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sexta-feira, janeiro 13, 2012

1 Origem de uma metáfora

Quando tinha 12, 13, 14 anos delirava com as histórias de banda desenhada de revistas como o “Falcão” ou como o “Mundo de Aventuras”. 

Um dos meus heróis favoritos era o Flash Gordon. Flash, Dale Arden e o Professor Zarkov eram terrestres que tinham chegado ao planeta Mongo, um planeta que se estava a aproximar da Terra. 

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Em Mongo, o malvado imperador Ming, “O Impiedoso”, planeava um ataque para conquistar a Terra. Flash, ao longo de várias aventuras, consegue unir as diferentes tribos de Mongo contra o poder de Ming e vencê-lo. 

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A certa altura, ao ler/ver um dos números de uma das revistas, paro, abstraio-me da história e penso naquilo que estava a ver. Vários quadrados tinham sido fundidos num maior que permitia representar uma versão mais detalhada da cartografia de Mongo com os seus mares e continentes. 


No mapa, num mesmo plano, estavam representados os principais povos de Mongo. Era possível ver Arboria, era possível ver "A Cidade do Céu" dos Homens-Falcão, era possível ver os Homens-Leão, os Homens-Lama, … e ao olhar para tudo aquilo fui invadido por um sentimento de incredulidade, como era possível, num mesmo planeta, numa mesma época, coexistirem povos com níveis tecnológicos e com costumes tão diferentes? E o que era mais inverosímil para mim, jovem adolescente, era que essa diferença não ocorria por causa de dificuldades ou pobreza mas por opção assumida por cada povo, por cada tribo de Mongo. Para mim, naquela segunda metade da década de setenta do século passado estava bem de ver para onde ía o nosso planeta e não tinha nada a ver com Mongo. Para mim, o planeta Terra caminhava para uma globalização uniformizadora de costumes, com base no padrão ocidental. A roupa e a tecnologia ocidental, iriam homogeneizar o mundo e não seria possível equacionar um futuro com tanta variedade como se podia ver naquele quadrado sobre Mongo.
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Anos depois, esta imagem de Mongo, repleto de diversidade, veio-me à memória enquanto assistia um noticiário televisivo e via imagens da gravação de uma conferência de imprensa de terroristas de uma facção separatista islâmica algures no arquipélago das Filipinas. Eles tinham catanas e velhas espingardas para combater o exército filipino que tinha armas fornecidas pelos Estados Unidos da América. Ao olhar para aquela cena disse, para mim mesmo, com estupefacção:
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“Isto é Mongo!!! Nós vivemos em Mongo!!!”
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Em Novembro de 2007, assisti a uma apresentação de Chris Anderson sobre “A Cauda Longa”. Nela o autor mostrava a explosão de diversidade nos gostos dos norte-americanos, desde a proliferação de canais e séries de televisão, até ao número de marcas e tipos de cerveja na prateleira de um supermercado. Por todo o lado: variedade, variedade e ainda mais variedade. Então, uni as peças do puzzle que a realidade me fornecia mas que ainda não tinha relacionado, e pensei nas prateleiras dos supermercados que conhecia… a multidão de variedades de azeite, de arroz, de vinhos, de chocolates, de pães, …
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Novamente, voltei a murmurar, para mim mesmo, com estupefacção:
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“Isto é Mongo!!! Nós vivemos em Mongo!!!”
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Ou melhor, a nossa economia vai a caminho de se transformar num planeta Mongo. Um planeta, um mercado, pleno de diversidade que resulta do casamento das oportunidades que a tecnologia disponiliza para aumentar a variedade das ofertas, com o estilhaçar das barreiras mentais e culturais que condicionavam as opções pessoais de cada um.

A democratização da produção, da distribuição, do conhecimento, do gosto vão criar milhões de nichos, milhões de tribos, um mundo de diversidade.

domingo, janeiro 06, 2013

Diferenças entre a concorrência no século XX e em Mongo

Na linha do que defendemos e promovemos neste espaço e nas empresas, um artigo a convidar-nos a todos a pensar na concorrência imperfeita.
"We find that in ‘rugged’ markets with many consumer niches firms disperse to stable distributions where they serve individual consumer niches, there is little adaptation of products, and the effect of competition on performance is small. In contrast, in markets with homogeneous consumer preferences, competition causes persistently volatile situations where firms constantly jostle for favorable positions. Here, competition is highly detrimental to performance and market leaders are frequently dethroned. We conclude that the dynamics of competition matter and are influenced by the distribution of consumer preferences. Our results contrast with the equilibrium solutions commonly used to model horizontal differentiation in industrial organization."
Chega-se ao fim do artigo e pensa-se em Mongo:

  • Mongo é esse mercado cheio de inúmeros picos, where we are all weird and proud of it;
  • Mongo é onde não faz sentido correr atrás dos concorrentes, é onde faz sentido é focar nos clientes-alvo do nicho escolhido;
  • Mongo é onde não faz sentido copiar o que o outro faz, é onde faz sentido ser diferente;
  • Mongo é onde a arte e o artesão e o criador vencem o vómito industrial;
  • Go Mongo: "WE will find a place (To settle) Where there's so much space"
Num extremo, o autor realiza uma simulação de uma paisagem competitiva com um único pico, um único "nicho" onde estão as preferências dos consumidores. O paradigma do século XX era o do mercado de massas:
"for a rising number of firms the average performance stabilizes at a lower level. Thus, competition from rivals stealing consumers hurts performance, which is exactly what we would expect in a real world setting.
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with increasing competition the product variants offered in the market display greater heterogeneity: on average firms produce products that are similar to but not identical with the modal consumer preference.
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in competitive markets with homogeneous consumer preferences firms never settle down. Instead, they continue to move around by adjusting their products. Because firms only move when they can increase their (expected) performance and we know from panel (A) that average performance has stabilized, that must mean that they are engaged in a constant process of stealing each other’s consumers.
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With an increasing number of competitors it becomes increasingly unlikely that the most successful firm today is the same one it was yesterday: defending a leading market share becomes increasingly difficult the more competitors there are in the market.
Taken together these results suggest that in smooth landscapes increasing competition causes markets to become increasingly and persistently volatile. Firms do not settle down to stable positions but rather ‘dance’ around the peak, continuously jostling for the best position and being thwarted by their competitors. In terms of products the result is a continuous stream of new but similar product specifications which become more and more diverse as competition increases. The cutthroat competition of stealing market shares we observe in these markets hurts firm performance, not only on average but even for the most successful firms who are in constant in danger of losing their leading position."
No outro extremo, o autor simula Mongo, com KK cada vez maiores:
"For landscapes with few peaks (low ) increasing competition hurts performance. ... as the landscape becomes increasingly rugged, the detrimental effect of competition on performance decreases. If there are several niches it matters less if there are lots of rivals.
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as the landscape becomes rugged, firms locate closer to a peak, regardless of the number of competitors in the market. This result suggests that firms may be dispersing to serve different niches.
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For markets with few consumer niches competition has a large influence on volatility: the more firms in the market, the more movement we observe. As ruggedness increases the average number of moves per firm and period decreases, regardless of the number of competitors. In very rugged landscapes ( K= 9) it makes hardly any difference whether there are two or eight firms in the market: firms have reached an essentially stable distribution.
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In smooth landscapes the probability that the market leader will be dethroned depends heavily on the number of competitors. Thus, if there is a single large consumer niche then it will be difficult for any one firm to defend a lead in the market. As the number of niches increases the number of competitors matters less and less"
Por vezes tento encontrar paralelismos entre o funcionamento do mercado de nichos em Mongo e o funcionamento dos mercados na era pré-industrial em que a geografia impunha uma barreira à homogeneização. Agora não é a geografia mas as tribos do gosto:
"First, the dynamics of competition matter. We find that in markets with few large consumer niches competition causes volatile situations where firms jostle for profit by constantly adapting their products. In these ‘smooth’ markets firms constantly steal each other’s market shares and even successful firms are unable to retain a lead for long.
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Second, market leaders are regularly dethroned in competitive markets with homogeneous preferences but are comparatively safe in markets with many niches.
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Third, the distribution of consumer preferences influences the dynamics of competition and its influence on firm performance. We find that as the number of consumer niches increases, firms disperse to serve individual peaks and settle down quickly to stable solutions. There, differentiation softens competition and successful firms are likely to remain market leader for some time.
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Finally, competition with different degrees of consumer heterogeneity may cause interesting effects in positioning. The results from the model suggest that in markets with homogeneous preferences we should observe a large number product specifications that are similar but not identical to what most consumers want. Furthermore, we should observe constant changes to products. In markets with heterogeneous preferences we should observe product specifications catering to the tastes of individual niches. There, we would expect comparatively static offerings with few adaptations in product specifications."

