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quinta-feira, novembro 10, 2011

OMG... e vão viver de quê? (parte VII) ou Mt 11, 25

Parte VI
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Pois é, segundo os macro-economistas, como Roubini:
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"some EZ periphery members have the same competitiveness problem as that of Greece; so, for example, Portugal may also eventually have to follow the path of Greece and exit the EZ"
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E, no entanto:
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"As exportações portuguesas de calçado aumentaram 20,2 por cento para 1,23 mil milhões de euros nos primeiros nove meses de 2011, face ao período homólogo do ano anterior, o que "é praticamente o mesmo valor exportado na totalidade de 2010"."
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Estão a ver sector mais tradicional do que o calçado? Como é que Roubini explicaria estes números?
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Reparem como no Brasil se explica a queda das exportações de calçado:
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"Segundo o SindiFranca, vários os fatores que contribuem para a queda nas exportações. Entre eles, o câmbio, o alto custo Brasil e a burocracia. “Outro grande problema tem sido a concorrência desleal que o Brasil enfrenta no mundo com os asiáticos, pois, consomem grande parte da fatia que antes era do Brasil”, disse José Carlos Brigagão, presidente do SindiFranca."
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Não acham risíveis estas justificações?
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Os macro-economistas defendem que Portugal tem de sair da zona euro para poder ser mais competitivo.
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E, no entanto:
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"Nos primeiros nove meses do ano as exportações portuguesas de têxtil e vestuário cresceram 12,1% atingindo os 3 mil milhões de euros.
...
Nos três primeiros trimestres de 2011 o saldo da balança comercial desta indústria foi de 562 milhões euros, mais 70% do que nos três primeiros trimestre de 2010."
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Estão a ver sector mais tradicional do que o têxtil e vestuário? Como é que Roubini explicaria estes números? 
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Reflictam em mais este exemplo do Brasil:
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"De janeiro a maio de 2011 houve uma queda de 5,8 no percentual de vendas para o exterior em relação ao mesmo período do ano passado. Apesar disso, o Rio Grande do Sul mantém sua posição no ranking de exportação brasileira de móveis, por estado, perdendo somente para Santa Catarina. Seguindo a mesma tendência preocupante, as exportações brasileiras também registraram uma queda de 0,7% em relação ao mesmo período do ano passado."
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E no de Portugal:
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"As exportações do setor do mobiliário nacional cresceram 12 por cento no primeiro semestre de 2011 face a 2010, registando um total de 558 milhões de euros, revelou hoje a APIMA.
...
O saldo do sector português de mobiliário e colchoaria verificou um aumento de 23 por cento, passando para 233 milhões de euros, o que colocou as exportações a crescer 2,4 vezes mais do que as importações, segundo informações daquela associação."
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Estão a ver sector mais tradicional do que o do mobiliário? Como é que Roubini explicaria estes números?
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Como  é que os países competem nos sectores tradicionais? Os macro-economistas têm a resposta sempre na ponta da língua - reduzindo custos, embaratecendo a economia, manipulando o câmbio... o que aconteceu em Portugal na última década? Foi isso?
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Dados gerais para o agregado nos primeiros nove meses do ano:
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"No 3º trimestre de 2011, as saídas e entradas de bens registaram, face ao período homólogo de 2010, aumentos de 13,1% e de 3,6% respetivamente, determinando, assim, um desagravamento do défice da balança comercial no montante de 721,2 milhões de euros.
...
Comércio Intracomunitário - No 3º trimestre de 2011, as expedições aumentaram 11,2% enquanto as chegadas diminuíram 1,9%, face ao mesmo período do ano anterior.
...
Comércio Extracomunitário - No 3º trimestre de 2011, as exportações e as importações aumentaram 18,6% e 19,6% respetivamente, face ao mesmo período do ano anterior.
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Excluindo os Combustíveis e lubrificantes, verifica-se que as exportações aumentaram 16,9% e as importações 0,7%, em comparação com igual período do ano anterior."
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"Em setembro, as novas encomendas na indústria aumentaram 10,9% em termos homólogos, o que correspondeu a um decréscimo de 5,1 pontos percentuais (p.p.) face à taxa observada no mês anterior. Ambos os mercados, nacional e externo, apresentaram desacelerações, mais intensa no mercado nacional, que passaram de uma variação homóloga de 13,2% em agosto para 6,5% em setembro. As encomendas da indústria com origem no mercado externo aumentaram, em termos homólogos, 15,0% em setembro (18,3% em agosto)."
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Conselho para os macro-economistas... perguntem a um artista como usa os lápis

