segunda-feira, agosto 10, 2020

Para reflexão

"Quantas empresas vão secar e morrer no decorrer desta crise? A líder mundial dos seguros de crédito, a francesa Coface, estudou o assunto e tem uma resposta. Assustadora, por sinal. Em França, 21% das empresas não resistirão; em Espanha, 22%; na Holanda, 36%; na Inglaterra e na Itália, 37%. Só a Alemanha fica um pouco melhor na fotografia. Poderá perder apenas 12% do atual tecido empresarial. A concretizar-se este cenário, a árvore capitalista sofrerá uma grande limpeza.
O estudo, que eu saiba, não inclui Portugal. Admitindo, no entanto, que o nosso país poderá estar entre o mínimo, 12%, e o máximo, 37%, isso significa que desaparecerão entre 156 mil e 481 mil de um total de pouco mais de 1,3 milhões de empresas.
Cenário possível tendo em conta os mais recentes alertas de algumas associações empresariais. Em 2018, o conjunto das micro, pequenas e médias empresas representava 99,9% do universo. E é aqui que se incluem os sectores mais vulneráveis e de maior risco: pequeno comércio, restauração, hotelaria e alguns tipos de serviços.
Quase 100 mil empresas, envolvendo cerca de 850 mil trabalhadores, ainda estavam em lay-off no final de julho. Muitas nem sequer aderiram. Outras nem reabriram. Isto confirma que estamos em vésperas de uma extensa regeneração empresarial e de um gravíssimo problema social."
BTW, lembram-se dos zombies pré-pandemia? Lembram-se de "Deixem as empresas morrer!"

Trecho retirado de "Os “ramos secos” da pandemia" publicado no semanário Expresso do passado dia 8 de Agosto de 2020.

domingo, agosto 09, 2020

Quando se agarra uma oportunidade...

A primeira vez que escrevi aqui no blogue sobre a Inarbel foi em Março de 2008. Apreciei o exemplo de alguém que não se limitou a ser conduzido pelos acontecimentos. Levantou a cabeça, avaliou o contexto, percebeu os riscos e resolveu agir seguindo uma estratégia que passou pela criação de marca própria e subida na escala de valor. Depois, voltei a referi-la em Outubro de 2011.

Ontem descobri este artigo de Janeiro passado:
Há tendências que devemos ser capazes de prever, mas há eventos que não temos possibilidade de adivinhar.

Voltei a encontrar uma referência à Inarbel, agora aqui, "Indústria têxtil em força na principal feira de saúde na Alemanha":
[Moi ici: Primeiro, o choque. Reacção, estancar a hemorragia. Preparar a empresa para sobreviver] "O adiamento e cancelamento de encomendas, a partir do início de fevereiro, obrigou o CEO do grupo a procurar alternativas. “Passei por momentos muito complicados, tenho obrigações para com os meus colaboradores e as suas famílias, mas não tinha trabalho para toda a gente”, admite José Armindo Ferraz. Deu uma semana de férias aos trabalhadores no início de abril, mas não foi suficiente. Tive de avançar com o lay-off de alguns trabalhadores.
...
[Moi ici: Depois, o agarrar duma oportunidade] Um parceiro espanhol, com que trabalha há muitos anos, alertou-o para as necessidades urgentes de batas hospitalares e o empresário tratou de encontrar a solução ao nível dos tecidos, que são 100% algodão, permitindo a sua reutilização. São certificados pelo Citeve. Esse mesmo parceiro intermediou o negócio com o Estado espanhol e, em três dias, estava a receber uma encomenda inicial de 200 mil peças. Pediu 50% do valor à cabeça, no dia a seguir tinha o dinheiro na conta. “Estamos já inscritos na Direção Geral de Saúde espanhola como fornecedores certificados. Vendemos 600 mil batas para Espanha, enquanto em Portugal vendemos cinco mil”, diz, lamentando que seja “muito difícil” vender em Portugal porque a burocracia “é muita”.
...
[Moi ici: Predisposição para a acção. Fez-me lembrar um fabricante de solas que conheci há uns anos e que me fez criar estes gráficos] Num ápice montou uma fábrica específica, com estrutura própria de confeção, para produtos hospitalares, a que afetou 30 pessoas. “Maio e junho foram os meses em que faturamos mais desde que a Inarbel existe, desde 1984”, garante José Armindo Ferraz. Os trabalhadores que estavam em casa foram sendo reintegrados e agora até admite ter de contratar mais. “Vou começar a formar costureiras e controladores de qualidade. Leva tempo, mas eu quero crescer e quero manter este contacto com as comunidades autónomas espanholas”, diz. Alargou já o portefólio da área de saúde e está a tentar entrar nos mercados francês e britânico, enquanto o negócio da moda vai retomando, devagarinho. “Não é sorte, a sorte dá muito trabalho e eu tive que reinventar a empresa por completo e criar novos negócios em que nunca tinha pensado."
Interessante é pensar como é que a Inarbel vai integrar este negócio na sua estrutura?
É o mesmo desafio da Impetus em 2011. Moda e saúde são duas realidades distintas, requerem modelos de negócio distintos, requerem prioridades distintas.