BTW, gostava que o autor, tivesse introduzido no modelo uma característica no consumidor. O autor pôs as empresas a evoluírem em função das preferências de gosto dos consumidores, e se tivesse introduzido uma co-evolução? Tanto as empresas evoluem em função das preferências dos consumidores, como os consumidores, a outro ritmo, também vão evoluindo nas suas preferências.

quinta-feira, julho 21, 2016

E porque não somos plankton (parte VII)

E porque não somos plankton (parte VI)
"Understanding why Dollar Shave Club was cheap means understanding why its blades are cheap, and understanding that means understanding just how precarious the position of P&G specifically and incumbents generally are in the emerging Internet economy.
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For their part, Unilever is fortunate they don’t have a shaving business to protect, because being an incumbent is going to increasingly be the worst place to be. Dollar Shave Club’s motto may be “Shave Money Shave Time,” but just how many shareholders and policy makers are prepared for the shaving of value that this acquisition suggests is coming sooner rather than later?"
Uma conclusão que espelha uma reflexão feita neste blogue há muitos anos. Mongo não é um lugar bom para os gigantes, Mongo não é um bom lugar para os incumbentes. Incumbentes rimam bem com mass-market e mal com tribos aguerridas.
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Só em 2016, escrevemos:
Qual o perigo para a Unilever? Recordar "Quando Golias compra um David"


Trechos retirados de "Dollar Shave Club and The Disruption of Everything"

sexta-feira, maio 19, 2017

"the dawning of the era of the independent"

Nos anos quentes a seguir ao 25 de Abril de 1974 era comum ouvir o refrão:

Os grandes ficam maiores e os pequenos desaparecem.

Estávamos em plena vigência do modelo de negócio dominante do século XX: o triunfo da escala e da concentração.

Entretanto, de acordo com a minha interpretação da realidade, estamos a embrenharmos-nos no modelo económico do século XXI: Mongo. E em Mongo a escala deixou de proporcionar a vantagem competitiva do passado.

Em Mongo "We are all weird" e já há mais gente fora do que dentro da caixa. Por isso, em dois ou três dias deparamos com casos como:
E recordo as séries:

Que retratam a vida em Mongo e o triunfo das tribos sobre a escala, o triunfo da arte sobre o vómito, o triunfo do significado e da proximidade sobre  o padronizado.

E agora, tão estilo de Mongo encontro: "Americans Are Rejecting Big Restaurant Chains":
"Americans are rejecting the consistency of national restaurant chains after decades of dominance in favor of the authenticity of locally owned eateries, with their daily specials and Mom’s watercolors decorating the walls."


sexta-feira, maio 05, 2017

Acerca de Mongo (parte I)

Em Novembro de 2007 usei o termo Mongo pela primeira vez aqui no blogue em "A cauda longa e o planeta Mongo".

Ao longo dos anos em mais de 1000 postais tenho desenvolvido o conceito de Mongo.

Mongo significa:

  • cada vez mais tribos
  • cada vez menos blockbusters
  • empresas mais pequenas
  • cooperativas de trabalhadores-especialistas a substituírem as empresas
  • fim do emprego à la século XX
  • fim do eficientismo
  • democratização da produção
  • co-criação
  • interacção
  • customização
  • arte em vez de vómito industrial
  • pequenas séries, flexibilidade, rapidez, proximidade
  • refluxo da globalização
  • cuidado com Sines e o canal do Panamá
Assim, qual não foi o meu espanto quando ontem de manhã bem cedo:

No número de Março de 2017 da California Management Review em "Decentralization and Localization of Production: The Organizational and Economic Consequences of Additive Manufacturing..." encontro esta introdução:
"The future organizational landscape may change drastically by mid-century as a result of widespread implementation of 3D printing. This article argues that global will turn local; mega (factories, ships, malls) will become mini; long supply chains will shrink; many jobs will be broadened to combine design, consulting, sales, and production roles; and large organizations will make room for smaller ones."
Até que enfim que alguém corrobora a minha visão de que Mongo não vai ser gigantes-friendly:

sábado, novembro 02, 2019

Está aqui a ilustração do que Mongo traz aos gigantes

Pesquisando Kraft aqui no blogue encontro, como os postais mais recentes:
Agora no Wall Street Journal de ontem leio "Kraft Heinz Is Cooking Up a Fresh Strategy". Apetece dizer: Duh!
"Investors are celebrating signs of stabilization at Kraft Heinz, [Moi ici: A empresa no primeiro semestre do ano caiu 1,5% nas vendas e agora, no terceiro trimestre só caiu 1,1%] as well as fresh thinking from its new leadership.
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The new leadership team, though handpicked by the company’s Brazilian private equity owners 3G Capital, shows refreshing signs of understanding what went wrong.
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They plan to unveil a detailed new strategy early next year but gave preliminary thoughts on a  conference call with analysts Thursday.
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Mr. Patricio spoke of the need for a “mental change” at the company. He seeks to shift its focus from short-term cost cutting and growth through acquisitions toward investing for long-term organic growth.
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Still, the company isn’t abandoning frugality.
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Mr. Patricio stressed the need to cull unprofitable or low-volume products from Kraft Heinz’s portfolio. “Innovation is an area that we have to increase, we have to improve dramatically,” he said when pressed by analysts to elaborate on his views on research and development, which prior  management shortchanged.
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However, he said R&D spending would be focused on a few big bets rather than spread far and wide— a similar stance to his predecessor, Bernardo Hees."
Transcrevi os trechos acima, sublinhei-os ... e agora estou encostado à cadeira a admirar o espectáculo.

