sábado, fevereiro 20, 2016

Estratégia e processos

Uma das razões que me levou a escrever o livro "Balanced Scorecard - Concentrar uma Organização no que é Essencial"



foi o perceber que ainda não tinha visto ninguém a conjugar a utilização do balanced scorecard com a abordagem por processos. Recordar "Visualizar as interrelações".
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Em 2008 no postal "Comentários" escrevi:
"uma das incomodidades que os bons livros de Michael Hammer me deixam. Livros sobre reengenharia (excelente técnica), livros sobre a abordagem por processos (excelente ferramenta), mas Hammer não relaciona estratégia e processos. Assim, podemos estar a aplicar a reengenharia a processos sem relevância estratégia."
O balanced scorecard é uma ferramenta de tradução e execução da estratégia. Uma estratégia é materializada, operacionalizada através de acções e comportamentos ao nível dos processos. Recordar "Será isto original?" e "Como relacionar estratégia e processos".
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Assim, foi com alguma emoção que descobri a mensagem de "A Process-based View and its Influence on Strategic Management" de Sascha L. Schmidt e Christoph Treichler, publicado por Knowledge and Process Management Volume 5 Number 1 pp 58–63 (1998):
"Business reengineering in this sense must be tied to the corporate strategy, i.e. business reengineering projects must be defined with regard to the long-term product-market strategy. ‘If you don’t carry business reengineering off against a backdrop of a long-term strategy, you really don’t have to start with it at all.’
...
most . . . reengineering programs take a strong operational view of improvement. They target processes that have grown with little rationale or planning; measure progress by reductions in cycle times, defect rates, and costs; and define success as better or faster execution’. He also noted that reengineering experts have largely ignored the interrelation between strategy and process: ‘Their primary goal has been to eliminate inefficiency and gain operational improvements, not to match redesigned processes with business strategies’.
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Confirming the results of our study, the reengineering literature contains limited considerations of strategic requirements. The redesign of processes is grounded in the firms’ most recent concept of strategy and processes are identified from a steady-state strategic perspective: ‘They should be those processes that the business strategy has identified as critical to excel at in order to match or beat the competition’.
..
Reengineering has to be in line with the current strategy, which, in changing environments, often means generating improved processes for the realization ofobsolete strategies."
Clarinho! Em sintonia com o que escrevemos aqui e trabalhamos no terreno há mais de 15 anos. Algo que nunca tinha visto escrito ou mencionado.
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Continua

Aprenda a duvidar dos media (parte VII)

Parte I, parte IIparte IIIparte IVparte V e parte VI.
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Num postal com quase 10 anos escrevemos "Adjustment within the euro. The difficult case of Portugal" no artigo citado podia ler-se:

Quinta-feira passada, nem de propósito, tivemos esta notícia  "Portugal fecha 2015 com excedente externo superior a 3.000 milhões de euros"
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Pois:
Ao reler o artigo, não posso deixar de pensar que o autor acreditava que com as medidas que propunha seria possível voltar a recuperar a indústria que existia, tal e qual. Nem lhe passou pela cabeça que era impossível competir com a China pelo preço por causa deste choque disruptivo:
A mudança foi esta:
"Os sapatos vendiam-se a 20 euros e deixaram de ter procura. Hoje, vendem-se entre os 90 e os 230 euros e têm procura."
As fábricas sofreram esta revolução:
"Há 12 anos éramos 500 pessoas e tínhamos cinco clientes activos. Hoje somos 160 e temos mil clientes activos"
O próximo guru a ser desmentido será ... Pedro Ferraz da Costa e o Forum para a Competitividade. Sabem do que me lembrei? Daquela cena do presidente da Sociedade Portuguesa da Menopausa ser ... um homem.

sexta-feira, fevereiro 19, 2016

Curiosidade do dia

Durante a campanha eleitoral fazia-me impressão o discurso do PS acerca do estado da economia portuguesa. Um discurso que acreditava que ainda estávamos em 2012.
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Agora, já no governo, enquanto a realidade económica tem este desempenho "Excedente externo aumenta em 2015 para 1,7%", continuam com um discurso afectado por um brutal jet-lag "Governo diz que modelo de competitividade assente em salários baixos está esgotado".

Estratégia e empreendedorismo

Para os que julgam que os empreendedores não podem ter uma estratégia:
"Leaders of start-ups often see strategy, the pursuit of a clearly defined path that is systematically identified in advance, as the enemy of entrepreneurship, which requires ventures to be opportunistic and quickly shift course as they learn what customers want.
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Entrepreneurs badly need strategies that articulate what their ventures will and will not do. Such boundaries are crucial for making the most of scarce resources, deciding which ideas to pursue, and evaluating experiments. But a rigid, fixed strategy is dangerous.
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Strategy and entrepreneurship are often viewed as polar opposites.
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Strategy without entrepreneurship is central planning. Entrepreneurship without strategy leads to chaos.
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What many entrepreneurs fail to grasp is that rather than suppressing entrepreneurial behavior, effective strategy encourages it - by identifying the bounds within which innovation and experimentation should take place.
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In a resource-constrained venture, choices are mutually exclusive.
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The single best piece of advice for entrepreneurs is this: Know what not to do.
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Every choice is an irrevocable rejection of something else.
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In a world governed by the principles discussed here, a strategy that articulates the firm’s overall direction is indispensable.
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Strategy matters even more to entrepreneurs than to established businesses."
Trechos retirados de "Lean Strategy"

Pricing man (parte VIII)

"Success Factors for a Premium Price Strategy
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What are the common factors behind successful premium pricing strategies? What recommendations can I give?
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1. Superior value is a must: Premium pricing will work over time only if a
company offers superior value to customer.
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2. The price-value relationship is the decisive competitive advantage:
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3. Innovation is the foundation: In general, innovation provides the foundation for a successful, sustainable premium price position.
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4. Consistent, high quality is a must: This prerequisite comes up time and again. Successful premium supplier s maintain high and very consistent quality levels. Their service must also meet the same requirements.
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5. Premium pricers have strong brands: One function of these strong brands is to transform a technological advantage - which is often temporary - into a longlasting image advantage.
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6. Premium pricers invest heavily in communication: They know that they have to make the value and advantages of their products perceptible and understandable to consumers. Remember: only perceived value counts.
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7. Premium pricers shy away from special offers: They are hesitant to offer promotions and special offers. If the promotions they offer are too frequent or too steep, these instruments can endanger the premium price position."
Trechos retirados de "Confessions of the Pricing Man: How Price Affects Everything" de Hermann Simon.

