domingo, janeiro 16, 2022

Não são elas que precisam de Portugal, Portugal é que precisa delas

Na passada sexta-feira fixei-me na mensagem desta imagem na capa do JdN:


No interior do jornal sublinhei esta frase do ministro da Economia:
"Não acreditamos que uma baixa de impostos pura e simplesmente ponha por magia a economia a crescer."

De que fala o ministro quando fala em competitividade? Recordo um postal publicado em Novembro último, com base num texto de Eric Reinert, "Competitividade, absurdo, lerolero e contranatura".

Reinert refere que há quem use a palavra competitividade para significar empresas mais competitivas pelo preço, e há quem use a palavra competitividade para significar empresas mais competitivas por causa do valor criado. Foquemos a nossa atenção naquela que aqui pregamos com o Evangelho do Valor, a segunda.

Queremos que aumente a competitividade que permite o aumento dos salários por causa do aumento do valor percepcionado pelos clientes. Ou seja, outra forma de dizer que queremos um aumento da produtividade à custa do valor criado e não da redução de custos (foco no numerador e não no denominador).

O que aprendemos com os finlandeses:
"It is widely believed that restructuring has boosted productivity by displacing low-skilled workers and creating jobs for the high skilled."
Mas, e como isto é profundo:
"In essence, creative destruction means that low productivity plants are displaced by high productivity plants." Por favor voltar a trás e reler esta última afirmação.
E o grande finale:
"As creative destruction is shown to be an important element of economic growth, there is definitely a case for public policy to support this process, or at least avoid disturbing it without good reason. Competition in product markets is important. Subsidies, on the other hand, may insulate low productivity plants and firms from healthy market selection, and curb incentives for improving their productivity performance. Business failures, plant shutdowns and layoffs are the unavoidable byproducts of economic development."

Ou seja, para que a produtividade agregada do país cresça precisamos de empresas novas. Quem as vai criar? Quem tem o know-how para trabalhar nas zonas mais altas da escala de valor? Entra Nassim Taleb com:

"Systems don’t learn because people learn individually – that’s the myth of modernity. Systems learn at the collective level by the mechanism of selection: by eliminating those elements that reduce the fitness of the whole, provided these have skin in the game"[Moi ici: Isto é duro! Pensem nos Saraivas deste mundo, ou nos Fóruns para a Competitividade. Come on!]

Aprendam a receita irlandesa:

"Gostei de ouvir muitas das coisas que Alexandre Relvas disse, não todas. No entanto, saltou-me a tampa quando Alexandre Relvas disse que os empresários portugueses tinham muito a aprender com os empresários irlandeses.

Não acredito! - Pensei. Ele pensa que o salto de produtividade e PIB irlandês foi feito à custa dos empresários irlandeses? Come on! Esta gente não analisa os números?

Enquanto conduzia debaixo de chuva pensava em como mostrar o quão longe da realidade está o pensamento de Alexandre Relvas. Onde posso ir buscar tais números?

Lembrei-me de Hausmann e do seu trabalho no MIT acerca dos product spaces. Já em casa, depois de comer algo fui ao site do MIT (agora está em Harvard) e analisei a evolução do perfil de exportações da Irlanda e de Portugal entre 1995 e 2018. Entretanto, já hoje de manhã durante a caminhada matinal recordei-me deste artigo "A Tale of Two Clusters: The Evolution of Ireland’s Economic Complexity since 1995". 

Reparem nesta comparação entre as empresas de capital estrangeiro e as empresas de capital irlandês a operar na Irlanda (número de trabalhadores, facturação e número de empresas por sector)"

Portanto, para aumentar a competitividade/produtividade como eu defendo (através do numerador), temos de captar investimento estrangeiro. Agora reparemos no presente envenenado que queremos que os estrangeiros comam: No international Tax Competitiveness Index, quanto ao "Corporate Tax Rank" e ao "Cross-Border Tax Rules Rank" vêmos coisas que não lembram ao careca ... Portugal (35º lugar) é menos atractivo que a França (34º lugar) para as empresas. Quem diria!!!


