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terça-feira, setembro 14, 2021

Era uma questão de tempo. Todos vão perder!

Ontem encontrei "Alemães contra agricultura intensiva boicotam fruta de estufas do Alentejo e Algarve"

Era uma questão de tempo

É a generalização do que me aconteceu "E sem intenção, e sem querer, apareceu na minha mente a decisão de pôr de lado o azeite alentejano" (Junho de 2019)

No entanto, havia uma alternativa. Nunca morri de amores por Assunção Cristas. No entanto, nunca me esqueci de um discurso que alguém lhe terá escrito(?) e que ela proferiu enquanto ministra da Agricultura. Na altura, Dezembro de 2014, escrevi este postal, "Ter razão antes do mainstream é tramado" onde escrevi:

"Ontem, li que a ministra da Agricultura disse "Cristas quer colar a Portugal o rótulo de país da "joalharia da agricultura"".

Alto e pára tudo!

Joalharia?!

Segundo a wikipédia: Joalharia é a arte de produção de jóias que envolve todos os aparatos ornamentais, tipicamente feitos com gemas e metais preciosos.

Ou seja, uma metáfora para significar que o que a agricultura produz é algo de precioso, é algo de valioso. Para ser valioso, tem de ser escasso..."

Um país pequeno não pode competir pelo preço mais baixo, não pode seguir a estratégia cancerosa das produções intensivas e super-intensivas.

Algo na linha do que aprendi em Junho de 2014 e registei neste postal "A marca de Portugal", onde citei:

"O cliente era russo. E a distinção que desejava era anti-massificação. "Vendemos hortícolas para a Rússia em que nos exigiram a colocação de uma bandeira portuguesa para não sermos confundidos com os produtos espanhóis que naquele mercado estão muito massificados""

Entretanto, o rumo da agricultura em Portugal foi outro. Avançou-se para um paraíso de culturas intensivas e super-intensivas. A nova "Galinha dos Ovos de Ouro" (Novembro de 2019).

Não é preciso ser bruxo para adivinhar onde esta abordagem nos vai levar. Escrevi sobre ela em "Todos vão perder" (Maio de 2019). 

segunda-feira, dezembro 23, 2019

Faroeste

O Público de ontem publica um artigo interessante e revelador "Boom do olival no Alentejo deixa fábricas de bagaço no “vermelho”":
"Plantação descontrolada de novos olivais acabou por estrangular a capacidade transformadora das três únicas unidades industriais existentes na região. Os impactes ambientais são enormes
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No Alentejo, mais olival com as mesmas fábricas de extracção de bagaço de azeitona tinha de dar no que deu. Quase se esgotou a capacidade para receber o subproduto produzido nos lagares de azeite a meio da campanha de 2019/2020. E o problema ambiental que a sua actividade gera pode assumir outra amplitude, obrigando as unidades a trabalhar o ano todo, aumentando assim as emissões gasosas e o protesto das populações, como acontece na aldeia de Fortes em Ferreira do Alentejo.
...
“A quantidade de bagaço é tal que o sistema existente não chega para proceder ao seu tratamento nos três equipamentos que existem na região do Alentejo”, constata ao PÚBLICO Aníbal Martins, gerente da Ucasul, empresa que tem capacidade para receber 200 mil toneladas de bagaço/ano. O industrial admite que dentro de cinco anos o subproduto (bagaço) libertado pelos lagares de azeite possa chegar às 800 mil toneladas, lembrando que a instalação de novos olivais não pára enquanto outros que foram plantados nos últimos três anos já entraram em fase de produção."
Que incentivos estão no terreno para gerar estes overshoots? Não me venham dizer que é tudo plantado sem generosos apoios comunitários.

