sábado, fevereiro 20, 2010

A morte lenta

"Reconhecendo que as qualificações dos portugueses, de um modo geral, «continuam a ser muito baixas», Alberto Castro recordou existirem países «com qualificações semelhantes» que têm níveis per capita «piores que os nossos». Por isso, o factor que mais o preocupa é «a qualidade do empresário e da gestão». «Muitas das nossas empresas não têm uma gestão profissional» e, como tal, estas «não têm capacidade para perceber alguns dos desafios» que enfrentam. Nesse sentido, as PME têm «grandes e graves debilidades», algo «já confirmado por vários estudos internacionais»."
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Solução? Apoiar essas empresas com subsídios e outros estratagemas...
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Em vez de deixar estas empresas, que não se actualizaram, que não evoluíram, continuarem a consumir recursos da comunidade por que não deixá-las morrer de vez?
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É preciso que os recursos da comunidade (recursos privados e públicos) sejam transferidos para as experiências de futuro e com futuro.
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Quem sabe o que é de futuro e com futuro?
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Ninguém!!! Por isso, há que facilitar a experimentação, o arranque de novas empresas. Depois, quem tiver unhas que toque guitarra, servindo os clientes, não captando subsídios e apoios vários.
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As que falharem, falharam ponto. Não é um drama. Há que rapidamente canalizar os recursos que sobram para outras apostas.
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Mas como empresas que fecham são mais desempregados... há, politicamente, o interesse em conter os números. Logo, apoiem-se as empresas, se têm futuro... isso é secundário. Logo, desviam-se recursos da comunidade para atrasar o inevitável... é a tal morte lenta.
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Trecho retirado de "«Vamos ter um ano crítico ao nível do emprego»" incluído no semanário Vida Económica.
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BTW, nestas condições, por mais formação que se dê, nunca se abandona a corda bamba.

Retratos das Associações empresariais deste pais

Mais um artigo revelador do carácter de parte do nosso tecido empresarial. É também por causa disto que sou contra os apoios às empresas.
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Do semanário Vida Económica destaco este artigo "NÃO HÁ SINAIS DE RETOMA".
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Segundo várias Associações empresariais de sectores da industria não há sinais de retoma. E os principais problemas são:
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"-De natureza exógena: a crise económica (mundial e nacional), com reflexos no consumo, no investimento e nas exportações.
- De natureza endógena: Debilidades do tecido empresarial em termos de subdimensionamento, falta de visão estratégica , baixa qualificação dos recursos humanos; estrangulamentos no acesso ao crédito e aos seguros de credito à exportação por parte das PME."
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Perante estes problemas o que é que as Associações se propõem fazer...
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Estão à espera?
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Eu também!!!
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Pois bem, segundo a Vida Económica as medidas prioritárias reclamadas são:
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"- Assumem , em regra , carácter transversal e apontam para:
  • maior rapidez e eficácia nas decisões dos tribunais;
  • manutenção dos estímulos à actividade económica pelos poderes públicos;
  • implementação eficaz dos programas de apoio sectorial já aprovados;
  • enfoque nas PME com vocação exportadora;
  • agilização e maior transparência no QREN;
  • pagamento do IVA no acto de recebimento, reajustamento do pagamento especial por conta e celeridade no pagamento do Estado aos fornecedores (medidas estas a discutir em sede do novo Orçamento de Estado);
  • flexibilização da lei laboral , e em particular no que se refere aos ajustamentos do quadro de pessoal às necessidades das empresas sem que tal implique incomportáveis ónus financeiros."
Stop!!! Deve haver aqui algum engano... a solução dos problemas das PMEs que pertencem a estas Associações passa por esta lista de medidas prioritárias reclamadas?!?!?!?!
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Brincamos certamente!!!
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Em que é que estas medidas ajudam a conquistar clientes?
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Estas medidas são reclamadas por pessoas que têm o locus de controlo no exterior... é o papá Estado que nos vai resolver os nossos probemas... Good Lord take me out deste filme!!!
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Como se conquistam clientes?
Como se cria valor?
Como se seleccionam clientes-alvo?
Como se mudam estratégias?
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Por isso é que cada vez mais aprecio o sector do calçado. No passado dia 10 de Fevereiro assisti a uma cerimónia no Centro Tecnológico do Calçado em São João da Madeira, no final da mesma, já em jeito de balanço, quem presidia à mesa, fez um discurso de encerramento de improviso. Convidou os presentes a comparar a evolução do sector em Portugal entre 2000 e 2008, com a evolução no mesmo período de tempo em Espanha e em Itália, pôs a ênfase nas estratégias que os actores, as empresas, implementaram. Por fim, concluiu pela necessidade de continuar na mesma senda de diferenciação, valor acrescentado, serviço...
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Uf! Que alívio... ar puro. Gente que agarrou o touro pelos cornos. Adultos que são responsáveis pela sua vida e não crianças sempre à espera do papá.