Conclusão: Baixar o IRC pode não ser suficiente, mas é certamente necessário. Temos de trabalhar para melhorar o posicionamento no "Corporate Tax Rank". A mexida no IRC não é para melhorar a competitividade de empresas que venham para cá, mas é para tornar o país atractivo para os decisores dessas empresas que racionalmente procuram o melhor para elas.

Não são elas que precisam de Portugal, Portugal é que precisa delas.

sábado, janeiro 15, 2022

Empresários e escolaridade ou signaling

Ontem de manhã cedo, enquanto tomava o meu chá preto das 6 da manhã, apanhei este tweet:

Uma regra a nunca esquecer nestas circunstâncias, quando uma população tem uma distribuição muito assimétrica, nunca focar a atenção em quem está presente, mas em quem não está presente, aquilo a que chamo a Regra do Mastim dos Baskerville:

"Não adianta chamar brutos aos patrões portugueses, esses dão o seu melhor. Quem achar que sabe fazer melhor que avance e lhes coma o negócio. Aqui o tema é como o cão dos Baskerville, não é quem está, é quem não está que é relevante."

 No final de 2007 desenhei aqui no blogue este gráfico:

A ideia surgiu-me depois de ter trabalhado com um empresário:

"Quando penso em decisões rápidas recuo sempre a um mês de Setembro em Felgueiras... empresário sem curso superior, agarrou-me por um braço, meteu-me no carro e levou-me a um subcontratado que tinha arranjado durante as férias, para pôr em prática o que tínhamos discutido no último dia de Julho antes de férias. Pensei nos licenciados que engonham e engonham, quando basta fazer uma experiência."[Moi ici: Este empresário é hoje dono de uma das maiores empresas do seu sector. Na altura tinha uma barracão e talvez 20 funcionários]

Ainda ontem, por volta das 6h50 comecei a minha caminhada matinal. E comecei com a leitura de um dos melhores postais de Steve Blank, de abril de 2018, "Steve Blank Why Entrepreneurs Start Companies Rather Than Join Them". O postal é baseado neste artigo "Information Frictions and Entrepreneurship" publicado pelo Strategic Management Journal.

"By the way, as you read the conclusions keep in mind the authors are not talking just about high-tech entrepreneurs. They are talking about everyone who chooses to be self-employed – from a corner food vendor without a high school diploma to a high-tech founder with a PhD in Computer Science from Stanford.

...

The most provocative conclusion in the paper is that asymmetric information about ability leads existing companies to employ only “lemons,” relatively unproductive workers. The talented and more productive choose entrepreneurship. (Asymmetric Information is when one party has more or better information than the other.) In this case the entrepreneurs know something potential employers don’t – that nowhere on their resume does it show resiliency, curiosity, agility, resourcefulness, pattern recognition, tenacity and having a passion for products. 

This implication, that entrepreneurs are, in fact, “cherries” contrasts with a large body of literature in social science, which says that the entrepreneurs are the “lemons”— those who cannot find, cannot hold, or cannot stand “real jobs.”"

E ainda:

"The Economic Environment. So, how much of signaling (hiring only by resume qualifications) is influenced by the economic environment? One could assume that in a period of low unemployment, it will be easier to get a traditional job, which would lead to fewer startups and explain why great companies are often founded during a downturn. Those who can’t get a traditional job start their own venture."

BTW, há cerca de 28 anos iniciei a minha vida de empreendedor, depois de 8 anos a trabalhar por conta de outrem na indústria. Olhando para trás, mudei de vida para fazer aquilo que gostava. Como empregado, fui bem tratado, ganhava acima da média, tinha menos preocupações com leis e fiscalidade, tinha mais tempo para a família.

sexta-feira, janeiro 14, 2022

"customer service is getting worse"

"Yes, customer service is getting worse. Companies treat customer service as a cost and as Zeynep Ton has explained over and over, the outcome is predictable.

