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sexta-feira, janeiro 12, 2024

Como ainda não morremos, voltamos ao bilhar

"This long run is a misleading guide to current affairs. In the long run we are all dead. Economists set themselves too easy, too useless a task if in tempestuous seasons they can only tell us that when the storm is long past the sea is flat again"

John Maynard Keynes

Não sei porque é que as pessoas se queixam da inflação elevada e das suas consequências? Será porque algures o longo prazo torna-se presente e afinal ainda não morremos?

A vida para além do défice existiu e passou por chamar a troika.

"No very deep knowledge of economics is usually needed for grasping the immediate effects of a measure; but the task of economics is to foretell the remoter effects, and so to allow us to avoid such acts as attempt to remedy a present ill by sowing the seeds of a much greater ill for the future".

Ludwig von Mises

sábado, abril 23, 2022

"decaedere"

Recentemente, nesta apresentação, "Rouxinóis, fiambreiras e resultados!", a certa altura apresentei estas imagens (noutro contexto):


Por que é que Cavaco Silva recentemente criticou António Costa? Por falta de coragem para fazer reformas.

Costa é o político que nos propõe uma vida sem sacrifícios:

Quando lido com empresas apresento esta imagem para dar a entender o ponto acerca da estratégia. Estratégia é escolha, mas também é renúncia. Costa propõe-nos "Saúde e Riqueza", e quem é que não quer isso?

Contudo, não acredito que esse modelo seja sustentável. Assim, uma verdadeira estratégia implica uma escolha dolorosa:
  • ter saúde, mas ser pobre, ou
  • ser rico, mas ser doente
Jorge Moreira da Silva segue o caminho de Costa, esconde que é preciso fazer escolhas dolorosas, e refugia-se na "catequese". Acham mesmo que o PS não está de acordo com isto "Defendo um Estado que dignifique os cidadãos, promova a equidade social, liberte a iniciativa da sociedade civil e fomente o crescimento económico"? Se está de acordo com isto, porquê mudar?

De certeza que já escrevi sobre este tema no passado aqui no blogue. No entanto, agora não encontro um postal à mão melhor do que este.

Muitas vezes tomamos decisões e clarificamos e somos claros sobre o que decidimos, mas quase sempre esquecemos de enunciar, de tornar claro e transparente aquilo a que renunciamos, e quais são os pressupostos e implicações das nossas decisões.


Por exemplo, vejo muitas empresas entusiasmadas com a aplicação das metodologias lean desenvolvidas na Toyota, mas poucas sabem que o Toyota Production System parte do pressuposto que o planeamento da produção está congelado 8 semanas para a frente

Porter escreveu várias vezes: “the essence of strategy is choosing what not to do”.

Entretanto, ontem de manhã, durante a caminhada à chuva, encontrei este trecho:
"We obtain a better understanding of the meaning of the verb to decide by considering its Latin origin, decaedere, which means “to cut off” (derived from de [off] and caedere [to cut]). What is cut off are alternative options or courses of action. In other words, it means coming to a resolution or choice in the mind as a result of discernment, consideration, or settling an argument."
Fantástico, a origem da palavra decidir está no acto de cortar com uma(s) alternativa(s). Quantas decisões são tomadas sem perceber quais são as suas implicações
Quantas decisões são tomadas escondendo as suas implicações?

Saúde e riqueza em simultâneo rima com cativações, o que rima com, por exemplo:

Ou:

Eu acredito que lá no fundo, no fundo, a maioria das pessoas não acredita na promessa da riqueza e saúde em simultâneo, mas pensa: enquanto o pau vai e vem folgam as costas e depois alguém mais tarde há-de tratar da confusão acumulada. Um Passos qualquer que há-de fazer o papel de bode expiatório e nele será corporizada a culpa pela austeridade violenta. Em 2018 aqui no blogue escrevi:
"Depois da expulsão do paraíso, porque descobrimos que éramos mortais, porque descobrimos que havia uma coisa chamada futuro tivemos de começar a trabalhar. Trabalhar gera frutos que podem ser consumidos de imediato, ou podemos atrasar a gratificação e investir alguns desses frutos em busca de um futuro melhor. Ora uns investem muito, outros investem menos, outros não investem nada. Assim, quando o futuro chega, uns têm mais retorno, outros menos e outros nenhum. Nessa altura cresce a inveja e Caim mata Abel.

