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quinta-feira, abril 14, 2011

A velha academia não percebe nem tem guião

Em 2003, tive oportunidade de participar, em Barcelona, num Balanced Scorecard European Summit.
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A apresentação inicial, um dos "Keynote Address" foi feita por David Norton com o tema "Creating Strategy-Focused Organizations in Turbulent Business Times".
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Por que recordo esta apresentação?
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No slide 3, Norton lança a sua Big Idea para a comunicação:
No slide 13, encontra-se o ponto que gostava de sublinhar ao iniciar esta série:
A criação de valor assenta cada vez mais em activos intangíveis.
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A apresentação inicial do segundo dia, feita também por David Norton, tinha o título "Creating  Value from Intangible Assets. Nos slides 3, 4 e 5 Norton chamou a atenção para um ponto importante:
Criar valor, ou melhor, originar valor a partir de activos intangíveis é diferente de originar valor a partir dos clássicos activos tangíveis. Os activos intangíveis não têm um impacte directo nos resultados financeiros, têm um impacte de segundo ou terceiro nível.
Para originar valor é fundamental alinhar activos intangíveis com as prioridades estratégicas.
Originar valor hoje, resulta sobretudo de factores intangíveis!
Realidade que há 30 anos não existia!!!
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Quantos académicos de hoje percebem a implicação desta mudança?
Quantos académicos de hoje percebem o quão diferente é que isto é do mundo em que os activos tangíveis imperavam?
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A propósito da nova academia que vai ter de aparecer e da velha academia que ainda domina a paisagem queria chamar a atenção para este facto:
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Originar valor numa economia de activos intangíveis é diferente, muito diferente de uma economia assente em activos tangíveis!
A desesperança que a velha academia nos transmite nos media resulta, suspeito eu, da sua incapacidade de fazer a transição da economia do tangível para a economia do intangível. Como é que um João Ferreira do Amaral pode encaixar no seu modelo mental uma Littlemissmatched ou uma Happy Socks ou o sucesso da Nespresso num país em crise?
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A velha economia navega em mares para os quais não tem guião nem bússola.
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Na economia do intangível o que triunfa é a arte, é o arrojo, é a diferença... não é a matemática, nem a eficiência.
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Fazem-me lembrar os meus professores universitários atraiçoados pela História. Na faculdade tive uma série de professores que se doutoraram, no final da década de 60, princípio da década de 70 do século passado, em fenómenos associados à operação unitária destilação. 
Uma destilação consome muita energia mas nesse tempo a energia era ao preço da chuva.
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Após o 1º choque petrolífero todo esse know-how começou a ser posto na prateleira. É a vida!!! Tinham apostado a sua carreira numa operação unitária que se tinha tornado anti-económica.
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Chad Syverson (aqui e aqui) fala na substituabilidade de um produto/serviço como um factor crítico para vencer os mais eficientes.
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No nosso país, estamos atrasados nesta transição para os activos intangíveis. Enquanto a academia não a percebe, só nos últimos 4/5 anos é que as PMEs exportadoras o começaram a fazer sem base teórica. Perante o abismo do encerramento, os empresários deixam a fábrica e vão para o mercado fuçar, fuçar e fuçar (tentativa e erro, ou como refere Steve Blank "pivoting") até que alguma coisa dê, quando alguma coisa dá, concentram-se nela. Ou seja, as nossas PMEs exportadoras na prática já lá chegaram, antes da academia!!!!!
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Quando um dia a academia estudar estes casos de sucesso de empresas anónimas, vai observar, depois reflectir, e só depois criar o corpo teórico que alimentará um futuro exército intelectual capaz de espalhar a boa-nova.
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A velha academia não é portuguesa, é mundial, um paradigma disso é o jornal francês Le Monde que, sobre Portugal escreveu:
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"A Lisbonne, chaque interlocuteur vous quitte en s’excusant de ne pas avoir aperçu quelque chose de positif à l’horizon. L’industrie ? ” L’appareil productif a été détruit par l’intégration européenne “, déplore Carvalho Da Silva, secrétaire général de la CGTP, principal syndicat du pays. Ces dernières années, le Portugal, handicapé par une faible compétitivité, a vu partir plusieurs de ses principaux exportateurs. Dans le nord du pays, les dernières entreprises textiles ferment sous la pression de la concurrence asiatique." (Moi ici: Por favor, fazer rewind e voltar a ler o texto... já está? Agora tentem conciliar isso com o desempenho das exportações em "O caminho está escrito nas estrelas..." e "Têxtil e vestuário com exportações recordes".)
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Não se pode negar o efeito positivo de empresas como a Autoeuropa, a Altri e ou a Continental Mabor para as exportações mas esse é, especulo eu, um sucesso assente em activos tangíveis, assente não na arte mas na eficiência e na escala. E nesse campeonato é preciso muito dinheiro.
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Um exemplo:  Mensagem que recebi num e-mail "O Grupo Inforpress, a Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica e a revista Executive Digest convidam-no/a a participar no Get Together Especial – entrega de Prémios OCI 2010*, promovido pelo Observatório de Comunicação Interna e Identidade Corporativa, que se realiza no próximo dia 07 de Abril"
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Querem ver qual é o ecossistema envolvido? Eu mostro...
A academia não conhece, não visita, arrisco escrever "despreza" as PMEs anónimas exportadoras que depois de um 2010 excepcional se preparam para um 2011 IMPERIAL!!!

terça-feira, abril 12, 2011

A academia que ainda está por se afirmar


Este slide, retirado desta apresentação. ilustra o grande fosso que há-de separar a academia actual de uma academia que ainda não existe por cá.
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Uma academia que há-de perceber, finalmente, a importância, a prioridade, no mundo de hoje, da cadeia da procura.
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O ponto 1 funcionava bem, como alicerce na construção de um modelo competitivo, quando a oferta era inferior à procura.
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Hoje, com a oferta muito superior à procura não adianta produzir... NÃO ADIANTA PRODUZIR!!!
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Hoje, antes do ponto 1 do slide há que considerar a:

  • Identificação dos clientes-alvo;
  • Identificação da cadeia da procura;
  • definição da proposta de valor a oferecer a cada elemento da cadeia.