Prepare to be dazzled (parte I)

No semanário Vida Económica encontrei este artigo "APCER prevê aumento de PME certificadas nos próximos três anos" de onde destaco os seguintes trechos:
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"Portugal tem cerca de oito mil empresas certificadas, constata José Leitão. Número que, no entanto, poderia ser maior. Isto porque falta chegar às PME e às microempresas.
Esse é, segundo o CEO da APCER, o próximo passo. Sendo que já se sente algum movimento nesse sentido. «Nos próximos três anos vão aparecer centenas de empresas certificadas, principalmente PME», antevê José Leitão. (Moi ici: Gostava de saber quantas empresas deixaram de ser certificadas nos últimos 2 anos.)
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Segundo um estudo da Mark test sobre a «A certificação nos hábitos de compra dos portugueses», cerca de 96% dos inquiridos revelaram ter noção do conceito «certificação». No entanto, o estudo também provou que, actualmente, ainda não existe uma comunicação eficaz entre as empresas e os consumidores. A prova está no facto de nem todas as organizações certificadas serem (re)conhecidas como tal.
«Há muitos produtos que são feitos por empresas certificadas e que os consumidores não o sabem», constatou José Leitão. (Moi ici: Tem graça, quando eu comecei no mundo da qualidade aprendi que quando uma empresa é certificada, o que é certificado é a empresa, a sua organização, não os seus produtos ou serviços. Aliás, uma empresa não pode apor o símbolo de empresa certificada nas embalagens dos seus produtos.)
Esta lacuna deve ser encarada não como um problema mas como uma oportunidade. As empresas têm de começar a comunicar não só que são certificadas e em que produtos/serviços, mas também explicar as vantagens da certificação. Porque está provado que têm influência no acto da compra. (Moi ici: Provado onde? Quem tiver um mínimo de conhecimento de como são feitas as auditorias de concessão e de como funcionam muitos dos sistemas certificados sabe perfeitamente que que isto não é verdade.)
Esta situação de desconhecimento não ocorre em todas as áreas. A alimentação e a saúde já são reconhecidas e premiadas pelo facto de terem certificações. (Moi ici: Provas? Com números de vendas e rentabilidade? Comparando o desempenho médio de empresas certificadas versus empresas não certificadas nos mesmos sectores de actividade) Nas análises clínicas, por exemplo, o certificado é exibido logo à entrada. O que determina a escolha de um doente de efectuar ali as suas análises. (Moi ici: Provas?)
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Certificação influencia decisão de compra
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O estudo da Marktest provou que a certificação pode levar a diferentes tomadas de decisão dos consumidores aquando do acto da compra. Mas é esse o único benefício da certificação? Não! José Leitão explica que é um factor cada vez mais primordial quando se efectuam negócios com empresas internacionais. O ter um certificado é cada vez mais exigido como um pré-requisito. Mesmo em Portugal, os concursos públicos já o exigem." (Moi ici: Isto não conta para as PMEs e micro-empresas do começo do artigo.)
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Na parte II vou citar um artigo sobre o estudo realizado a mais de 700 empresas em Espanha que vai de encontro à minha percepção sobre os sistemas de gestão da qualidade. Um artigo em que os autores concluem, com base em números não conversa da treta, que as empresas certificadas têm pior desempenho que as não certificadas. E mais, que o desempenho médio das empresas deteriora-se após a certificação.
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Mas claro, como escreveu Upton-Sinclair e está ali na coluna das citações "It is difficult to get a man to understand something, when his salary depends upon his not understanding it"
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BTW, um artigo que tenho na minha pasta para estudar é sobre o uso de inquéritos de avaliação da satisfação de clientes em Portugal e Espanha. Cada vez sou mais crítico sobre o uso de inquéritos para avaliar a satisfação dos clientes. Esta semana, em conversa com o administrador de uma PME que partilha da minha desconfiança em relação aos inquéritos, entre sorrisos, contou-me esta estória pessoal:
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Esta semana, tinha sido convocado a comparecer na escola de um dos filhos. Uma vez lá chegado percebeu que o assunto era por causa de uma resposta que o filho tinha dado num inquérito (daqueles que se preenchem com cruzes) feito pela escola. À pergunta "Costuma vir para a escola de manhã sem comer, sem tomar o pequeno almoço?" O filho respondeu "Sempre!!!"
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O pai ficou atónito, mas é claro que o filho tomava pequeno-almoço antes de ir para a escola!!!!???
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O pai saca do telemóvel, liga ao filho e pergunta-lhe porque é que ele respondeu daquela forma:
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"Sei lá! Puseram-me um inquérito chato à frente e eu respondi ao calhas!!!"
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Continua, parte II com números interessantes.