Acho sintomático que @s polític@s que se alimentam da inveja andem tão aliad@s às políticas@s que se alimentam da desvalorização do atraso na gratificação."

Trecho retirado de "The Root Cause: Rethink Your Approach to Solving Stubborn Enterprise-Wide Problems" de Hans Norden.

quarta-feira, março 30, 2022

E novidades?

 


Ontem, 29 de Março de 2022 o Público publicou "Investimento na: auto-estradas ajudou à litoralização e suburbanização do país".

Recordo 26 de Novembro de 2009, este blogue publicou "Folhas na corrente (parte VII)". Mais completo este outro postal de 2018, "Really, karma is a bitch!".

quarta-feira, junho 09, 2021

"businesses often make is that they misjudge the relationship between ..."

Cuidado com os juízos precipitados e com a crença nos jogos de soma nula.

"When radio became popular in the 1920s, the American Society of Composers, Authors and Publishers (ASCAP) battled the new medium, convinced that radio would reduce record sales and, more important at the time, shrink revenue from sheet music. To choke off radio, ASCAP raised its licensing fees by 70 percent in the late 1930s and again in 1940. Broadcasters responded with a boycott. For almost a year, radio audiences in the United States heard virtually no copyright-protected music. All of a sudden, Stephen Foster’s long-forgotten “Jeannie with the Light Brown Hair,” a song in the public domain, filled the airwaves again.
By the 1950s, however, ASCAP’s mistake was readily apparent. Radio was not a substitute for records; it was a complement, a means to advertise music and raise listeners’ appreciation for particular songs. Now the payment streams reversed: instead of charging astronomical licensing fees, record companies paid DJs to play particular songs. The first type of mistake businesses often make is that they misjudge the relationship between two products, seeing them as substitutes when they are, in fact, complements. In hindsight, we see things more clearly, of course. But at the time, the mistake was completely understandable. Wouldn’t you have thought that playing music for free would reduce the demand for records?”

O karma é tramado! 

Trechos retirados de "Better, Simpler Strategy: A Value-Based Guide to Exceptional Performance" 

sábado, outubro 24, 2020

No fim o diabo ri-se

Mais um relato do que se está a passar na economia do nosso vizinho e maior parceiro comercial:

"Según Adecco y el Banco de España, los salarios españoles podrían reducirse entre un 10% y un 15% en 2021 por la destrucción empresarial y caída de ingresos de aquellas que sobrevivan.

En un estudio reciente de McKinsey, reflejaba que de las más de 85.000 empresas que se han destruido desde febrero, el 83% son pequeños negocios con menos de cinco empleados. Una destrucción de empresas que viene de antes. España ha perdido más de 100.000 empresas en un año entre agosto de 2019 y 2020, es decir, casi el 7% del total." [Moi ici: Entre 2008 e 2013, perderam-se 117.000 empresas em Espanha]

Crise de saúde vira crise económica, que vira crise financeira, que vira crise social, que vira crise da economia dos direitos adquiridos: quarta vinda ...

Como escrevi em Abril: O coronavírus não muda nada, apenas acelera o que já estava em curso: previsão de 2015

 

Trecho retirado de "España, una destrucción de pymes sin precedentes

quarta-feira, julho 15, 2020

Cuidado com o que desejas, pode ser que o obtenhas. Ou, como Karma is a bitch



Este postal de Agosto de 2019, ""The Great Sparrow Campaign" - gente perigosa", faz um apanhado daquilo a que se pode chamar: Cuidado com o que desejas, pode ser que o obtenhas. 

Há dias, enquanto conduzia, ouvi e tomei consciência dum trecho dos Coldplay:
"when you get what you want but not what you need"
Ontem no JdN apanhei:
"César Araújo propõe que 60% dos artigos consumidos sejam fabricados na Europa
...
Tudo tem de partir da consciência dos nossos governantes em Bruxelas. Não vale a pena só injetar dinheiro. A Europa tem de fazer um Plano Marshall e dizer que 60% dos produtos consumidos têm de ser manufaturados na Europa."
Isto é tão a conversa da APROLEP que até dói ...