Tanta coisa para escrever, tanta turbulência na minha cabeça. Está aqui tudo. Está aqui a ilustração do que Mongo traz aos gigantes.

Mongo ou Estranhistão, o mundo económico para onde caminhamos não é o mundo do mass market do século XX que criou os gigantes do século XX. Os gigantes procuram as grandes quantidades, apostam nas big bets. Cometem o erro da VW:
"turned down requests to build the electric vans in what are limited numbers by their standards."
 Em Mongo é inevitável descrevo a explosão de marcas e sabores, a explosão de apreciadores-contrarians. Em Não acredito nestas relações simplistas escrevi:
O que digo aqui sobre Mongo? Mais variedade, mais tribos, mais flexibilidade, mais rapidez, ... menos friendly para gigantes e mais pró marcas independentes.
É claro que a inovação é a porta para o futuro, duvido é que consigam encontrar uma ou mais "big bets". O mundo está diferente, o mundo já não é o do século XX.

Solução que me vem à cabeça, crescer por aquisição de marcas independentes e mantendo-as como independentes, na gestão e na produção.

sábado, agosto 05, 2017

Beyond Lean

Há anos que escrevo aqui sobre o advento de Mongo e o consequente impacte na dança entre produção e consumo:

  • mais tribos;
  • mais nichos;
  • séries mais pequenas;
  • mais flexibilidade;
  • mais rapidez; 
  • mais variedade;
  • mais diferenciação;
Em paralelo há anos que se lê com cada vez mais frequência sobre a automatização da produção.

Em Mongo, a produção é muito diferente da do paradigma do século XX com séries longas e planeamento da produção feito com muita antecedência. Em Mongo o planeamento da produção é feito cada vez mais em cima e é mais volátil. Como é que a automatização e as organizações-cidade lidam com Mongo?
"With improvements in living standards and a transformation in people’s ideas of consumption, much of the current electronics manufacturing industry is confronted with market demands characterized by variety and volume fluctuation. Manufacturing system flexibility is useful to address such fluctuated market demands.
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Seru production has been called beyond lean in Japan and can be considered to be an ideal manufacturing mode to realize mass customization
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seru production relies on low-cost automation and has little automation. When reconfiguring a conveyor assembly line into serus, expensive large automated equipment is substituted with simple-structure equipment with similar functions. The reconstructed equipment can be easily duplicated and modified at a low cost, so as to avoid equipment-sharing conflicts among multiple serus and reduce investment in equipment.
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Factories that produce multiple electronics product types in small-lot batches tend to adopt seru production. Compared to mass production, which displays its superiority in the case of a narrow range of product types with high product volumes, seru production would be affected by low efficiency and high cost in such an environment.
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Using highly automated production systems, mass production factories can attain high production efficiency. However, they usually achieve low production flexibility. As both the variety and volume fluctuations of market demands increase, mass production factories may need to reconfigure their traditional conveyor assembly lines for their survival and development.
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Seru production is human-centered manufacturing. Multiskilled operators are important resources to implement seru production, more important than in mass production. The equipment used in seru production is simple and not automated. The effect and influence of equipment on the performance of seru production systems is less than that on mass production systems. Accordingly, a practical production planning system for seru production should consider multiskilled operators more than equipment. In a dynamically changing manufacturing environment, a dynamic production planning system is needed"
Anónimo da província mas muito à frente:

Cuidado com os media, desconfie sempre!


Trechos retirados de "An implementation framework for seru production" publicado por Intl. Trans. in Op. Res. 00 (2013) 1–19

quarta-feira, agosto 13, 2014

Porque não somos plankton...

Mongo significa mais marcas, mais actores económicos, mais diversidade de abordagens, mais tribos, mais apaixonadas, mais exigentes, mais especialistas.
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Mongo significa cada vez mais gente weird que está fora da caixa, e o mass-market será cada vez menos povoado. O produto médio para os clientes médios será cada vez mais um best-seller que vende mas já não vende como antigamente (recordar "Mais especulações")
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Em Mongo, as empresas grandes continuarão a existir mas terão um âmbito cada vez menor. As tribos procuram quem as conheça, quem as oiça, quem queira estabelecer um relacionamento cúmplice, ... as empresas grandes são "TO BIG TO CARE". Não porque sejam más ou preguiçosas mas porque está na sua natureza, procurar servir o maior número possível de clientes significa ter de trabalhar com o cor-de-rosa, e não servir os que preferiam o vermelho e os que preferiam o branco. As tribos revoltam-se contra as empresas grandes gritando "NÓS NÃO SOMOS PLANKTON!!!", não queremos ser tratados como miudagem ou como fantasmas estatísticos.
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A P&G, um super Golias, revela que está atenta à Teoria dos Jogos:
"Lesson #1: Do not play a strictly dominated strategy"
Por isso, olhou para os sintomas, e percebeu que tinha um problema a agravar-se e resolveu agir. O tema foi notícia este Verão, "Dona do Tide, Gillette ou Pantene quer vender metade das suas marcas":
"A fabricante das lâminas Gillete ou do detergente para roupa Tide quer vender entre 90 a 100 marcas, com destaque para aquelas cujas vendas têm vindo a cair ao longo dos último três anos.
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A P&G quer focar-se nas suas marcas "core", que representam 90% das vendas e mais de 95% do lucro ao longo dos últimos três anos."
E claro, um reforço da eficiência com:
"A empresa vai ainda ter menos (mas maiores) centros de distribuição na América do Norte, concentrando a sua acção nos mercados em crescimento. À Reuters, Lafley informou ainda que haverá um corte de postos de trabalho, inferior aos 10 mil postos eliminados em 2002."
A revista The Economist em "Decluttering the company", justifica a decisão da P&G como sendo uma tentativa de reduzir a complexidade. A complexidade é um mal tremendo que não nos cansamos de recordar neste blogue (por exemplo, quando escrevemos sobre a loucura de concentrar a saúde em mega-hospitais). Contudo, julgo que a motivação não é essa.
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Michael Schrage segue outra via de pensamento:
"P&G is cutting its global brand portfolio by more than half. Instead of focusing on innovation, as he did during his first tour as CEO of the world’s largest consumer packaged goods firm, Lafley is now innovating on focus.
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“Twenty per cent of the brands and products account for 80 per cent sales.”
Lendo o racional de Schrage e sendo fiel ao meu pensamento sobre Mongo, não creio que Lafley tivesse grandes alternativas, ou o faz agora, quando tem tempo de vender as marcas por bom preço e dar-lhes um futuro nas mãos de um qualquer David, ou mais tarde, alguém na P&G seria obrigado a fazê-lo, quer vendendo ao desbarato como o Benfica, ou até mesmo fechando marcas sem qualquer contrapartida. Não é impunemente que se transita de um mundo com um pico na paisagem competitiva:

Para Mongo com uma paisagem competitiva completamente enrugada e em movimento.
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Julgo também que existe uma relação entre esta decisão da P&G com este velho gráfico do Verão de 2008:

A P&G está a aumentar o grau de pureza da sua estratégia.
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Ler também "P&G to Shed More Than Half Its Brands" onde se encontra:
"It reflects concerns among investors and top management that P&G has become too bloated to navigate an increasingly competitive market."
Mongo não é a praia das empresas grandes...


sábado, março 09, 2019

Mongo e automatização - tanta treta que se ouve

O meu parceiro das conversas oxigenadoras mandou-me este artigo, "Can There Be Too Much Automation?":
"Much of what you hear about automation focuses on the increased productivity that automation can bring to production lines. You hear about this a lot because it’s a true, measurable reality.
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But is it possible that too much reliance on automation can hinder the overall productivity of a factory? [Moi ici: Um velho tema deste blogue, Mongo e automatização não jogam bem!!! Ver Lista de artigos abaixo]
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At Mitsubishi Electric´s Kani manufacturing facility, which is part of the company’s Nagoya Works in Japan, the company found that, by bringing humans into work cells that were once 100 percent automated, the footprint occupied by the cell itself could be reduced by 84 percent.
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In addition, Mitsubishi Electric notes that the introduction of human workers to previously automated assembly lines is helping the Kani factory react faster to changes in product demand.[Moi ici: Tão Mongo!!!]
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The Kani factory produces motor starters and contactors for Mitsubishi Electric. The vast amount of production variations and possible configurations of these products—14,000—diluted the volumes of each particular product. This amount of variability, coupled with customer demands for even greater choice, highlighted the automation problem for Mitsubishi Electric. [Moi ici: Tão Mongo!!!]
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According to the company, manual production at the Kani factory had given way to totally automated assembly lines, which were ideal for mass production with few product variations where high yields could be realized at high speed. But this required many individual components to be held in stock and ready for the manufacturing process; otherwise, the lines would not be able to run for any appreciable length of time.
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In effect, it became difficult and uneconomical for the factory to produce its products in small batches—which just happens to be the very direction in which industry as whole is headed.
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The company realized that, by restoring some human elements, it could reduce some of the manufacturing problems it was encountering.
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Despite that fact that the new cells, featuring a combination of human workers and automation, cannot produce at the same volume and speed as the fully automated lines, the reduced size of the new cells means the company can deploy up to 6.3 cells in the same space once occupied by one cell. Mitsubishi Electric says this means that total productivity density for the facility is much higher due to three key factors: a wider variety of products can be manufactured in smaller batches; one stoppage does not halt the whole of production; and the total number of production lines has increased."
Como escrevo no postal de Fevereiro de 2018 na lista abaixo:
"Muitas vezes penso que as pessoas quando planeiam o futuro não fazem como Teseu no labirinto, não usam uma corda para unir o hoje com o futuro desejado. Por isso, usam lugares comuns. Por isso, não põem os pés no chão e testam a validade dos pressupostos que estão a assumir." 

  1. Estranhistão, autenticidade, imperfeição e automatização (Agosto de 2013) 
  2. Um mesmo processo automatizado é demasiado rígido para Mongo (Abril 2014)
  3. Mongo e a automatização... pois! (Fevereiro 2016)
  4. Beyond Lean (Agosto 2017)
  5. Seru (parte V) (Setembro 2017)
  6. Da normalização para a excepção (parte II) (Fevereiro de 2018)
  7. Coisa de loucos (Maio de 2018)
  8. O que protegerá Portugal dos robôs? (Outubro de 2018)
  9. Nem de propósito! (Dezembro de 2018)

segunda-feira, junho 06, 2016

Mongo e o emprego

Há anos que escrevo aqui sobre Mongo e sobre o seu impacte na economia, nas empresas, na criação do século XX - o emprego - e no poder tirânico-normando dos Estados.
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Interessante como cada vez encontro mais artigos sobre o tema. Recordo o quanto critico as empresas de consultoria grandes que escondem dos seus clientes que esses clientes em Mongo podem não ter razão de existir.
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Exemplos recentes que encontrei via Twitter (‏@GrahamHill):

"If the primary element of the old economy was the industrial unit, today the Industrial Age is giving way to the Individual Age, where it is the skills, talents, and labors of people that matter most. Now our economic policies have to start catching up.
...
the traditional ways to look at the statistics radically undercount the role of entrepreneurs in the twenty-first century. While the jobs they create for others are counted, the jobs they create for themselves—often while their firms are unincorporated—are usually not. [Moi ici: É verdade, descobri isso no INE há uns anos, por isso gostava de seguir como indicador a evolução do número de pessoas que descontam para a Segurança Social em vez do número de empregos criados com base em inquéritos. Há mais de 20 anos que não faço parte das estatísticas como estando empregado] According to Lowrey, a total of 48 million new jobs had been created by startup firms between 1997 and 2008. The remarkable part was that while 17 million of those jobs were positions that entrepreneurs were creating for others, 31 million were jobs entrepreneurs had created for themselves. Lowrey put it starkly: “Business creation is job creation.”
...
The differences between the economy of the nineteenth century and that of the twenty-first are too many to list, but today, as in Jefferson’s time of independent farmers and shopkeepers, it is individuals, not large conglomerations, that propel the economy. The number of Americans working for themselves is growing rapidly and most Americans no longer work full-time for someone else. Yet it is not just the self-employed or entrepreneurs who are part of this new world. Every worker is grappling with the Individual Age."

"it’s probably time to re-examine the whole idea of exactly what a job is and whether or not the fundamental construct is even viable going forward.
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Let’s just skip to the answer: Jobs aren’t a viable construct going forward."[Moi ici: Interessante o autor citar Coase quando ainda ontem pensei nele por causa das plataformas e da fricção]

"The new design patterns create new opportunities. It is not about having a fixed job role as an employee or having tasks given to you as a contractor. The most inspiring and energizing future of work may be in solving problems and spotting opportunities in creative interaction with your customers."

