terça-feira, fevereiro 06, 2018

A caminho de Mongo

Mongo é a designação que dou à metáfora que ilustra o universo económico para onde caminhamos, um mundo de cada vez mais diversidade e cada vez mais afastado da produção em massa que caracterizou o século XX.

Eis o que encontrei em "The Anxious Optimist in the Corner Office - What’s on the mind of 1,293 CEOs around the world?" - PwC's 21st CEO Survey (claro que estes CEO não são de PME)
"Echoing the theme of the World Economic Forum this year, PwC’s 21st CEO Survey speaks to how companies are navigating an increasingly fractured world. We asked CEOs to consider a number of opposing political, economic, and trade trends and pick a side in terms of which way the world was moving (see Exhibit 11). The results are revealing.
...
Q Considering the following opposing political, economic, and trade trends, please select the one you believe the world is moving more towards:
most CEOs see the world moving ... towards multiple belief systems and rules of law, regional trading blocs and increased tax competition, and rising nationalism and diverse economic models. In the wake of Brexit, the Trump administration’s withdrawal from trade"

BTW, neste tempo de interesse nos riscos, também por causa da ISO 9001, à pergunta sobre qual o risco mais elevado para os CEO europeus temos:
Como não pensar logo nos populistas que por cá querem criar mais barreiras à criação de riqueza.

Objectivos e indicadores

Para um fã do balanced scorecard isto não podia passar despercebido
"Setting goals is critical. Goals provide direction, help you focus, prioritize your time and energy, and ensure that you can objectively prove you've advanced the company's agenda.
.
But just any goal won't do. Research shows that goals are not only important but also that the level of specificity and difficulty matters. Goals that are both clear and challenging drive higher levels of performance.
...
Objectives are the "big picture." They answer the questions "Where do we want to go?" and "What do we want to do?" Also, objectives are where Google encourages its employees to stretch themselves, be ambitious, and embrace uncertainty. If you don't get nervous or feel a little uncomfortable after setting a goal, then you haven't reached high enough.
...
Key results should answer the question, "How will we gauge ourselves to see If we're getting there?" They should focus on making the objective achievable and quantifiable, and lead to unbiased grading..
Google suggests three key results per objective. Key results, per Google, "express measurable milestones which, if achieved, will directly advance the objective.
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When writing key results, make sure that you're describing desired outcomes not just listing a bunch of action steps.[Moi ici: Recordar a praga dos Planos de Actividades]
...
Consider making objectives visible to the entire organization. Google includes everyone's goals on their internal directory. I love this idea. I'm sure that by being transparent, teams uncover synergistic objectives that lead to increased collaboration. Also, if I'm being honest, I would be much more motivated to write great goals if I knew that the whole company would see them."
Trechos retirados de "Everyone Hates Setting Goals. Here's How Google Makes It Easier for Its Employees"

segunda-feira, fevereiro 05, 2018

O tal sorrateiramente chegou à RTP 1

Ainda na semana passada ouvi comentários sobre a criação de emprego na rádio que me fizeram abanar a cabeça.

Já aqui referi várias vezes que economia não é uma ciência como a que estuda os fenómenos que Galileu estudou, independentes do tempo.

Imaginem que estão com os pés na areia da praia, naquela zona onde as ondas rebentam. Quando a onda sobe a praia sentimos a força da água a empurrar-nos para a costa, quando a mesma água desce de volta para o mar sentimos a força a empurrar-nos no sentido oposto. Imaginem que estão na foz da ria de Aveiro a pescar enquanto a maré sobe. Depois, imaginem que estão no mesmo local enquanto a maré desce. O local é o mesmo, o nosso ponto de observação é o mesmo, mas as forças em jogo são completamente diferentes. (Os locais onde as chumbeiras ficam presas também são diferentes).

Assim, comentar decisões sobre políticas que afectam o emprego/desemprego sem ter em consideração a força e a direcção da maré é pouco sério.

Nos últimos meses tenho relatado aqui o quanto a maré do emprego mudou: Sintomas do sorrateiramente. O fim da China como fábrica do mundo que tem insuflado os PIB em toda a Europa e a demografia mudaram tudo.

