Ao ler "
That Noise You Hear Is the Sound of Globalization Going Into Reverse" nasceu em mim uma teoria da conspiração.
Há muito neste blogue que se fala do refluxo da maré da globalização e da reindustrialização da Europa. Fenómeno que represento metaforicamente com uma imagem da Torre de Babel. Por exemplo:
- "Exige um pouco mais de sofisticação intelectual do que ir comprá-la simplesmente ao supermercado" (Dezembro de 2010)
- Pós pico da globalização... (Abril de 2011)
- A reindustrialização em curso (Dezembro de 2012)
- Passamos ao nível seguinte do jogo? (Fevereiro de 2015)
- Globalização, uma maré a recuar (Abril de 2015)
- "o impacte da "reversão" da maré da globalização" (Setembro de 2016)
- Turn, turn, turn (Novembro de 2016)
- "Estou otimista ... é fantástico." (Novembro de 2016) [onde escrevi: BTW, tenho uma teoria da conspiração acerca da globalização. A globalização está a recuar, não por causa de barreiras alfandegárias mas por causa de coisas que falo aqui no blogue: rapidez, flexibilidade, interacção, co-criação, salários na China, Evangelho do valor, ... Quem perde com o retrocesso da globalização? As empresas grandes, as marcas grandes (ver o marcador hollowing), quando os Trumps da direita e da esquerda agora vêm falar dos perigos da globalização desconfio que andam a tramar algo para impedir a hemorragia das empresas grandes nem que para isso tenham de tramar as PME deste mundo.]
- Em curso o fim da globalização (Maio de 2017)
E nunca esquecer uma
especulação feita aqui em Agosto de 2008.
Qual é a teoria da conspiração?
10 anos depois do pico da globalização, 10 anos depois da maré ter mudado, 10 anos depois de se começar a falar em reindustrialização do Ocidente é que se inicia uma guerra de taxas alfandegárias? Quem é que tem a ganhar com isso?
As empresas que foram para a China mantiveram-se em jogo com base no preço/custo e nunca foram obrigadas, ou sentiram necessidade de um esforço de subida na escala de valor. Agora que o modelo baseado na China deixa de ser viável até para essas empresas grandes, elas percebem que não têm ADN competitivo para outra forma de competição. Por isso, sentem que precisam de tempo para arranjar uma alternativa. Nada que uma mão amiga no poder político não possa fazer: criar uma barreira alfandegária protectora.
Quem serão os principais prejudicados?
Os consumidores e ... as empresas que nunca embarcaram na produção na China e, por isso, tiveram de se adaptar ao mundo competitivo tendo em conta outros factores que não o preço.
BTW, o título do Wall Street Journal é um bom sinal da cegueira em que o mainstream financeiro vive face à economia real. Até parece que a globalização só agora vai ser revertida. Come on!