...

In fact, there is industry-speak for this it's called 'containment." It represents "the percentage of users who engage with an automated system and end their interaction without transferring to a voice or live chat agent. The goal is to prevent you from ever contacting a person, and companies have gotten very smart about this.

...

All of this gets at a growing  problem that I don’t think corporate types factor into their customer service equation.  It’s easy to figure out that a typical service encounter costs $5.  What is a lot harder to measure is the upside of providing excellent service (not to mention the upside of not turning up in slightly snarky articles penned by business school professors)."

Em linha com o meu aviso em Every visit customers have to make ...


Trechos retirados de "The better your automated customer service options, the worse your customer service experience

quinta-feira, janeiro 13, 2022

Customers, value and revenue

"What is the problem? Why is commerce still so wasteful? In our mind, the issue is not that customer focus is somehow flawed or broken. To the contrary, the issue is that most organizations fail to take the promise of customer focus to its logical conclusion. That is, the typical company today may well obsess over customers when it comes to designing offerings and positioning them in the market. In fact, we struggle to find a business that doesn't praise its customers, and boast of the attention paid to them, on its corporate website. But then the same company pays hardly any attention to customers when it decides how to earn revenue from them. This lapse shrinks the opportunity in the market.

...

John Wanamaker invented the price tag in 1861.

...

Price tags quickly became the norm because they greatly facilitated the ongoing push for customer focus in production, distribution, and communication.

...

Accordingly, organizations gradually shifted their pricing decisions away from customers and what they value, which was the focus of haggling, to the one piece of information they could trust and readily collect: information on the cost of making an offering and bringing it to market.

In essence, prices became a mere bystander in a company's efforts to build closer ties with customers. Rather than considering how the process of generating revenue could assist in this endeavor, the company concerned itself with how to cover its costs and minimize any interference. The price tag went along for the ride, treated as a tactical afterthought, but this in turn cemented the idea that a company's only logical move is to earn revenue from selling the "stuff" it makes."

Trechos retirados de "The ends game : how smart companies stop selling products and start delivering value" de Marco Bertini e Oded Koenigsberg.   

quarta-feira, janeiro 12, 2022

"aligns the way it earns revenue with the way customers derive value"

"There are three critical checkpoints, if you will. First, customers have to access the solutions that firms bring to market. Clearly, customers cannot derive value if they are blocked, financially or physically, from reaching the products and services that are intended to address their needs and wants. Second, conditional on access, customers have to consume these products and services. Again, customers cannot derive value unless they actually experience or make use of the solution offered by a firm. Third, conditional on access and consumption, the product or service has to perform as customers expect-that is, it has to solve the need or want satisfactorily.

We claim that an exchange is inefficient [Moi ici: Julgo que a palavra ineficácia aqui ficava bem melhor] when customers experience friction at any one or more of these checkpoints."

"Clearly, the more an organization aligns the way it earns revenue with the way customers derive value - that is, the more responsibility for the three checkpoints of access, consumption, and performance it takes on-the "leaner" (as in more efficient, less wasteful) the exchange between the two becomes. ... market potential converts into actual market value as the organization brings its revenue model increasingly into line with the "ends" sought by customers."

Na sequência de Outcomes em vez do que se produz

Trechos retirados de "The ends game : how smart companies stop selling products and start delivering value" de Marco Bertini e Oded Koenigsberg.  




terça-feira, janeiro 11, 2022

Outcomes em vez do que se produz

Interessante ouvir os debates políticos sobre o SNS e quem providencia os serviços de saúde, e depois ler:

"Would you rather pay for health care or better health? Would you rather pay for school or education? Groceries or nutrition? A car or transportation? A theater act or entertainment?