Atentemos no que César Araújo dizia há meses:
"Vocacionada para a produção de vestuário para marcas da gama média-alta e luxo, a Calvelex exporta as cerca de 800 mil peças que fabrica anualmente para os quatro cantos do mundo, com enfoque especial na Europa e nos EUA.
...
Quais vão ser os principais mercados da Calvelex em 2018?
.
Vão ser toda a Europa, que é o nosso mercado doméstico, os EUA, o Canadá, a Coreia do Sul e o Japão."
Como é que um dirigente associativo no século XXI ainda vê a economia como um jogo de soma nula?

E se os países extra-europeus para onde exporta resolverem aplicar a receita que ele propõe para a Europa?

quinta-feira, setembro 19, 2019

"The Great Sparrow Campaign" - gente perigosa (parte II) ou Heterogeneidade dos mercados (parte III)

Esta manhã ao ler um artigo delicioso, aborda o tema da estratégia sobre uma perspectiva psicológica que nunca tinha lido, a certa altura escrevi na borda do texto digital: (cromos, galeria, Zapatero, cemitérios).

Agora acrescento "realidade aumentada" segundo esta abordagem em "Para assentar ideias". Neste texto escrevo que, tal como no artigo que ando a ler, a realidade existe, mas nós não somos capazes de ver a realidade, nós só somos capazes de ver aquilo que a nossa experiência nos preparou para ver. Por isso, quando o mundo muda, é fundamental ter gente sem mapas cognitivos castrados em posições de poder, para não estarem demasiado prisioneiros do passado. Por isso, escrevi que o melhor era Zapatero sair. Por isso, coleccionei a galeria de cromos, gente formatada numa época e incapaz de partir o molde onde foi educada. Como não recordar Napoleão:
Por isso, apontei "cemitérios" por causa de uma frase de Max Planck: "Uma nova verdade científica não triunfa convencendo seus oponentes e fazendo-os ver a luz, mas porque seus oponentes finalmente morrem e uma nova geração  que está familiarizada com ela cresce".

Em Portugal, com as mesmas caras há décadas nos cargos de poder parece que continuamos sempre a combater os desafios de hoje com a mentalidade que formatou essa mesma gente no tempo em que não havia nem internet, nem União Europeia.

Em ""The Great Sparrow Campaign" - gente perigosa" escrevi mais uma vez sobre os jogadores amadores de bilhar, um tipo de gente muito perigoso. Gente que Reich apelidaría de Zé-Ninguém, só capaz de ter um horizonte temporal entre o que almoçou e o que vai jantar.

Em Março e Dezembro de 2016 escrevia aqui que havia uns aprendizes de feiticeiro à frente da APROLEP. essa gente queria acabar com as importações de leite, esquecendo que Portugal exportava mais leite do que aquele que importava. Claro, em 2018 a brincadeira rebentou-lhes na mão, a medida que defendiam em 2016 para impedir as importações de leite, arrasou as importações de leite em Espanha, leite que era exportado por ... Portugal.

Esta semana li um texto que me fez lembrar os aprendizes de feiticeiro à frente da APROLEP, desta feita acerca das importações de carne... here we go again, "Defender a Agricultura, defender Portugal":
"A agricultura é a arte de produzir alimentos para a sociedade, [Moi ici: Estou farto de escrever aqui no blogue que a função do agricultor não é alimentar a sociedade, a função do agricultor é ganhar dinheiro através da prática da agricultura. A sociedade não quer saber dos agricultores, quer produtos agrícolas baratos nem que venham da Ucrânia. Por isso, o agricultor não deve ser trouxa e deve trabalhar para quem valoriza o fruto da sua actividade. Adiante] ocupando o território e fixando pessoas, que, através da sua actividade agrícola, mantêm os territórios limpos e ordenados, contribuindo para a manutenção da fauna e flora autóctones. [Moi ici: Sim, a começar pelos eucaliptos, não é?]
...
Portugal é deficitário em carne, e nesse sentido deve apostar em equilibrar a sua balança comercial através do aumento da sua produção nacional.[Moi ici: Cuidado com a estratégia cancerosa, que destrói a joalharia]
...
É com este tipo de medidas que iremos conseguir reduzir a nossa pegada carbónica, ao contrário do que nos tentam vender dizendo que a carne importada até é mais barata… e onde os custos ambientais já não são tidos em conta, como é o exemplo do recente acordo da UE com o Mercosul. A Fenapecuária é literalmente contra este acordo, considera mesmo que é um acordo desleal para com o sector e solicita a todos os partidos políticos que reflictam bem sobre o que está em causa.[Moi ici: Gente ao nível de um Nuno Melo e do seu grito contra os paquistaneses. A um produtor de carne eu aconselharia a subir na escala de valor, a fugir da concorrência pela quantidade e preço e que apostasse na joalharia]
.
Os portugueses merecem saber que as condições e regras de produção não são as mesmas, os portugueses merecem saber que o sector pecuário nacional é moderno, respeita as regras ambientais, cumpre com o bem-estar animal,"[Moi ici: Indo por este caminho, alimentamos o discurso que legitima alguém na Alemanha, ou em França, dizer que a carne portuguesa é produzida em condições e regras de produção que não são as mesmas. O karma é lixado!]"