O tal sorrateiramente chegou à RTP 1 (ver ao minuto 35).

Agora, por mais asneiras políticas que se façam não interessa, a maré mudou.

Respeitar é ser transparente (parte III)

Parte I e parte II.

Mergulhei entretanto na leitura do capítulo 11, "Libyan Arab Airlines Flight 114", de "Black Box" de Matthew Syed e ... devorei-o todo de uma vez. Impressionante!!!

Quando acontece o erro, quando acontece a falha, imediatamente saltamos para o pelotão de fuzilamento: é preciso encontrar e punir o culpado. Todo ele não podia estar mais relacionado com a parte II.

Voltarei ao capítulo para apresentar os meus sublinhados. No entanto, para já fiquei com trabalho de casa. O livro menciona um trabalho de Amy Edmondson o que me fez googlar o seu nome e escolher para leitura futura:
"the psychology of blame. We will see that this is an all-too common response to failures and adverse events of all kinds. When something goes wrong, we like to point the finger at someone else. We like to collapse what could be a highly complex event into a simple headline
...
The instinct to blame creates powerful and often self-reinforcing dynamics within organizations and cultures that have to be addressed if meaningful evolution is going to take place.
...
if our first reaction is to assume that the person closest to a mistake has been negligent or malign, then blame will flow freely and the anticipation of blame will cause people to cover up their mistakes. But if our first reaction is to regard error as a learning opportunity, then we will be motivated to investigate what really happened.
...
Proper investigation achieves two things: it reveals a crucial learning opportunity, which means that the systemic problem can be fixed, leading to meaningful evolution. But it has a cultural consequence too: professionals will feel empowered to be open about honest mistakes, along with other vital information, because they know that they will not be unfairly penalized—thus driving evolution still further. In short, we have to engage with the complexity of the world if we are to learn from it; we have to resist the hardwired tendency to blame instantly, and look deeper into the factors surrounding error if we are going to figure out what really happened and thus create a culture based upon openness and honesty rather than defensiveness and back-covering.
...
And yet if professionals think they are going to be blamed for honest mistakes, why would they be open about them? If they do not trust their managers to take the trouble to see what really happened, why would they report what is going wrong, and how can the system adapt? And the truth is that companies blame all the time. It is not just because managers instinctively jump to the blame response. There is also a more insidious reason: managers often feel that it is expedient to blame. After all, if a major company disaster can be conveniently pinned on a few “bad apples,” it may play better in PR terms. “It wasn’t us; it was them!”
...
Penalizing these mistakes has a simple outcome: it destroys innovation and enlightened risk-taking. In short, blame undermines the information vital for meaningful adaptation. It obscures the complexity of our world, deluding us into thinking we understand our environment when we should be learning from it."

Sobre as empresas em Portugal: factos, surpresas e weirdness

Duas perspectivas que me surpreenderam em "Firmografia: as empresas em Portugal, 2016" da Informa DB.

É importante conhecer os factos, ter uma percepção dos números para evitar dizer baboseiras demasiado evidentes, sem qualquer adesão à realidade.


Estou habituado a ouvir críticas à existência de tantas micro-empresas em Portugal (nunca me esqueço do impacte da legislação na dimensão das empresas). Não tinha a percepção de que quase 23% do volume de negócios estava nas mão destas empresas. Tinha a noção de que essas empresas representavam cerca de 30% do emprego (anda nos 27,5%).