Paying by the pill, semester, food item, vehicle, show, and so on is a poor reflection of the value that individual and business customers actually derive from their purchases. Nonetheless, the idea that a company could be compensated for the quality of the outcomes it delivers, rather than the products and services it brings to market, would have been dismissed until recently as utopian academic theory. Reality called for a compromise, one that most organizations have practiced pragmatically for decades: make a living by selling the "means" to customers, and promise that the "ends" they desire will follow."

Na senda de " But they matter only as means to the ends that people seek" 

Trecho retirado de "The ends game : how smart companies stop selling products and start delivering value" de Marco Bertini e Oded Koenigsberg. 

"The Great Resignation"


"The Great Resignation that has seen more than 43 million Americans leave their jobs in the past year shows no sign of slowing. Job quitting hit a record in November.

Restaurants and hotels have had the highest resignation rate, and that’s hardly surprising. The pandemic has caused millions of workers to reassess their lives and walk away from low-paying jobs. Many are getting hired quickly elsewhere for more money and better hours. Health-care workers are also quitting at record rates, as doctors, nurses and aides face burnout after their harrowing experience these past two years.

But another part of the resignation story has received far less attention. Manufacturing has weathered the biggest surge in workers quitting — a nearly 60 percent jump compared with pre-pandemic. No other industry has seen an increase like that."

Trecho retirado de "Why manufacturing workers are voluntarily leaving jobs at rates never seen before



segunda-feira, janeiro 10, 2022

Era bom que se aproveitasse esta boleia ...

Recordo Emprego, preços e desglobalização

"A variante Ómicron pode tornar a China vítima do seu sucesso, à medida que a política de “zero covid” prolonga o isolamento do país, quando o resto do mundo vislumbra uma fase endémica para a doença, apontam analistas.

“Em 2022, a China vai enfrentar a altamente transmissível [variante] Ómicron, com vacinas aparentemente menos eficazes e muito menos pessoas protegidas por anticorpos criados por infeções anteriores”, observou a consultora de riscos políticos norte-americana Eurasia Group, num relatório.

As medidas de bloqueio para conter os surtos deverão ser ainda mais frequentes e duras, envolvendo dezenas de milhões de pessoas, lê-se no mesmo documento.

“Esta crise vai continuar até que a China possa lançar vacinas de RNA mensageiro desenvolvidas internamente e reforços para os seus 1,4 mil milhões de habitantes, o que ainda deve demorar pelo menos um ano”, acrescentou.

A política de zero casos implicou a suspensão das viagens de negócios e turismo ou intercâmbios académicos com o exterior.

Quem chega ao país tem que realizar uma quarentena cujo período varia entre duas e quatro semanas, dependendo da província de destino. As autoridades exigem ainda a apresentação do certificado negativo dos testes serológicos tipo IgG e IgM e o teste de ácido nucleico PCR antes do embarque."

Depois, queixem-se e chamem-me nomes por achar que anda muito optimismo mal justificado no ar. 

Era bom que se aproveitasse esta boleia para preparar a próxima etapa, antes que a maré mude outra vez.

Trecho retirado de "Ómicron deve deixar China mais isolada com insistência na política de zero casos"

domingo, janeiro 09, 2022

"Inflation and the ‘Experience Economy’"