quinta-feira, setembro 12, 2019

Bilhar e biologia

Vivemos num mundo supostamente linear para os amadores que jogam bilhar e ficam pelo imediato sem equacionar a cadeia de consequências.

Vivemos também num mundo em que a economia é uma continuação da biologia.

Por isso, recomendo a leitura deste artigo "Texas Hospital Tries to Stop Birds Living in Nearby Trees, Accidentally Creates Haven for North America's Most Venomous Caterpillar".

O cobrir as árvores com redes para afastar a passarada traz consequências inesperadas. agora imaginem as consequências do activismo de apoiar o passado e não deixar o futuro aparecer.


sexta-feira, agosto 23, 2019

"The Great Sparrow Campaign" - gente perigosa

A propósito de:

Mais um exemplo de praticantes amadores de bilhar, de gente que não estuda as consequências das suas decisões e, sem skin-in-the-game não sofrem as consequências das disrupções que provocam.


Há dias li "Four Pests Campaign"(1) recomendo vivamente a sua leitura. Já Confúcio dizia que a melhor forma de aprender era com o erro dos outros.

Daqui do blogue recordo alguns exemplos:


Os humildes praticam a Via Negativa (Maio de 2013).


(1) - Em 1958 o governo chinês chamava aos pardais agentes a soldo do capitalismo. Qualquer governo, de direita ou de esquerda, todos os anos vomita umas mentiras, umas fáceis de desmascarar, outras mais difíceis (BTW, quando é que estavam para terminar as obras da ala pediátrica do Hospital  de S. João no Porto? 2017? 2018? 2019? Já começaram?).






segunda-feira, dezembro 31, 2018

Really, karma is a bitch!

Leio o caderno de Economia do semanário Expresso de 3 de Novembro de 2018 e encontro este título "Gostaria de ver o PS prometer a abolição de portagens no interior".

Quem é que profere este desejo? João Paulo Catarino. E o que é que faz esse senhor?

É Secretario de Estado da Valorização do Interior.

Aqui no blogue, e na minha vida profissional, escrevo muitas vezes sobre os jogadores amadores de bilhar. Gente tão preocupada com a próxima jogada que não percebe quais serão as consequências dessa jogada.

A vida não é linear, a vida é demasiado complexa para que nos apercebamos de todas as consequências do que defendemos quando começamos com a engenharia social a querer construir um Mundo Novo.

Lembram-se de como uns lobos desviaram um rio?



Quando oiço estes engenheiros sociais, todos cheios de boas-intenções, recuo a 2007 e a “Nós não estudámos até ao fim todas as consequências das medidas que sugerimos”:
Lembram-se da malta da APROLEP e do monumental tiro no pé que se auto-infringiram? É recordar "Karma is a bitch!!! Ou os jogadores de bilhar amador no poder!"

Em 2009 escrevi "Folhas na corrente (parte VII)":
"Há anos, fiz uns trabalhos para empresas produtoras de materiais para a construção situadas no centro do país. Assim que abriu a A24 abriu-se, naturalmente um novo campo de combate, um novo mercado... Vila real e Chaves. Como os produtos de que estamos a falar eram/são commodities o efeito da escala tornava as pequenas fábricas dessa zona presas fáceis para os predadores habituados a mercados mais competitivos e com uma dimensão várias vezes superior.
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Portanto, os autarcas que se regozijam com a abertura de auto-estradas em Trás-os-montes e Alto Douro são como os jogadores de bilhar amador, só vêem a próxima jogada, não vêem as consequências das jogadas seguintes... mais desemprego na indústria local e mais desertificação..."
Em 2011 ao subir o IP4 a caminho de Bragança pensei, e escrevi depois "Custos da proximidade":
"Agora, com a transformação do IP4 em auto-estrada, qual será o futuro da fábrica de embalagens plásticas que se encontra ao km 131 do actual IP4? Assim que a auto-estrada abrir, torna-se-á mais rápido e, por isso, económico, para os tubarões do litoral chegar à Terra Fria, com preços mais competitivos."
Aos intervencionistas ingénuos respondo com a muito menos cool "via negativa". Imaginem o quanto o estado poderia sair das nossas vidas com consequências positivas!