sexta-feira, fevereiro 19, 2010

A importância da proposta de valor

Ontem no Jornal de Negócios encontrei este artigo "Até onde deve ir a inovação?"
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Interrogo-me se o autor não estará a confundir proposta de valor com o produto.
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A propósito deste tema chamo a atenção para os trechos que se seguem, retirados do fabuloso livro "Delivering Profitable Value - A Revolutionary Framework to Accelerate Growth, Generate Wealth, and Rediscover the Heart of Business" de Michael Lanning:
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"An often-told tale is Sony's defeat by Victor in the video cassette recorder (VCR) market. Sony introduced Betamax at nearly the same time that Victor introduced VHS. Most analysts say that Beta's playback picture quality was noticeably superior to that of VHS, whereas the recording picture quality of both was about equal. However, most VCR usage involved playing rented movies; recording was then only a small piece of a VCR's overall use. Yet despite Beta's sharper, clearer playback picture, VHS won handily."
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"There is no mystery in VHS's victory. The superior value proposition that is actually delivered always wins the customer's preference. And if the cost to deliver that superior value proposition is sufficiently less than the revenue it produces, it generates wealth. This is not to say that the winner always has the most honorable and deserving management or the superior product or the smartest marketing department or any other factor other than the only one that ultimately counts: the superior value proposition. The consumer, much editorial to the contrary notwithstanding, simply acted rationally. They used more common sense than some of the convoluted analysis offered to explain this case."
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"The question to ask is this: did Sony/Beta deliver a superior value proposition? And the answer is no, it did not. So it lost. Of course, VHS did not have a flawless value proposition. The VHS value proposition, like many winners, was a tradeoff partly superior, partly inferior, and partly equal. But in net, it was superior. The conventional, product-centric perspective sees the product, instead of the value proposition delivered, as the business. It evaluates whether the product is superior and then considers how well the product is sold, distributed, and marketed."

Contar uma história, desenvolver uma narrativa

A figura que se segue pode ser encontrada na descrição da nossa metodologia para facilitar a implementação de um sistema de gestão com o auxílio do balanced scorecard.