quarta-feira, maio 11, 2011

Sugestão para uma tese de doutoramento

Não há na academia ninguém com curiosidade?
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Enquanto que os economistas mainstream, os estabelecidos na vida, os que já não têm dúvidas, defendem que temos de baixar salários e custos para sermos competitivos. Os que ainda respeito mais são os que apesar de tudo fazem contas, mas fazem contas dentro do seu modelo mental que já está ultrapassado pela economia real.
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Et pur [a realidade] si muove... "Exportações de calçado cresceram 20 por cento no primeiro trimestre"
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Não vão acreditar, o mainstream pensa assim "“Ou baixamos a TSU ou temos de reduzir salários”", vários empresários do sector do calçado defendem... o aumento do salário mínimo!!! E justificam...
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Não acham curiosa a posição diametralmente oposta entre os empresários com resultados e os economistas da academia e ... qual a experiência de vida de Catroga? Conhece o mundo da concorrência através do valor acrescentado da moda, da diferenciação, da inovação... ou o mundo da concorrência pelo preço no negócio das commodities?
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A propósito, qual o desempenho da indústria de calçado brasileira?
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"Exportação de calçados cai em março"
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Esse é o risco de quem trabalha para o mercado americano "Cheaply made in the USA". Não, não falo só do câmbio, falo sobretudo de ser um mercado habituado a junk food, junk apparel, junk shoes, junk everywhere... essa é a nossa sorte, trabalhar para mercados requintados como os europeus.
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A sério, não há ninguém que queira dedicar 3 anos da sua vida a visitar esta realidade, a conhecer como fazem, como tem sido possível a esta gente concreta trocar as voltas e desacreditar as teorias dos senhores economistas da academia, para lançar as bases de uma nova visão sobre a competição pelo valor e não pelo preço?

quinta-feira, agosto 31, 2017

Sem noção da realidade

Recordo-me muitas vezes de um programa de debate na RTP que aconteceu há muitos anos. Debatia-se Camarate e as hipóteses de acidente ou atentado. A certa altura um dos convidados esgrimiu um argumento que para mim, alguém que estudou química com profundidade e gosto, era absurdo. Quase todos os convidados eram advogados ou juristas e debatiam com base em técnicas de retórica ou oratória, com jogos de palavras e sei lá que mais. O que ficou gravado para mim naquele momento, foi o perceber que um comentador habitual de política nos media portugueses estava a usar um argumento que, se fosse verdade, implicava o sucesso da alquimia. Pensei logo na quantidade de temas que não domino e que aquele e outros comentadores comentam com autoridade.

Como não recordar Sérgio Figueiredo e o fim do calçado, ou André Macedo e o fim do têxtil, ou Pais Mamede e os preços mais baratos para exportação do que para o mercado nacional. Sim, o panorama mediático está cheio de gente sem noção da realidade que ocorre no terreno e, por isso, com ou sem intenção malévola, mistifica a realidade.

Ontem encontrei mais outra dessas mistificações típicas de quem está longe da realidade. Neste texto, "Uma década gloriosa para António Costa", um texto lúcido com o qual concordo em muitos aspectos, Manuel Carvalho estatela-se em grande ao escrever:
"É bom que António Costa sublinhe a importância da educação e da ciência, uma feliz recuperação das políticas de Mariano Gago que, ao contrário do que a direita neoliberal apregoava, foram decisivas para que a agricultura, a têxtil ou o calçado sejam o que são hoje."
Extraordinária mistificação!!!

Como é possível escrever isto?!

Como é possível acreditar que a recuperação dos sectores tradicionais da economia, dizimados pela concorrência externa aconteceu sob a orientação da academia?

A academia passou completamente ao lado desta recuperação porque ela foi feita com base num novo paradigma competitivo. A academia estava, e muita ainda está, tão embrenhada no paradigma anterior, tão prisioneira de modelos tornados obsoletos que nunca teria a liberdade para a tentativa e erro que foi necessário desenvolver até chegar a algo viável.

Basta visitar as fábricas de calçado para perceber que foi gente do terreno, gente sem alternativa de vida que deu a volta, contra os académicos que previam o Armagedão. Basta visitar as fábricas têxteis e perceber que foi uma revolução bottom-up, como aqui relatei inúmeras vezes, enquanto a direcção da associação patronal do sector combatia o Paquistão e apelava ao proteccionismo, as pessoas do terreno deram a volta.

BTW, recordar a passerelle.

quarta-feira, abril 20, 2011

A velha academia não percebe nem tem guião (parte II)

A velha academia não vê luz ao fundo do túnel, acha que temos de sair do euro e/ou baixar salários para sermos competitivos:

E, no entanto, ela move-se...
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Na página 32 (Não faz sentido ser remetido para o fim do jornal, devia estar na capa para ajudar a quebrar os modelos mentais obsoletos) do Jornal de Negócios de ontem encontramos vários artigos de antologia, assinados por Rui Neves.
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"Exportações do sector do metal dispararam 120% este ano" (Moi ici: Conseguem conceber a enormidade deste número? É um número que compara com um 2010 que já foi bom.)
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"São números quase assustadores, no bom sentido.” Nos primeiros dois meses do ano, o sector que mais contribui para as exportações portuguesas, o da metalurgia e da metalomecânica, cresceu, em termos homólogos, mais que duplicou as suas vendas ao exterior.

Rafael Campos Pereira, vice-presidente executivo da AIMMAP (associação dos industriais metalúrgicos e metalomecânicos) garante que estamos perante estatísticas absolutamente fiáveis. "Em Janeiro e Fevereiro deste ano exportámos mais do que nos primeiros três meses do ano passado", afiança ao Negócios. De acordo com esta estrutura associativa, o sector do metal gerou exportações de 3,388 mil milhões de euros nos dois meses de arranque de 2011, contra 1,540 mil milhões um ano antes.