Portanto, o Secretario de Estado da Valorização do Interior deseja uma medida que desvalorizará o interior ao retirar-lhe a barreira geográfica que protege muitas empresas locais sem estratégia e sem diferenciação que assentam a sua vantagem competitiva na proximidade local e os custos acrescidos para quem vem de fora.

O Secretario de Estado da Valorização do Interior ao propor a medida deve fazê-la acompanhar de um aviso forte e muito sério para as empresas do interior: Preparem-se para mais concorrência! Diferenciem-se das empresas do litoral! Fujam da competição pelo preço!

quinta-feira, fevereiro 11, 2016

Decisions Under Uncertainty

"There are decisions where:
1. Outcomes are known. This is the easiest way to make decisions. If I hold out my hand and drop a ball, it will fall to the ground.
2. Outcomes are unknown, but probabilities are known. This is risk. Think of this as going to Vegas and gambling. Before you set foot at the table, all of the outcomes are known as are the probabilities of each. No outcome surprises an objective third party.
3. Outcomes are unknown and probabilities are unknown. This is uncertainty.
We often think we’re making decisions in #2 but we’re really in #3."
Trechos retirados de "Decisions Under Uncertainty"

segunda-feira, setembro 29, 2014

A habitual conversa da treta (parte III)

Há dias fixei aqui esta frase:
"Todos os políticos que disserem agora que desconheciam o que iriam ser as consequências dessas suas decisões só mostram que não eram políticos (que têm o dever de antecipar para controlar e evitar), optando pela posição de cúmplices ingénuos, acreditando na magia dos alquimistas que prometiam transformar a dívida em capital (e o erro que desqualifica um político é o da ignorância das consequências)."
Entretanto, ontem, no "portadaloja" encontrei "O PCP e a verdade: um problema com barbas de molho" onde se pode ler, por exemplo:
"Antes do 25 de Abril, o PCP lançou nos meios metalúrgicos a ideia de que o salário mínimo nacional deveria ser da ordem dos 6000$00.
Depois da Revolução e ainda antes do PREC , naturalmente, lembraram-lhe tal coisa. E que disse então Cunhal na entrevista à Vida Mundial de14 de Junho de 1974?  Achava tal montante "incomportável para a economia nacional"..."
Entretanto, o salário mínimo vai aumentar em Outubro e começa o choradinho,
"Aumento do salário mínimo vai provocar "grandes dificuldades" às IPSS - Lino Maia". Qual a solução?
"desafiando o Governo a atualizar o apoio ao setor no próximo Orçamento do Estado."
Se não o podem pagar porque não se manifestaram antes? Por que têm de ser os contribuintes a contribuir para suportar a farsa?
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Agora, "Bruxelas quer conhecer impacto do aumento do salário mínimo em Portugal"... o engraçado... o triste, é que a malta habituada à conversa da treta não deve fazer ideia dos impactes. Decidiu-se porque era justo... e meia bola e força.

quarta-feira, setembro 17, 2014

A habitual conversa da treta (parte II)

Recordando a primeira parte, sobre a treta do abstracto, das generalidades, da retórica, convém acrescentar a surpresa dos amadores a jogarem bilhar, quando apanham com consequências inesperadas das decisões que tomaram.


Convinha que os patrões estudassem as consequências do que negoceiam e andam a pedir há mais de dois anos, por exemplo "Raising prices won’t be enough for retailers to weather potential minimum wage hike; they must also re-consider how they control costs, says Strategy&".
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Convinha que os sindicatos estudassem as oportunidades que podem existir, para terem uma intervenção proactiva nas negociações com as administrações e, não ficarem condenados à defesa do passado, por exemplo "Rethinking the Bank Branch in a Digital World".