Ampliando a parte em que: sabendo quem são os clientes-alvo, definimos a proposta de valor. Pode ver-se que a legenda seguinte é "Vamos contar uma história". Vamos descrever as relações de causa-efeito que relacionam escolhas e consequências e que constituem o mapa da estratégia.
Pois bem, no número de Janeiro-Fevereiro da Harvard Business Review encontrei o artigo "Strategy Tools for a Shifting Landscape" de Michael Jacobides. Nele pode ler-se:
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"My recent academic research suggests that companies should tackle the challenge of developing strategy head-on by describing the underlying logic, story lines, decisions, and motives of all the players that are creating and capturing value in a business.

Instead of drawing and analysing a map or plotting numbers on a chart, executives should use words to create what I call a playscript: a narrative that sets out the cast of characters in a business, the way in which they are connected, the rules they observe, the plots and subplots in which they play a part, and how companies create and retain value as the business and the cast change.

Words are more powerful and flexible than value curves.

In a world where everything is shifting, executives can use words to decipher the motives and roles of the organisations bringing about change, the evolving rules and relationships in the business, and the story lines that link the present and the future.

The playscript isn’t just a metaphor; it’s a tool that helps companies manage the complexity of the competitive landscape and facilitates analysis and action.

Playscripts force companies to focus on the causes of change as opposed to the symptoms; they explicate the logic of success and the assumptions behind it.

By providing a sense of how long the good and bad times will last and how value is migrating, playscripts allow companies continually to assess the relevance of their strategies."

quinta-feira, fevereiro 18, 2010

Fora isto, tudo bem!

É sempre bom estimular com dinheiro dos contribuintes portugueses as economias dos países onde se fabricam os automóveis que os portugueses compram.
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Além disso, contribui para o endividamento externo e para o agravamento da balança comercial.
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Flexibilidade... uma palavra feia para muita gente

Mas num mundo repleto de incerteza qual a alternativa?
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""Isto é tudo muito rápido. É a era da Internet. De repente, ficámos sem encomendas e, de repente, temos imenso trabalho. Entrámos subitamente na crise e fomos rápidos a sair dela." Carlos Gouveia, director-geral da Schaeffler, está ele próprio surpreendido com a súbita recuperação da sua fábrica.

Depois de uma queda na produção de quase 50 por cento em 2009, a fábrica voltou aos níveis anteriores à crise e prevê até ultrapassá-los, estimando chegar aos 60 milhões de rolamentos em 2010 (o que constituirá um recorde) e prepara-se já para atingir os 100 milhões nos próximos anos."

A farmácia do futuro (parte II)

Há anos que reflicto sobre a farmácia do futuro (por exemplo aqui:"Um caminho para a farmácia do futuro?" ) e não posso deixar de me sentir confortado com a confirmação em toda a linha das minhas visões para o negócio da farmácia do futuro que encontro neste artigo da revista strategy+business "The Pharmacy Solution".
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Este tipo de futuro para a farmácia implica pensamento estratégico, implica escolhas, implica moldar o futuro.
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"In the current environment, where easy access to cost-effective care is paramount, the pharmacy offers four significant advantages.
1. Trust. Patients already have more contact with pharmacists than other health-care providers and appear to greatly value their pharmacists’advice."
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"2. Access. The pharmacist is highly accessible."
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"3. Skills and services. Pharmacists are highly trained health professionals,knowledgeable about a range of medical conditions and
capable of delivering some advisory, diagnostic, and treatment services.
An increasing number of pharmacies also have a retail clinic on the premises, staffed by a nurse practitioner licensed to perform a range of primary care services and, in some cases, write prescriptions.
4. Cost. Retail pharmacies operate in a highly competitive business environment, and are already acting to keep the nation’s cost of prescription medications lower by promoting generics."
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"Strategies for Pharmacies
As pharmacy companies plan for the future, they will need to first choose between two approaches for serving different patient segments consistently. The first is to build
retail health centers that focus on healthy and at-risk individuals and that deliver a range of health and wellness services, such as health risk assessments, counseling, smoking cessation programs, and ongoing tracking of risk factors.
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The second approach is to concentrate on compliance and comprehensive disease management for the chronically ill. This population continues to grow, and more people are being forced to deal with multiple chronic conditions. Disease management (DM) companies are tackling the issue head on, but their efforts have not been fully satisfactory for the public or commercial payors"

