domingo, fevereiro 14, 2010

Primeiro, quem são os clientes-alvo?

"O mais recente relatório do processo de insolvência revela que a Oliva tem uma estrutura de custos desadequada para a receitas que gera e que há algumas ineficiências técnicas que a impedem de ser rentável, demonstrando ainda um desequilíbrio com os custos de mão-de-obra.
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Adelino Nunes, do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas e Metalomecânicas, refere que o problema-chave é a falta de modernização. "Parece um contra-senso: a empresa tem equipamentos obsoletos e mesmo assim produz peças de qualidade, que não são feitas em mais nenhuma fundição do país". Neste momento, a produção resume-se a peças de ferro para a indústria automóvel pesada, maioritariamente para o mercado externo. "Ao não ter modernizado o equipamento, a Oliva tem de vender as peças mais caras para ter rentabilidade. Há custos para produzir que não são rentabilizados"."
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1º Não há nenhum contra-senso. O que é um equipamento obsoleto?
Ter um equipamento antigo não é incompatível com a capacidade de produzir peças com elevada qualidade de acabamentos. Contudo, normalmente, peças com elevada qualidade de acabamentos só estão normalmente associadas a negócios rentáveis quando existe um equilíbrio entre: peças de elevada qualidade + pequenas quantidades + muita variedade + preço da peça não é o factor crítico + pequena unidade fabril.
Presumo que o sindicalista classifica o equipamento como obsoleto por causa da incapacidade de reduzir o custo unitário de uma peça, por que ao referir "indústria automóvel pesada" estamos a falar da indústria do tostão por excelência, a indústria automóvel é aquela onde o preço/custo é, de longe, o rei. É um sector onde normalmente se vê: peças de qualidade qb + grandes quantidades + pouca variedade + preço da peça é o factor crítico... é o único factor + grande unidade fabril.
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2º A pergunta que eu gostava de ver respondida antes de tudo o mais é: quem são os clientes-alvo da Oliva? A quem é que a Oliva se recusou a servir encomendas?
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Enquanto não se responder à segunda pergunta... tudo o resto é discussão estéril.
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BTW, em São João da Madeira se ouvirmos alguém da Viarco falar sobre a fábrica e sobre os seus equipamentos vai ouvir uma história super-interessante. Se quiserem competir com os asiáticos têm máquinas obsoletas... não há saída?
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Claro que há saída. Basta ler Sun-Tzu, em que terreno devemos combater para ter uma vantagem competitiva sobre os asiáticos que estão apoiados pelo último grito de tecnologia? Onde é que as nossas máquinas podem competir com vantagem?
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Enquanto não se responder a esta questão nunca se ultrapassará o nível de mistério que Roger Martin identifica no Funil do Conhecimento... por isso é que o sindicalista chama à situação de contra-senso... uma outra forma de dizer "mistério".
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BTW, a propósito de sindicalistas conjugar este artigo "Trabalhadores da Maconde em greve pelos salários em atraso" com o discurso do sindicalista deste postal e com o Post-Scriptum deste.
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2 comentários:

luis silva disse...

Primeiro que tudo as minhas felicitações pelo seu blog, esbarrei nele ao fazer uma pesquisa sobre a Oliva.
E quanto à Oliva posso dizer-lhe (aí trabalhei de 1990 a 2003, fazendo uma carreira profissional desde os métodos à direcção operacional da fábrica)que os principais problemas são:

- Equipamentos desadequados,
- Incapacidade técnica,
- Incapacidade da equipa de gestão,

que levaram a resultados miseráveis nos últimos anos:

- Produtividade (toneladas / homem ano) cinco vezes inferior à referência nacional,
- Desde a tomada de posse da empresa pelo grupo SUBERUS (2004), os resultados operacionais foram negativos em mais de € 10.000,00 / dia.

Fica uma pergunta:
Uma empresa assim merece sobreviver?
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CCz disse...

A re-leitura do artigo de jornal e do seu comentário recordou-me uma frase que li em tempos:
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Não há sectores de actividade obsoletos, há sim estratégias que ficam obsoletas.