Dois exemplos: na área automóvel (integrando apenas a componente metal), "o crescimento neste período foi da ordem dos 190%", enquanto na cutelaria "rondou os 170%". Como se explica esta evolução estonteante na frente externa? "Consideramos que havia, e há, uma margem de crescimento no nosso sector, tanto no mercado português como lá fora", justifica Rafael Campos Pereira. Conclusão: o sector, que valia cerca de 34% das exportações em 2010, "representa agora 52% do total"."
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"Exportações cresceram 20% até Março, segundo dados da Cosec
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De acordo com os indicadores da Cosec relativos à sua actividade em mercados externos, as exportações portuguesas deverão ter registado no primeiro trimestre deste ano "um crescimento homólogo da ordem dos 20%, ou seja, em linha com os verificados até Fevereiro", adiantou ao Negócios Miguel Gomes da Costa, presidente da maior seguradora portuguesa de créditos. Neste período, as vendas garantidas pela Cosec cresceram 21%, "acompanhando de perto" o aumento verificado na exposição total da seguradora em mercados externos, "que atingiu um valor da ordem dos 27%".
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"Euforia no sector da metalurgia e da metalomecânica
No maior, assim como mais heterogéneo, sector português de actividade, vivem-se dias de glória. "Em Janeiro e Fevereiro deste ano, exportámos mais do que nos primeiros três meses do ano passado", avançou ao Negócios Rafael Campos Pereira, vice-presidente da associação dos industriais metalúrgicos e metalomecânicos (AIMMAP). De acordo com esta estrutura associativa, com base nos números do INE, as vendas do sector ao exterior cresceram, em termos homólogos, cerca de 120% no agregado dos primeiros dois meses do ano: de 750 milhões para 1,659 mil milhões de euros em Janeiro; e de 790 milhões para 1,729 mil milhões de euros em Fevereiro. Uma performance estonteante que Rafael Campos Pereira não consegue garantir que se tenha mantido em Março. Este sector vale cerca de um terço das exportações nacionais, tendo as vendas ao exterior atingido 10,5 mil milhões de euros em 2010.

Calçado, imparável, já chega a mais de 130 países
O sector mais internacionalizado da economia portuguesa, exportando mais de 95% da sua produção, está imparável na frente externa. Após ter fechado os dois primeiros meses de 2011 com um crescimento homólogo das exportações de 22%, para 273 milhões de euros, esta indústria deverá ter mantido, ou diminuído um pouco, a sua performance no acumulado dos primeiros três meses deste ano.
"Perspectivamos um crescimento no primeiro trimestre na ordem dos dois dígitos... superior a 15%", adiantou ao Negócios Fortunato Frederico, presidente da associação do sector (APICCAPS). "Uma previsão que se consubstancia pelo acréscimo de encomendas, fruto nomeadamente de uma forte campanha de promoção que a APICCAPS tem, que se traduz na presença de 150 empresas em cerca de 70 eventos internacionais este ano", enfatizou. Esta indústria já exporta para mais de 130 países.

Têxteis tecem crescimento de 14% no trimestre
"Penso que podemos avançar, com alguma segurança, que os resultados do primeiro trimestre deverão rondar um crescimento [das exportações do sector] de 12% a 14%", revelou ao Negócios fonte oficial da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP). Um crescimento que, a concretizar-se, estará em linha com o registado nos primeiros dois meses do ano, de 123% face ao período homólogo do ano anterior. No acumulado de Janeiro e Fevereiro, as vendas ao exterior cresceram 30,9% e as dê produtos acabados (vestuário e têxteis-lar) 7,4%. Já para o total do ano, a ATP ressalva que, "face à volatilidade e instabilidade dos mercados", tem alguma dificuldade em aferir a evolução da actividade na frente externa. "Se tudo corresse pelo melhor e conseguíssemos uma taxa de crescimento a rondar os 10%, seria fantástico, pois assim conseguiríamos anular os maus resultados de 2008 e 2009", concluiu a mesma fonte associativa."
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Entretanto o anti-comuna arranjou mais umas fontes interessantes:

sábado, abril 21, 2018

Vintage Taleb

"Unless consequential decisions are taken by people who pay for the consequences, the world would vulnerable to total systemic collapse. And if you wonder why there is a current riot against a certain class of self-congratulatory “experts”, skin the game will provide a clear answer: the public has viscerally detected that some “educated” but cosmetic experts have no skin in the game and will never learn from their mistakes, whether individually or, more dangerously, collectively.
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Systems don’t learn because people learn individually –that’s the myth of modernity. Systems learn at the collective level by the mechanism of selection: by eliminating those elements that reduce the fitness of the whole, provided these have skin in the game.[Moi ici: Isto é tão Maliranta!!! Foi a Maliranta que roubei a primeira citação na coluna de citações no lado direito deste blogue - 2007!!! Como o tempo voa - ""In essence, creative destruction means that low productivity plants are displaced by high productivity plants""]
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And in the absence of the filtering of skin in the game, the mechanisms of evolution fail: if someone else dies in your stead, the built up of asymmetric risks and misfitness will cause the system to eventually blow-up.[Moi ici: Beware de sistemas políticos (todos sem skin in the game) que absorbem cada vez mais capacidade de decisão]
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Yet the social science and the bureaucrato-BSers have missed and keeps missing that skin in the game is an essential filter. Why? Because, outside of hard science, scholars who do not have skin in the game fail to get that while in academia there is no difference between academia and the real world, in the real world, there is."[Moi ici: Eheheheh os media ainda não perceberam isto - 25 exemplos aqui
BTW, e políticos que vivem em casa dos papás, ou ligados ao soro da máquina do estado, a debitar sobre o que é que os empresários devem ou não fazer?