quarta-feira, fevereiro 17, 2010

Seldom do countries simply “grow” their way out of deep debt burdens

"Our main finding is that across both advanced countries and emerging markets, high debt/GDP levels (90 percent and above) are associated with notably lower growth outcomes. In addition, for emerging markets, there appears to be a more stringent threshold for total external debt/GDP (60 percent), that is also associated with adverse outcomes for growth. Seldom do countries simply “grow” their way out of deep debt burdens.
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"First, the relationship between government debt and real GDP growth is weak for debt/GDP ratios below a threshold of 90 percent of GDP. Above 90 percent, median growth rates fall by one percent, and average growth falls considerably more. We find that the threshold for public debt is similar in advanced and emerging economies. Second, emerging markets face lower thresholds for external debt (public and private)—which is usually denominated in a foreign currency. When external debt reaches 60 percent of GDP, annual growth declines by about two percent; for higher levels, growth rates are roughly cut in half."
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Talvez o bastonário da ordem dos economistas fizesse bem em ler este artigo "Growth in a Time of Debt"

A atitude é uma coisa pequena que faz uma grande diferença

"The great excitement of the future is that we can shape it.”

Eu sei, em primeira mão, o que isto significa.

No entanto, acredito que muitas pessoas ainda não perceberam que assim é. Por isso, em vez de moldarmos o futuro, somos conformados pelo passado que ficou obsoleto.

Em vez de ousar arriscar, há a tendência para barricar o status quo e defender o passado.

A revista The Economist no artigo “So hard to bend” bate nas leis laborais rígidas e nos salários elevados e, bate neles porque julga que a solução passa por mexer nessas variáveis.

Assim, de um lado, temos os defensores do passado que tentam defender os postos de trabalho a todo o custo e, do outro lado, temos outros defensores do passado, os que defendem estratégias obsoletas, e que em vez de apostarem na criação de valor se concentram na redução de custos. Ambos estão condenados à erosão, à irrelevância e à implosão final.

Charles Handy tem um capítulo intitulado “Finding Sense in Uncertainty” no livro “Rethinking the future” onde se pode ler:

"WE ARE LIVING in very confused times, because many of the things that gave structure to our lives are disappearing. Institutions which we relied on, particularly the work organization are no longer so sure or so certain. For one thing, work organizations disappear rather rapidly these days.

If we are going to make any sense out of all this confusion around us, we have to find a way to organize it in our minds, so that we can start to understand what is actually happening in the world and then try to do something about it. (Moi ici: Sempre a mesma coisa, se queremos lidar com um “wicked problem” esta é a a abordagem correcta, devemos procurar perceber primeiro o problema antes de saltarmos para a solução)

In the twenty-first century, we will see more and more people adopting a `portfolio' approach to their lives and to their work. What I mean by this is that life will be a collection of different activities, almost like a share portfolio. A part of the portfolio will be the core activities, for providing the essentials for living, whereas the rest will be other things that we think of as personal fulfillment, as responsibilities towards other people or even just as fun.

Instead of having a career in the traditional sense, you will, for part of life, have a `portfolio career', where part of your time will be spent earning wages or fees, and the rest will be for community work or study or whatever. A lot of it will be work of some form, even if much of it is unpaid, and it will all go to make up a portfolio of activities which will increasingly define you.

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We have to remember that the very definition of work is changing. Work used to mean having a job with an employer. But today, it increasingly means working for yourself and even by yourself. In the near future, half of the workforce of the developed world will be working `outside' the organization. Traditional organizations now employ only 55 percent of the workforce on a full-time basis. The rest are temporary, part-time or contractual workers. Our portfolios will increasingly be collections of different work for different clients.