Recordar:




sábado, setembro 15, 2018

Victor Frankenstein e Mongo

A propósito de "Repair Café: transformar o velho em novo em comunidade", vejo aqui outro sintoma de Mongo. E vejo mais, vejo o fermentar de uma mentalidade que foi eliminada com a ascensão do modelo do século XX.

O século XX assim como criou o emprego, assim como criou a produção em massa, criou o sentimento de massa, de manada, em que todos comprávamos as mesmas coisas e víamos os mesmos filmes. Quem decidia o que íamos comprar, o que ia estar disponível na prateleira? O produtor.

Assim, hoje, temos enraizado na mente que quando precisamos de algo vamos a uma prateleira, escolhemos o que há e compramos. Acredito que em Mongo o modelo será outro. Em Mongo ninguém quer ser igual a ninguém. Por isso, cada um vai desenvolver uma ideia mais ou menos aproximada do que precisa (o job-to-be-done) e irá a um artesão do bairro, da cidade, da região e vai expor a sua ideia, receber sugestões (estou a escrever isto e a lembrar-me do "Pimp My Ride" - levo carro velho, digo o que procuro, mas estou aberto a sugestões dos artesãos com quem interajo e que são muito mais especialistas do que eu sobre materiais, tecnologia).

Há dias o amigo Hélder no FB protestava porque tinha um PC com ano e meio e já estava meio "pôdre". Em Mongo, ninguém compra PC's novos. Em Mongo todos fazem como o ET do filme com o mesmo nome. Pega-se no PC velho, na carcaça, e vai-se a um artesão (como nos anos 70/80 ia com o meu amigo André a esta casa comprar componentes eléctricos para montar rádios ou detectores de metais)

E o artesão comporta-se como um alfaiate (tenho uma vaga ideia, mas confesso que não sei se estou a inventar, de quando tinha 6 anos e morava em São João da Madeira a minha mãe levar-me a um alfaiate que havia no rés-do-chão do meu prédio por causa de um fato para um casamento): o cliente explica o problema, explica o desafio, explica os desejos e necessidades. O artesão pega no portfólio de materiais e de trabalhos feitos e lança possibilidades. Chegam a uma primeira versão de entendimento do que se pretende, estabelecem um preço e combinam timing para o trabalho final e para visitas de revisão.

O artesão será uma espécie de Victor Frankenstein - misturará o novo com o velho, muitas vezes sem desenho, porque não faz tenção de repetir para uma produção em série e porque é um artista que se deixa levar pelo que acordou com o cliente e o feeling do momento.

sábado, abril 23, 2011

Mongo é um novo Oeste... se mais gente percebesse isso!

Ainda há bocado, num comentário escrevi:
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"Temos de atingir uma massa crítica de pessoas que acreditem que Mongo está aí ao virar da esquina. E Mongo liberta a mente, porque Mongo é o mundo da micro e PME, é o mundo do nicho, é o mundo do diferente, é um mundo onde as megas empresas e instituições podem existir mas em minoria cada vez mais ameaçada."
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Um dos missionários que acompanho na pregação que anuncia a chegada de Mongo é Seth Godin.
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Neste micro-postal intitulado "Improving trains":
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"While making the trains run on time is a good thing, making them run early is not.
If you define success as getting closer and closer to a mythical perfection, an agreed upon standard, it's extremely difficult to become remarkable, particularly if the field is competitive. Can't get rounder than round.
In general, purple cows live in fields where it's possible to reinvent what people expect."
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A malta da qualidade, no qual ainda me quero incluir, muitas vezes esquece isto. Quando existe um standard, quando existe uma norma... o alvo é a normalização, e a normalização pode levar à cristalização
A primeira fila com a palavra "normalização" aqui significa defeito, preguiça, falha, desperdício. E é verdade, defeitos numa produção em série são "crime".
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No entanto, neste pedido de ajuda, a mesma técnica foi usada para ilustrar algo pretendido.
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Em Mongo a normalização é perigosa... quando somos todos diferentes no acessório e todos iguais na substância... sameness, logo, o preço mais baixo é que manda... ou não, o comprador pode recusar-se a comprar, pode arranjar um produto substituto, pode esperar...
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Seth Godin é um dos meus gurus, só pode, um tipo que escreve:
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"I think we embraced scale as a goal when the economies of that scale were so obvious that we didn't even need to mention them. Now that it's so much easier to produce a product in the small and market a product in the small, and now that it's so beneficial to offer a service to just a few, with focus and attention, perhaps we need to rethink the very goal of scale.

Don't be small because you can't figure out how to get big. Consider being small because it might be better."
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Ler este postal e contextualizá-lo nesta corrente.
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Corrente... uma vez usei esse termo numa série.

terça-feira, março 31, 2015

A evolução cooperativa e Mongo

Há vários anos que comecei a usar aqui no blogue os marcadores "aluguer" e "partilha" como mais um sintoma da economia de Mongo.
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Ainda há dias, aqui, escrevi:
"não creio que a Uber e outras empresas do género venham para ficar, não será sobre elas que se construirá o futuro da partilha e aluguer em Mongo."
Em Janeiro último, aqui, escrevi:
"Por que é que a procura e a oferta vão continuar a precisar destas mega-plataformas? Por que é que oferta e procura hão-de condescender, no médio-prazo, em pagar um imposto revolucionário para o dono da plataforma, quando vai ser fácil para a oferta ter a sua própria plataforma?"
Em Dezembro último, aqui, escrevi:
"A Uber, desde a entrada dos investidores grandes, está a pavimentar o caminho para que a geração seguinte de empresas de partilha lhe tome o lugar com facilidade. Não se pode ser competitivo desenvolvendo péssimas relações com os trabalhadores e clientes." 
Projectos como a Uber são importantes porque representam a vanguarda revolucionária, têm o poder do dinheiro para enfrentar os poderosos grupos instalados, cumprirão o seu papel, para depois, abrir caminho para o desenvolvimento natural de estruturas muito mais pequenas e autónomas, independentes.
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Entretanto, ontem via Twitter, chego a "Platform Cooperativism vs. the Sharing Economy" que traduz muito bem o que penso que será a direcção para a economia de Mongo:
"There isn’t just one, inevitable future of work. Let us apply the power of our technological imagination to practice forms of cooperation and collaboration. Worker–owned cooperatives could design their own apps-based platforms, fostering truly peer-to-peer ways of providing services and things, and speak truth to the new platform capitalists.
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Entities like Uber, Ola, Quick Cabs, TaxiForSure, or Lyft are quite vulnerable because their technology can be duplicated. But of course, when you see how regulation is steered by costly PR campaigns in big cities, when you see how ever-increasing brand awareness tilts the network effect in favor of Uber and airbnb, when you notice the co-financing for new cars offered for Uber drivers, and when you understand that insurance for passengers is costing an arm and a leg, then you remind yourself of the old saying: money talks.
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Instead of counting down to next month’s apocalypse, let’s make the idea of worker-owned cooperatives using ride ordering apps more plausible.
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Teachout recently proposed that one of the pathologies of the current system is that it trains people to be followers. I might add that it trains people to think of themselves as workers instead of collective owners.
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An app with the basic functionality of UberX can be duplicated and improved upon by independent developers who are working in tandem with cooperatives. From the very beginning, the development process would have to be steered by workers and developers. Ever more sophisticated crowd funding schemes, using bit coin, could support such efforts.
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Uber can influence regulation on a city level and might even be able to sway national labor laws. And perhaps, but really just perhaps, these templates, created at the frontiers of regulation will then be taken on or over by worker cooperatives who could benefit from established guidelines."
Vejo muito mais futuro nesta evolução cooperativa porque está em sintonia com a filosofia de Mongo.