Cuidado com os descontos

Mais um texto a suportar a pregação do Evangelho do Valor, a chamar a atenção para o efeito medonho dos descontos. Recomendo uma reflexão com base em "How A Price Increase/Decrease Affects Gross Profit vs. Unit Sales":
"If you decrease your prices (a sale or discount coupons, for example), how many more units do you have to sell to keep gross profit dollars the same? We have it for you in the chart below.

Como sublinha Hermann Simon em "The Pricing Man":
"The obsessive pursuit of the wrong goals - customer counts, revenue, and market share - leads even the sharpest managers to neglect the effects that discounts and promotions have on profits."

Aprenda a duvidar dos media (parte VI)

Parte I, parte IIparte IIIparte IV e parte V.
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Hoje, mais um exemplo clássico muitas vezes citado no blogue. Os iludidos com as Qimondas, os iludidos com o investimento obtido à custa de "benesses fiscais", os que acreditam que os macacos voam:



Pois, longe dos gabinetes e da academia a realidade:

Amanhã vamos recordar Olivier Blanchard, à altura economista-chefe do FMI.

quinta-feira, fevereiro 18, 2016

Curiosidade do dia

E foi isto que a geringonça veio estragar:
"As contas externas portuguesas registaram um excedente de 3.066 milhões de euros em 2015, superior em quase 300 milhões de euros ao saldo positivo verificado em 2014, divulgou o Banco de Portugal (BdP).
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Segundo os dados do Boletim Estatístico divulgados hoje, o excedente externo totalizou 3.066 milhões de euros em dezembro de 2015, ou seja, 1,7% do Produto Interno Bruto (PIB)."
Trechos retirados de "Portugal fecha 2015 com excedente externo superior a 3.000 milhões de euros"

Decididamente Mongo não é para gigantes

Acerca de Mongo, das tribos, dos segmentos de um, de não querer ser tratado como plankton ... decididamente Mongo não é para gigantes:
"69 % of Britons are closing down accounts and subscriptions, and ‘unfriending’ companies because of poorly targeted communications.
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Ultimately brands must be able to respond quickly to each consumer’s individual customer journey."
Gigantes trabalham com margens apertadas e elevada rotação... plankton.
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Trechos retirados de "Why brands need to respond to individual customer journeys"

Correr atrás do prejuízo, não é português é humano

Interessante este exemplo prático da aversão à perda:
"When it comes to getting people to participate in workplace weight loss programs, financial rewards may not be much of an incentive. Penalties, on the other hand, work great.
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For three months, 281 employees at the University of Pennsylvania participated in a step challenge. The goal was to walk at least 7,000 steps a day. Researchers used different incentives: One group got $1.40 for each day they met the goal, while another got $42 up front each month, and lost $1.40 for each day they didn't finish. Also participating in the study, published Monday in the Annals of Internal Medicine, was a group that got to enter a lottery to win $1.40 each time the goal was reached, and a control group that got no money at all.
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Rewarding people with money, it turns out, didn't inspire more people to achieve their goal. About 30 percent of people who got no money performed their 7,000 steps, compared with about 35 percent of those with a potential reward, a statistically insignificant difference, according to lead researcher Dr. Mitesh S. Patel.
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The people who faced a penalty for failure, however, reached their goal 55 percent of the time."
A velha lição, nós humanos, somos satisficers não maximizers. Por isso, tantas vezes, só mudamos quando nos retiram da nossa zona de conforto. Por isso, só agimos a correr em resposta a um "prejuízo" em vez de actuar proactivamente.
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Trechos retirados de "Why Pay Employees to Exercise When You Can Threaten Them?".

Acerca da produtividade

Ontem ao final do dia li "Our Approach to Economic Growth Isn’t Working":
"The Great Recession is widely understood to have been triggered by a financial crisis, but that analysis diverts attention from an even more malignant current that threatens to erode the U.S. economy at its very foundation: our productivity in the years since the recession has grown at only half its historical average, and in the last two years, against the backdrop of an alleged recovery, it has been essentially stagnant. This should be the central economic issue of our time because productivity is the most important driver of overall economic welfare, the sine qua non for increasing people’s incomes and improving their standards of living.
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If the U.S. is going to flourish again, it must put technology-driven productivity first, which requires restoring robust public and private investment in the drivers of growth: research, infrastructure, and investment in new machines, software, and skills.
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We should instead adopt a new, more proactive economic strategy that is grounded not in fiscal or monetary policy, but in the recognition that productivity drives growth and that achieving sustained high rates of productivity growth requires spurring persistent investment in R&D, infrastructure, skills, and capital equipment, especially in the next wave of information and communications technologies."
E sorri, porque no dia anterior tinha relido com prazer "The Focused Factory", publicado a 1 de Maio de 1974 (era o tempo da ascensão imparável do Japão) na HBR da autoria de Wickham Skinner, onde encontrei:
"In the popular press and at the policy level in government, the issue has been seen as a “productivity crisis.” The National Commission on Productivity was established in 1971. The concern with productivity has appealed to many managers who have firsthand experience with our problems of high costs and low efficiency. So pessimism now pervades the outlook of many managers and analysts of the U.S. manufacturing scene. The recurring theme of this gloomy view is that (a) U.S. labor is the most expensive in the world, (b) its productivity has been growing at a slower rate than that of most of its competitors, and therefore (c) our industries sicken one by one as imports mushroom and unemployment becomes chronic in our industrial population centers.
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In this article, I shall offer a more optimistic view of the productivity dilemma, suggesting that we need not feel powerless in competing against cheaper foreign labor. Rather, we have the opportunity to effect basic changes in the management of manufacturing, which could shift the competitive balance in our favor in many industries. What are these basic changes? I can identify four:
1. Seeing the problem not as “How can we increase productivity?” but as “How can we compete?”2. Seeing the problem as encompassing the efficiency of the entire manufacturing organization, not only the efficiency of the direct labor and the work force. (In most plants, direct labor and the work force represent only a small percentage of total costs.) [Moi ici: Os elementos da tríade precisam de ler isto]
3. Learning to focus each plant on a limited, concise, manageable set of products, technologies, volumes, and markets.
4. Learning to structure basic manufacturing policies and supporting services so that they focus on one explicit manufacturing task instead of on many inconsistent, conflicting, implicit tasks."