We've got to learn to live with chaos and uncertainty, to try to be comfortable with it and not to look for certainty where we won't get it.

You can't look at the future as a continuation of the past. The things that got you where you are are seldom the things that keep you there. But, on the other hand, if you don't know where you are coming from you will find it hard to go forward.

Actually, we've got to see the future as a series of discontinuities, and we've got to learn to take these things in our stride.

The way you make sense of the future, in organizations and in societies and in your own life, is by taking charge of the future. Not by responding to it.”

Entretanto, o sítio da revista Business Week cita um artigo de Harvard “Cut Costs Without Cutting Meaning” que é uma chamada de atenção para todos aqueles que se concentram tanto no corte dos custos que se esquecem do significado, do valor para os clientes.

O título é uma citação atribuída a Winston Churchill.

terça-feira, fevereiro 16, 2010

The Great Wicked Mess

Para lá da Grécia, para lá de Portugal e da Espanha e das suas economias em fanicos e dos seus governos endividados...

The show hasn't changed, we have.

Excelente paralelo a merecer leitura e reflexão para quem se queixa que os clientes, esses ingratos, estão a deixar de comprar o best-seller, a vaca leiteira.
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Onde está a originação de valor?

Encostando o ouvido ao chão podemos sentir o ranger das placas tectónicas.
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O mundo das farmacêuticas continua em mudança acelerada.
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Será que todos os intervenientes estão conscientes das consequências das escolhas actuais?
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As mega-empresas farmacêuticas (Big Pharma) assentavam num modelo de negócio baseado na venda de produtos patenteados, um modelo que permitia ter boas rentabilidades a par de muitos desperdícios operacionais. Basta olhar para os equipamentos que muitas dessas farmacêuticas ainda mantêm, equipamentos que consomem na maior, as "standard procedure", cerca de 25% do tempo em limpezas e mudanças de lote.
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Entretanto, esse modelo começou a ruir porque o pipe-line de novos produtos patenteados deixou de produzir ao ritmo a que tinha produzido nas últimas décadas e, porque pequenas empresas começaram a produzir sob a forma de genéricos os produtos que já não estavam protegidos por patentes.
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A reacção das Big Pharma tem-se concentrado na aquisição de empresas que se dedicam à produção de genéricos e na redução dos investimentos na I&D como foi relatado aqui.
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Hoje encontrei mais um relato desta transição em curso "Drug Firms Apply Brand to Generics".
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Este relato começa de forma magistral "Some prestigious brand-name pharmaceutical companies that once looked askance at the high-volume, low-cost business of generic drugs are now becoming major purveyors of generic medicines."
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Depois o cenário é descrito de forma rápida:
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"Until recently, many brand-name drug makers invested the bulk of their research and marketing dollars in the development of blockbuster drugs, only to cede their intellectual property and market share to lower-priced generic competitors once patents expired. But now, with an estimated $89 billion in brand-name drug sales in the United States at risk to generic competition over the next five years, according to IMS Health, some drug makers are selling generics to offset revenue declines — as well as wring some post-patent profits from the innovative drugs they developed." (Moi ici: A minha dúvida é sobre como conseguem conciliar um modelo construído para operar com margens pornográficas, com a produção de produtos com margens muito, muito menores)
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Para quem pensa mais à frente, para quem não é jogador amador de bilhar, há que considerar as jogadas seguintes:
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"Still, branded generics may not be a diversification strategy for the long term.
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Some companies are moving into branded generics as a short-term tactic to make up for revenue shortfalls and capture near-term growth in emerging markets, Mr. Gal said.
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But as government health care programs and health insurers in emerging markets develop further, consumers could be encouraged or required to switch from midpriced branded generics to low-cost no-name generics, he said. He estimated that it would take at least a decade for that to happen."
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As Big Pharma estão:
  • por um lado, a aproveitar este mercado temporário dos genéricos nos países emergentes; e
  • por outro lado, a tentar copiar a Procter & Gamble, confiando a investigação de novas moléculas a pequenas empresas, a quem depois compram e patenteiam com muito menos risco as moléculas mais promissoras.
Gostava de saber se alguma está a investigar e a tentar perceber por que é o pipe-line está perro e enferrujado. Um pipe-line saudável é onde está a originação de valor.
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Voltando à minha última leitura, ao livro de Roger Martin "The Design of Business", quando se abandona a disciplina de traduzir mistérios em regras heurísticas, ficamos encalhados em algoritmos que rapidamente são transformados em código e realizados ao preço da chuva.