segunda-feira, abril 20, 2020

Acerca do novo normal

Alguns temas a ter em consideração no novo normal:
"1. Companies that traffic in digital services and e-commerce will make immediate and lasting gains
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2. Remote work will become the default...
Remote work technology will improve, enabling the sort of mingling previously thought to require in-person meetings. This will cause a severe downturn for commercial real estate as companies drastically cut the size of their workspaces.
Coupled with stricter travel restrictions and mandatory quarantines for foreigners entering certain countries, this will also put severe strain on industries reliant on business travel. It will also lead to an exodus of white-collar workers from big cities [Moi ici: Tenho algumas dúvidas. Mongo apela à criatividade e isso requer proximidade, cumplicidade, partilha, discussão que poderão não ser tão eficazes quanto o estar na mesma sala, na mesma esplanada, no mesmo espaço] — once companies’ remote work routines have been smoothed out, their newly remote-capable employees will have the flexibility to move out of dense cities and into lower-cost areas.
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3. Many jobs will be automated, and the rest will be made remote-capableTo survive the crisis, firms will need to lay off their least-productive workers, automate what can be automated, and make the rest remote-capable.
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In short, jobs will first move from in-person to remote-domestic, and in time they will go from remote-domestic to remote-overseas. [Moi ici: Mais dúvidas acerca disto. Mongo é interacção, é customização, Mongo é arte, Mongo não é vómito, Mongo não é race to the bottom. Outra vez a doença anglo-saxónica]
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4. Telemedicine will become the new normal, signaling an explosion in med-tech innovationIn a matter of weeks, regulatory barriers to telemedicine in the U.S. have largely fallen. ... Though these measures were announced as temporary, those who have now had firsthand experience with the convenience and cost-effectiveness of telemedicine will not want to forgo it. Once the crisis recedes, health care will begin to be provided remotely by default, not necessity, allowing the best doctors to scale their services to far more patients. [Moi ici: Por cá duvido. A corporação é muito forte... só talvez a necessidade do SNS poupar dinheiro pressione este desenvolvimento]
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5. The nationwide student debt crisis will finally abate as higher education begins to move online...
Universities will also face pressure to cut costs from the severely cash-strapped state governments that fund them. Many will eventually adopt hybrid models that limit face-to-face learning to project-based assignments and student working groups. These will dramatically cut costs, while allowing the best instructors to scale their insights to more students. They might also make a compelling case for broadening access to elite universities, whose small cohorts have historically been justified on the basis of physical constraints inherent to classrooms and campuses.
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6. Goods and people will move less often and less freely across national and regional borders...
Even before the pandemic struck, higher wages in China, international trade wars, and the rise of semi-autonomous factories had already prompted firms to reshore manufacturing, bringing it closer to domestic research and development centers. The coronavirus crisis will accelerate this trend: Increasingly, corporations will favor the resiliency of centralized domestic supply chains over the efficiency of globalized ones. Lacking support to protect the shared gains of worldwide economic integration and globalized supply chains, the multilateral institutions of global governance established in the 20th century will, if temporarily, begin to fray."
Trechos retirados de "7 Predictions for a Post-Coronavirus World"

"“People in the past dined out with their colleagues in their lunch hour, now they’re all getting lunchboxes,” he says, sitting in a booth at an empty Sichuan restaurant he operates. “They’re more likely to cook at home than go out.
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Xiong’s experience provides a window into the uncertain future facing small-business owners around the globe as they contemplate life after lockdowns. While many hope to pick up where they left off, Wuhan’s cautious emergence shows it likely won’t be that easy. The city, once a bustling hub for steel and auto manufacturing, remains gripped by fear of reinfection. Companies are testing employees before they’re allowed back to work and disinfecting their premises daily. If a customer or worker gets the virus, businesses typically have to shut down again for weeks of quarantine—something even the most painstakingly prepared business plan can’t predict."
Trechos retirados de "Wuhan’s 11 Million People Are Free to Dine Out. Yet They Aren’t"

segunda-feira, agosto 14, 2023

Mongo e o "Bud Light Fiasco"

O planeta Mongo da série de banda desenhada Flash Gordon é o lar de várias tribos e reinos com culturas, tecnologias e sistemas distintos. Da mesma forma, a economia pós-século XX é marcada pela complexidade e diversidade da oferta e procura cada vez mais atomizada e apaixonada. Foi disso que me lembrei em 2007 para criar uma metáfora que dura até aos dias de hoje (A cauda longa e o planeta Mongo).

Seth Godin usa uma imagem interessante, o século XX via os clientes como plancton, uma massa homogénea. Eu vejo o século XXI como o tempo de Mongo, ou do Estranhistão, terra de Um número infinito de nichos.

Em Novembro passado escapou-me este artigo sobre Mongo, "Strategy in a Hyperpolitical World":

"So what does that mean for strategy?

We define strategy as the art of making informed choices in a competitive environment. Choices are important when differing paths lead to differential risks and rewards. When the social environment is broadly favorable to business, a company's strategic choices can be justified in purely business terms or, as necessary, finessed with carefully crafted press releases. Today, however, choices must be made on an expanded playing field. They are often complex because the underlying ethical, social, and political issues are constantly evolving and defy simple analysis. To make and implement the best strategic choices in this environment, leaders will have to (1) develop robust principles to guide strategic choices, (2) address ethical issues early, (3) consistently communicate and implement their choices, (4) engage beyond the industry to shape the context, and (5) learn from mistakes to make better choices."

Entretanto, há dias li "The Strategy Lesson from the Bud Light Fiasco": 

"A company’s goal should be to present an offering — supported by compelling messaging — that has advantaged appeal to the biggest circle possible. That may be a relatively small circle — Red Bay Coffee — or a relatively big one — Starbucks Coffee. But it should be as big a circle as the offering can support.