terça-feira, agosto 23, 2016

CP e operadoras de passeios de barco no Rio Douro

A propósito de "Operadores turísticos do Douro criticam “mau serviço” da CP" o pior que pode acontecer é politizar a coisa "PSD quer esclarecimento sobre "mau serviço" da CP no Douro".
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Leio:
"Três empresas operadoras de passeios de barco no Rio Douro responsabilizam a CP por prejuízos relacionados com desmarcações e pedidos de reembolso de turistas nacionais e estrangeiros devido ao que dizem ser o “mau serviço” da transportadora ferroviária.
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Em causa estão as ligações ferroviárias que complementam os passeios fluviais entre o Porto e Peso da Régua.
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Em reacção, e citada pela Lusa, a CP reconhece que está a ter dificuldades em responder aos “crescimentos brutais” da procura na Linha do Douro mas justifica que a sua “capacidade não é ilimitada”. Segundo os dados da transportadora ferroviária, o transporte de Grupos na Linha do Douro (entre os quais se incluem os clientes dos cruzeiros) cresceu 40% no primeiro semestre de 2016 em relação ao ano anterior."
E recordo a caixa da extrema esquerda do canvas de Osterwalder:
Até que ponto as operadoras de passeios de barco no Douro trabalham com a CP como um parceiro do modelo de negócio?
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É fácil criticar a CP, e talvez haja motivos para a criticar. No entanto, uma coisa é certa, há um limite para a capacidade da CP. As operadoras de passeios de barco no Douro não podem fazer crescer a sua oferta até ao infinito se existe um elemento limitante.
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Até que ponto as operadoras de passeio de barcos no Douro e a CP trabalham juntos como parceiros? O arquétipo da dinâmica de sistemas que pode explicar isto é o do Limites ao Crescimento:
Ou será a Tragédia dos Comuns?
Se a CP não for ouvida nem achada pelas operadoras de passeios de barco no Douro, elas estão a crescer sem ter em conta um recurso com limites. Quando ele começa a escassear queixam-se da CP.
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O meu conselho para os intervenientes neste caso?
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Acordarem num limite para a quantidade de passageiros que a CP possa transportar sem pôr em causa a qualidade do serviço para a Linha do Douro e outras.
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Acordarem numa remuneração adequada para a CP.
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E, sobretudo, trabalharem juntos como parceiros numa relação ganhar-ganhar.
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Quando olharem para a cláusula 4.2 da ISO 9001 é sobre isto que estamos a falar, o ecossistema da procura.
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BTW, caras operadoras de passeios de barco no Douro, o sucesso do serviço não significa que podem praticar preços mais altos, servindo menos gente, ganhando o mesmo ou mais e mantendo melhor nível do serviço?

Este "No mês de junho de 2016, na Linha do Douro, o transporte de Grupos aumentou 73%" faz-me pensar no Free Rider Problem.


sábado, fevereiro 27, 2016

Moral hazard (parte II)

Às vezes, estou em S. João da Madeira, tenho 2 horas livres entre reuniões, resolvo ir para o meu "escritório" em S. João, a área da alimentação do centro comercial Oitava Avenida. Mesa, ambiente calmo, wi-fi e tomada eléctrica... what else?
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Há dias, a caminho dessa zona, passo por uma banca do Barclaycard e uma senhora pergunta-me se estou interessado, faço um sinal de rejeição com a mão direita. É então que oiço a última tentativa de me convencer a parar:
-Ande lá, ajude-me a atingir os meus objectivos!
Continuei a minha caminhada mergulhando no que aquela frase queria dizer ...
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O mercado não é feito a pensar em satisfazer os fornecedores. O mercado é feito para chegar a um entendimento entre cliente e fornecedor. No entanto, se o mercado está a lidar com uma commodity e excesso de oferta, então, o mercado é todo como agradar e seduzir os clientes, ponto.
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Por que escrevo esta introdução? Por causa da conversa deste texto "Secretário de Estado reconhece que sector do leite atravessa "tempestade perfeita"":
"Luís Silva garantiu que tem sensibilizado as grandes cadeias de distribuição para terem "bom senso" na fixação dos preços na venda de leite. "É necessário que as nossas grandes cadeias de distribuição tenham em consideração que não é por apresentarem preços muito baixos que se ganha eficiência", começou por dizer."
E quem pensa nos consumidores?
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A propósito disto:
"Luís Vieira apontou "o fim das quotas leiteiras, o embargo russo, o abrandamento do desenvolvimento da China e de mercados emergentes como Angola e Venezuela, além da redução do consumo interno do leite, em contraponto com um aumento de produção", como principais factores para as dificuldades dos produtores do sector.
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"Vamos avançar com uma medida na rotulagem, onde temos um projecto para colocar um logótipo com origem do produto portuguesa, de modo a que os consumidores saibam que estão a comprar um produto de qualidade e possam ser solidários com os agricultores nacionais", partilhou o Secretário de Estado."
Pessoalmente, no que à compra do leite diz respeito, não me enquadro no perfil da maioria dos europeus. Se eu fosse espanhol fazia parte da enorme minoria de 5%:
"Milk is the ultimate low-involvement category, and it shows. Only 10% of the international sample (in Denmark, Germany and Spain the number is less than 5%) would expect the private label version to be of a lesser quality."
Há anos que só compra leite açoriano mas porque sou egoísta, porque só penso no que é melhor para mim como consumidor. Agora pedir que o critério de escolha seja a esmola...
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Aquele "Milk is the ultimate low-involvement category" significa que para a maioria esmagadora dos portugueses o critério da compra de leite é o preço, ponto.
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O que o Secretário de Estado, se é inteligente, já deve ter percebido, num dia ao fim da tarde na solidão silenciosa do seu gabinete, é a verdade que não pode ser revelada aos produtores... muitos terão de fechar.
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BTW no meio da "tempestade perfeita" aquele "aumento de produção" é, para mim, sintoma da grande doença que a deturpação do mercado pelo regime das quotas leiteiras provocou. Recordar "Moral hazard?"