Aprenda a duvidar dos media (parte V)

Parte I, parte IIparte III e parte IV.
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O exemplo de hoje é um dois em um, um velho exemplo neste blogue e que não podia deixar de fora desta série:
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Começo por referir que já mais do que uma vez entreguei o exemplo de hoje em papel a empresários com o seguinte alerta:
"Sempre que ouvirem um economista, um consultor, um ministro, botar faladura sobre o que devem ou não deve fazer, lembrem-se sempre deste texto"

Neste caso nem é preciso pôr números a desmentir, são auto-evidentes.
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O próximo guru a ser desmentido será o comentador ... André Macedo.

quarta-feira, fevereiro 17, 2016

Curiosidade do dia

Embora não me reveja em tudo o que é dito, isto para mim faz todo o sentido:
"The growth trap is the assumption of business that growth and health are the same thing"

Trecho retirado de "Douglas Rushkoff: 'I’m thinking it may be good to be off social media altogether'"

Três perguntas

A propósito de "Exportações para os EUA atingiram o valor mais alto dos últimos dez anos" três questões relacionadas: quanto deste crescimento resulta da desvalorização do euro face ao dólar? Quanto deste crescimento resulta da erosão da China como fábrica do mundo? Quanto deste crescimento resulta intrinsecamente das ofertas das empresas portuguesas e da sua proactividade?
"As exportações para os Estados Unidos atingiram, em 2015, o valor mais elevado dos últimos dez anos. Não só ultrapassaram os 2500 milhões de euros (68% de aumento entre 2000 e 2015), como destronaram Angola, até agora o principal destino dos bens nacionais para fora da União Europeia. Em comparação com 2014, as vendas portuguesas para aquele país subiram 22%.
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Os combustíveis continuam a ser o produto mais vendido para os Estados Unidos – que é o maior importador mundial – e registaram um crescimento de 25%
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Entre os três produtos mais exportados estão os químicos, com destaque para os medicamentos: 245 milhões de euros, mais 20% face a 2014.
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Houve três categorias que alcançaram aumentos na ordem dos 50%: plásticos e borracha, calçado e produtos agrícolas.
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a valorização do dólar ajudou a “tornar os produtos portugueses mais apelativos”, chegando aos Estados Unidos “com preços mais apetecíveis”. Contudo, este não é o único factor que ajuda a explicar o crescimento verificado em 2015. A situação de Angola ou do Brasil, a braços com crises económicas, fez com que as empresas olhassem para os EUA, “onde o risco é menor”.
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“Há também uma mudança de atitude das empresas portuguesas, que associa a tradição à inovação, o que permite a abordagem ao mercado americano, onde o design e a inovação são muito importantes. A nossa indústria têxtil, ou o sector da joalharia, fez essa mudança, chegando ao mercado com outro posicionamento. Não estão a apostar em preço pois não conseguiriam bater produtos chineses, mas apostam na qualidade e na inovação”, sublinha."
Sem direitos adquiridos nem queijo garantido. há que estar sempre a preparar o dia de amanhã. Parar é andar para trás, até porque os Estados Unidos podem vir a entrar numa recessão e um novo crash não está fora dos pensamentos das pessoas com quem falo.

Acerca da actividade comercial

Bom material, algum de aplicação imediata à sua PME, em "Help Your Salespeople Spend Time on the Right Things".
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Não são poucas as vezes em que isto acontece:
"Do salespeople know what’s important? [Moi ici: Quem são os clientes-alvo? Quais os produtos com melhores margens? Como é que a actividade comercial ajuda a executar a estratégia da empresa] If salespeople aren’t clear about which markets and products are priorities, they’ll create their own rules about how to spend time.
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Do salespeople have the information they need? Salespeople are more likely to spend time effectively when they have access to good information and tools. [Moi ici: Que bases de dados sobre os clientes e sobre as melhores práticas de venda?]
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Do salespeople have the competencies required? When salespeople neglect priorities due to insufficient skills and knowledge, the remedy is coaching and training.[Moi ici: Diferentes propostas de valor implicam diferentes competências para vender. O ajuste está actualizado?]
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Are salespeople motivated to succeed? Salespeople are motivated when they perceive value from their efforts: career success, recognition, personal satisfaction, money, or all of the above.[Moi ici: Claro que a motivação tem de estar relacionada com os pontos anteriores]
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Do salespeople have enough bandwidth? When salespeople spend time inappropriately because they have too many diverse responsibilities, [Moi ici: Veio-me logo à cabeça um exemplo... o comercial que tinha de partilhar a tarefa de comercial com a de ajudante de armazém] a new sales force structure can ensure focus on company priorities.
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Do salespeople have the right innate characteristics? Training can develop salespeople’s competencies, but success can also require certain innate qualities."