Trechos retirados de "What do I mean by Skin in the Game? My Own Version"

quinta-feira, maio 08, 2014

A plataforma de co-criação

Uma notícia interessante, "Siemens e Politécnico de Leiria criam academias para formar 1.200 alunos por ano", sobretudo para um adepto de ecossistemas da procura que actualmente anda a ler "The Power of Co-Creation: Build It with Them to Boost Growth, Productivity, and Profits".
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Começo pela lista de actores:

  • As Academias, situadas na Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico de Leiria;
  • Os estudantes;
  • As empresas da zona;
  • Siemens, IPL e a empresa Cadflow, tem também associadas a Nerlei (Associação Empresarial da Região de Leiria) e a Cefamol (Associação Nacional da Indústria de Moldes);
Continuo com a lista de benefícios-potenciais:
  • "Para além da formação, o IPL pretende também utilizar as academias como um suporte "para projetos de investigação aplicada para o tecido empresarial"" (para o IPL, atracção de alunos, integração reforçada com a comunidade empresarial, podendo dar origem a mais fontes de financiamento através dos projectos de investigação e consultoria)
  • Para a Siemens promoção do seu software, e captação de talentos; "aposta da empresa em Leiria surge também da utilização do “software” e dos equipamentos na indústria "da região", que "tem uma ligação muito forte aos moldes, plásticos e vidro", sendo o investimento nas academias "continuado", embora sem referir o montante." e "A Siemens irá apoiar na "colocação de licenças de ‘software’ e de equipamento" no IPL, garantindo também "apoio técnico e facilitação de estágios curriculares na empresa, em Portugal e no estrangeiro, aos estudantes com os melhores trabalhos realizados com o recurso ao ‘software’ e equipamento" das duas academias, acrescentou o responsável.";
  • Para os alunos, mais empregabilidade futura;
  • Para as empresas, futuros trabalhadores mais competentes e um centro de competência em co-evolução
Isto faz-me lembrar o trabalho extraordinário que a empresa japonesa de máquinas de costura Brother fez nos Estados Unidos para subir na escala de valor... tenho de escrever sobre isso aqui. Qual é o interesse da Simens no desenvolvimento da academia?
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BTW, tendo em conta "A força crescente da democratização da produção (parte II)", a Academia é a plataforma.
"The basis of executive power is shifting from being in charge to being connected. New leaders understand that power with people is much more effective than power over people. It is about integrating the best of networked thinking and leveraging the new platforms for value creation."

sexta-feira, maio 10, 2019

Trabalhar o ecossistema do futuro

Quando animo reflexões estratégicas, e/ou apoio o desenvolvimento de sistemas de gestão da qualidade, desafio as empresas a pensarem como podem trabalhar o ecossistema da procura. Nomeadamente, por exemplo, como podem influenciar, seduzir, os futuros decisores, os futuros prescritores, os futuros influenciadores.
Por exemplo, de 2012:
"Esta abordagem pode ser fortalecida reforçando as relações entre a empresa e as universidades e politécnicos. Estas escolas fornecem os futuros prescritores e os futuros quadros dos empreiteiros. Desenvolver uma relação em que a empresa reforça a sua imagem de líder tecnológico, de solucionador de problemas, de inventor de novos produtos, de autoridade técnica."
Eis um exemplo de aplicação desta abordagem, "Vapesol lança concurso para jovens criadores de calçado":
"Nesta primeira edição da Academia Vapesol, devem os candidatos apresentar um projeto de design de calçado, masculino ou feminino, para a temporada outono/inverno 20/21 e o respetivo protótipo, os quais devem integrar solas da coleção da Vapesol.  A iniciativa conta com a participação dos alunos finalistas da Escola Profissional de Felgueiras, do Centro de Formação Profissional da Indústria do Calçado (polos de S. João da Madeira e Felgueiras) e do Instituto Politécnico do Cávado e do Ave.
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Os prémios atribuídos pela Academia Vapesol são, para o grande vencedor, um prémio pecuniário de 1.000 euros, uma viagem a Milão com estadia e um convite para a feira Lineapelle agendada para os dias 2, 3 e 4 de outubro próximo. Já o segundo classificado tem direito uma viagem a Milão, também com estadia, e um convite para a mesma Lineapelle."

sexta-feira, agosto 12, 2016

Pena os Estados Unidos terem aderido ao euro

O que é que escrevo aqui no blogue há anos e anos?
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Que o problema não foi o euro mas a China!
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Recordar:
O que escrevo aqui no blogue acerca dos gringos?
Assim, é com um sorriso de "Bem vindos ao clube" que leio estes artigos:
Claro que os gringos, sem paciência estratégica, com dinheiro para deslocalizações e com o suporte teórico da academia, foram para a China.
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Em Portugal, sem dinheiro, sem suporte da academia - completa prisioneira mental do século XX e dos seus modelos do Normalistão - os empresários das PME fuçaram e fuçaram e fuçaram e descobriram como dar a volta e tornaram-se alemães sem o saberem.

domingo, outubro 31, 2021

Mea culpa

O postal de ontem, "Subam os preços!", gerou alguma troca de comentários no Facebook. A certa altura prometi este postal com alguma dose de "mea-culpa".

Existe a Microeconomia e a Macroeconomia.

O meu mundo é o mundo da Micreconomia, é nele que trabalho a apoiar empresas e, ao desenvolver esse trabalho, quase sempre visto a camisola e sinto-me parte da equipa. Nutro simpatia por quem não se encosta, por quem não opta pelo mais fácil e luta pela sua independência. Como a larga maioria dos licenciados e doutorados não empreende, quem está à frente destas empresas é, normalmente, alguém que deixou os estudos cedo e começou a trabalhar e algures avançou para a criação de uma empresa. 

O meu mundo é, muitas vezes, o mundo dos sectores tradicionais. Um mundo sistematicamente condenado à morte pela Academia, pelos jornalistas e comentadores económicos, mas que teima em resistir. PMEs que segundo as sebentas das universidades deviam estar mortas, mas que continuam vivas e a maioria não são zombies, para ser zombie é preciso ter acesso aos corredores e carpetes do poder. Julgo que a Academia falha nas suas previsões porque parte do principio que para ser competitivo há que ser produtivo, ideia que vem da economia do século XX. No entanto, porque existe a concorrência imperfeita, é possível ser competitivo, ainda que pouco produtivo.

Porque acredito na concorrência imperfeita, porque estou solidário com esta raça de gente, sempre aqui combati os que nos media dizem que estas empresas "são de segunda".