terça-feira, setembro 16, 2014

Curiosidade do dia

"Todos os políticos que disserem agora que desconheciam o que iriam ser as consequências dessas suas decisões só mostram que não eram políticos (que têm o dever de antecipar para controlar e evitar), optando pela posição de cúmplices ingénuos, acreditando na magia dos alquimistas que prometiam transformar a dívida em capital (e o erro que desqualifica um político é o da ignorância das consequências)."
Ao longo dos anos aqui no blogue temos referido os amadores que jogam bilhar:

Trecho retirado de "Quando todos falarem"

sábado, abril 20, 2013

Curiosidade do dia

Depois de ler "Deputados do PS admitem perdão de dívida e reestruturação com perdas para os credores", convém fazer um boneco:
"DíG" a reestruturação da dívida grega fez com que os bancos cipriotas ("BaC"), que tinham comprado muita dívida grega tivessem de perder muito dinheiro. Essas compras tinham sido feitas com base no capital depositado pelos clientes dos bancos cipriotas. Logo, os depositantes ("DeC") ficaram sem parte do dinheiro.
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Agora, imaginem que a dívida do Estado português é reestruturada como estas crianças pretendem.
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Que parte da dívida do Estado português está na mão de bancos nacionais? Há esta fonte, por exemplo, "Bancos nacionais detêm 32,5 mil milhões em dívida pública"
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Estão a imaginar o impacte de uma reestruturação da dívida nos clientes dos bancos portugueses?
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As associações de apoio aos emigrantes portugueses deviam fazer circular estas notícias e explicar as consequências, talvez os emigrantes pensassem duas vezes e não enviassem o seu dinheiro para este país. Um país onde os aprendizes de feiticeiro não fazem ideia das consequências do que dizem. Claro, pertencem ao mesmo clube destes outros “Nós não estudámos até ao fim todas as consequências das medidas que sugerimos”.
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E se os jornalistas pensassem um pouco mais à frente podiam perguntar-lhes coisas como:
"Recomendam pois que os portugueses retirem as suas poupanças dos bancos?"
BTW, o que diriam os deputados-criança deste racional "Schäuble: Resgate ao Chipre deve ser modelo para o futuro". Aposto que os deputados-criança ainda não perceberam como é que os bancos cipriotas ficaram sem dinheiro.
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BTW, e além dos bancos, quanta dívida está na mão do fundo da Segurança Social portuguesa?


sexta-feira, abril 19, 2013

Curiosidade do dia

"This is the tragedy of modernity: as with neurotically overprotective parents, those trying to help are often hurting us the most. (Moi ici: A estimulogia em acção, uma década de estimulogia trouxe-nos até aqui)  If about everything top-down fragilizes and blocks antifragility and growth, everything bottom-up thrives under the right amount of stress and disorder. The process of discovery (or innovation, or technological progress) itself depends on antifragile tinkering, aggressive risk bearing rather than formal education."
...
"The fragilista falls for the Soviet-Harvard delusion, (Moi ici: Eheheh grande rótulo "Soviet-Harvard delusion" ) the (unscientific) overestimation of the reach of scientific knowledge. Because of such delusion, he is what is called a naive rationalist, a rationalizer, or sometimes just a rationalist, (Moi ici: Eheheh Chamo-lhes eficientistas, membros da tríade) in the sense that he believes that the reasons behind things are automatically accessible to him." 
...
"the fragilista (medical, economic, social planning) is one who makes you engage in policies and actions, all artificial, in which the benefits are small and visible, and the side effects potentially severe and invisible. There is the medical fragilista who overintervenes in denying the body’s natural ability to heal and gives you medications with potentially very severe side effects; the policy fragilista (the interventionist social planner) who mistakes the economy for a washing machine that continuously needs fixing (by him) and blows it up;" (Moi ici: Os fragilistas em Portugal estiveram no poder desde o 25 de Abril, sempre
E leio:
"A complex system, contrary to what people believe, does not require complicated systems and regulations and intricate policies. The simpler, the better. Complications lead to multiplicative chains of unanticipated effects. Because of opacity, an intervention leads to unforeseen consequences, followed by apologies about the “unforeseen” aspect of the consequences, (Moi ici: Este trecho é delicioso e faz-me logo lembrar da célebre desculpa “Nós não estudámos até ao fim todas as consequências das medidas que sugerimos”) then to another intervention to correct the secondary effects, leading to an explosive series of branching “unforeseen” responses, each one worse than the preceding one." 
Está visto que vou apreciar este livro.