Riqueza e diversidade de estratégias

Acho que estou a ser picuinhas mas não me importo. Quando há dias procurava o tal artigo de Mintzberg que referi, também encontrei um outro, de Bruce Henderson, "The Origin of Strategy" publicado pela HBR em 1989.
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Um trecho que sublinhei em tempos foi:
"Variety. The richer the environment, the greater the number of potentially significant variables that can give each species a unique advantage. But also, the richer the environment, the greater the potential number of competitors - and the more severe the competition."
Hoje, sei que Henderson estava errado, a realidade é ao contrário, quanto mais pobre o ambiente, maior a diversidade e maior a concorrência, mais alternativas estratégicas são testadas. Recordar "Um dos nossos problemas?"

Aprenda a duvidar dos media (parte IV)

Parte I, parte II e parte III.
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Gurus de Lisboa a comentar a indústria nortenha dá nisto:
Mira Amaral acha que a indústria a Norte não foi tocada pela globalização. Como é possível ignorar a realidade?
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Por exemplo no calçado, entre 1994 e 2010 o sector perdeu 45% do emprego e 23% das empresas. E saliento que o número de empresas que fechou foi muito superior a 23%, em 2010 muitas das empresas existentes não eram as mesmas que existiam em 1994.
E será que Mira Amaral não conhece estes números relativos ao sector do têxtil e vestuário?
"O Plano Estratégico para o "Cluster Têxtil e Moda 2020", divulgado em Setembro de 2014, prevê que esta indústria chegue ao final da década a exportar cinco mil milhões de euros por ano, o que significaria "voltar ao pico" das vendas ao exterior, registado em 2001, mas agora com quase metade das empresas e dos trabalhadores, que recuaram para 120 mil."
O próximo guru a ser desmentido será ... Daniel Bessa.

terça-feira, fevereiro 16, 2016

Curiosidade do dia

A propósito do anónimo da província, hoje no Twitter mandaram-me este recorte:

Pois.

O poder da interacção

Outro texto com um trecho precioso, o artigo é "The Reason Twitter’s Losing Active Users" e o trecho é:
"today, the business of most businesses isn’t just mass-manufacturing product (industrial age), plastering slightly slicker stickers on it (branding age), or even gleaning vital intelligence faster than rivals (information age). The business of most businesses is interaction."

É mais do que o produto

Ontem li "Last week's reading: Creating Value from Touch-Points to Journeys and Big Data Analytics" e sublinhei:
"Product vision is surprisingly not about the product at all, it is about the customers you choose to serve and the specific problems you want to solve for them"
Interessante porque se encaixa perfeitamente num exercício que lancei a uma empresa:

  • Coloquem em cima da mesa um exemplar de um produto que fabricam com a margem mais elevada  e, um outro exemplar de um produto que fabricam com a margem mais baixa.
Depois, desafiei-os a, com base naqueles casos concretos, a reflectir para cada um:
  • Que gama de preços?
  • Que tipo de clientes? 
  • Que abordagem comercial?
  • Que relação têm com os clientes?
  • Qual o grau de interacção com os clientes?
  • Qual a razão da interacção? Com quem interagem?
  • Qual a função de quem vos compra? 
  • Quando compram, o que é que esses clientes realmente compram? O cliente nunca compra o que lhe vendemos, compra o que pode fazer com o que lhe vendemos. 
  • Que materiais? 
  • Que máquinas?
  • Que custos? 
  • Que regras? 
  • Que quantidades?
  • Que prazos?
O que vêem emergir associado a cada tipo de margem?
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É muito mais do que o produto mas o produto é um bom ponto de partida, porque fugimos das abstracções e alicerçamos a reflexão em coisas reais.


My Fair Minister


No meu papel de Professor Henry Higgins vou contribuir para a formação do nosso ministro da Economia, ainda maravilhado com o desempenho exportador do sector do calçado.
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Ontem na página do Facebook da APIMA (Associação Portuguesa das Indústrias de Mobiliário e Afins) estes números:
"Exportações de mobiliário e colchoaria atingem 1.5 mil milhões de euros em 2015
O volume de vendas acumuladas para o estrangeiro posiciona-se acima 1.5 mil milhões de euros, crescimento homólogo de 13% de janeiro a dezembro de 2015"
Também pode escolher o exemplo da metalomecânica:
"A metalomecânica voltou a ser no ano passado a campeã das exportações portuguesas.
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As vendas ao exterior destas empresas, que produzem desde louças metálicas a gruas para construção, ascenderam a 14,6 mil milhões de euros. No total, esta indústria representou 31% do total de vendas que Portugal fez ao estrangeiro.
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Em 2015, as vendas ao exterior aumentaram 5,6% face a 2014, voltando a confirmar um crescimento das exportações de quase mil milhões de euros por ano nos últimos seis anos."

Aprenda a duvidar dos media (parte III)

Parte I e parte II.

Gurus de direita e de esquerda, moldados na teoria neoclássica que tão bem explicava o que se via no Normalistão, que tão bem explicava as exportações portuguesas antes de haver China, ou quando nós éramos a china da Europa, acreditam que o sucesso das exportações portuguesas se consegue praticando preços mais baixos na exportação do que os praticados no mercado interno:

Talvez não conheça os números:
E em todos os sectores industriais exportadores é a mesma coisa. Importamos móveis baratos da Ásia e exportamos móveis bem mais caros para outro nível de vida.
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Como se o sector transaccionável português pudesse competir pelo preço baixo quando tem esta diferença de custos laborais:

(ITV = Indústria do Têxtil e Vestuário)

O próximo guru a ser desmentido será ... Luís Mira Amaral

segunda-feira, fevereiro 15, 2016

Curiosidade do dia

É fazer o paralelismo com o nosso país:
Malvados empresários e grupos económicos.