No entanto, nos últimos anos alguns factores têm-se conjugado para aumentar a minha preocupação acerca das PMEs:

  • o aumento do salário mínimo 
  • a pressão demográfica
  • a sereia da emigração

Neste postal de Dezembro de 2018 escrevi sobre o uso do salário mínimo para matar as empresas competitivas, mas não produtivas. Quanto mais PMEs competitivas mas não produtivas morrerem mais cresce a produtividade agregada do país. E foi no final de 2018 que comecei a ler nos media tradicionais uma versão diferente do jogo do gato e do rato, o jogo da produtividade e salários. Até aí o canon era o citado pelo então ministro Teixeira dos Santos:

"Temos de melhorar a produtividade do trabalho (com formação, inovações, melhoria na gestão), mas também a disciplina salarial com a fixação dos salários para que acompanhe a produtividade”, resumiu o titular da pasta das Finanças."(Junho de 2010)

A partir de 2018, comecei a ler, sobretudo via Avelino de Jesus, uma outra versão:

"A melhoria da produtividade (de que depende o crescimento da economia) está muito dependente da melhoria dos salários, pelo impulso que imprimem à eliminação das empresas e sectores menos produtivos e ao triunfo dos mais eficientes. Nas economias dinâmicas são os salários que empurram a produtividade e não o contrário como - com demasiada frequência - se ouve dizer.

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A ideia de que há um bolo que se produz e que depois se distribui (sendo que o salário está rigidamente limitado pelo tamanho do bolo produzido) pulula com vigor esmagador pela economia vulgar; é a alquimia que se apresenta para justificar a moderação das exigências salariais.

Mas, na verdade, o salário e o produto mantêm uma relação dinâmica. O salário determina a formação do produto, tanto na sua dimensão como na estrutura. A pressão salarial tem importantes e virtuosos efeitos sobre a produtividade e o crescimento, criando estímulos imprescindíveis para os empresários efectuarem as escolhas mais virtuosas sobre as tecnologias e os sectores de investimento."

Isto na altura senti como um virar da maré. Por isso, na passada sexta-feira quando ouvi as palavras do presidente da CIP sobre salários e produtividade na rádio Observador confesso que sorri com a ingenuidade dele perante esta corrente. Ainda está em 2010 e com Teixeira dos Santos. Será que não se apercebeu da nova fase?

Claro que a teoria de Avelino de Jesus tem um ponto fraco: "nas economias dinâmicas". A economia portuguesa não é dinâmica. Lembram-se da chapada? E volto ao pensamento sistémico e ao arquétipo da "corrida ao armamento". Aumenta-se o salário mínimo? Recorre-se à contratação de serviços ao Bangladesh!!! Viva Odemira.

Por um lado, esta pressão do salário mínimo e, por outro lado, a crescente pressão emigratória em busca de melhores salários (vejo-a todas as semanas num local de pleno emprego como é Felgueiras. Agora até a França está com"labour supply bottlenecks" o que é um sorvedouro para quem tem familiares por lá), tornam o desafio do aumento da produtividade cada vez mais importante e urgente. O impacte da Macroeconomia.

No entanto, o desafio do aumento da produtividade não passa pelas lições das sebentas de Economia, baseadas no século XX, como tão bem escreveu Esko Kilpi em 2015 e registei aqui. Por isso, não concordei com os economistas do encontro na Junqueira, pregados à sebenta do século XX. Aumentar a produtividade com a receita do século XX é possível? Sim, é seguir a lição irlandesa para captar investimento estrangeiro e queimar etapas, porque "os macacos não voam" e não têm capital.

Não subir preços é acelerar o encerramento das empresas dos sectores tradicionais. Agora trata-se de aproveitar a conjuntura, mas é preciso trabalhar para os aumentar de forma estrutural, sob pena de não conseguir contratar ninguém daqui a 10 anos, a não ser operários bangladeshis ao serviço de empresa bangladeshi a prestar serviço numa empresa portuguesa.

Entretanto, Reinert veio chamar-me a atenção para isto tudo de uma forma pragmática:

"As private citizens, economists realize that the choice of economic activity will largely determine the living standard of their children. On an international level, the same economists are unable to sustain that same opinion because their toolbox is pitched at such a high level of abstraction that virtually no tools are available to distinguish qualitatively between economic activities. At this level, standard economic theory `proves' that an imaginary nation of shoeshine boys and people washing dishes will achieve the same wealth as a nation consisting of lawyers and stockbrokers."

Não precisamos de fazer destas PMEs párias a abater, como tantas vezes académicos sem skin-in-the-game proclamam, mas temos de perceber que a produtividade vai ser fundamental para a sobrevivência. Não por causa do mercado, mas dos governos, da demografia e da emigração.

Trecho retirado de "How Rich Countries Got Rich and Why Poor Countries Stay Poor" de Erik S. Reinert.

segunda-feira, agosto 06, 2012

O mundo da academia é fantástico...

Realmente... há cada coisa.
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Parte importante do meu trabalho passa por apoiar empresas a formularem e a implementarem estratégias que permitam aumentar a sua rentabilidade. Acredito que a adopção e a execução de uma estratégia, a par da sua monitorização e análise crítica, são fundamentais para a diferenciação que traz rentabilidades superiores.
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O truque é fugir da comoditização e trabalhar para tornar a competição imperfeita, procurando criar um monopólio na mente do potencial cliente-alvo. Para mim isto é claro e transparente.
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Interessante, preocupante, arrepiante, que em 1992, uma revista prestigiada como o "Strategic Management Journal" se pudesse escrever:
“Strategy can be viewed as a ‘continuing search for rent’ where rent is defined as return in excess of a resource owner’s opportunity costs.

The preponderance of empirical evidence suggests that firms’ strategies may influence their rent stream.”
O mundo da academia é fantástico... suggests
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Trechos retirados de "The Resource-Based View within the Conversation of Strategic Management" de Mahoney & Pandian.

terça-feira, maio 06, 2014

"Treat it as something special, and you may be able to raise prices by multiples"