Mais interessante foi o que descobri acerca da idade das empresas e o emprego:

Em 2016:

  • mais de 36% das empresas tinham até 5 anos;
  • quase 16% do emprego era assegurado pelas empresas que tinham até 5 anos
BTW, há qualquer coisa que não bate certo na tabela que se segue:

Como é que o sector das "Actividades Imobiliárias" só tem 30 555 empregados quando, segundo o IEFP, o mesmo sector, "Actividades imobiliárias, administrativas e dos serviços de apoio", tinha em Dezembro de 2016 mais de 98 600 desempregados registados? E, para quem não conhece os números, sublinho:
  • Em Janeiro de 2013 estavam registados no IEFP 108 204 desempregados associados ao sector das "Actividades imobiliárias, administrativas e dos serviços de apoio";
  • Em Dezembro de 2017 estavam registados no IEFP 85 744 desempregados associados ao sector das "Actividades imobiliárias, administrativas e dos serviços de apoio".

domingo, fevereiro 04, 2018

Um devir permanente

"Considering nature as purely static produces serious errors of apprehension. Nature “selects.” The idea of selects contains implicitly nested within it the idea of fitness. It is “fitness” that is “selected.” Fitness, roughly speaking, is the probability that a given organism will leave offspring (will propagate its genes through time). The “fit” in “fitness” is therefore the matching of organismal attribute to environmental demand. If that demand is conceptualized as static— if nature is conceptualized as eternal and unchanging— then evolution is a never-ending series of linear improvements, and fitness is something that can be ever more closely approximated across time.
...
But nature, the selecting agent, is not a static selector— not in any simple sense. Nature dresses differently for each occasion. Nature varies like a musical score— and that, in part, explains why music produces its deep intimations of meaning. As the environment supporting a species transforms and changes, the features that make a given individual successful in surviving and reproducing also transform and change. Thus, the theory of natural selection does not posit creatures matching themselves ever more precisely to a template specified by the world. It is more that creatures are in a dance with nature, albeit one that is deadly."
O activismo que tanto critico nos governos é em grande medida por causa deste ponto "nature, the selecting agent, is not a static selector". Quantas vezes o mundo, o habitat muda e o apoio dos governos consiste em providenciar recursos para que as organizações aguentem até que o mundo volte ao que era... só que ele não volta ao que era. O que era, o que é, nunca é um destino, mas um devir permanente. Assim, os apoios dos governos apenas atrasam o inevitável choque com a realidade. Quanto mais tarde for esse choque mais as organizações estarão desfasadas da realidade e, por isso, menos hipóteses terão de recuperar uma vida autónoma.

Trechos retirados de "12 Rules for Life: An Antidote to Chaos" de  Jordan B. Peterson.

Retratos da economia nacional

"Entre 2012 e 2016, foram as pequenas e médias empresas que apresentaram um melhor desempenho, com um crescimento mais acelerado, quer em volume de negócios, quer em colaboradores. Nas grandes empresas, o número de empregados cresceu mais do que o volume de negócio, revelando alguma perda de produtividade. Já a rentabilidade líquida melhorou em todos os escalões de dimensão, desde 2012. As empresas de controlo nacional foram também as que mais cresceram (+2,9% contra 2,2% nas empresas com controlo estrangeiro), no que respeita a volume de negócios. Em contrapartida, o número de colaboradores aumentou mais nas entidades com controlo estrangeiro.
As empresas familiares – que representam 34% do tecido empresarial – registaram um desempenho positivo, crescendo mais aceleradamente em volume de negócios – 3,3%, contra 1,6% das não familiares. Em contrapartida, as não familiares cresceram mais em emprego (2,7%)." (Fonte)

Em que é que o balanced scorecard é usado?

Ao preparar a sessão de arranque de um workshop intra-empresa sobre o balanced scorecard (BSC) para esta semana, tive a oportunidade de integrar alguns tópicos deste relatório sobre o uso do BSC, "Balanced Scorecard Usage Survey 2017".

Destaco:
"What are Balanced Scorecards being used for?.
Balanced Scorecard’s primary reported role continues to be supporting the implementation of strategy.
...
Strategic management as the major use is consistent with the trend we see for the Balanced Scorecard methodology to be a key element in organisations’ strategy execution. Initiatives are a key part of strategy execution, and so interest in improving the reporting of these is not unexpected.
...
Balanced Scorecard has become established as the primary tool for reporting on strategy implementation / execution progress to Executive level managers, and this continues to be the case. But the increased interest in Balanced Scorecard as a mechanism for incentive payments is a surprise.
...
Balanced Scorecards work by informing and improving decision-making, so they must be reported and reviewed frequently. It is encouraging that over three-quarters of organisations report using their Balanced Scorecards at least once every three months.
...
This year a larger majority (63%) of organisations reported using Balanced Scorecards based on the more effective 3rd Generation designs.
The Balanced Scorecard designs shared some common features:
• they had between 2 and 6 perspectives (average 4), using a mix of sector- specific names and common names for these perspectives
• they contained on average 10 strategic objectives and 14 initiatives, and
• they had on average 21 measures (i.e. 2.1 per objective)."