domingo, fevereiro 14, 2016

Moral hazard?

O sistema descrito por esta figura:
Intitula-se em inglês "Tragedy of the Commons". Em português talvez se possa chamar de "Tragédia dos Baldios".
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Existe um recurso limitado, o terreno baldio de uma aldeia, que pode ser utilizado por todos os habitantes de uma comunidade. Em condições de sustentabilidade do baldio e equidade, cada habitante podia ter uma vaca a pastar. No entanto, não há nenhuma lei escrita que impeça ter duas ou três ou mesmo quatro vacas por habitante. Digamos que os habitantes têm uma vaca por tradição.
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Agora imaginem que o habitante A decide ter 2 vacas a pastar no baldio. Em resposta, a maior parte dos outros habitantes resolve também ter 2 vacas. Afinal, não são menos que o outro. Assim que todos percebem que ganham mais em ter 2 vacas em vez de uma, começa uma autêntica correria para ver quem põe mais vacas a pastar no baldio.
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Estão a ver onde é que isto nos leva?
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Até que se dá o PUM!
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A capacidade produtiva, a sustentabilidade do baldio colapsa... algumas vacas morrem de fome, alguns habitantes tentam vender as vacas ao desbarato... é o caos.
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Então, começam as movimentações dos habitantes da aldeia A para que os habitantes das aldeias vizinhas, B, C e D, sejam obrigados a deixar que vacas dos habitantes da aldeia A pastem nos baldios dessas outras aldeias onde os habitantes, arreigados à tradição, continuam com baldios sustentáveis e uma vaca por habitante. Moral hazard?
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Agora, analisemos o Boletim Mensal da Agricultura e Pescas publicado em Janeiro de 2016 e com dados até Novembro de 2015.

  • Peso limpo de suínos abatidos para consumo público nos primeiros 11 meses do ano de 2014 - 326.543 toneladas
  • Peso limpo de suínos abatidos para consumo público nos primeiros 11 meses do ano de 2015 - 343.933 toneladas
  • Crescimento de 5% na produção 

  • Quantidade de leite de vaca recolhido nos primeiros 11 meses do ano de 2014 - 1709639 toneladas
  • Quantidade de leite de vaca recolhido nos primeiros 11 meses do ano de 2015 - 1773839 toneladas
  • Crescimento de 4% na recolha

O que acontece num sistema económico saudável quando a produção de um produto aumenta e o consumo estagna ou regride?
A seguir baixa a produção, para ir de encontro ao nível de consumo e recuperar o preço.
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Sanções russas, quebra angolana, quebra de preços e a produção continua a aumentar?
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Moral hazerd? Contribuinte fará sempre o bail out?

quinta-feira, abril 28, 2011

Como lidar com os Picanços e Avoilas?

"In a welfare state, how shall we deal with the family, the religion, the race, or the class (or indeed any distinguishable and cohesive group) that adopts overbreeding as a policy to secure its own aggrandizement?"

quarta-feira, abril 27, 2011

Este normando deve tomar substâncias ilícitas

Este normando, Diogo Lucena, deve tomar substância ilícitas que lhe toldam o julgamento, só pode.
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"É injusto sacrificar só os funcionários públicos" diz Diogo Lucena...
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Quantos funcionários públicos caíram no desemprego desde 2001?
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Os normandos deram cabo do baldio numa orgia de despesismo e demagogia, mergulhados que estavam... estão na tragédia dos comuns, e agora, querem que os saxões arrumem o baldio.
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Como perguntava Garrett Hardin:
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"In a welfare state, how shall we deal with the family, the religion, the race, or the class (or indeed any distinguishable and cohesive group) that adopts overbreeding as a policy to secure its own aggrandizement?"

