Ontem no programa da SICN, "O Expresso da meia-noite", a professora catedrática, como fez questão de sublinhar, Maria João Rodrigues, avançou com uma receita para a resolução dos problemas de competitividade dos países da periferia do euro.
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Assim, segundo ela, a solução passaria por aumentar os salários dos habitantes dos países daquilo a que chamo a Liga Hanseática (Alemanha, Holanda, Dinamarca, ...) para que eles, como passariam a consumir mais, importassem mais produtos e serviços produzidos nos países da periferia.
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Esta solução pode acrescentar-se à colecção de propostas
coladas com cuspo (à la TSU, à la euro não euro, à la Rick Perry, à la ...) que os políticos fazem com a maior ligeireza, só para poderem ter algo para dizer. After alll,
eles não estudam até ao fim as consequências das medidas que sugerem.
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Estou a imaginar a história das raposas que os australianos introduziram na Austrália para diminuir a população de coelhos introduzidos pelos ingleses...
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Maria João Rodrigues é um elemento da tríade, só sabe raciocinar em termos de custos. Os periféricos só não exportam porque têm custos elevados... segundo ela.
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Não será antes porque não têm produtos que seduzam os clientes hanseáticos? É que preço por preço, um alemão pode comprar um Made in China na boa a um preço muito inferior ao que alguma vez um Made in España, ou Made in Portugal poderá ostentar, basta recordar esta diferença:
Quantos membros da tríade (políticos, paineleiros e macro-economistas) conhecerão estes números?
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Olhem bem para os números... estão a ver o que os impressores de bentos e malabaristas do euro não euro querem fazer? Querem desviar-nos do combate do valor,
da transformação deste país que está a fazer-se com bons resultados, e colocar-nos numa espiral viciosa, numa race-to-the-bottom.
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Como é que a professora catedrática Maria João Rodrigues explica os números das exportações portuguesas em sectores tradicionais?
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Mais, como é que a a professora catedrática Maria João Rodrigues explica que na Alemanha em 2010 se tenham produzido 30 milhões de pares de sapatos a um preço médio à saída da fábrica de 41,2 USD? (segundo o World Footwear Yearbook 2011)
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Estamos condenados a um rodízio de ministros, políticos e professores catedráticos, cada um com as suas propostas que não aguentam a análise de um anónimo engenheiro de província.
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#Medo
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#BigFail
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Nota: segundo o mesmo World Footwear Yearbook 2011 em Portugal produziram-se 62 milhões de pares a um preço médio de 29,65 USD.