sexta-feira, novembro 22, 2013

Curiosidade do dia

A insaciabilidade do monstro é imparável.
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No ano do enorme aumento de impostos, no ano em que tantos gritam contra o aumento da austeridade, temos:
"A despesa efectiva do Estado cresceu 3,6% para 49,03 mil milhões de euros, até Outubro"
Só mesmo a falência do Estado poderá salvar a economia privada.

Os macacos não voam ponto

Nós precisávamos mesmo de ter falido!
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Falido mesmo, falido com rotura de pagamentos de salários e pensões pelo Estado.
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Sem falência, muita gente não aprendeu a lição e continua com o mesmo chip que nos trouxe a esta situação. Hoje apanho mais um texto de apelo à torrefacção do dinheiro impostado, para gáudio e masturbação de alguns, "Exportar ajuda à economia. Mas exportações portuguesas têm cada vez menos tecnologia":
"As exportações têm sido apontadas como "solução para a crise, e bem", refere o economista. "Mas as nossas exportações só se têm baseado no fator custo, e muito no custo laboral, tendo vindo a perder valor nas exportações de média e alta tecnologia que, em 2007, representavam 12% das exportações e, hoje, segundo os dados mais recentes, representam apenas 7%", adianta Mira Godinho."
O entrevistado refere-se certamente a estes números:
 O que é que aconteceu entre 2008 e 2009?
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Basta uma palavra:
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Qimonda:
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O que tínhamos em 2008?
"A Qimonda Portugal é o novo líder do ranking de exportações nacionais. Segundo dados referentes ao primeiro trimestre deste ano, divulgados em Junho pelo Instituto Nacional de Estatística, a Qimonda passou a ocupar o primeiro lugar na tabela dos maiores exportadores, contribuindo assim de forma decisiva para o aumento da saída total de produtos em 10,7 por cento."
O que tínhamos em 2008 era uma aberração, um enxerto apoiado por dinheiro impostado aos contribuintes, para servir de montra hi-tec dos nossos políticos e governantes. Reparem, chegou a ser o maior exportador, mais do que a Autoeuropa, e cada unidade vendida dava prejuízo. Só sendo subsidiada pelo Estado subsistia.
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O que estas vozes pedem é que se torre mais dinheiro nestes brinquedos de político?
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Prefiro olhar para a figura lá de cima e realçar:

  • a redução em 10 pontos percentuais do peso dos itens com baixa tecnologia incorporada;
  • o aumento em cerca de 15 pontos percentuais do peso dos itens com média-baixa tecnologia incorporada; e
  • a manutenção do peso dos itens com média-alta tecnologia incorporada.
Parece-me uma evolução mais sustentada. Recordo a metáfora de Hausmann:
"The product space is the space of all possible products. The metaphor is of a forest. Each product is a tree, and companies are monkeys that are organizing and taking over the forest. Empirically, we’ve shown monkeys don’t fly. They move to nearby trees, or to industries for which they have many of the required productive capabilities."
A figura mostra uma evolução que pode revelar-se sustentável, os macacos da metáfora estão a aprender a subir às árvores. O que Mira Godinho propõe é que dinheiro do Estado, dinheiro impostado aos saxões contribuintes, seja gasto para ensinar os macacos a voar...
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Os macacos não voam ponto.

Alguma coisa não bate certo

Percebemos que alguma coisa não bate certo quando multinacional respeitada premeia colaborador, por aplicar a relação da oferta-procura.
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Desconfio que foram surpreendidos pelos resultados que se podiam prever a partir do gráfico de Marn e Rosiello:

Sendo a multinacional de origem alemã, fico a pensar na forma como definem os preços que praticam... aposto que à boa maneira clássica, o preço é o resultado de uma equação onde se somam os custos a uma margem. Aposto que não têm interiorizado que o preço tem tudo a ver com o valor e nada, ou pouco, a ver com o custo.
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Assim que me mandarem o Youtube onde o premiado explica o que fez colocarei aqui a história toda

"to make all things unequal"

"Your role in sales is to make all things unequal. This means shifting the competition from price to cost (Moi ici: Não os custos de quem vende mas os custos de utilização de quem compra).
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Now all things are unequal. Especially if you are in front of the deal enough to have developed the relationships that make it easy to choose you over all others."
Esta é a nossa missão, este é o nosso Evangelho do Valor: promover a concorrência imperfeita, to make all things unequal.
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Vale a pena ler e pensar nas questões levantadas "Selling and the Difference Between Price and Cost"

Acerca da torre de Babel


Que tipo de organização política esteve na base desta torre?


quinta-feira, novembro 21, 2013

Curiosidade do dia

"If you’re graduating from business school this spring, you might want to be sitting down for this: the job market for recent MBA graduates looks poised to get a lot worse in 2014.
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The news comes as the number of newly minted MBAs continues to increase,"


Trecho retirado de "The Job Market for MBAs is About to Take a Hit"

Tão comum... infelizmente.