domingo, setembro 05, 2010

O sonho de Cravinho para Lisboa... é como as SCUTS, pode virar pesadelo também para os lisboetas

Os habituais frequentadores deste espaço sabem que não sigo a mesma religião que Paul Krugman.
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No entanto, por vezes, as nossas opiniões coincidem, apesar das minhas estarem menos baseadas em equações matemáticas.
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Quando oiço os autarcas falarem do TGV ou das auto-estradas para o interior recordo sempre "Folhas na corrente (parte VII)". Pois bem, parece que Krugman chama a atenção para o mesmo fenómeno "Paul Krugman não defende o TGV":
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"De facto, Krugman demonstra que uma redução dos custos de transporte tenderá a conduzir à aglomeração da actividade económica nos centros económicos. Isto acontece porque, ao localizarem-se nos mercados centrais, os agentes económicos podem simultaneamente servir as regiões periféricas com taxas de transporte favoráveis e explorar as vantagens da aglomeração nos centros económicos (economias de escala e spillovers tecnológicos)."
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Claro que o raciocínio de Krugman e do autor do artigo, Armando Pires, propõe a continuação e o acentuar da drenagem das pessoas e do dinheiro para a economia lisboeta... por que seria a única com massa crítica para se tornar num centro ibérico capaz de competir com Madrid, Barcelona e o País Basco.
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Só que a economia lisboeta é a economia que não exporta, é a economia dos funcionários (públicos e de empresas do regime - empresas de bens não transaccionáveis) que vivem do saque impostado ao resto do país, ora se não houver resto do país, se todos emigrarem para Lisboa... de que é que vão viver? Há algo de Tragédia dos Comuns nesse cenário.
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Por isto, voltando a Krugman e a Armando Pires, mesmo que Lisboa cumpra o sonho de Cravinho e tantos outros políticos e chegue aos 10 milhões de habitantes, nunca será sustentável, pois assenta num modelo que depende do saque a outras regiões.
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Ou seja, tal como um restaurante muito bom. Torna-se tão popular, tão popular,tão popular, que as pessoas deixam de o frequentar.

quarta-feira, novembro 11, 2009

Suicídio de uma comunidade ou a parte 42 de Acordar as moscas que estão a dormir!


A propósito do pensamento sistémico, um dos arquétipos de Senge toma o nome de Tragédia dos Comuns, ou talvez em português fosse melhor traduzido por Tragédia dos Baldios:
A e B têm tudo a ganhar ao prosseguir as suas actividades, só que as suas actividades estão a consumir um recurso escasso, a situação não é sustentável. No entanto, ninguém dá o primeiro passo para parar.
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Tudo isto veio-me à memória ao ler os três primeiros parágrafos de Vítor Bento no DE de hoje "Serei só eu?!" mais um a tentar acordar as moscas... Cassandra tinha razão:
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"Começando pelas contas externas, Portugal apresentará este ano o segundo maior défice da balança de transacções correntes da zona euro (a seguir a Chipre) e o terceiro da União Europeia (também atrás da Bulgária). Comparando com 2007, a Espanha reduz o seu défice de 10% do PIB para 5.4%, a Grécia de 14.7% para 8.8%, a Bulgária de 22.5% para 13.7%, mas Portugal aumenta de 9.8% para 10.2%. Não se trata, pois, de uma consequência (geral) da crise internacional, mas sim de um problema estrutural, que nos é específico. Devendo já mais de um ano de rendimento e com metade do crédito anual destinado a pagar juros, alguém consegue provar a sustentabilidade deste rumo?!

Mas, surpreendentemente, os custos unitários do trabalho, em termos reais, registam o sexto maior aumento da UE (entre 27) e o quarto da zona euro (entre 16). Compreende-se que é uma consequência "natural" do ano eleitoral, de a economia estar (erradamente) orientada para o sector não transaccionável e de este estar cada vez mais imbricado com a política. Mas mais ninguém vê que isto é suicida para o emprego e o potencial de crescimento?

Passando às contas públicas, Portugal apresenta o quinto maior défice (8%) e a quarta maior dívida (77.4%) da zona euro e o oitavo défice e quinta dívida da União. Mas isto apenas se refere ao "perímetro oficial"."
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Cada cavadela minhoca...