sábado, fevereiro 03, 2018

Respeitar é ser transparente (parte II)

Parte I.

Nas últimas semanas, em várias situações recordo, penso e repenso em:
"aviation has a system where failure is data rich"
Impressionante como a parte I encaixa perfeitamente nesta postura, que desconhecia por completo, do fundador da IKEA:
"Torbjorn Loof had spent days preparing his presentation for Ikea’s annual preview of new products. Back in the 1990s, product managers like himself would show off the latest ideas for flat-pack furniture and other accessories to Ingvar Kamprad, the company’s legendary founder.
.
But after just two minutes of the full-day meeting, Kamprad piped up. “I’m sorry to interrupt you but I want to change the agenda completely,” he told Loof and others present. “I only want to talk about all the mistakes you have made — it’s only through mistakes that you learn.”[Moi ici: Como me dizia o meu parceiro de conversa, quando erramos aprendemos a 100%]
...
the shock of a founder who dared his employees to make mistakes. “He wanted to know who had made the biggest mistakes in Ikea. Sometimes there were prizes for those who had made the biggest. Just imagine that,” he says."
Julgo que só se adopta esta postura perante o erro quando se está preparado e disposto a mudar algo com aquilo que se aprendeu. Se não se aprende com os erros, um erro é um custo. Se se aprende com os erros, então, um erro é um investimento em que se incorreu para tornar a organização menos vulnerável à sua recorrência no futuro.

Trechos retirados de "What will Ikea build next?"


BTW, fiquei parvo com o discurso do director clínico do hospital Pedro Hispano no programa "Sexta às 9" na RTP1 de ontem. Olha, outro assunto em que a SGS devia ser questionada por causa dos certificados que passa.


Conversa de não-fragilista

Conversa de não-fragilista:
"So the idea is you think: what’s the worst case scenario for me? What could my opponent do that would make me worse off?
.
And then you figure out what’s the best strategy against that, so you’re minimizing your maximum loss."
A economia não é um jogo de soma-nula, no entanto, recomendo a leitura de "How to outfox someone who's smarter than you"

"Giants invariably descend into suckiness" (parte V)

Parte I, parte IIparte III e parte IV.

Interessante, depois desta série com este título, encontrar este título, "How GE Went From American Icon to Astonishing Mess". 

Decididamente, Mongo não é gigantes-friendly! Apreciei sobretudo este trecho:
"Since Coffin, GE’s secret weapon—and in a way its dominant product—has been its managers. The company brought organizational rigor to the process of scientific discovery, and scientific rigor to management."
Esta é a mentalidade da tríade, a mentalidade do século XX, a lógica de Taylor.

Mongo precisa de outra abordagem de gestão.

sexta-feira, fevereiro 02, 2018

Conseguem imaginar isto? (parte II)

Recordar a parte I sobre como as fábricas da Nissan no Japão perderam a certificação da qualidade ISO 9001.

E em Portugal, depois de se provar a responsabilidade das empresas de celulose na poluição do Tejo, o que dizem as entidades certificadoras responsáveis pela certificação ISO 14001?
Por que é que ninguém mete as entidades certificadoras ao barulho?

Foi o mesmo desafio que lancei há anos sobre Cacia. Pena que os partidos políticos só se metam nisto pelos decibéis. Metendo as entidades certificadoras a responderem a perguntas sobre os certificados que emitem fariam tudo piar mais fino. Assim, ficam caladas à espera de passar incólumes por entre os pingos da chuva.