Para reflexão profunda

Costumo escrever acerca dos fragilistas.
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Convido a reflectir sobre isto:
Fragilistas andam sempre na corda bamba e com o coração nas mãos, têm aversão à volatilidade


Acerca da estratégia

Ontem andei a vasculhar a minha antiga biblioteca de artigos, base de dados em papel que mantinha com cuidado quando ainda não tinha blogue, em busca do artigo original de Mintzberg sobre estratégia e os 5 P's.
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Durante a pesquisa não resisti a parar, sentar-me e reler os sublinhados que tinha feito há milhões de anos em "Crafting Strategy", de Henry Mintzberg e publicado pela HBR em 1987. Fiquei logo a matutar em:
"In my metaphor, managers are craftsmen and strategy is their clay. Like the potter, they sit between a past of corporate capabilities and a future of market opportunities.
...
Strategies are both plans for the future and patterns from the past.
...
An organization can have a pattern (or realized strategy) without knowing it, let alone making it explicit.
...
strategies can form as well as be formulated."
Quanto disto, a fermentar no meu subconsciente e sujeito à experiência de lidar com as PME, está na origem de "Do concreto para o abstracto e não o contrário".

Quando se passa da oposição para a situação

Quem acompanha este blogue desde 2004 sabe o quanto tenho escrito e elogiado o sector do calçado desde talvez 2007. Julgo que a primeira vez que o calçado me fez pensar em estratégia foi quando em 2006 reflecti numa frase de um empresário que vim a conhecer mais tarde "deixar de ser como a Arca de Noé, onde cabia tudo".
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Por isso, sorrio ao ler esta afirmação do ministro da Economia "É importante reproduzir o êxito do calçado noutros sectores".
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Só o êxito do calçado? Para onde quer que se vire tem bons exemplos. Ainda nem há cinco dias "Secretário de Estado da Indústria aponta setor dos moldes como exemplo".
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Apreciemos a evolução das exportações entre 2004 e 2014:

BTW, o que faz passar da oposição para a situação.
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Agora, na situação, Caldeira Cabral usa os números que ajudam a embelezar o desempenho das exportações (recordar o BTW neste postal da semana passada):
"as exportações do calçado conseguiram nos últimos seis anos crescer 50%"
Quando na oposição manipulava os dados para diminuir o brilho das exportações, recordar este postal "Curiosidade do dia".

Aprenda a duvidar dos media (parte II)

Parte I.
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Conhece este mantra tão querido dos gurus de esquerda e de direita?

Sim, para eles competitividade só existe à base do custo. Por isso, é que andam todos de Fiat Panda não é?
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Quase que aposto que não conhece a realidade:

Como é que se podem aumentar as exportações?
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O próximo guru a ser desmentido será ... Ricardo Pais Mamede

domingo, fevereiro 14, 2016

Curiosidade do dia

Uma pessoa fica a pensar em tudo o que está por detrás disto "Cenário para a década não durou 10 meses".
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Sintoma de leviandade?
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Má-fé?
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Falta de convicção?
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BTW, "We Don’t Want to be Portugal, PM Enda Kenny Tells Irish Voters"

Escrito nas estrelas

Estava escrito nas estrelas!
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Mais um sintoma de Mongo.
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Recordar as previsões do anónimo da província em:

Acerca do advento de plataformas cooperativas, plataformas 2.0 que ocuparão e criarão o mundo pós-Uber.
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""in the wake of protests by Uber drivers over the company’s decision to cut fares, David is launching his own blockchain-based ride-sharing platform, Arcade City. To promote the new platform, he and nine other drivers gave 100 rides on New Year’s Eve on a donation-only basis.
...
CoinTelegraph: You were an Uber driver before. How does this system contrast with traditional ride-sharing services like Uber and Lyft?
Christopher David: Imagine a decentralized Uber that connects drivers with customers peer-to-peer using the Ethereum blockchain. When we hit $2 billion in annual revenue, it won’t go to line the pockets of investors or sustain a corporate hierarchy. It will be reinvested in our drivers, and in improving the customer experience.
Driver engagement is key. Thanks to our Free Uber campaign, I got to connect and speak with Uber drivers all over the country. Dealing with government regulation is definitely an issue for drivers, [Moi ici: Daí a importância instrumental da Uber, o dinheiro dos investidores que seja usado para combater em tribunal os regulamentos que protegem os incumbentes] but an even bigger issue has been drivers being mistreated by the distant corporate HQ. I’ve been a driver myself, working sometimes 50 hours per week. I’ve been to the meetings. I've seen firsthand how drivers are treated and how feedback is ignored.
Uber and Lyft are run by nerds in San Francisco. To them, drivers are just numbers. The fares that determine drivers' livelihood are just levers to push and pull to maximize profit. [Moi ici: Recordar esta pérola "Managing a platform ecosystem raises a number of new governance issues, including “who has access to the platform, how to divide value, and how to resolve a conflict,” notes the CGE report.  “The goal is to arrange complementors and consumer rules to maximize ecosystem profits… "] The driver uproar and mass protests following last week’s rate decrease tells me this is the perfect time to launch a decentralized alternative.
Arcade City is beginning with a grand conversation with drivers. Our question: If you had to design a ride-sharing app that best met the needs of riders and drivers, what would it include? The amazing ideas contributed just this week will keep us busy for years.
...
our approach to the critical mass problem is a bit different. We are taking a hybrid approach, combining distributed dynamics with the type of service people expect today of a company like Uber. The objective is total decentralization on the blockchain, but we are starting with an emphasis on driver engagement and integrating driver feedback.
There are countless thousands of angry Uber and Lyft drivers looking for an alternative. We’ll start by building what they want, then move in the direction that we know will maximally benefit both drivers and customers over the long term: decentralization on the blockchain.
...
The key technical differences between Arcade City and the big ride-sharers stem from how our operation is structured. Not like the hub-and-spoke model of Uber and Lyft, with a headquarters in San Francisco centrally setting rates for a number of independent contractors that border closely on employees. We’re building a peer-to-peer network like a mesh, and taking a page from Rick Falkvinge’s book Swarmwise by pushing the relevant decision-making authority out to the edges of the network. For Arcade City, that means empowering drivers with tools to create their own recurring customer base and make their own decisions like any entrepreneur would."

Moral hazard?