"Inflation tends to be understood as higher prices resulting either from increased costs—global supply-chain issues and hard-to-find workers—or from increased demand, such as pent-up purchases, as well as easy monetary policy from the Federal Reserve and blowout spending from Congress. But there’s another significant factor at play: Price increases also arise from growth in the perceived value of economic offerings.
...
Consumer values have shifted greatly over the years, most notably from goods and services to experiences. As I first argued on these pages in 1997 with my business partner, Jim Gilmore, experiences are a distinct economic offering, as different from services as services are from goods.
Fundamentally, experiences offer time well spent. People value the time they spend in experiences, resulting in a memory (and, so often these days, a trail of social media posts).
...
Unfortunately, the government still classifies experiences as services. The latter, however, merely provides time well saved. The disparity in value is too profound between, say, going to a dry cleaner and a concert, between having your oil changed and changing your physique at a gym, between home delivery of goods and the spending the day with your family at a theme park.
...
That’s why Walt Disney World outpaced measured inflation by so great a rate—because consumers value its experience more than the average market-basket good and are willing to pay much more for it relative to other offerings. This same effect is true for the myriad experiences that make up today’s “Experience Economy.”
Consumers also value their time more highly than they used to. They want goods and services to be commodities—bought at the lowest possible price and greatest possible convenience—so they can spend their hard-earned money and their harder-earned time on experiences they value more highly."

sábado, janeiro 08, 2022

Puro sumo!!!

Para pessoas e para empresas. Puro sumo!!!

Acerca do i) recordo, para começar, "Managing the Unexpected - Sustained Performance in a Complex World" de Karl Weick e Kathleen Sutcliffe: 

"Preoccupation with failure, the first high-reliability organization (HRO) principle, captures the need for continuous attention to anomalies that could be symptoms of larger problems in a system."

Acerca do iii) recordo Youngme Moon e a mensagem de "Different" em "There’s nine times more to gain by elevating positive customers than by eliminating negative ones"

Acerca do iv) recordo David versus Golias em Lidar com os Golias!



sexta-feira, janeiro 07, 2022

Agricultura, como se aumenta a rentabilidade?

A propósito de "Trabalhadores precisa-se. Nos olivais, o chão está "solado de azeitona" porque não há ninguém para a apanhar" fiz este esquema:
Primeiro começamos com Erik Reinert acerca da rentabilidade da agricultura em "How Rich Countries Got Rich . . . and Why Poor Countries Stay Poor":
"Generally increasing returns goes with imperfect competition; indeed, the falling unit cost is one cause of the market power under imperfect competition. Diminishing returns - the inability to extend production (beyond a certain point) at falling cost - combined with the difficulty of product differentiation (wheat is wheat, while car brands are very different) are key elements in creating perfect competition in the production of raw material commodities. The exports of the rich contain the `good' effects - increasing returns and imperfect competition - whereas traditional exports of poor countries contain the opposite, the `bad' effects"
A baixa rentabilidade só permite pagar salários baixos, o que a par da demografia leva à falta de trabalhadores. O recurso a imigrantes é uma consequência natural desta "race to the bottom".

Como sair deste ciclo vicioso?

Aumentando a rentabilidade!

Como se aumenta a rentabilidade? Apostando na concorrência imperfeita. Duas possibilidades:
"Cooperativa Agrícola dos Olivicultores de Sousel quer continuar com olival tradicional para manter a qualidade do azeite" [Moi ici: Recordar, por exemplo, a minha relação com o azeite de produção intensiva]

quinta-feira, janeiro 06, 2022

Suspeito de demasiado optimismo

No Jornal de Notícias de segunda-feira encontrei o artigo, "Têxtil-lar no Vale do Ave sem mãos para as encomendas".