segunda-feira, fevereiro 15, 2010

Somos todos alemães (parte V)

Partes IV, III, II e I.
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Cito, a seguir, o texto de um comentário deixado num postal de Edward Hugh no Facebook:
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"Euro has a lot to do with the mess. What comes out is that in some countries the political culture is not developed enough to handle such a union. Euro obviously holds huge promises and huge dangers, but it's like making a poor man win lottery. Some of these guys end broke and even more indebted. It's the same thing. Some societies seem to be unable to resist temptations offered by various possibilities of abusing the union. And when the time of correction came these nations resorted to populism of blaming other members for their problems and are refusing to change, though Ireland seems to be doing the right thing right now."
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O meu pensamento passa por aqui, como tenho relatado nos episódios anteriores deste postal. A solução não passa pelas receitas que os economistas do regime preconizam, a receita é a mesma que resulta para as PME's alemãs, não há receita geral tipo abaixamento de salários, há receitas individuais, basta ver na parte I a proposta de Hermann Simon.

Injustiças, comportamentos e recompensas

Os "bail out" promovem toda uma gama de injustiças e fomentam, recompensando, todo um tipo de comportamentos.
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Este trecho diz tudo:
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"The Frankfurter Allgemeine summed up German feelings when it asked why taxpayers should bail out a country that thinks it an outrage to raise the retirement age to 63. "Should Germans have to work in the future until 69 instead of 67 so that Greeks can enjoy early retirement?""
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domingo, fevereiro 14, 2010

And Then There Were None.

São 16 países a constituir a zona da moeda euro...
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O que se faz com a Grécia?
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Qual é o mais fraco a seguir?
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O que se faz com Portugal?
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Expel
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Qual é o mais fraco a seguir?
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O que se faz com a Espanha?
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Expel
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Ten little Indian boys went out to dine; One choked his little self and then there were nine.
Nine little Indian boys sat up very late; One overslept himself and then there were eight.
Eight little Indian boys travelling in Devon; One said he'd stay there and then there were seven.
Seven little Indian boys chopping up sticks; One chopped himself in halves and then there were six.
Six little Indian boys playing with a hive; A bumblebee stung one and then there were five.
Five little Indian boys going in for law; One got in Chancery and then there were four.
Four little Indian boys going out to sea; A red herring swallowed one and then there were three.
Three little Indian boys walking in the Zoo; A big bear hugged one and then there were two.
Two little Indian boys sitting in the sun; One got frizzled up and then there was one.
One little Indian boy left all alone; He went and hanged himself and then there were none.

Vamos viver tempos interessantes, mesmo!

Há dias escrevi este postal "Vamos viver tempos interessantes".
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Hoje, encontrei dois textos que me fizeram voltar a recordar o tema e, a imaginar a revolução que aí vem...
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Num país de matriz protestante "Lost in Transit":
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"Unless Gov. David Paterson and the Legislature find a fix, there will be drastic cuts in service: longer waits, overly crowded buses and trains, dirtier subway stations and more frequent breakdowns. Students will not have free passes to school and disabled riders would have less service."
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Num país de matriz católica "La indigencia municipal":
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"Pagan cuando pueden y lo que pueden, y con un claro orden de prioridad, puesto que no hay para todos: primero las nóminas de los funcionarios, luego los servicios básicos, y, entre éstos, primero los de carácter social, después los gastos corrientes que garantizan el funcionamiento diario de las dependencias municipales, por último a los proveedores. Entre las empresas proveedoras, antes se procura pagar a las más pequeñas que a las más grandes (como por ejemplo Iberdrola), las cuales, en teoría, tienen más capacidad de aguante. Según este orden tácito de prelación en los pagos municipales en tiempos de crisis, el primer síntoma de alarma es el retraso en el plazo de pago a los proveedores, y el último, el que avisa del colapso inminente, es cuando surgen dificultades para abonar el salario a los empleados públicos."