"Can, I please reiterate to people the importance of :
  • Map your environment (starting with user needs)
  • Determine where you can attack (the options)
  • Determine why you would attack one space over another (i.e. the games you can play, the advantages / disadvantages, the opponents, how you can exploit inertia or constraints, possibilities for building ecosystems etc)
  • Determine the how (i.e. the method - using an open approach, co-creation with others, alliances)
  • Determine the what (the details) and finally the when.
If you don't first map your landscape, you can and only ever will be playing chess in the dark."

Não descurar o lado do mercado

Para reflexão pelos inventores e investigadores que descuram o lado do mercado:
"it's easy for innovators to overlook the incentives and motivations of the intermediaries to which they have no direct links. For this reason, it can be tempting to turn your gaze inward to issues you can better control. But ignoring your dependency on others will not prevent them from upending your innovation efforts.
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the mere availability of an innovation is not enough for success: often, a multitude of co-innovation challenges need to be overcome in order for the value proposition to become a reality."
Trecho retirado de "The wide lens" de Ron Adner

Será por....

O que vale aos espanhóis é terem salários mais baixos...
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Um desempenho impressionante em sectores tradicionais abertos à concorrência internacional:
"Crecimiento sostenido en los tres primeros trimestres de 2013. De enero a septiembre, las exportaciones textiles españolas alcanzaron un valor total de 8.999 millones de euros, lo que representa un crecimiento del 14,5% en relación al mismo periodo del ejercicio precedente.

El dinamismo de las empresas españolas de moda en los mercados internacionales ha permitido que el crecimiento de sus ventas al exterior haya superado al conjunto de las exportaciones españolas en un ejercicio muy positivo, con un alza acumulada del 6,8% en el periodo de enero a septiembre, hasta 175.143,3 millones de euros.

Las exportaciones de productos de confección, subgrupo incluido en el epígrafe de textiles en las estadísticas de exportaciones del Ministerio de Economía y Competitividad, alcanzaron hasta septiembre los 6.431 millones de euros, un 18,2% más que en el mismo periodo de 2012. Asimismo, las ventas al extranjero de productos de calzado alcanzaron un valor total de 1.888,5 millones de euros hasta septiembre, con un alza del 10,4%."
Se não é dos salários... será por terem a peseta?
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Não também não.
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Será por terem estratégias que não passam pelo preço mais baixo e passam por outras coisas que os potenciais clientes valorizam?
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Trecho retirado de "Las exportaciones textiles españolas crecen un 14,5% hasta septiembre y rozan los 9.000 millones"

Um momento de pluralidade

Eu acredito nisto "Mass Customization: Let Your Customers Have It Their Way", acredito que o futuro é Mongo, é o Estranhistão onde podemos dar azo à nossa individualidade, uma tendência facilitada pela crescente democratização da produção.
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Contudo, ao mesmo tempo, haverá espaço para alguns gigantes?
" The Internet makes possible an unlimited diversity of digital content and services.  That encourages belief that fragmentation of audiences and the proliferation of niche products will control business success.  However, the Internet also enhances social influence that concentrates attention and purchases on the most popular symbolic products.  In current business reality, enhancing social influence is more important.  The most profitable business strategy is using all available communication tools to make a particular symbolic package highly popular: a blockbuster."
Talvez, certamente para alguns mas não consigo avaliar para quantos, mas esse não é o caminho mais provável para o crescimento das PMEs. Interessante, contudo, "blockbusters triumph for Internet-era business"
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E ainda, "Globalization Isn’t Dead, It’s Only Just Beginning".

Mateus 7, 3 discutir a intenção dos outros em cortar salários numa casa que a pratica é arriscado