5 passos

Julgo que estes 5 passos são úteis para muitas empresas.
"#1. Start with a big, undeniable change that creates stakesNo matter what you’re selling, your most formidable obstacle is prospects’ adherence to the status quo. [Moi ici: Recordo logo as forças da inércia(hábito) e da ansiedade que introduzem fricção que bloqueia ou dificulta a mudança] Your primary adversary, in other words, is a voice inside people’s heads that goes, We’ve gotten along just fine without it, and we’ll always be fine without it.
How do you overcome that? By demonstrating that the world has changed in such a fundamental way that prospects have to change, too.
...
#2. Name the enemyLuke fought Vader. Moana battled the Lava Monster. Marc Benioff squared off against software.
One of the most powerful ways to turn prospects into aspiring heroes is to pit them against an antagonist.
...
Naming your customer’s enemy differentiates you — not directly in relation to competitors (which comes off as “salesy”), but in relation to the old world that your competitors represent. To be sure, “circle-slash” isn’t the only way to do that, but once you indoctrinate audiences with your story, icons like this can serve as a powerful shorthand.
...
#3. Tease the “Promised Land”In declaring the old way to be a losing path, Drift plants a question in audiences’ minds: OK, so how do I win?
It‘s tempting to answer that question by jumping right to your product and its capabilities, but you’ll be wise to resist that urge. Otherwise audiences will lack context for why your capabilities matter, and they’ll tune out.
Instead, first present a glimpse of the “Promised Land “— the state of winning in the new world. Remember, winning is not having your product but the future that’s possible thanks to having your product:
...
However you do it, your Promised Land should be both (a) desirable (obviously) and (b) difficult for prospects to reach without you. Otherwise, why do you exist?
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#4. Position capabilities as “magic” for slaying “monsters”Once audiences buy into your Promised Land, they’re ready to hear about your capabilities. It’s the same dynamic that plays out in epic films and fairy tales: We value Obiwan’s gift of a lightsaber precisely because we understand the role it can play in Luke’s struggle to destroy the Death Star.
So yes, you’re Obiwan and your product (service, proposal, whatever) is a lightsaber that helps Luke battle stormtroopers.
...
#5. Present your best evidenceOf course, even if you’ve laid out the story perfectly, audiences will be skeptical. As they should be, since your Promised Land is by definition difficult to reach!
So you must present evidence of your ability to deliver happily-ever-after. The best evidence is stories about people—told in their own voices—who say you helped reach the Promised Land:"
Trechos retirados deste interessante texto "The Greatest Sales Pitch I’ve Seen All Year"

"It's as much about what you don't do"



quinta-feira, fevereiro 01, 2018

A viagem dos heróis

"That’s because it casts the company as a customer-conquering hero:
...
What would it look like if, instead, your positioning was rooted in a story in which the customer was the protagonist? You would have to invite the customer on some kind of journey to a new, presumably happier place:[Moi ici: Se o cliente é o protagonista, então ele não tem de ser convidado para fazer qualquer viagem. É ele que escolhe as viagens que quer fazer, onde quer chegar, que progresso precisa de fazer. Um potencial fornecedor é uma hipótese/ferramenta que ele pode utilizar para atingir esse destino desejado]
...
Regarding competitors, Cancel simply advises:
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Don’t worry about them at all. [Moi ici: Eheheheh fugir do comportamento à la Dastardly]
What is positioning, if you’re not going to talk about how you’re different from competitors?
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It’s about becoming so customer-centric that customers don’t even think about your competitors. How do you do that? Like Cancel, start by inviting customers on an irresistible journey. [Moi ici: Percebo a ideia, mas tem de ser melhorada neste ponto de vista do convite. Os fornecedores é que querem ser convidados] The journey must be made urgent by a change in the world that makes the status quo untenable, and its destination must be a desirable yet difficult-to-reach Promised Land. Whereas a traditional positioning statement aims to conquer prospects into submission (getting them to say: “Yes, your products are the best”), positioning via the Promised Land seeks validation (getting them to say: “Yes, you’re telling my story”).
...
I see my role as helping these teams switch metaphors: from the competitor-centric combat one (traditional positioning statement) to the customer-centric journey one (Promised Land narrative). How do I know they’ve got it? When their pitch starts sounding less like an infomercial and more like a movie.
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Always a movie, though, in which the customer is cast not as territory to be won, but as the hero of his or her own epic adventure."

