse, all you can do is pull your hat down and hope you don't screw up."
    ...
    "He's trying to take her across an invisible barrier that divides amateur riders from genuine horsemen."
    .
    É uma barreira deste tipo que impede aos teóricos da macro-economia verem como se fazem milagres ao nível da macro-economia.

    domingo, maio 01, 2011

    É impossível matematizar a realidade... ainda bem!!!

    Há livros que quando chegam, ao abrirmos a caixa da Amazon, parecem que ganham uma aura especial. Quinta-feira passada ao chegar a casa, ao final do dia, tinha à minha espera uma caixa com dois livros: "Enchantment" de Guy Kawasaki e "Artistry Unleashed" de Hilary Austen.
    .
    Sei que vou gostar de ler e que vou aprender algo com as reflexões de Guy mas a minha opção de leitura recaiu logo sobre "Artistry Unleashed". O que faz falta, acima de tudo, é criar valor. E valor cria-se com arte!!!
    .
    Na sexta de manhã, cheguei cedo a Pedras Rubras, para fugir ao trânsito, e deliciei-me como o prefácio de Roger Martin que começa com esta citação de Elliot Eisner:
    .
    "The kinds of nets we know to weave determine the kinds of nets we cast. These nets, in turn, determine the kinds of fish we catch."
    .
    Dá logo para pensar nos modelos mentais dos macro-economistas. Esses modelos só lidam com mundos simplificados em que os agentes são racionais e tudo se resume ao preço... onde é que os sentimentos entram nesses modelos?
    .
    "We live in a world preoccupied with science, predictability, and quantitative analysis. Economic forecasters crank out precise predictions of economic growth using massive econometric models."
    .
    Eu já fui assim! Despedi-me do meu primeiro emprego por causa disto. Eu vivia apaixonado pelo meu trabalho, desenhar receitas para produtos a oferecer ao cliente mais inteligente e exigente do ramo automóvel: a VW. E despedi-me quando a empresa me propôs começar a trabalhar com o mundo da moda, o mundo mais subjectivo que se possa imaginar. Enquanto a VW queria medir a cor, a moda não gostava do toque.
    ...
    "Where has this obsession gotten us? Not far, I would argue. The slaves to the quantitative world have gotten it consistently wrong. Take the economists: As late as the middle of 2008, none of the world's leading macroeconomists or forecasting organizations were predicting that the economy would shrink that year, let alone crater as disastrously as it did."
    ...
    "Our deep-seated desire to quantify the world is not surprising: given the complexity we face on a regular basis, we naturally seek ways to understand and control whatever we can. But, as is painfully apparent, the world isn't responding well to our attempts. Instead, it is making it clear that it refuses to be organized, understood, and controlled in a purely quantitative fashion.
    ...
    All of this is not to dismiss the strengths of the quantitative paradigm: when used in a suitable context, its methods produce reliable data. However, the paradigm breaks down when the phenomenon under study is complex and ambiguous. The greatest weakness of the quantitative approach is that it takes the context out of human behavior, removing an event from its real-world setting and ignoring the effects of variables not included in the model. (Moi ici: Como se o mundo dos humanos fosse um universo newtoniano onde o tempo não conta porque não há aprendizagem)
    ...
    The fundamental shortcoming is that all of these scientific methods depend entirely on quantities to produce the answer they were meant to generate. (Moi ici: Please rewind and read at least three times this sentence) They were blissfully ignorant of qualities."
    .
    Com esta mensagem ainda fresca, aconselho a leitura dos gráficos com a evolução do calçado aqui, a leitura deste postal sobre o amor, e a leitura destas reflexões de Daniel Bessa de 2005 e de André Macedo de 2008 sobre o futuro do calçado português.
    .
    Quando Arroja começa com as suas reflexões cath vs prot é disto que me lembro, da competição num mundo de quantidades, num mundo de planeamento e rigor, versus a competição num mundo de artistas, de flexibilidade, de intuições, de rasgos, de qualidades.
    ...
    "Why are qualities so important? Because to make sense of an ambiguous and uncertain world, understanding, measuring, modeling, and manipulating quantities just won't cut it.
    ...
    We need to have a much deeper understanding of their qualities - the ambiguous, hard-to-measure aspects of all of these features. To do so, we need to supplement the quantitative techniques brought to us by the march of science with the artistic understanding of and facility with qualities that have been brushed aside."
    .
    Total sintonia com Greg Satell: "True knowledge begins with wonder"