Um primeiro disclaimer: Este blogue há anos que critica e brinca com aqueles que defendem a redução dos salários como uma medida de promoção da competitividade (e são muitos, desde João Ferreira do Amaral, que através da saída do euro pretende oferecer de bandeja competitividade às empresas, até a Pedro Ferraz da Costa e ao seu obsoleto e inqualificável Forum para a Competitividade". Recordar, por exemplo: "Acerca da produtividade, mais uma vez (parte I)" e "O jogo do gato e do rato (parte VII)". Recordar o que aqui defendemos ao longo dos anos acerca do gráfico de de Marn e Rosiello)
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Um segundo disclaimer: Este blogue acredita que as empresas existem para servir os clientes, existem para servir quem está fora da sua alçada e tem liberdade de escolha. Assim, este blogue defende a concorrência porque premeia quem melhor servir os clientes. Este blogue, por isso, também defende a liberdade de circulação de bens e serviços e não acredita no proteccionismo.
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Agora analisemos o texto  ""Não se pode aceitar" mais produtividade à custa de cortes salariais". A certa altura o jurista diz:
"“À luz desta perspectiva de que o trabalho e a economia devem estar ao serviço da pessoa, não se pode aceitar este tipo de raciocínio, que muito se ouve, de que para reforçar a produtividade das empresas devem ser reduzidos os salários”, defende o jurista.
Se assim é, questiona Pedro Vaz Patto, que vantagens têm as pessoas em reforçar a produtividade das empresas.
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Tem sentido a produtividade e a saúde das empresas, se isso reverte em benefício das pessoas que lá trabalham. Se é com o sacrifício das pessoas que lá trabalham, está invertido este princípio de que a economia está ao serviço da pessoa e não o contrário”, sublinha."
O que falta neste raciocínio?
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Pergunto: Tem sentido a produtividade e a saúde das empresas se isso não reverte para os clientes? Se isso não reverte para as pessoas que consomem?
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Vivemos num mundo em que a oferta é maior do que a procura, quando a oferta é maior do que a procura quem manda é quem compra. Por exemplo, com isto "Fim dos direitos cobrados pela UE às cordas indianas pode custar 35 milhões às empresas portuguesas" o que farão as empresas produtoras de cordas?

  • umas não sentirão qualquer efeito porque trabalham para clientes e nichos que procuram e valorizam algo mais do que o preço mais baixo;
  • outras terão de aumentar a sua produtividade para tentar sobreviver, para tentar produzir o mesmo ou mais com menos recursos (por exemplo, com menos trabalhadores)
Acredito que a maioria das empresas não corta salários para aumentar a produtividade como fim mas para sobreviver. Por exemplo, com a quebra da procura no mercado interno qual a possibilidade de uma construtora manter o mesmo volume de pagamento de salários? Ou corta salários ou despede pessoas.
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Afinal o que fez a Igreja portuguesa quando a crise lhe bateu à porta? Despediu!
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Afinal o que anda a fazer a Rádio Renascença quando a crise lhe bate à porta? "Renascença quer reduzir salários acima dos 1.400 euros brutos"
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Não tem nada a ver com produtividade... tem tudo a ver com a sobrevivência.
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BTW, por que não proibir a automatização das empresas que rouba postos de trabalho?
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Apetece recordar Mateus 7, 3... discutir a intenção dos outros em cortar salários numa casa que pratica ou quer praticar essa política é um pouco arriscado
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BTW, as empresas existem para servir os seus clientes, estes não existem para servir as empresas. 

quarta-feira, novembro 20, 2013

Acerca do eficientismo

Excelente metáfora.

"Why Analysis Is Not Enough And Passion Is So Important - A Story From Henry Mintzberg"

Dedicado a todos os que só conhecem a eficiência como factor competitivo e caiem no erro do eficientismo, quando o truque é o da magia.

Acerca do ecossistema da procura

E continuo a minha leitura de "The Wide Lens" de Ron Adner:
"Many innovations rely on a chain of intermediaries that stand between them and their end customer.
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In todays's interdependent world, the successful innovator must treat each partner as a customer even if they are not in a direct business relationship.
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We have all been trained to "focus on the customer," to "listen to the voice of the customer," to try our utmost to "delight the customer." But as the adoption chain makes explicit, we rarely have just one customer. Which customer in the chain is most important? All of them! Each and every intermediary that is part of the ecosystem needs to see surplus from adopting the innovation. A single instance of rejection is enough to break the entire chain. The logic of adoption chains dictates that innovation A, despite the far higher value it creates for the end customer (+5 vs. +1), and the higher net surplus that it creates for the chain as a whole (+11 vs. +4), will fail. It will fail, not because the end customer won't prefer it, but because the end customer will never have the chance to choose it. As long as the retailer is worse off with innovation A than with its current alternative, it will be a broken link in the adption chain. Ironically, despite its lower value creation, innovation B will sail through the adoption chain."


Um déjà vu permanente!!!
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Desde 2004 que usamos esta abordagem no nosso trabalho junto das empresas. Quem está entre a empresa e os utilizadores finais? Como podemos criar uma sinfonia, uma harmonia, de ganhar-ganhar entre todos?

Outro exemplo - especialização

"A Latoaria Ponte Rol ilumina há 32 anos.
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No final da década de 1990, com o início de atividade, Joaquim Pedro e o irmão quiseram apostar logo na exportação.
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Nos últimos tempos, os países nórdicos, nomeadamente Noruega, Suécia e Dinamarca, têm procurado os candeeiros da empresa, que aposta em produtos de qualidade e num design exclusivo e apenas vende para mercados consolidados. Nas economias emergentes, “teríamos de competir com chineses e indianos, uma guerra perdida”, explica Joaquim Pedro."
Onde podemos fazer a diferença? Onde podemos ter uma vantagem? E para quem temos de trabalhar? Onde estão? Que prateleiras frequentam?