domingo, fevereiro 14, 2010

Onde está a procura? (parte II)

Convém ler a parte I primeiro, sobretudo as hiperligações para o que diz Roubini.
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Se falta procura... é por que há excesso de oferta. Logo, há que arranjar maneira de cortar na oferta!
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A ideia está a fazer o seu caminho "China v world as a trade war comes closer"

sexta-feira, fevereiro 12, 2010

Onde está a procura?

Andam, andamos todos ao mesmo.
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Vivemos num mundo de abundância, num mundo de excesso. Há excesso de tudo, excepto de clientes e de empregos.
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Quanto aos clientes, quanto à escassez da procura, esse é o grande busílis da situação actual.
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Martin Wolf suspira pelo consumo dos consumidores alemães "Europe needs German consumers" só que, como lembra Edward Hugh, a sociedade alemã está envelhecida e já não consegue consumir o que o resto da Europa espera.
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Por outro lado, no outro lado do mundo, na Ásia, também se suspira pelo consumo europeu "Asia’s Exposure to Europe’s Woes".
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Os asiáticos ainda não perceberam que vão ter de confiar sobretudo no seu próprio consumo, os asilados europeus pouco saem do lar, pouco consomem.
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Assim, voltamos sempre ao mesmo tema de fundo desde Novembro de 2008: O que diz Roubini (parte I) e (parte I+1/2)
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As últimas notícias não são novidade, mas não deixam de ser preocupantes:

domingo, novembro 08, 2009

Uma perspectiva externa para a monitorização dos cenários alternativos (parte II)

Continuado daqui.
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Este postal "U.S. Factories Are ‘Grossly Underutilized’" ilustra dois postais.
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Um mais antigo sobre o que escreve e diz Roubini "Cenários: O que diz Roubini (parte I)" e outro muito recente sobre o uso de uma perspectiva externa no balanced scorecard (a parte I este título).
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Relativamente ao primeiro postal voltamos sempre ao mesmo, o desequilíbrio entre a oferta e a procura, traduzido numa subutilização da capacidade instalada e, por isso, não remunerada e, por isso não sustentada. Como a procura estava alicerçada em endividamento e como a capacidade de contrair dívida baixou drasticamente, por que o risco aumentou e de que maneira, vai demorar alguns anos a atingir-se o nível de procura anterior. Assim, do lado da oferta há que actuar, ou cortando o que não tem futuro, o que não é estratégico e ou procurando novas alternativas de escoamento, novos clientes, e ou novas alternativas de produção, novos mercados.
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Relativamente ao segundo postal fica claro como um indicador externo pode ajudar a fomentar, a alimentar uma discussão estratégica e a sinalizar momentos de decisão numa árvore de encruzilhadas alternativas, de futuros alternativos.
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terça-feira, setembro 15, 2009

Qual o motor de uma recuperação económica?

No sítio do Público "Roubini teme que a recuperação seja lenta":
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"os consumidores deixaram de gastar e os preços das casas vão continuar a cair,"
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Essa é a grande verdade.
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Em vez de consumirem ou têm de pagar as suas dívidas, ou estão no desemprego, ou têm receio do futuro.
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E recuperação financeira não é o mesmo que recuperação económica. E a primeira não tem repercussões de maior na vida das pessoas.
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Este artigo "Revealed: The ghost fleet of the recession" ilustra o corte epistemológico que aconteceu.
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E este acetato da OCDE mostra a queda, o que nos faz na capacidade produtiva em excesso que repousa ociosa por esse mundo fora.

domingo, setembro 13, 2009

There is gaping whole in world demand. It is being filled by governments, all nearing the limit of fiscal stimulus.