Recordo, de Abril de 2011 em "A velha academia não percebe nem tem guião":
"A desesperança que a velha academia nos transmite nos media resulta, suspeito eu, da sua incapacidade de fazer a transição da economia do tangível para a economia do intangível. Como é que um João Ferreira do Amaral pode encaixar no seu modelo mental uma Littlemissmatched ou uma Happy Socks ou o sucesso da Nespresso num país em crise? [Moi ici: Hoje poderiamos juntar o sucesso da Bimby, dos smartphones, da Tupperware, dos festivais de Verão, ...]
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A velha economia navega em mares para os quais não tem guião nem bússola."
 Recordo de Junho de 2013 em "Tantos nichos à espera de ser descobertos, criados, aproveitados" a hiperligação para:
"Signaling might be the key for socks to launch into the stratosphere. "I could only see it happening if there was a new fashion craze, if people started wearing knickers or long shorts that showed off socks," says Adams-Geller, who knows a bit about phenomena. See, if socks let you signal your community membership, there could be sock people!.
When does an outrageous price for a product become acceptable and even desirable? When the item transforms us from consumers to connoisseurs.But $300 socks might benefit from one or two additional ideas. V.K. Nagrani, a designer of high-end men's socks that retail for about $35, believes socks are a signal of intimacy.
...
You're not buying something to keep your feet warm or dry; you're buying seduction. (Though with men, of course, the seductive effect may be extinguished with the first glimpse of hairy calves.)
In this way, slowly but surely, products become ideas. And it dawns on consumers that your product--be it jeans, socks, or a high-end gas range--is a meaningful symbol of their personal aesthetics, their inner selves. Yes, we all know that no one in their right mind would ever pay $300 for socks. But having a right mind is so yesterday."
É com gosto que hoje, enquanto escrevo isto com umas Happy Socks calçadas, li "Men's Socks Are Having a $2.8 Billion Moment":
"The sock surge, however, is particularly interesting. Socks, like toothpaste or tonic water, have always been basically a commodity. Demand shouldn’t change that much from one year to the next.
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So the only way to generate more sales dollars—as consumer goods execs know well—is to come out with some new style to justify higher prices or get people to buy more.
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Treat your product like a commodity, and people will buy it like a commodity. Treat it as something special, and you may be able to raise prices by multiples. The sock bosses, it seems, are finally taking a cue from Starbucks."

sábado, agosto 04, 2012

Perplexidades

Ás vezes encontro artigos produzidos pela academia com afirmações que violam a realidade que percepciono  na minha vida profissional. Será que sou eu que não percebo, que não interpreto bem esses artigos, ou será que eles são escritos por pessoas, bem intencionadas, mas muito longe da realidade?
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Um exemplo recente é este "Competitive E ffects of Mass Customization" de Oksana Loginova . E começa logo no resumo do artigo:
"The existing theoretical literature on mass customization maintains that customization reduces product diff erentiation and intensifi es price competition. (Moi ici: Ao arrepio da minha experiência profissional) In contrast, operations management studies argue that customization serves primarily to diff erentiate a company from its competitors. Interactive involvement of the customer in product design creates an aff ective relationship with the fi rm, relaxing price competition."
O autor repõe a minha sanidade mental quando afirma mais à frente:
"I show that customization increases product diff erentiation, leading to less intense price competition."
Como é possível que a literatura teórica suporte essa ideia de que mais customização leva a mais competição pelo preço? (Começo logo a imaginar os académicos que saltam da academia para os governos... gente perigosa)
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Se os clientes são diferentes e têm gostos diferentes,  a estrutura optimizada de uma empresa para competir num dado mercado, dificulta a sua competição noutro mercado... (velho Gause)...

domingo, maio 27, 2018

Acerca da moral

Em 2010 escrevi em, "Cooperação, moral, religião e a tentação...", sobre o que entendia estar na base da moral nas sociedades humanas. Em 2012 voltei ao tema em "A moral de um pensador".

Foi disto que me lembrei ao ler "Rude Drivers Who Merge at the Last Second Are Doing You a Favor, According to Science". Se um rude driver pode fazê-lo, dois rude drivers podem fazê-lo, três rude drivers podem fazê-lo. Se um rude driver pode fazê-lo, então todos podem fazê-lo.

Aquando da I Guerra do Golfo aprendi que para desbaratar um exército, ou parar um supermercado, basta afectar 30% para a coisa ficar ingovernável.

Há demasiados amadores a jogar bilhar. Como aprendi com Taleb:
"in academia there is no difference between academia and the real world, in the real world, there is"
Por isso, acredito que existe diferença entre ovos de umas galinhas e de outras.

segunda-feira, setembro 19, 2022

A paixão pela escala (Parte I)

Ao longo dos anos tenho escrito aqui no blogue sobre o que tenho aprendido no meu contacto com PMEs, e que não vejo descrito nem nos livros de gestão, nem ensinado na academia. Por exemplo, o estilhaçar do modelo mental do século XX, que apenas vê o preço como o factor chave de competição e que, por isso, vê o aumento da dimensão como fundamental para o sucesso. Recordo a minha reacção aos académicos da Junqueira em 2013 - Mas claro, eu só sou um anónimo engenheiro da província.

Hoje, sei precisar melhor a minha mensagem. O problema não é a dimensão (como me criticava o Bruno Fonseca), o problema é o foco num modelo de negócio baseado na competição pelo preço, o que passa inevitavelmente por um desafio de corrida contra o tempo para crescer e reduzir os custos unitários. No passado Sábado li este artigo, "Our Obsession With Scale Must End":

"Our obsession with scalability is getting in the way of unleashing the potential of the 21st century. [Moi ici: O que há anos e anos descrevo como Mongo. O século XX só conhecia uma estratégia, um modelo de negócio baseado nos custos unitários. Os clientes eram vistos como plankton, todos iguais, todos indistintos. O século XXI é o século do regresso às tribos, o regresso à paisagem super enrugada. O regresso a modelos não baseados no preço puro e duro] We’re so fixated on scalability we’ve taken our eye off of delivering value at every scale including the most important scale of one. The Industrial Era did that to us. Reaching the mass market takes precedence over delivering value to each customer. New customer acquisition trumps delivering value to existing customers.

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The Industrial Era brought us the reign of the predominant business model. Every industry quickly became dominated by one business model that defined the rules, roles, and practices for all competitors and stakeholders. We became a nation of share takers clamoring to replicate industry best practices to gain or protect every precious market share point. Companies moved up or down industry leadership rankings based on their ability to compete for market share

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Consumers are bringing the era of the predominant business model to an end. Business models don’t last as long as they used to. Predominant business models are crumbling all around us.