Trecho retirado de "De onde vêm os candeeiros da Massimo Dutti? De Portugal, pois claro"

Tripla precaução, cuidado com os Muggles

"Estado da economia portuguesa debatido no DN".
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E quem vai debater?
"Durante o debate Sérgio Figueiredo (Administrador da Fundação EDP), Isabel Vaz (CEO da Espírito Santo Saúde), António Nogueira Leite (Administrador da EDP Renováveis), Miguel Leonidas Rocha (Partner da Deloitte) e André Macedo (Diretor do Dinheiro Vivo) irão avaliar o estado da economia portuguesa em face da crise e de todos os indicadores, bem como os efeitos das políticas económicas e financeiras da nossa sociedade."
A propósito de Sérgio Figueiredo recordar esta previsão.
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A propósito de André Macedo recordar esta previsão.
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A economia real está cheio de magia; no entanto, colocam Muggles a debate-la.
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Só falta mesmo o Nicolau Santos, o fragilista-mor.

terça-feira, novembro 19, 2013

Uni-vos

Mais um exemplo de uma tendência a acompanhar com atenção, a mudança de modelo de negócio dos pequenos produtores agrícolas, para fazerem o by-pass à grande distribuição e capturarem margens superiores:
 "Grâce au circuit court Paysans.fr recevez chez vous les produits de saison, panier de légumes, panier de viandes ou panier à la carte de produits frais cultivés par 160 producteurs de nos régions"
Algo já por várias vezes sugerido neste blogue e retirado de "paysans.fr"

Sugestões para taxas de juro negativas nos bancos

A imaginação da normandagem não tem limites.
"Break the zero lower bound by paying sharply negative interest rates on bank deposits. Depositors would normally defeat this tactic by pulling their money out of the banks and keeping it in the form of cash. So Kimball proposes a system for devaluing cash itself, effectively imposing the same negative interest rate on paper money as on money deposited in banks. “Paper currency could still continue to exist,” Kimball writes, “but prices would be set in terms of electronic dollars (or abroad, electronic euros or yen), with paper dollars potentially being exchanged at a discount compared to electronic dollars.”"
Trecho retirado de "Larry Summers Has a Wintry Outlook on the Economy"

Mongo também passa por isto

"Chinese companies are raising their global profile—they now export goods at the same rate as foreign-funded companies operating in China do. And their future looks ever more global: In a recent survey of Chinese executives, 88 percent said they expect to be conducting product development for foreign markets by 2023."
Uma diversidade de origens.
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Imagem retirada de "Chinese Companies Reclaim “Made in China”"

Um exemplo concreto da subida na escala de valor

"As cápsulas do seu café são feitas aqui"
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"A empresa começou por fabricar moldes para a indústria automóvel e tem vindo a expandir-se e a especializar--se na construção de moldes de alta precisão
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A estratégia tem sido focada na constante especialização na precisão dos produtos. Fixar-se nos mercados exigentes e com maior poder de compra é o caminho defendido
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a crise, “felizmente, não tem tido impacto” na indústria dos moldes e em particular na sua empresa. A atividade da LN Moldes até “está em crescimento”, devido à sua especialização.
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devia haver uma parceria mais vincada entre o ensino superior e o tecido empresarial “para que os engenheiros, quando terminassem a licenciatura e o mestrado, soubessem mais sobre a realidade nas empresas”."
Há dias numa sessão com empresários alguém apresentava-me um empresário como tendo uma fábrica de meias. Essa informação foi prontamente complementada com um reparo, fabrico de meias para esquiar. Especialização, especialização, especialização...

O exemplo do calçado

"Empresários do calçado consideram negócio "satisfatório" no 3.º trimestre"
"o preço das matérias-primas mantêm-se como “os principais focos de preocupação” dos inquiridos.
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O estado dos negócios da indústria portuguesa de calçado permaneceu “satisfatório” no terceiro trimestre do ano, com a produção a aumentar ligeiramente e a carteira de encomendas garantida por “um período significativo”, segundo o inquérito de conjuntura setorial.
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Segundo os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), Portugal exportou 56 milhões de pares de calçado nos nove primeiros meses do ano, no valor de 1.336 milhões de euros, mais 7,2% do que mesmo período do ano anterior."
Resultado: "Fábricas de calçado nunca precisaram tanto de novos trabalhadores"

BTW, acho que o preço das matérias-primas não é assim tão relevante. É um preço internacional, quando sobe, sobe para todos. Clientes quando escolhem fazem comparações...