O sistema descrito por esta figura:
Intitula-se em inglês "Tragedy of the Commons". Em português talvez se possa chamar de "Tragédia dos Baldios".
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Existe um recurso limitado, o terreno baldio de uma aldeia, que pode ser utilizado por todos os habitantes de uma comunidade. Em condições de sustentabilidade do baldio e equidade, cada habitante podia ter uma vaca a pastar. No entanto, não há nenhuma lei escrita que impeça ter duas ou três ou mesmo quatro vacas por habitante. Digamos que os habitantes têm uma vaca por tradição.
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Agora imaginem que o habitante A decide ter 2 vacas a pastar no baldio. Em resposta, a maior parte dos outros habitantes resolve também ter 2 vacas. Afinal, não são menos que o outro. Assim que todos percebem que ganham mais em ter 2 vacas em vez de uma, começa uma autêntica correria para ver quem põe mais vacas a pastar no baldio.
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Estão a ver onde é que isto nos leva?
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Até que se dá o PUM!
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A capacidade produtiva, a sustentabilidade do baldio colapsa... algumas vacas morrem de fome, alguns habitantes tentam vender as vacas ao desbarato... é o caos.
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Então, começam as movimentações dos habitantes da aldeia A para que os habitantes das aldeias vizinhas, B, C e D, sejam obrigados a deixar que vacas dos habitantes da aldeia A pastem nos baldios dessas outras aldeias onde os habitantes, arreigados à tradição, continuam com baldios sustentáveis e uma vaca por habitante. Moral hazard?
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Agora, analisemos o Boletim Mensal da Agricultura e Pescas publicado em Janeiro de 2016 e com dados até Novembro de 2015.

  • Peso limpo de suínos abatidos para consumo público nos primeiros 11 meses do ano de 2014 - 326.543 toneladas
  • Peso limpo de suínos abatidos para consumo público nos primeiros 11 meses do ano de 2015 - 343.933 toneladas
  • Crescimento de 5% na produção 

  • Quantidade de leite de vaca recolhido nos primeiros 11 meses do ano de 2014 - 1709639 toneladas
  • Quantidade de leite de vaca recolhido nos primeiros 11 meses do ano de 2015 - 1773839 toneladas
  • Crescimento de 4% na recolha

O que acontece num sistema económico saudável quando a produção de um produto aumenta e o consumo estagna ou regride?
A seguir baixa a produção, para ir de encontro ao nível de consumo e recuperar o preço.
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Sanções russas, quebra angolana, quebra de preços e a produção continua a aumentar?
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Moral hazerd? Contribuinte fará sempre o bail out?

Aprenda a duvidar dos media

De certeza que conhece este mantra:


Quase que aposto que desconhece a realidade:


O próximo guru a ser desmentido será ... Vítor Bento.

sábado, fevereiro 13, 2016

Curiosidades da semana que passou

A pesquisa e o resultado

Ao pesquisar na net o nome de um autor, reparei que aparecia nos resultados um livro que não conhecia. Copiei o nome "Search Patterns: Design for Discovery" do livro e pesquisei-o na Amazon.
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Na Amazon resolvi folheá-lo rapidamente, naquilo que está disponível para consulta. A certa altura, algo que tinha lido duas ou três páginas atrás começa a incomodar-me e ... volto atrás para reler:
Aquela legenda da figura ... está carregada de significado.
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A pesquisa que fizemos, a busca que empreendemos, ajuda a perceber o que conseguimos atingir, ajuda a perceber os resultados que obtemos.
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Se a sua empresa quer ter resultados que buscas faz, que empreendimentos concretiza?
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Nunca esquecer as pessoas que, como crianças, "brincam" nas empresas.
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BTW, o autor que eu procurava aparece algures a elogiar o livro, daí o que encontrei.


Engenheiros operários e a Gemba

Ontem estive numa empresa que injecta peças plásticas. Quando me fui despedir do Director Comercial ele estava junto a uma máquina, estavam a testar peças injectadas, depois do cliente ter mandado fazer uma modificação no molde.
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O cliente tinha urgência em receber as peças porque o cliente do cliente já tinha pago o produto em que aquelas peças se vão integrar e o prazo de entrega já estava ultrapassado. Só que a alteração ao molde estava a provocar defeitos nas peças.
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O Director Comercial começou logo a identificar uma série de correcções a fazer ao molde para eliminar a produção do defeito. E a minha mente viajou até 1988 na CIRES em Estarreja, ou às conversas em 1991 com o Sr Karikomi da Yazaki. A CIRES sempre teve maioria de capital japonês, e à boa maneira japonesa um engenheiro que entrasse para a empresa para a área técnica tinha de começar por ... ser operário e fazer turnos. Já o sr. Karikomi olhava para peças injectadas para o protótipo do Ford Mondeo (o CDW27) desenvolvidas por engenheiros alemães em Dusseldorf e classificava-as de "masturbações de engenharia" (aqui também) e explicava: os engenheiros alemães nunca estiveram a trabalhar com uma máquina de injecção. Assim, não fazem ideia de como esta peça fica mais cara por causa das opções que fizeram.
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Sim, estranhei que nenhum técnico da empresa de moldes estivesse lá a assistir aos ensaios, a ver se tudo iria correr bem e pronto para aprender a evitar futuros erros em futuras construções/alterações de moldes.
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Pena que os engenheiros prefiram os gabinetes e os monitores à Gemba.