Achei interessante os sublinhados que se seguem. Suspeito de demasiado optimismo:
"Na altura em que as empresas asiáticas encerraram, em virtude da covid-19, o comércio de produtos têxteis não parou. As pessoas deixaram de comprar vestuário, com os confinamentos e o teletrabalho, mas passaram a dar mais importância ao conforto e à decoração do lar. As marcas que antes mandavam fazer na Ásia foram obrigadas a procurar soluções em outras geografias.
...
Segundo Mário Jorge Machado, presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, os custos de contexto, a energia e os impostos determinaram o fim da competição pelo preço. [Moi ici: Gostava de acreditar nesta conclusão, acho demasiado cedo para chegar a ela. Sim, o artigo é sobre o têxtil-lar]
...
Para este investigador, o têxtil português sobreviveu porque se reinventou, passou de uma indústria que vendia pelo preço baixo para uma que vende valor acrescentado e que tem marca própria. [Moi ici: Gostava de acreditar nesta conclusão, acho demasiado cedo para chegar a ela. Sim, o artigo é sobre o têxtil-lar]
...
A China continua na competição pelo preço, mas, segundo o investigador, "este já não é o campeonato das nossas empresas. "Depois dos transportes e da refinação, a indústria a têxtil é o maior poluente do planeta", aponta João Gomes. Isto apresenta-se como uma oportunidade para a indústria portuguesa, "porque já está a traçar o caminho de uma produção mais sustentável e com maior valor acrescentado e isso é reconhecido pelos clientes". [Moi ici: Se é um factor relevante, porque é que foi preciso a covid-19? Ainda não percebeu que o factor crítico não é a produção menos poluente, mas também a redução da produção. Recordar a Inditex]

Numa coluna encontro o título: "Quando a China fechou, o têxtil aproveitou a oportunidade" onde se pode ler:

"Clientes que fogem da Ásia atraídos por processos eficientes e pela inovação" [Moi ici: Fogem da Ásia por causa da covid-19 ou por causa da inovação?]

As encomendas no sentido da subida na escala de valor têm de ter preço unitário mais elevado e serem de menores quantidades.

quarta-feira, janeiro 05, 2022

O leilão de bondades


Como ouvi ontem Sérgio Sousa Pinto dizer, a política em Portugal é um leilão de bondades.

"Programa do PS abre a porta às "semanas de quatro dias" e a salário mínimo de 900 euros"

Lembrei-me logo do velho (Julho de 2007) “Nós não estudámos até ao fim todas as consequências das medidas que sugerimos”.

Estão a imaginar um Estado exaurido e depauperado a ter que lidar com semanas de quatro dias em todos os serviços que trabalham por turnos? Estão, por exemplo, a imaginar o impacte desta medida (semanas de quatro dias) no Serviço Nacional de Saúde?

Conseguem imaginar o governo a avançar com essa medida e a assegurar ao presidente da república que não trará custos adicionais para o Estado. E o presidente a aceitar tais garantias. Pois ... Aquilo que qualquer gestor de pessoas numa empresa que trabalha 24 horas por dia e 7 dias por semana sabe.

Ainda acerca do leilão de bondades, e um espelho para a minha ingenuidade em 2012, Agora é que vão começar as decisões políticas.

Quais as consequências de um leilão de bondades?

Interessante como a chamada comunicação social não pensa nas consequências do que se apregoa e engole tudo passivamente.

"The future doesn’t happen to us; it happens because of us"


Ao longo dos anos procuro aplicar esta técnica de começar pelo fim:

Por isso, "How to build a breakthrough" fixou a minha atenção:

"The future doesn’t happen to us; it happens because of us

The future is not like the weather. It doesn’t just happen. People make the future. It’s not a destiny or hope; it’s a decision.
...
Breakthrough builders are visitors from the future, telling us what’s coming.
They seem crazy in the present but they are right about the future.
Legendary builders, therefore, must stand in the future and pull the present from the current reality to the future of their design. [Moi ici: Por isso é que em 2008 já usava a corda ninja. Para, colocado no futuro, puxar pelo presente] People living in the present usually dislike breakthrough ideas when they first hear about them. They have no context for what will be radically different in the future. So an important additional job of the builder is to persuade early like-minded people to join a new movement.
That means that most of your friends, advisors, and even investors are useless at helping you identify a breakthrough.
Getting out of the present and standing in the future is the first key to finding a breakthrough."

Mas o artigo tem mais que se lhe diga. 

Continua 

terça-feira, janeiro 04, 2022

Tácticas de subida na escala de valor (parte I)

No meu arsenal para desenhar tácticas de subida na escala de valor uma das abordagens possíveis passa pela mudança de cliente-alvo, ou seja pela mudança do resultado desejado pela procura.