Evans-Pritchard strikes again "Lehman is a footnote in the great East-West globalisation crisis"
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E chama a atenção, mais uma vez para aqueles circulos de causa-efeito que reconheci nos escritos de Roubini.
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"There is gaping whole in world demand. It is being filled by governments, all nearing the limit of fiscal stimulus. Some have exceeded it: Spain is to raise taxes by 1.5pc of GDP, and Japan's Democrats are retreating from spending pledges. China is trying to plug the gap, belatedly, by ramping up credit 70pc this year, but it will take a cultural revolution to induce the Chinese to spend. The liquidity is leaking into stocks, metals, and property.
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Yes, markets are sizzling, but industrial production is still down 23pc in Japan, 17pc in the eurozone, 13pc in the US and 11pc in Russia. We have a global glut of manufacturing plant. This is why companies will have to slash staff. Don't be deceived: profits can look good at first when firms cut into the bone. It is no strategy for an economy."
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Ontem transcrevi: "As debt is a mechanism through which we pull demand forward, the debt and consumption has meant we have been growing today at the expense of future growth." Evans-Pritchard é mais cáustico e chama os nomes aos bois "Couldn't they see that this was cheating: stealing from the future?" O que seria de esperar da Geração TuTuTu dos egoístas de Maio de 68?
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Roubar o futuro, não o nosso por que nós estamos cá e se não sabemos defender-nos a responsabilidade é nossa, mas o daqueles que ainda não nasceram ou ainda não podem influenciar o governo da cidade.
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Como é que se compram estas evoluções da confiança?
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Roubando o futuro outra vez!
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Não posso concordar com esta visão da coisa "El 'error Lehman'". A falência do Lehman não foi a causa, foi um sintoma. Let us wait for the Spanish banks future...

segunda-feira, agosto 24, 2009

Para reflexão

Na sequência deste postal, o JN de hoje inclui este artigo: "Falências de Verão ameaçam emprego".
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Na mesma linha, este artigo do Público de hoje "Roubini diz que aumentam os riscos de novo retrocesso na economia", este postal "The Death of the Consumer" e este outro "Roubini On U Shaped Recovery: More Statesmanlike or Less Certain?"
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Como escreve Edward Hugh no Facebook "I think the time for stimulus is now over in Spain. Everything is now focused on fiscal discipline. This is the stupidity of what has happened. All the ammunition has been wasted, and we have made no changes. Now the changes will have to be made even as public spending is also cut, which will only make the contraction worse. This will be painful, there is no doubt."
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BTW, Edward hoje, prevê que no próximo ano a taxa de desemprego em Espanha chegue aos 30%

domingo, agosto 16, 2009

O rácio da Procura sobre a Oferta

Neste postal "Cenários: O que diz Roubini (parteI)" desenvolvi uma série de esquemas que acabaram por culminar no da figura que se segue:
Enquanto a Procura for muito menor do que a Oferta vamos ter: deflação; desemprego a subir; confiança a descer (os estímulos governamentais estão a ajudar a mantê-la); falências a subir.
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Ontem, Evans-Pritchard escreveu no Telegraph sobre o tema do rácio da Procura sobre a Oferta: "There's no quick fix to the global economy's excess capacity":
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"Excess plant will hang over us like an oppressive fog until cleared by liquidation, or incomes slowly catch up, or both. Until this occurs, we risk lurching from one false dawn to another, endlessly disappointed.

Justin Lin, the World Bank’s chief economist, warned last month that half-empty factories risk setting off a “deflationary spiral”. We are moving into a phase where the “real economy crisis” bites deeper – meaning mass lay-offs and drastic falls in investment as firms retrench. “Unless we deal with excess capacity, it will wreak havoc on all countries,” he said.