Indicadores e BSC

Ainda esta semana que passou me colocaram uma pergunta acerca da temporalidade das metas associadas aos indicadores que se colocam no BSC.
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Na altura tinha dado um exemplo de indicador com meta a atingir no espaço de um ano. No entanto, nada obriga a ser um ano, pode ser uma meta a atingir no longo prazo, embora faça sentido avaliar periodicamente a convergência para a meta.
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Segue-se um exemplo de uma evolução de médio-longo prazo, é para o calçado português. No entanto, podia ser, por exemplo, para a notoriedade de uma marca.
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Como está o calçado português agora? Aqui "Calçado português melhor que o italiano em prova cega":
"O consumidor está teoricamente disponível para pagar 34 euros por um par de sapatos de homem fabricado em Portugal e para despender 31,5 euros por sapatos para mulher. Mas só se desconhecer a origem de fabrico. Quando confrontado com a “nacionalidade” do produto, o mesmo consumidor só está disposto a pagar 27,8 euros pelos sapatos de homem (menos 18,2%) e avalia o par de sapatos de mulher em 25,7 euros (menos 18,4%).
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Numa prova cega, que contou com a participação de 85 retalhistas e grossistas internacionais, o calçado português esteve sempre à frente do sapato italiano, líder mundial neste sector. Os sapatos para homem tiveram uma avaliação, em média, superior a 7,9% e o calçado para mulher foi valorizado em mais 6,4% face aos de origem italiana. Quando os participantes da prova foram confrontados com a proveniência do artigo, o valor intrínseco do produto português diminuiu e o calçado italiano registou um aumento.
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Os resultados desta prova cega permitiram concluir que, em menos de uma década, o calçado português reduziu para metade o défice de imagem face ao italiano, o seu grande concorrente no mundo. “O diferencial de valor do calçado português face aos sapatos italianos, tradicionalmente associados a design e a qualidade, ronda actualmente os 15%, metade do valor que durante anos foi usado como diferença de preço aceitável entre os dois”"
Como estava há 10 anos? Aqui "Calçado tem potencial para exportar mais 320 milhões":
"Há cerca de uma década, igual avaliação no mercado indicava haver “uma diferença significativa, na ordem dos 30%, entre a qualidade intrínseca do calçado português e a qualidade percebida pelo consumidor”. Esta constituía, então, a “mais séria fragilidade” das empresas do setor e levou a Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos (APICCAPS)  a reforçar, a partir de 2009, a presença em feiras no exterior e a lançar uma série de iniciativas de promoção ao abrigo da campanha The Sexiest Industry in Europe."

Uma estratégia.
Indicadores alinhados com a estratégia.
Metas ambiciosas.
Acção para transformar a realidade de hoje na realidade do futuro desejado.
Monitorização e decisão.

sexta-feira, fevereiro 12, 2016

Curiosidade do dia

"Portugal tem, agora, um problema com a democracia mágica, em que se formula um desejo e espera-se que a realidade se conforme ao desejado, sem precisar de escala e sem precisar de regulação."
Qual é mesmo a postura do fragilista? Pois! Basta recordar "Sh*t happens!"
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Para o fragilista, até os "cofres cheios" eram motivo de chacota... cambada de cigarras!

Trechos retirados de "A democracia mágica"

Estratégia e padrões de actuação e decisão

Ontem arranquei com um projecto de desenvolvimento de um balanced scorecard (BSC) numa empresa. Uma empresa que está bem, que tem crescido mas que reconhece que precisa de concentração, foco, coerência e alinhamento, terreno fértil para o BSC ajudar.
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Como trabalho de casa pedi que escolhessem um exemplar do produto que fabricam com mais margem e outro do produto que fabricam com menos margem. Pedi que pensassem nos clientes que os pediram, nos materiais que são usados e nas máquinas que são ocupadas.
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Numa empresa nestas circunstâncias não é preciso formular ou desenhar uma estratégia. Ela já existe, ela pode não ser consciente mas já lá está.
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Na próxima sessão vamos ver onde é que o trabalho de casa (n)os vai levar. No final da sessão de ontem, um elemento da equipa comentou algo em abstracto sobre o conceito de estratégia, aquilo que me veio à cabeça na altura é um dos pontos de partida que usarei com o resultado do trabalho de casa: os 5 P de Mintzberg:
Se a estratégia "subconsciente" está a funcionar, olhando para a informação e experiências existentes será possível reconhecer padrões, conjuntos de decisões, de escolhas, de prioridades, que sistematicamente são seguidos com bons resultados. Por isso, o sublinhado que faço a este postal de Seth Godin:
"Pattern recognition is a priceless skill that comes with practice, with the experience of noticing. Noticing what works, what you've seen before, what might not work.
...
The art is to see patterns, but to use them to do something new, something that rhymes."

Mais uma peça para a construção de Mongo

Ontem no Twitter o Miguel chamou-me a atenção para este texto "Why Baby Boomers Refuse To Retire".
"Nearly half of boomers still working say they don’t expect to retire until they are 66 or older, including one in 10 who predict they will never retire.
How will all these aging boomers thrive in the 21st century? According to many experts on aging, it's increasingly by staying in the workforce, at the very least on a part-time basis.
...
Boomers don’t consider themselves old until around 72 years of age,
...
And most long-held culturally and historically embedded notions about how to retire are quickly becoming outdated. Many boomers no longer see themselves playing shuffle board, golfing, fishing and generally relaxing for the remainder of their days. Plus, age-related scientists now posit that a life overly focused on leisure and passive entertainment could actually promote poor health.
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A 2014 study conducted by the Rush University Alzheimer’s Disease Center in Chicago points to living a life of purpose (identified as having a strong sense of meaning, which frequently comes from essential paid employment and/or volunteer work) as highly conducive to reducing one’s susceptibility to stroke, dementia, movement problems, disability, and premature death. In short, full retirement is not a smart or healthy option."
Mas a parte mais interessante é esta "Gig Economy: Better for Boomers Than Millennials".
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Os paradigmas criados no século XX a caírem todos, um a um. Por mim, saúdo esta evolução. Nunca fiz tenção de me reformar, até porque daqui a 15 anos poucos poderão viver com o que vão receber de reforma.
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Mais uma peça para a construção de Mongo, esse mundo cheio de gente excêntrica, cheio de tribos, cheio de gente fora da caixa.