O festival de ANTRAIS

A propósito de "Impressão 3D. Uma revolução tão grande como foi a Internet" vamos esquecer a publicidade descarada à HP e mergulhemos no que está à vista e não é verbalizado:
"Daqui a menos de 20 anos, um em cada dois produtos industriais será impresso em 3D. [Moi ici: Acreditemos nestes números só para pensarmos nas consequências. O que vai acontecer ao modelo de produção herdado do século XX? O que vai acontecer ao modelo de emprego gerado pela Revolução Industrial? O que vai acontecer ao ecossistema do comércio herdado do século XX? O que vai acontecer à receita da impostagem sobre os circuitos comerciais do século XX?]
...
“quando a Internet foi inventada, poucas pessoas imaginaram o impacto enorme que ela teria na forma como vivemos e trabalhamos. A impressão 3D pode ser uma repetição da História“. A frase é de um economista do banco holandês ING que elaborou um relatório aprofundado sobre a impressão 3D e sobre as últimas inovações nesta área, capazes de levar esta tecnologia da “infância” atual para uma revolução comparável à Internet. Uma preocupação fundamental do relatório é a seguinte: quando tudo for impresso em 3D, localmente, o que é que vai ser do comércio entre os países ou, por outras palavras, com que é que se vai encher os navios-contentores? ...
com a impressão 3D podem evaporar-se até 40% das trocas comerciais entre os países — não só as que viajam em navios-contentores mas por qualquer outra via. Se a impressão 3D evoluir tão rapidamente quanto se prevê no estudo, quase metade dos produtos irá deixar de ser fabricada num país e, depois, viajar até mais perto do consumidor final. [Moi ici: Interessante, os holandeses concentrados no modelo de negócio principal do país, porto de mar de entrada e saída de bens da Europa]
...
A impressão 3D é mais do que um método de produção alternativo — pode ser uma revolução na forma como quase tudo é produzido, uma revolução no modelo económico que irá permitir mais personalização (e, portanto, mais valor acrescentado e mais receitas) e tempos de entrega mais rápidos, com a produção mais próxima do consumidor. [Moi ici: E mais do que a personalização, a co-criação. Eu, utilizador posso trabalhar em conjunto com o especialista em programação de sapatos para fazer a sapatilha à minha maneira e para o meu pé]
...
Um modelo de produção em impressão 3D envolve menos mão de obra. Conforme os setores, pode poupar-se muito em todo o processo, desde menos pessoas a trabalhar em linhas de montagem até menos funcionários necessários para transportar matérias-primas e produtos.[Moi ici: Um modelo de produção em impressão 3D precisa de empresas ao estilo do século XX? Posso aceder a programas livres ou comprar um serviço de programação a um especialista/designer e ir fazer a impressão na makerspace cooperativa da minha zona]"
Conseguem imaginar o festival de ANTRAIS a pedir aos governos que proíbam a impressão 3D para salvar os modelos do século XX listados lá em cima?


O imediato e o salto

Um destes Sábados fui a uma empresa familiar para ter uma reunião com o responsável da Produção.
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A certa altura, na sala de reuniões com paredes de vidro, apercebo-me que praticamente todos os membros da família vieram trabalhar nesse dia, um dia em que a fábrica está parada.
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Saltemos agora para "Black Box" de Matthew Syed:
 "By dividing a big challenge into small parts, you are able to create rigorous tests, and thus deliver incremental improvements. Each may seem small or, as Brailsford often says, "virtually negligible," but over time, and with discipline, they accumulate. You eventually reach the optimum point, the summit of the smaller hill. This is the Local Maximum. It is often the difference between winning and losing, whether in sports, business, or speed-eating hot dogs. But this visualization also reveals the inherent limitations of marginal gains. Often in business, technology, and life, progress is not about small, well-delivered steps, but creative leaps. It is about acts of imagination that can transform the entire landscape of a problem. Indeed, these are sometimes the most important drivers of change in the modem world."
Depois de ler este trecho não pude deixar de recordar aquela gente empenhada da fábrica daquele Sábado..