Mr Lin said capacity use had fallen to 72pc in Germany, 69pc in the US, 65pc in Japan, and near 50pc in some poorer countries. These are post-War lows. Fresh data from the Federal Reserve is actually worse. Capacity use in US manufacturing fell to 65.4pc in July"

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Este rácio é o busílis da questão na economia real...
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Será que isto vai de alguma forma ajudar?

sexta-feira, julho 17, 2009

Retoma no Batalha

No sítio do Público encontra-se “Roubini prevê fim da recessão norte-americana este ano” onde se pode ler:

Roubini, professor de economia da Universidade de Nova Iorque e também presidente da centro de previsões económicas, RGE Global Monitor, reuniu-se ontem com investidores num evento organizado pelo governo chileno, no qual transmitiu uma perspectiva optimista sobre a economia dos Estados Unidos.

No Naked Capitalism “However, Roubini issued a statement after markets closed repudiating the view that he had changed his view on the U.S. economy at all (see statement here).

Roubini chama a atenção ““While the recession will be over by the end of the year the recovery will be weak given the debt overhang in the household sector, the financial system and the corporate sector. Now there is also a massive re-leveraging of the public sector with unsustainable fiscal deficits and public debt accumulation.

O fim da queda dos indicadores não vai ser sinónimo de retoma… só fim da queda mais nada.

segunda-feira, dezembro 22, 2008

A tentação é grande

Basta olhar para o modelo acima, feito com base nas previsões de Roubini para perceber a tentação de quebrar estes ciclos atacando o rácio Procura sobre a Oferta.
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Se a Procura está em derrocada há uma caixa de Pandora que pode ser aberta ... trucidar (está na moda) parte da Oferta. Como? Apelando ao proteccionismo.
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Algumas reflexões sobre o tema "Protectionist dominoes are beginning to tumble across the world" por Ambrose Pritchard no Telegraph.
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O António Maria já há muito tempo que anteviu a cena ao falar de um novo Tratado de Tordesilhas para os tempos modernos.

terça-feira, novembro 04, 2008

O fim da globalização?

Voltando ao esquema desenhado com base no artigo de Roubini, quero voltar ao canto inferior direito, ao rácio Procura/Oferta.
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Como percebi aqui, a solução de Bernanke para combater um cenário de deflação passaria por lançar dinheiro pondo as fotocopiadoras de dólares a funcionar ainda com mais ênfase. O que Bernanke não considera no artigo é o sobre-endividamento das empresas e famílias e a tremideira em simultâneo do sector financeiro.
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Olhando para o rácio Procura/Oferta... há uma solução possível para cortar rapidamente o problema... não gosto dela por questões filosóficas e por proteger quem não evolui... o proteccionismo.
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Se se elevarem barreiras alfandegárias de respeito... diminui-se rapida e drasticamente a oferta sem ser à custa da destruição prévia da procura.
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Quem pode não gostar desta solução são os países emergentes, são os BRICS... podem fazer uso das matérias-primas, do petróleo e gás natural como armas de defesa e, sobretudo a China e o Japão... podem fazer mossa no sistema financeiro mundial com o capital que acumularam.

Cenários: o que diz Roubini (parte 2)

Continuado daqui (parte I e parte I +(1/2))
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Falemos então da perspectiva de deflação:
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Ben Bernanke em Novembro de 2002 fez o seguinte discurso "Deflation: Making Sure "It" Doesn't Happen Here":