Trecho retirado de "Antifragile" de Nassim Taleb.

terça-feira, dezembro 20, 2011

À atenção dos jogadores de bilhar amador

O jogador de bilhar amador é como eu a jogar bilhar. Estou tão preocupado com a próxima jogada que não sou capaz de jogar agora pensando já na jogada seguinte, como faz um profissional.
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Esta manhã na Antena 1 já ouvi alguém ler uma reflexão deste tipo:
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Há que pensar se é correcto pagar juros elevados em vez de usar o dinheiro para alimentar os pobres. 
Admitamos que se deixa de pagar os juros... haverá mais dinheiro para alimentar os pobres?
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Ou seja, quais são as consequências das nossas jogadas actuais no futuro?
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Sim, eu sei que pensar no futuro a médio-prazo é pouco português ...
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Convinha que quem defende o proteccionismo perceba esta realidade "Emerging economies will import more than the rich world in 2012"

sábado, novembro 12, 2011

#BigFail #Medo - o chorrilho de propostas coladas com cuspo continua

Ontem no programa da SICN, "O Expresso da meia-noite", a professora catedrática, como fez questão de sublinhar, Maria João Rodrigues, avançou com uma receita para a resolução dos problemas de competitividade dos países da periferia do euro.
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Assim, segundo ela, a solução passaria por aumentar os salários dos habitantes dos países daquilo a que chamo a Liga Hanseática (Alemanha, Holanda, Dinamarca, ...) para que eles, como passariam a consumir mais, importassem mais produtos e serviços produzidos nos países da periferia.
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Esta solução pode acrescentar-se à colecção de propostas coladas com cuspo (à la TSU, à la euro não euro, à la Rick Perry, à la ...) que os políticos fazem com a maior ligeireza, só para poderem ter algo para dizer. After alll, eles não estudam até ao fim as consequências das medidas que sugerem.
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Estou a imaginar a história das raposas que os australianos introduziram na Austrália para diminuir a população de coelhos introduzidos pelos ingleses...
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Maria João Rodrigues é um elemento da tríade, só sabe raciocinar em termos de custos. Os periféricos só não exportam porque têm custos elevados... segundo ela.
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Não será antes porque não têm produtos que seduzam os clientes hanseáticos? É que preço por preço, um alemão pode comprar um Made in China na boa a um preço muito inferior ao que alguma vez um Made in España, ou Made in Portugal poderá ostentar, basta recordar esta diferença:
Quantos membros da tríade (políticos, paineleiros e macro-economistas) conhecerão estes números?
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Olhem bem para os números... estão a ver o que os impressores de bentos e malabaristas do euro não euro querem fazer? Querem desviar-nos do combate do valor, da transformação deste país que está a fazer-se com bons resultados, e colocar-nos numa espiral viciosa, numa race-to-the-bottom.
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Como é que a professora catedrática Maria João Rodrigues explica os números das exportações portuguesas em sectores tradicionais?
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Mais, como é que  a a professora catedrática Maria João Rodrigues explica que na Alemanha em 2010 se tenham produzido 30 milhões de pares de sapatos a um preço médio à saída da fábrica de 41,2 USD? (segundo o World Footwear Yearbook 2011)
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Estamos condenados a um rodízio de ministros, políticos e professores catedráticos, cada um com as suas propostas que não aguentam a análise de um anónimo engenheiro de província.
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#Medo
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#BigFail
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Nota: segundo o mesmo World Footwear Yearbook 2011 em Portugal produziram-se 62 milhões de pares a um preço médio de 29,65 USD.

terça-feira, outubro 11, 2011

Pessoalmente não me sinto enganado

""há países e governos, a começar pelo nosso, que foram imprevidentes, complacentes e irresponsáveis". "Pode ser grande a origem externa das nossas dificuldades. Mas a verdade é que é isso mesmo o que se pede aos governantes: que prevejam dificuldades, que previnam problemas e que protejam os seus povos durante as tempestades""
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António Barreto andou distraído... recordar as frases:
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"Acham que a função de um Governo é estar a antecipar uma evolução negativa para a qual não tem ainda nenhum dado que o confirme? Se o estivesse a fazer, seria um profundo erro."
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Nós não estudámos até ao fim todas as consequências das medidas que sugerimos
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Trecho inicial retirado de "Governantes enganaram a opinião pública, acusa António Barreto" pessoalmente não me sinto enganado... vi o que estava a acontecer e este blogue é a prova.