Na coluna das citações aqui no blogue pode ler-se:

"When something is commoditized, an adjacent market becomes valuable"

Qual é esse mercado adjacente? Quem são os clientes-alvo nesse mercado adjacente?

Recordo o clássico exemplo da artesã de Bragança (texto de 2012):

"uma artesã dizia que não havia mercado para as suas colchas de linho... talvez haja, se calhar, deixou foi de frequentar estes espaços.

Talvez precisasse de frequentar outras feiras, noutros países, talvez precisasse de divulgar os seus produtos na internet, talvez precisasse de aproveitar os meses de Verão para expor os seus produtos nas lotadas quintas de turismo rural que se multiplicam desde a Beira-Alta até Trás-os-Montes."

Os clientes não compram um produto, os clientes compram o resultado do serviço que o produto presta na sua vida. O produto pode ser o mesmo, mas os resultados procurados e valorizados são diferentes.  

Agora reparo, é o tema da autenticidade. Quando não se pode mudar de produto, sob pena de destruir a autenticidade de um produto, muda-se de mercado!!! 

Também o tema das conservas Comur que apareceu na imprensa em Dezembro passado. 

Uma variante desta aboradgem é o exemplo da Viarco. Aqui mantiveram os produtos, criaram alguns novos, mas mudaram de clientes-alvo: Mandamentos para os gestores das unidades com futuro

No caso da sua empresa faz sentido esta abordagem?

segunda-feira, janeiro 03, 2022

"Lives of quiet desperation" (parte II)

Na parte I, a 2 de Julho de 2020, escrevi:

"Ontem passei o dia todo fechado numa empresa. Saí já depois das 19h e enquanto conduzia dei comigo a ouvir um programa na Rádio Renascença onde os comentadores do regime alinhavam com o governo e diziam amém a duas nacionalizações. Nem uma voz contra, nem uma voz a desdizer a narrativa oficial sobre a EFACEC ou sobre a TAP.

Mais dinheiro impostado aos contribuintes torrado em delírios da corte lisboeta. Mais pedras no saco às costas das empresas que têm de fazer corridas com empresas de outros países com governos menos atreitos a orgias socialistas.

Isto nunca vai ter fim, este país nem com 5 troikas vai mudar. Ingenuidade pensar que a UE nos ia proteger...

A 1 de Setembro de 2007 no Expresso, Daniel Bessa escreveu:

"... faltou sempre o dinheiro que o "Portugal profundo" preferiu gastar na "ajuda" a "empresas em situação económica difícil"..."

Hoje, 3 de janeiro de 2022, leio "Governo prepara plano B alternativo à venda da Efacec". Empresas tão boas que ninguém está interessadas nelas.

O que é que isto revela acerca dos comentadores do regime?

Não seguir receitas

"One sort of job requires people to follow a recipe.

Another, better sort of job requires people to understand the recipe.

If you understand it, that means you can change it. You have resilience and insight and the leverage to make it better."

Sempre tive horror a seguir receitas. Seguir receitas é mais fácil, mas não tem em conta a especificidade do outro e, também, não tem em conta a evolução pessoal.


Trecho retirado de "Recipes"


domingo, janeiro 02, 2022

“I don’t think organizations do enough self-reflection and self-awareness"

"Setting goals requires self-understanding,
...
You need to know who you are today to get where you want to go tomorrow,” he says. “I don’t think people do enough self-reflection and self-awareness. They go through life and let life happen to them versus stepping back, looking at where they’re at today, and defining who they want to become.”"

Trechos bem alinhados com as preocupações manifestadas aqui no blogue acerca das folhas na corrente. Empresas que vão ao sabor dos acontecimentos: "you need to spend time doing things that feel ridiculously unproductive" e "Quando o quotidiano assume o comando".

Trechos retirados de "How the pandemic changed priorities and goal setting for 2022"