BTW, tenho de escrever sobre marcas próprias, modelos de negócio, life-style.

A grande luta


 Ontem, o primeiro tweet que li foi este:

Depois, mais tarde li isto:
"The pattern is a familiar one.
When things go wrong, central government blames other institutions and decides that the only solution is to take power away from them. It’s a vicious cycle. By centralising power, government weakens those institutions, making it harder for them to respond to problems. More things go wrong, and the centre then grabs more power. The cycle seems to be accelerating under Mr Johnson, which is hardly surprising: his chief adviser, Dominic Cummings, has not yet encountered an institution he did not want to weaken.
This cycle has turned Britain into one of the most centralised countries in the world. Measured by the ability to raise taxes — which, as the American revolutionaries noticed, the measure of power — Britain is extreme. Local government in Britain raises less than 10 per cent its revenues, compared with an average of a third across members the Organisation for Economic Co-operation and Development, a club of rich nations. Among these countries, only Luxembourg and Portugal are as centralised as Britain.
You might think that’s a good thing. Taking decisions at the centre makes it, in theory, possible to provide people with the same level and quality of services and benefits, from John O’Groats to Land’s End.
...
There’s no way of proving that centralisation causes inequality, but there are good reasons for suspecting it might. Capital cities that hog power tend to hog resources. London and the southeast generate more wealth than do the rest of the country, per head of population, and they also get an unfair share of resources. If you look at infrastructure spending in recent years, projects with a poor cost-benefit ratio in London and the southeast were approved, while projects with a better one elsewhere got turned down. Centralising power also fosters discontent with government. That, too, is hardly surprising. The farther away authority sits, the more alien it seems."
Trechos retirados de "Centralisation is the root of our problems"

Esta é a grande luta que temos pela frente.

sábado, agosto 08, 2020

Não é ciência de foguetões, mas eu sou um anónimo de província (parte II)

Parte I.

Na parte I comentei o erro do turismo em baixar preços para conseguir aumentar o número de clientes, apresentando números que ilustram a loucura da decisão. O aumento de clientes nunca consegue compensar o lucro potencial perdido.

Ontem pensei noutro exemplo. No mês passado, a minha irmã que está em Inglaterra, e a minha filha que está na Suiça, vieram a Portugal de avião. Fiquei impressionado com os preços. Pensei que estivessem bem mais altos, mas não. A lotação dos aviões está muito baixa.

Por que é que as pessoas não estão a voar neste Verão?

  • Hipótese 1 - Porque os preços dos bilhetes estão altos;
  • Hipótese 2 - Porque têm medo da pandemia
Qual acha que é a resposta mais certa, ou menos errada?