Acerca do calçado em 2015

A propósito de "Calçado com exportações de 1.865 milhões de euros":
"As exportações portuguesas de calçado encerraram 2015 com um “crescimento ligeiro” de 1%, equivalente a um novo máximo histórico de 79 milhões de pares no valor de 1.865 milhões de euros." [Moi ici: O crescimento refere-se ao número de pares ou aos euros?]
Em 2014 tivemos:
""No ano passado, Portugal exportou sensivelmente 90 milhões de pares de calçado, no valor de 1.870 milhões de euros", acrescenta.
Sim, recordo que houve aquele do calçado importado da China e vendido como Made in Portugal e que a APICCAPS pode estar a retirar dos números de 2014. E os media não acham estranho? Os dois recortes são do mesmo jornal, não deviam ter comparado os números?
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Olhando para os números do INE e para o capítulo 64 da nomenclatura combinada, entre 2014 e 2015 as exportações de calçado caíram cerca de 0,04%. "Peaners" como diz o outro. Por isso, não percebo este título "Exportações portuguesas de calçado crescem 1%, para 1.865 milhões de euros, no “exigente”  2015".
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BTW, este título é enganador "Exportações de calçado subiram 50% desde 2009", ao não referir que 2009 foi um ano atípico. Recordar o gráfico da evolução das exportações portuguesas de bens, aquela queda abrupta foi em ...  2009:
O mesmo "erro" em "Exportações de calçado aumentaram mais de 600 milhões em seis anos"
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A revolução no calçado é suficientemente forte e bonita para não precisar de ser embelezada com essa comparação enganadora.
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Estou preocupado com os números do INE e com uma ligeira quebra em 2015?
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Claro que não!!! Recordar ""um sinal para aumentar a exploration versus exploitation"".


Pensem bem na narrativa


Há dias, citava aqui estas palavras de Esko Kilpi:
"the learned helplessness created during the industrial era. Learned helplessness is a belief that we are at the mercy of external forces, the managers, the employers, the markets, and not in control of what is happening to us. Martin Seligman claims that this feeling is not only learned but built in as a feature in many of our social systems,"
Quem é que nos "ensina a ser desamparados, enfraquecidos, impotentes"?
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As narrativas que nos tornam vítimas, as narrativas que deslocam  o nosso locus de controlo do interior para o exterior de nós.
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Um dos grandes criadores desse tipo de narrativa é, por exemplo, João Ferreira do Amaral. Segundo ele: o euro é a causa de todos os nossos males; não temos economia para competir se tivermos ou continuarmos com o euro como moeda.
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Claro, os media, acríticos, há muito deixaram de mediar, há muito deixaram de investigar e ver se as narrativas aguentam um pouco de contraditório.
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Pergunto, qual é a economia mais forte da zona euro? Ainda há dias no Twitter alguém escrevia que o sucesso das exportações alemãs era tão grande que era sinal de que precisavam de uma moeda mais forte.
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Agora, pensem no que se segue.
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Na senda de "Exportações nacionais cresceram 33% nos últimos cinco anos", posso acrescentar que as exportações de bens portugueses cresceram 60% nos últimos 10 anos.
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E quanto é que cresceram as exportações alemãs entre 2005 e 2015?
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Cresceram...
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Conseguem adivinhar?
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Cerca de 53%
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Além de ser outra vez a fazer sombra aos alemães.
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O que é que isto diz dos nossos media, dos economistas da tríade, e do peso do Estado português sobre a economia portuguesa?

quinta-feira, fevereiro 11, 2016

Curiosidade do dia

Esta semana tive de ir a um funeral numa freguesia do concelho de Penafiel.
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E descobri uma coisa que nunca tinha visto. Uma lápide com um CV!!!

Só estranho é como é que se podia ter sido nomeado procurador da república em 1899.

Decisions Under Uncertainty

"There are decisions where:
1. Outcomes are known. This is the easiest way to make decisions. If I hold out my hand and drop a ball, it will fall to the ground.
2. Outcomes are unknown, but probabilities are known. This is risk. Think of this as going to Vegas and gambling. Before you set foot at the table, all of the outcomes are known as are the probabilities of each. No outcome surprises an objective third party.
3. Outcomes are unknown and probabilities are unknown. This is uncertainty.
We often think we’re making decisions in #2 but we’re really in #3."
Trechos retirados de "Decisions Under Uncertainty"

"um atestado de desconhecimento da realidade" (parte IV)

Em 1987, no meu último ano na universidade como aluno, numa cadeira de gestão, o professor Folhadela ensinava-nos os rudimentos da micro-economia acerca da importância do cálculo da contribuição, o que eram custos fixos e o que eram custos variáveis, Recordo um exercício em que uma empresa produzia gabardinas e recebia uma encomenda do estrangeiro. O preço era mais baixo que o praticado nas encomendas normais, as do país. Contudo, como os custos fixos estavam pagos e o preço era superior aos custos variáveis, a conclusão era: aceitar a encomenda.
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Este era o racional da "guerra anterior" o mundo pré-China, ou antes, o mundo em que nós, Portugal, éramos a china antes de haver China.
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Hoje, o mundo económico é outro e as empresas portuguesas que operam no sector transaccionável tiveram de fugir do negócio do preço mais baixo para escapar ao rolo compressor chinês.
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O bicicletas ainda está na sua torre de marfim a contemplar as folhas de cálculo e os modelos que os seus professores lhe ensinaram. Por isso, como ilustrei em "um atestado de desconhecimento da realidade" (uma série com 3 partes) a falta de sustentação de uma afirmação como:
"Como é que se resolve o desafio das exportações?
Baixam-se os preços e os salários"
Ontem, mais uma confirmação do tal atestado de desconhecimento da realidade do bicicletas através do artigo "Portugueses compram mais roupa e calçado estrangeiros":
"O baixo nível de vida e o elevado preço da roupa e calçado "made in Portugal" são apontados como os principais motivos para que o consumidor português continue a privilegiar produtos estrangeiros.
...
Apenas 1,7% dos inquiridos admite que o vestuário português representa a totalidade das suas compras. No calçado, o número é maior: 14,4%. Um em cada quatro consumidores não tem um único par de calçado português em casa."