The Temptation

In pursuing the biggest circle supportable, companies are forever tempted to send different messages to different parts of their audience — whether inside or outside the confines of their current circle — in an attempt to strengthen and/or enlarge their circle.

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this kind of thing is getting ever more dangerous with ever increasing transparency,

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In this age of fuller transparency, brands must think a lot more thoroughly and carefully about the heterogeneity of their Where to Play (WTP), which hangs together now and produces their current market share. But under its apparently calm surface, that overall share hides fault lines — those customers aren’t all the same even if they buy the same product. If a brand isn’t careful, it can take those fault lines that lie benignly beneath the surface and turn them into giant fissures with its actions.

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The naïve idea — not an unusual one but naïve nonetheless — was that Bud Light could keep all its current customers, and, with this terrific new message, could appeal to some new ones (whether light users or non-users). This kind of naivety has always been dangerous. But it has gotten a lot more so in this hyperpolitical and transparent world.

The Particular Challenge for Broad-Based Companies

It is particularly challenging for broad-based companies and going to get more challenging. The broader-based a company is, the greater heterogeneity its customer base is likely to embody. Every company will have heterogeneity in its customer base. But a giant retailer, like Target, will likely have a greater level of heterogeneity in its customer base than tiny LGBTQ+-friendly clothing retailer, WILDFANG. Ultra Right Beer was launched to woo disaffected Bud Light customers and seemed deliriously happy to hit the $1 million mark in sales. But that is one-five thousandth of the (pre-fiasco) sales of Bud Light. With great size comes more dangerous and pronounced fault lines."

Como não recuar a 2014 e a "-Tu não és meu irmão de sangue!"

O século XX económico (da inauguração da linha de montagem da Ford até à queda do Muro de Berlin) foi um acidente histórico que agora estamos a corrigir, o futuro não é de homogeneidade, mas de heterogeneidade. E mundos heterogéneos não são meigos para com os gigantes. Nunca esqueço: Too big to care.

sábado, janeiro 19, 2019

Contrarian!


A propósito de "Robôs e outras coisas que vale a pena discutir" e de "“Robôs” eliminam 1,1 milhões de empregos em Portugal até 2030, avisa estudo da CIP" fico com a habitual sensação de quem escreve estes textos e estes relatórios não vive no mesmo mundo que eu.

Esta semana em conversa com empresa metalomecânica senti alguma incomodidade quando abordamos o robô de soldadura. Adquirido como a última coca-cola no meio do deserto tem-se revelado um destruidor de produtividade. O mesmo tema que já tenho apanhado no calçado, quando tentam introduzir robôs.

Há dias citei aqui um texto sobre os robôs e a automação na Toyota, ""Anyone can buy robots" o pior é o resto":
"Only those robots that work really well and are cost-effective still have a chance of keeping their jobs at Toyota under Kawai. He explains: After looking at the robots that weld together the base of the Toyota Land Cruiser, he noticed that the welding seam was too wide and had a few defects. "I shut down the entire robot line and I said: 'We'll do it manually again,'" says Kawai. Unlike the robots, human workers could see where a groove to be welded was one millimeter wide and where it was only half a millimeter wide and could then react flexibly. "The use of welding wire alone has decreased by 10%," he says with pride."
O que encontro sistematicamente, no calçado e na metalomecânica, são empresas que compram robôs a pensar que só precisam de os instalar e, depois, só precisam de tirar as pessoas e a produtividade sobe.

Por exemplo, esquecem-se das matérias-primas... concluía a empresa metalomecânica. Continuamos a comprar o tubo onde sempre o compramos, só que agora com o robô... se um tubo vem ligeiramente ovalizado é logo um problema. O robô faz a soldadura, mas ela fica imperfeita e tem de ser corrigida por um soldador. Resultado, produção mais lenta e mantemos o humano. Se queremos "mais qualidade, mais rigor" no tubo, temos de meter alguém a fazer controlo da qualidade, a usar equipamento de medida mais sofisticado, e eventualmente a comprar matéria-prima mais cara.

O mesmo no calçado. Trabalham com peles. Pele é uma matéria-prima natural, quem garante espessuras dentro de limites exigidos por um robô? Recomendo a leitura de "Os Robots na Industria do Calçado. Muitas vantagens, algumas dificuldades."

Outro factor que é esquecido nas análises, lá de cima e nas outras, é que nós estamos a fugir do século XX, nós estamos a fugir do Normalistão e a embrenharmo-nos em Mongo, o Estranhistão. Recordo:

"In principle, the production of virtually any component or assembly operation could be robotized and moved to high-wage countries—but only so long as demand is great enough, and design specifications stable enough, to justify huge scale and hundreds of millions, if not billions, in upfront investments." [Moi ici: Mongo mina logo dois dos pressupostos - tamanho da procura e estabilidade. Mongo é terra de tribos e de modas, terra de velocidade e instabilidade. Terra de gente que não quer ser tratada como plancton. Terra de gente que não se sente atraída pela suckiness.]


"People will be surprised - “[the use of robots] won’t be as disruptive as the hype today would suggest,” he continues.
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“The more a robot can do, the more it will cost – humans should be able to still be less expensive than robots. Plus robots for the foreseeable future will have to specialise, and we humans don’t – we’re more flexible.”

"Toyota has found that the race to reduce the human element can end up making processes less efficient."



Por que é que esta corrente de pensamento não é mais divulgada? Vende menos, por ser mais optimista e menos alarmista?



quinta-feira, dezembro 10, 2015

O padrão Mongo

Para mim, faz tudo parte de um mesmo padrão:
  • A decisão da P&G de emagrecer (aqui e aqui)
  • A decisão da fusão da Anheuser-Busch InBev's com a SABMiller (aqui)
  • Esta notícia de ontem Dow/Du Pont: eat yourself thin
  • As notícias cada vez mais frequentes de Stock Buybacks (quando as empresas não encontram melhor aplicação para o seu dinheiro do que comprar as próprias acções)
Um padrão chamado: o caminho para Mongo:
"XVIII 187. There are three types of large corporations: those about to go bankrupt, those that are bankrupt and hide it, those that are bankrupt and don’t know it."
Um padrão referido por Esko Kilpi em "The Future of Firms. Is There an App for That?":
"The existence of high transaction costs outside firms led to the emergence of the firm as we know it, and management as we still have it. A large part of corporate economic activity today is still designed to accomplish what high market transaction costs prevented earlier. But the world has changed.
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What really matters now is the reverse side of the Coasean argumentation. If the (transaction) costs of exchanging value in the society at large go down drastically as is happening today, the form and logic of economic entities necessarily need to change!
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For most of the developed world, firms, as much as markets, make up the dominant economic pattern. The Internet is nothing less than an extinction-level event for the traditional firm.  ... Very small firms can do things that in the past required very large organizations."