Por que é que a economia americana estaria protegida da deflação?
"A particularly important protective factor in the current environment is the strength of our financial system: Despite the adverse shocks of the past year, our banking system remains healthy and well-regulated, and firm and household balance sheets are for the most part in good shape"
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Acerca da 'bondade' de taxas de juro quase zero para os devedores:
"Deflation great enough to bring the nominal interest rate close to zero poses special problems for the economy and for policy. First, when the nominal interest rate has been reduced to zero, the real interest rate paid by borrowers equals the expected rate of deflation, however large that may be. To take what might seem like an extreme example (though in fact it occurred in the United States in the early 1930s), suppose that deflation is proceeding at a clip of 10 percent per year. Then someone who borrows for a year at a nominal interest rate of zero actually faces a 10 percent real cost of funds, as the loan must be repaid in dollars whose purchasing power is 10 percent greater than that of the dollars borrowed originally. In a period of sufficiently severe deflation, the real cost of borrowing becomes prohibitive. Capital investment, purchases of new homes, and other types of spending decline accordingly, worsening the economic downturn.
Although deflation and the zero bound on nominal interest rates create a significant problem for those seeking to borrow, they impose an even greater burden on households and firms that had accumulated substantial debt before the onset of the deflation. This burden arises because, even if debtors are able to refinance their existing obligations at low nominal interest rates, with prices falling they must still repay the principal in dollars of increasing (perhaps rapidly increasing) real value."
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Segundo Bernanke:
"a central bank, either alone or in cooperation with other parts of the government, retains considerable power to expand aggregate demand and economic activity even when its accustomed policy rate is at zero."
Como?
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Bernanke refere o trabalho de Irving Fisher:
"potential connections between violent financial crises, which lead to "fire sales" of assets and falling asset prices, with general declines in aggregate demand and the price level. A healthy, well capitalized banking system and smoothly functioning capital markets are an important line of defense against deflationary shocks."
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E como é que Bernanke se propõe a tratar uma deflação?
"Like gold, U.S. dollars have value only to the extent that they are strictly limited in supply. But the U.S. government has a technology, called a printing press (or, today, its electronic equivalent), that allows it to produce as many U.S. dollars as it wishes at essentially no cost. By increasing the number of U.S. dollars in circulation, or even by credibly threatening to do so, the U.S. government can also reduce the value of a dollar in terms of goods and services, which is equivalent to raising the prices in dollars of those goods and services. We conclude that, under a paper-money system, a determined government can always generate higher spending and hence positive inflation.
...

To stimulate aggregate spending when short-term interest rates have reached zero, the Fed must expand the scale of its asset purchases or, possibly, expand the menu of assets that it buys. ...
prevention of deflation remains preferable to having to cure it. If we do fall into deflation, however, we can take comfort that the logic of the printing press example must assert itself, and sufficient injections of money will ultimately always reverse a deflation. "
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Não tem a ver mas já aqui escrevemos sobre os métodos Taguchi, método de design experimental onde todas as variáveis de um sistema são alteradas em simultâneo. Escrevo isto porque a cura do senhor Bernanke parece que encara e actua sobre as variáveis do sistema isoladamente, uma a uma: segurança e solidez dos bancos e sobre-endividamento das famílias e empresas.
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O artigo de Irving Fisher referido por Bernanke "The Debt-Deflation Theory of Great Depressions" (o artigo 24 que começa na página 340 salienta o papel do sobre-endividamento no rebentamento de uma bolha), já agora: as páginas 340 a 347 são um convite ao desenho de bonecos.

segunda-feira, novembro 03, 2008

Cenários: o que diz Roubini (parte 1+(1/2))