Quando se está tão assoberbado pelo imediato, é difícil o distanciamento para pensar na "Innovative Change". Lembro-me de ler, há muitos anos, que essa era uma das lições da história de Job no Antigo Testamento.

Já depois de escrever o texto acima li:
"epiphanies often happen when we are in one of two types of environment.
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The first is when we are switching off: having a shower, going for a walk, sipping a cold beer, daydreaming. When we are too focused, when we are thinking too literally, we can't spot the obscure associations that are so important to creativity. We have to take a step back for the "associative state" to emerge." 

quarta-feira, janeiro 31, 2018

Amazing Portugal

Esta tarde circulava de carro enquanto ouvi um noticiário da Rádio Renascença. A certa altura oiço Mário Nogueira, líder da FENPROF, enunciar as conclusões (eu escrevi bem, enunciar as conclusões) de um estudo que vai ser liderado por Raquel Varela e que vai durar vários meses. O estudo ainda nem começou e já têm as conclusões. Extraordinário.

Este é um país onde estas coisas acontecem e os media toleram sem perguntas, sem dúvidas, sem noção do ridículo.

Ontem, o presidente do sindicato dos oficiais de justiça pedia um regime excepcional para aposentação aos 60 anos. Hoje, entre as conclusões que Mário Nogueira enunciou estava: a necessidade de u regime excepcional de aposentação para os professores.

Este é um país que não se enxerga. Criam excepções para quem não está sujeito à Lex Rhodia:
"Now while they jettisoned particular goods, all owners were to be proportioned the costs of the lost merchandise, not just the specific owners. For it turned out that they were following a practice that dates to at least 800 B.C., codified in Lex Rhodia, Rhodian Law, after the mercantile Aegean island of Rhodes; the code is no longer extant but has been cited since antiquity. It stipulates that the risks and costs for contingencies are to incurred equally, with no concern of responsibility. Justinian’s code[6] summarizes it:
“It is provided by the Rhodian Law that where merchandise is thrown overboard for the purpose of lightening a ship, what has been lost for the benefit of all must be made up by the contribution of all.”"[Moi ici: Em caso de crise das contas públicas quem é que cai no desemprego?]

O que é que isto quer dizer?

Esta manhã numa fábrica de calçado, enquanto aguardava ser atendido, comecei a folhear uma revista La Conceria (versão inglesa).

A certa altura deparo com uma nota de rodapé nas páginas iniciais que me pôs a pensar: 1 em cada 4 pares de sapatos comprados na Alemanha são comprados online.

O que é que isto quer dizer para quem produz?

Como alguém, numa outra fábrica de calçado, costuma dizer: os sapatos terão de ser produzidos por alguém.

Sim, mas como é que quem produz estabelece relação com os donos das novas prateleiras? Em que feiras é que eles estão? Será que vão a feiras? Será que eles pensam em épocas ou têm outra frequência mais acelerada? Quem faz parte dos seus ecossistemas?

"To defeat a network, we had become a network"

"There is no such thing as an organizational panacea—the details will always be different for different people, places, and objectives—but we believe that our model provides a good blueprint.
Eventually, we all have to take a leap of faith and dive into the swirl. Our destination is a future whose form we may not find comforting, but which has just as much beauty and potential as the straight lines and right angles of the past century of reductionism: this future will take the form of organic networks, resilience engineering, controlled flooding—a world without stop signs.
...
To defeat a network, we had become a network. We had become a team of teams."
E relacionar este "To defeat a network, we had become a network." com a tendência para trabalhar com ecossistemas e plataformas para moldar um mercado? É claro que a guerra não é uma boa metáfora para o mundo económico, mas dá que pensar.


Trechos retirados de "Team of Teams: The Power of Small Groups in a Fragmented World" de Stanley McChrystal e Chris Fussell.