Onde está a procura? (parte II)

Convém ler a parte I primeiro, sobretudo as hiperligações para o que diz Roubini.
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Se falta procura... é por que há excesso de oferta. Logo, há que arranjar maneira de cortar na oferta!
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A ideia está a fazer o seu caminho "China v world as a trade war comes closer"

Primeiro, quem são os clientes-alvo?

"O mais recente relatório do processo de insolvência revela que a Oliva tem uma estrutura de custos desadequada para a receitas que gera e que há algumas ineficiências técnicas que a impedem de ser rentável, demonstrando ainda um desequilíbrio com os custos de mão-de-obra.
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Adelino Nunes, do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas e Metalomecânicas, refere que o problema-chave é a falta de modernização. "Parece um contra-senso: a empresa tem equipamentos obsoletos e mesmo assim produz peças de qualidade, que não são feitas em mais nenhuma fundição do país". Neste momento, a produção resume-se a peças de ferro para a indústria automóvel pesada, maioritariamente para o mercado externo. "Ao não ter modernizado o equipamento, a Oliva tem de vender as peças mais caras para ter rentabilidade. Há custos para produzir que não são rentabilizados"."
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1º Não há nenhum contra-senso. O que é um equipamento obsoleto?
Ter um equipamento antigo não é incompatível com a capacidade de produzir peças com elevada qualidade de acabamentos. Contudo, normalmente, peças com elevada qualidade de acabamentos só estão normalmente associadas a negócios rentáveis quando existe um equilíbrio entre: peças de elevada qualidade + pequenas quantidades + muita variedade + preço da peça não é o factor crítico + pequena unidade fabril.
Presumo que o sindicalista classifica o equipamento como obsoleto por causa da incapacidade de reduzir o custo unitário de uma peça, por que ao referir "indústria automóvel pesada" estamos a falar da indústria do tostão por excelência, a indústria automóvel é aquela onde o preço/custo é, de longe, o rei. É um sector onde normalmente se vê: peças de qualidade qb + grandes quantidades + pouca variedade + preço da peça é o factor crítico... é o único factor + grande unidade fabril.
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2º A pergunta que eu gostava de ver respondida antes de tudo o mais é: quem são os clientes-alvo da Oliva? A quem é que a Oliva se recusou a servir encomendas?
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Enquanto não se responder à segunda pergunta... tudo o resto é discussão estéril.
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BTW, em São João da Madeira se ouvirmos alguém da Viarco falar sobre a fábrica e sobre os seus equipamentos vai ouvir uma história super-interessante. Se quiserem competir com os asiáticos têm máquinas obsoletas... não há saída?
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Claro que há saída. Basta ler Sun-Tzu, em que terreno devemos combater para ter uma vantagem competitiva sobre os asiáticos que estão apoiados pelo último grito de tecnologia? Onde é que as nossas máquinas podem competir com vantagem?
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Enquanto não se responder a esta questão nunca se ultrapassará o nível de mistério que Roger Martin identifica no Funil do Conhecimento... por isso é que o sindicalista chama à situação de contra-senso... uma outra forma de dizer "mistério".
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BTW, a propósito de sindicalistas conjugar este artigo "Trabalhadores da Maconde em greve pelos salários em atraso" com o discurso do sindicalista deste postal e com o Post-Scriptum deste.
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sábado, fevereiro 13, 2010