Afinal, antes de Bernanke e a deflação, alguns textos que se enquadram no texto de Roubini de que aqui falamos.Do artigo do The New York Times "Fear of Deflation Lurks as Global Demand Drops" salientamos os seguintes trechos:
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A - "the prospect that goods will pile up waiting for buyers and prices will fall, suffocating fresh investment and worsening joblessness for months or even years."
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B - "With economies around the globe weakening, demand for oil, copper, grains and other commodities has diminished, bringing down prices of these raw materials. But prices have yet to decline noticeably for most goods and services, with one conspicuous exception — houses. Still, reduced demand is beginning to soften prices for a few products, like furniture and bedding, which are down slightly since the beginning of 2007, according to government data. Prices are also falling for some appliances, tools and hardware."
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C - "the end of inflation may be the beginning of something malevolent: a long, slow retrenchment in which consumers and businesses worldwide lose the wherewithal to buy, sending prices down for many goods. Though still considered unlikely, that would prompt businesses to slow production and accelerate layoffs, taking more paychecks out of the economy and further weakening demand."
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D - "an economy may remain ensnared by deflation for many years, even when interest rates are dropped to zero: falling prices make companies reluctant to invest even when credit is free."
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E - "As layoffs increased and purchasing power declined, prices fell lower still, in a downward spiral of diminishing fortunes."
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F - "In past crises, like those that devastated Mexico in 1994 and much of Asia in 1997 and 1998, weak economies managed to recover by exporting aggressively, not least to the United States. But American consumers are battered this time. After years of borrowing against homes and tapping credit cards, consumers are pulling back.
From Asia to Latin America, exports are slowing and should continue to do so as the global appetite shrinks. This is spawning fears that major producers like China and India — which vastly expanded production capacity in recent years — will have to dump products on world markets to keep factories running and stave off unemployment, pressing prices lower."
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G - "But many of the finished goods China produces with these materials have ultimately landed in the United States, Europe and Japan. When consumers pull back in those countries, Chinese factories feel the impact, along with their suppliers around the globe."
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H - "Now, a glut of products may be building in the United States. Orders for trucks used by business have plummeted. Investments in industrial equipment are declining. Yet inventories have grown."
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I - Da Bloomberg a queda acentuada do Baltic Dry Index, e da India a desconfiança face aos bancos ocidentais "Banks saying no to payment guarantee from foreign peers" como sinais de uma derrocada do comércio internacional.
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J - Do Telegrah o artigo "The fate of Britain's small businesses is now political dynamite" que ilustra o garrote bancário às micro-empresas.
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K - Do Telegraph o artigo "China's toy makers face bleak Christmas as factories shut down" após a má publicidade dos brinquedos tóxicos, do leite e dos ovos melaminosos, a queda da procura tem arrastado as empresas chinesas para a falência.
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"Action by the authorities stems from the fear that the factory closures could spark riots. There have been sit-ins and protests across the Guangdong region in the last few weeks, as more and more factories have closed. On the day The Sunday Telegraph visited Dongguan, hundreds of unemployed workers gathered outside the city government's offices protesting over the failure to pursue factory owners who fail to pay their workers."

domingo, novembro 02, 2008

Cenários: o que diz Roubini (parte I)

No último postal escrevi:
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As coisas são como são, as empresas não podem ter a veleidade de mudar a força da corrente ou inverter a maré, têm de se situar e posicionar, aproveitando o melhor que podem as circunstâncias...
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Sou um adepto incondicional da micro-economia! A micro-economia é o reino das pessoas concretas, das estratégias concretas, dos produtos e serviços concretos, é o domínio onde uma empresa, uma equipa, uma ideia, uma proposta de valor bem esgalhada deita por terra várias leis económicas. Enfim, é a terra natal dos tomba-gigantes.
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Contudo, as empresas não podem... ou não devem armar-se em parvas, as empresas não vivem isoladas do resto do mundo, as empresas fazem parte do mundo, são uma pequena parte do mundo, não vivem no limbo. Assim, ao formular estratégias de transformação as empresas devem ter em conta o futuro do mundo onde estão encaixadas...
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Recentemente a revista Forbes publicou um artigo de Nouriel Roubini intitulado "Get Ready For 'Stag-Deflation' " onde o autor, à semelhança do que prevê Pedro Arroja, prevê que os próximos anos possam ser de estagnação e deflação.
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A partir do texto de Roubini desenhei uma série de bonecos para melhor perceber as forças em jogo e como vão relacionar-se entre si:

A forte quebra do consumo vai traduzir-se numa redução do volume das vendas das empresas, o que vai gerar falências de empresas e redução do quadro do pessoal das que sobreviverem.
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As falências e os downsizings vão fazer engrossar os números do desemprego. O aumento do desemprego vai reduzir os cheques dos salários emitidos todas as semanas e meses reforçando ainda mais a quebra no consumo.
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O aumento do desemprego vai também gerar um abaixamento generalizado da confiança, pessoas com menos confiança consomem menos. Pessoas com menos confiança recorrem menos ao crédito por insegurança quanto ao futuro e à capacidade de honrar essas dívidas no médio-longo prazo. Pessoas com menos confiança procurarão poupar algo, por pouco que seja parafazer face ao futuro incerto. A redução do crédito solicitado e concedido e o aumento da poupança contribuirão para a redução do consumo.
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A figura que se segue procura ilustrar dois ciclos auto-catalíticos que se reforçam com cada passagem gerando desemprego, falências e redução da procura agregada.
A redução do consumo leva a uma redução da procura agregada mundial, o que leva a uma redução do preço das commodities. A redução do preço das matérias-primas e do consumo (aumento dos inventários) acarretará a deflação, a redução generalizada do preço dos bens (casas primeiro, outros bens duradouros e veículos motorizados depois) como se retrata na figura que se segue:
Podemos identificar mais dois ciclos auto-catalíticos:
Se o preço dos bens no próximo mês vai ser menor do que o preço dos bens hoje porquê comprar hoje? Não posso adiar a compra por mais um mês? O adiamento reforça a quebra do consumo o que reforça a queda da procura agregada e a quebra do preço das matérias-primas e... a continuação do abaixamento do preço dos bens.
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Por outro lado...
a deflação também alimenta ô aumento das falências, downsizings, layoffs, desemprego...
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A propósito há que realçar do texto de Roubini os seguintes pontos:
A - O preço do ouro, refúgio típico contra a inflação, está em queda e o mercado TIPS (Treasury Inflation-Protected Securities ) assinala que os investidores esperam que a inflação seja negativa nos próximos 5 anos.
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B - A procura agregada mundial está a colapsar nos mercados desenvolvidos e a desacelerar nos mercados emergentes (o discutido decoupling não se verifica). Atenção, o consumo interno americano é responsável por 2/3 do PIB americano... oopps!!!
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C - Existe um enorme excesso de capacidade mundial para a produção de bens industriais. Esse excesso ten tendência a aumentar à medida que baixa a procura global agregada.
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Para mim, que não sou economista, só vejo uma forma de quebrar estes ciclos... é dolorosa, penosa e não sei se demorada (talvez mais dolorosa mas menos demorada do que a que os governos têm em mente com o keynesianismo).
Antes desta crise a oferta já era superior à procura, com o colapso da procura, aumenta a oferta relativa e o rácio da figura cai para valores muito menores do que 1 (basta atentar no que está a acontecer ao preço das casas e à procura de automóveis).
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A figura que se segue é uma tentativa de explicação de como sair da deflação sem intervenção dos governos e com muita dor:
Enquanto o rácio for muito menor do que 1 estes ciclos autocatalíticos vão estar de saúde a dizimar procura e criação de riqueza. À medida que o rácio se for aproximando de 1 e a oferta se começar a conjugar equilibradamente com a procura de forma sustentada (este é um dos meus problemas com as grandes obras keynesianas, como não são investimentos reprodutivos representam uma procura artificial, assim que se retira esse combustível o rácio volta a baixar e a deflação a prolongar-se temporalmente). Com a chegada a um estado de equilibrio dinâmico entre a oferta e a procura os preços deixam de cair e as falências baixam. O retorno do consumo e de alguma inflação, aceleram o retorno do consumo e o aumento da confiança...
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Mas esta é a receita? de um engenheiro armado em feiticeiro, a tentar perceber os vectores que influenciarão a criação de cenários para as empresas nos próximos anos.
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Se há alguém que tenha escrito sobre deflação foi Ben Bernanke vamos procurar estudá-lo e trazer as suas receitas para a parte II

sexta-feira, agosto 22, 2008

Não creio que o número ...

... seja um critério de Verdade.
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A propósito disto "États-Unis : le spectre de la récession s'éloigne":
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"D'après un panel de 200 économistes, un an après la crise financière, le risque de récession diminue aux États-Unis, mais augmente dans la zone euro."
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Creio mais nas palavras deste único:
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"The worst economic and financial crisis in decades"