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It’s time to end our obsession with scalability. [Moi ici: Quantos "milhares de anos" demorarão até que a academia actualize as suas sebentas escritas no século XX de Metropolis?] There are too many consumer, student, patient, and citizen needs left unmet by predominant business models in every industry. There are too many new business model concepts stuck on white boards and in consulting decks. We are still allowing predominant business models to slow down and block the emergence of new business models that can better meet our needs. It’s time to move from the era of the predominant business model to the era of business model proliferation." [Moi ici: O que significa a proliferação de modelos de negócio? Na parte II desta série abordaremos o tema do horror, o leap of faith necessário para entrar no século XXI

quinta-feira, junho 02, 2011

Service-dominant logic (parte I)

Há anos que procurava um filão destes.
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A minha formação de base é engenharia. Praticamente tudo o que desenvolvo com as empresas no campo da estratégia resulta do meu estudo, da minha reflexão e da experiência que vou vivendo com as empresas.
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Sinto que existe uma grande lacuna entre o que vou construindo como sendo o meu arsenal de ferramentas, de abordagens e de perspectivas da realidade e o que a academia me oferece.
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A realidade de trabalhar com as empresas é implacável, as experiências têm de resultar, o que não resulta é rapidamente eliminado ou retrabalhado.
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Assim, há anos que descobri a importância do valor para o sucesso das empresas. Não o valor na concepção marxiana, como sendo algo embutido nos produtos, durante a produção, pelo fornecedor, mas o valor gerado na mente do cliente. Valor como algo de subjectivo e diferente de cliente para cliente.
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Para reduzir a variabilidade na interpretação do que é valor, o passo seguinte, levou-me a descobrir a importância do conceito de cliente-alvo e daí chegar ao conceito de proposta de valor.
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Mas a sede de perceber melhor o que é isso de valor, como é que ele é originado, capturado e extraído, nunca se extingue, está sempre presente, é sempre testada assim que trabalhamos com um cliente.
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Foi com uma grande satisfação que descobri um filão interessante que desconhecia e há muito tempo procurava. Aconselho a leitura de "Evolving to a New Dominant Logic for Marketing" de Stephen L. Vargo & Robert F. Lusch, publicado no Journal of Marketing em Janeiro de 2004.
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Segundo os autores, os fornecedores produzem plataformas que os clientes podem usar para criar valor na sua vida. E só os clientes podem criar valor, por isso, os fornecedores apenas podem apresentar propostas de valor. O que os clientes compram é a capacidade de prestação de serviços que criam valor.
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Alguns recortes do artigo
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"marketing has moved from a goods-dominant view, in which tangible output and discrete transactions were central, to a service-dominant view, in which intangibility, exchange processes, and relationships are central.” (Moi ici: Fugir dos atributos do produto ou serviço, para nos concentrarmos na experiência que o cliente vai experienciar)

“we define services as the application of specialized competences (knowledge and skills) through deeds, processes, and performances for the benefit of another entity or the entity itself.”

“define operand resources as resources on which an operation or act is performed to produce an effect, and they compare operand resources with operant resources, which are employed to act on operand resources (and other operant recourses).” (Moi ici: Quanto mais intangibilidade as empresas incorporam na oferta, mais "operant resources" actuam e transforma outros operant resources que por sua vez transformam operand resources)

“A goods-centered dominant logic developed in which the operand resources were considered primary.” (Moi ici: Está obsoleta esta lógica dominante. No entanto, a academia, os políticos e os economistas continuam mergulhados nela. Por isso só conhecem a alavanca do preço)

“Operant resources are resources that produce effects”

““it is never resources themselves that are the ‘inputs’ to the production process, but only the services that the resources can render.”
Operant resources are often invisible and intangible; often they are core competences or organizational processes.”

“The service-centered dominant logic perceives operant resources as primary, because they are the producers of effects. This shift in the primacy of resources has implications for how exchange processes, markets, and customers are perceived and approached.”

The service-centered view of marketing implies that marketing is a continuous series of social and economic processes that is largely focused on operant resources with which the firm is constantly striving to make better value propositions than its competitors. In a free enterprise system, the firm primarily knows whether it is making better value propositions from the feedback it receives from the marketplace in terms of firm financial performance.
Because firms can always do better at serving customers and improving financial performance, the service-centered view of marketing perceives marketing as a continuous learning process (directed at improving operant resources). The service-centered view can be stated as follows:


  • 1. Identify or develop core competences, the fundamental knowledge and skills of an economic entity that represent potential competitive advantage.
  • 2. Identify other entities (potential customers) that could benefit from these competences. (Moi ici: Quem são os clientes-alvo?)
  • 3. Cultivate relationships that involve the customers in developing customized, competitively compelling value propositions to meet specific needs. (Moi ici: Qual o mosaico de actividades e recursos e infraestruturas que vai gerar a proposta de valor para os clientes-alvo?)
  • 4. Gauge marketplace feedback by analyzing financial performance from exchange to learn how to improve the firm’s offering to customers and improve firm performance.”


Core competences are not physical assets but intangible processes; they are “bundles of skills and technologies””

““the competitive advantage of firms stems from dynamic capabilities rooted in high performance routines operating inside the firm, embedded in the firm’s processes, and conditioned by its history.” Hamel and Prahalad discuss “competition for competence,” or competitive advantage resulting from competence making a “disproportionate contribution to customer-perceived value.””

““core competence is communication, involvement, and a deep commitment to working across organizational boundaries.” In addition, they state (Hamel and Prahalad) that core competences are “collective learning in the organization, especially [about] how to coordinate diverse production skills.””

“The service-centered view of marketing is customercentric and market driven (Moi ici: Concentrar tudo no serviço aos clientes-alvo). This means more than simply being consumer oriented; it means collaborating with and learning from customers and being adaptive to their individual and dynamic needs. A service-centered dominant logic implies that value is defined by and cocreated with the consumer rather than embedded in output. Haeckel (1999) observes successful firms moving from practicing a “make-and-sell” strategy to a “sense-and-respond” strategy. Day (1999, p. 70) argues for thinking in terms of self-reinforcing “value cycles” rather than linear value chains. In the servicecentered view of marketing, firms are in a process of continual hypothesis generation and testing. Outcomes (e.g., financial) are not something to be maximized but something to learn from as firms try to serve customers better and improve their performance.”"
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Continua

quarta-feira, abril 01, 2015

Curiosidade do dia

No Reino Unido, por cada 100 doutorados quantos chegam a catedráticos? E quantos ficam a fazer parte dos quadros de investigação?
"Staying in academia when it isn’t right for you, staying simply because you can’t think what else to do, or staying because you feel frightened to try out something new is the failure. As a supervisor it is never pleasant to say to a student you’d be better off elsewhere but that is quite often bound to be the case. Not everyone is cut out for research and it would be very boring if they were; it would also leave great holes elsewhere in our economy! But, as one blogger implied recently maybe the system is failing when it doesn’t kick people out fast, not when it does."
Imagem e trecho retirado de "Thinking about the Pipeline"

sábado, outubro 14, 2017

"Small brands are stealing share from big brands"