O título é uma espécie de oxímoro, em Mongo não há um padrão. Delícias da língua portuguesa e do significado que se dá a padrão.

segunda-feira, maio 13, 2019

Mongo é a resposta

Pena que o papa Francisco não conheça Mongo. Mongo é a resposta aos seus desejos:
"O objetivo é criar um modelo económico "diferente, que permita às pessoas viver e não matar, incluir e não excluir, humanizar e não desumanizar, cuidar da Criação e não depredar", num evento que gere "um pacto" para mudar a economia atual."(1)
Mongo é a fuga ao vómito industrial e a ascensão do trabalhador-artista.

A inevitabilidade de Mongo a emergir, também neste texto, "Changing the German growth model will not be easy":
"What gave German industry another lease of life was how globalisation increased demand for German machinery and how it led to integrated global supply chains. I admit I did not see the supply-chain effect when I predicted the demise of the German economic model over a decade ago.
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New trends may intrude that would extend the lifespan of the growth model further. But Mr Macron is ultimately right. It is going to end — “perhaps”, as he wisely added."
(1) - Trecho retirado de "Papa aos jovens: novo modelo económico deve “incluir e não excluir, humanizar e não desumanizar”"

quarta-feira, maio 04, 2011

Criatividade e Mongo

Acredito que vamos a caminho de uma paisagem competitiva a que chamo de planeta Mongo:
Mongo é o nome do planeta onde decorrem as aventuras de Flash Gordon contra o malvado Ming. O que sempre me fascinou acerca do planeta Mongo foi a sua heterogeneidade. Um planeta onde coexistiam sem misturas, diversos povos e espécies inteligentes, em diversos estágios de evolução tecnológica.
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Acredito que vamos a caminho de uma paisagem competitiva semelhante a Mongo. Em vez da vitória de um modelo único de negócio, para servir um único tipo de cliente-alvo, vamos ter n modelos de negócio, vamos ter n tipos distintos de clientes-alvo, e cada tipo em busca de experiências únicas. E, cada vez mais, as escolhas que possibilitam fornecer uma dada proposta de valor a alguns clientes-alvo, são precisamente o motivo que impede de fornecer outra proposta de valor a outros clientes-alvo em simultâneo.
Acredito que em vez de uma paisagem com um único pico, estamos a construir uma paisagem com uma infinidade de picos,  e que esse número continua  a crescer.
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Cada pico representa um conjunto de clientes-alvo que só podem ser servidos por uma determinada conjugação de factores organizativos internos de uma empresa.
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Acredito que o truque que está na base do crescimento do número de picos, é a introdução progressiva da arte na vida das empresas e do que elas oferecem aos seus clientes-alvo.
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Por arte entenda-se algo que parece magia, algo que assenta em qualidades e não em quantidades, algo que assenta em sentimentos e não em cálculos.
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Ou seja, cada vez mais as empresas precisam de criatividade para criar valor.
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Como é que evolui a criatividade das pessoas em função do seu percurso escolar?
Quantos mais anos passamos na escola menos criatividade artística sentimos. Não será isso também uma barreira ao empreendedorismo? Como contaminar mais gente com a propensão para a criação de valor?
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Hilary Austen em "Artistry Unleashed" revela algumas dificuldades:

  • "Those who achieve artistry aren't great at telling amateurs what's involved."
"Having reached an artistic level of performance, practicioners often find it hard to describe to novices exactly what they're doing in the moment. Their actions - and, even more, the how and why behind these actions - have become automatic and natural. So much so, that they defy description.
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  • Artistry cannot be learned vicariously; it must be lived
"Artistry cannot be learned while sitting on a couch. Nor can it be learned in classrooms, from reading books, od from watching others act. Instead, artistry develops as action unfolds. Students of artistry cannot escape undergoing the risks, the emotional demands, the hours of practice, the investment of resources, or the impacts of outcomes they generate.There's no sugar-coating it: this is stressful. ... Learning artistry is a transformative process."
  • Artistry is emergent
"In our goal-oriented society, artistry defies conventional wisdom. The harder you try to make it happen, the more elusive it becomes. Artistry emerges when you pursue a connection, or a feel for a discipline, rather than when you pursue particular goals. It comes to people who make judgments in response to change, rather than those  who depend on the skills learned in yesterday's lesson. At the same time, of course, these skills and goals cannot be abandoned, and this apparent contradiction can create confusion.
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  • Artistry is fluid and progressive
"Artistry is not a final destination. . What works in one moment probably won't work in the next. Today's success can be tomorrow's failure, and today's failure can magically transform into tomorrow's success.
    ...
    what we experience as artistry will shift and advance. ..., there's no end to what's possible."
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    Talvez estas reflexões de Hilary Austen ajudem a perceber o quão difícil é para quem está de fora perceber que existe vida para além da guerra do preço.
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    Reparar que naquela paisagem competitiva lá em cima, a cheia de picos, há muitas empresas a viver lado a lado sem nunca competirem entre si.

    quinta-feira, maio 26, 2016

    Portanto, cheira-me a futurologia da treta

    A propósito de "If robots are the future of work, where do humans fit in?" algumas notas:
    "you take the best and brightest 200 human beings on the planet, you scan their brains and you get robots that to all intents and purposes are indivisible from the humans on which they are based, except a thousand times faster and better.
    ...
    These Ems, being superior at everything and having no material needs that couldn’t be satisfied virtually, will undercut humans in the labour market, and render us totally unnecessary."
    Enquanto lia isto fiquei um pouco incrédulo com a crença algo absurda, IMHO, na importância do QI para ter sucesso. Juro que me recordei logo da LTCM e dos seus 4 prémios Nobel da Economia. Fundada em 1994 estoirou em 1997.

    Depois, ainda me lembrei daquele conflito que ficou gravado para sempre na minha mente  MacGyver vs Sandy.
    "We need to rethink our view of jobs and leisure – and quickly, if we are to avoid becoming obsolete"
    Oh!
    Ó!
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    Como isto se enquadra com a minha visão de Mongo!!!
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    Basta recuar a este postal desta semana "Mongo em grande". Como é que estes autores escrevem artigos com falhas básicas como esta? É mais combate político actual do que preocupação genuína com o futuro!!!
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    Não somos nós que vamos ficar obsoletos em Mongo. Em Mongo, o que vai ficar obsoleto é essa criação do século XX: o emprego, o "job".
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    Em Mongo, a democratização da produção levará a um estado em que cada um terá as máquinas que permitirão a sua produção pessoal, ou a sua produção a uma escala artesanal baseada na vantagem competitiva da arte.
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    Portanto, cheira-me a futurologia da treta.