"Small brands are stealing share from big brands. [Moi ici: Em linha com a nossa metáfora de Mongo]
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Conventional wisdom says that today’s consumers want healthy, natural food and personal-care options, and millennials, in particular, prefer authentic to mass-produced goods. To win back this new breed of consumer, the thinking goes, fast-moving consumer goods (FMCG) companies have few options. Either they can launch small brands, at the risk of fragmenting attention and resources, or they can try to increase earnings through deep cost cutting, emulating the approach the private equity firm 3G Capital has taken in its acquisitions of large consumer brands. In short, many believe organic growth from the core is over.
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We disagree. Goliath can defeat David. Consumers’ tastes have changed, but their underlying needs and desires have not.  [Moi ici: Não consigo concordar com esta afirmação. Os consumidores já não sãos os mesmos, já não estão prisioneiros do que o industrialismo criou para eles. Em vez de massa passiva e obediente, tribos cada vez mais apaixonadas e intransigentes] What has fundamentally changed is the economics of supply. [Moi ici: Só isto é muito pouco, é verdade mas não é tudo] Scale was once all important. On its own, however, it no longer guarantees competitive advantage. [Moi ici: Verdade que muitos Sarumans na academia por cá ainda não descobriram] Even so, large FMCG companies can prevail over their supposedly nimbler foes. But they need a new playbook.
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they need to engage with consumers in new ways, accelerating adoption of the viral, personalized, and experience- based methods that small brands have exploited.
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Third, rather than fearing the complexity that comes with creating and marketing a wider variety of brands and products, they need to embrace it strategically. In a fragmenting world, the ability to serve a wide range of demand effectively and efficiently can be a competitive advantage.
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Finally, they need to emulate the focus, coordination, and speed of their upstart rivals. Those companies rely on the agile principles, popular in entrepreneurial hubs around the world, of rapid prototyping, testing, and learning in continual cycles."
Acredito que é muito mais do que uma alteração na estrutura económica do fornecimento. Acredito que é muito mais radical e profundo e não creio que no longo prazo a maioria das empresas grandes subsista como tal. Mesmo que queiram mudar estão prisioneiras da necessidade de grandes séries para justificar as taxas de retorno exigidas pelos accionistas.

Trechos retirados de "How Big Consumer Companies Can Fight Back"

sábado, maio 28, 2011

Fugir do vender, vender, vender

Uma lição que muita gente ainda não aprendeu: Volume is Vanity, Profit is Sanity.
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"Almost all entrepreneurs have the sales mentality when they first go into business. They want to see sales go up every month, every day, every hour. I myself didn't care about anything except our weekly sales figures. My investors were the same way, and many of them were accountants. They never asked me about profits. All they wanted to know about were sales. That's the sales mentality. It's the idea that you should focus all your attention on making sales, and it's very dangerous, especially when you're operating out of your basement on a shoestring. (Moi ici: Também se traduz em Qimondas que importavam e custavam mais do que exportavam, com valor acrescentado negativo)
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Why? Because sales do not equal cash, and cash is what you need to survive. You run out of cash, you go out of business. End of story. It all goes back to the fundamental reality that you are working with limited capital. (Moi ici: Isto é muito importante, nos últimos 40 anos o preço do dinheiro veio sempre a cair. E a partir de agora vai ser sempre a subir. Aquilo que se podia fazer e investir com dinheiro a taxa de juro zero não é o mesmo que se pode fazer com dinheiro caro, ponto) If your gross profit is not enough to cover your expenses, you have to dip into your capital to make up the difference. You dip too much, and pretty soon you run out. Out of that reality comes the two most important rules for every new business. Number one, protect your capital. Spend it only on things you are certain will generate positive cash flow in the short term. Number two, maintain the highest monthly gross-profit margin you are capable of achieving. Do not go after any low-margin sales.
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You probably think these rules sound simple enough, but it takes discipline to follow them. It's very easy to go off on tangents, mainly because of the sales mentality."
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"The sales mentality gets in the way by substituting a short-term goal, making a sales target, for the long-term one: determining viability. (Moi ici: Então nós, latinos, somos bons nisto da ditadura do curto-prazo. Ás vezes penso que as religiões criaram o conceito de Diabo para combater a ditadura do curto-prazo, para impelirem à poupança, à temperança, ao longo-prazo) So what if you have a series of bad months? Those results could be telling you something-that the business isn't viable, or that you're not keep rising and you can collect before you pay. Trouble is, you also have more payables than you can handle.
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The sales mentality gets in the way by substituting a short-term goal, making a sales target, for the long-term one: determining viability. So what if you have a series of bad months? Those results could be telling you something-that the business isn't viable, or that you're not capable of selling at a high enough gross margin to achieve your goal. If so, you should pay attention.
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The usual alternative is to delude yourself with a series of high volume, low-margin months. It's easy. You just drop your price below your competitors', and you can make all the sales you want. You'll think you're doing fine. (Moi ici: Faz-me lembrar a academia que só conhece a alavanca do preço) You won't run out of cash as long as your sales keep rising and you can collect before you pay. Trouble is, you also have more payables than you can handle. You're bankrupt, and you don't know it. All of a sudden, you hit a couple of bad months, your cash disappears, and you lose everything. It happens all the time. The way to avoid that fate is to follow the rules and watch the numbers. If you watch closely enough, a picture begins to emerge. You can actually see what's going on. You can feel it. The picture gets clearer, and the feeling gets stronger, until you realize that you're going to make it-or that it's time to try something else."
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Trechos retirados de "The Knack - How Street-Smart Entrepreneurs Learn to Handle Whatever Comes Up" de Norm Brodsky e Bo Burlingham.