Então, surge outra pergunta: Quem é que neste Verão de 2020 viaja de avião?
  • Hipótese 3 - Os que que querem viver emoções fortes
  • Hipótese 4 - Os que querem aproveitar os preços baixos dos bilhetes
  • Hipótese 5 - Os que não têm alternativa e têm mesmo de viajar por causa de compromissos familiares, profissionais ou outros
Qual acha que é a resposta mais certa, ou menos errada?

Se partilhar a minha opinião, terá optado pelas hipóteses 2 e 5. Ou seja, quem está a voar voa porque tem de voar.

Quem conhece o Evangelho do Valor sabe o quão penoso é, para não dizer impossível, recuperar lucro perdido por causa de reduções de preço, à custa do aumento da procura.

Outra vez! Ei! Eu só sou um anónimo engenheiro da província. E esta gente tem consultores financeiros de topo ao seu serviço.

De certa forma, foi o mesmo erro da imprensa escrita quando se viu acossada pela internet. Baixar preços nunca é a solução, a menos que a vantagem competitiva seja o custo e o volume possa crescer.

2020 e as exportações

Um quadro que permite comparar a evolução das exportações numa série de sectores que acompanho há vários anos.

Tudo negativo, excepto farmacêutica e agricultura.


sexta-feira, agosto 07, 2020

Como se pode ser tão burro e cometer sempre os mesmos erros???


Os gregos antigos diziam que ter memória era um castigo dos deuses.

Por vezes, deparo-me com situações tão parvas que não percebo como ninguém, a começar pelos so-called jornalistas, aponta o dedo e revela o como o rei vai nú.

Lembram-se do leite e do karma?

A APROLEP desenvolveu uma campanha para reduzir as importações de leite, esquecendo que Portugal exportava mais leite do que aquele que importava. E mais, exportava leite a um preço mais alto do que o praticado em Portugal. Na base dessa campanha estava a identificação clara do país de origem do leite nas embalagens. A campanha teve sucesso e... as exportações de leite cairam porque os consumidores nos países importadores deixaram de escolher leite português.

São os famosos jogadores de bilhar amador que só pensam na próxima jogada e esquecem as suas consequências.

Hoje, encontro outro terrorista. No Jornal Económico de hoje aparece o artigo "Conservas querem substituir 200 milhões de importações".

Como começa o artigo?
"O setor nacional das indústrias de conserva de pescado valeu no ano passado cerca de 323 milhões de euros, dos quais cerca de 70%, 226 milhões de euros, respeitaram a exportações, num total de 43 mil toneladas. “No último ano, as exportações tanto em quantidade, como em valor, diminuíram cerca de 5%,"
O que faz a Associação Nacional dos Industriais de Conservas de Peixe? Em vez de se concentrar no aumento das exportações, resolve concentrar os seus escassos recursos no ataque às importações. Como se pode ser tão burro e cometer sempre os mesmos erros???
"No entender deste responsável, “para a indústria nacional será muito fácil substituir as importações, uma vez que não é um problema de capacidade produtiva, mas sim de estratégia comercial, dos canais de distribuição”.
Se cada português, nas suas compras, substituir dez latas de conservas importadas por dez conservas nacionais por ano, a economia portuguesa tem um incremento de 60 milhões de euros, criando inúmeros postos de trabalho.""
Porque não olham para os números? Os portugueses importam produtos baratos e exportam os produtos mais caros. Olhando para os dados de 2016, o kg de conserva importada era cerca de 73% do kg de conserva exportada.

Esta associação em vez de ajudar os seus associados a subir na escala de valor, está a querer que se enterrem com descontos para ganhar quota de mercado interno. PORRA!!!
Quando é que esta gente percebe que volume e quota de mercado não é o objectivo. O objectivo é o lucro!

Abençoados 15 milhões de euros!

Imaginem um universo de 10 empresas em dois momentos:
  • momento 1 - antes da quarentena
  • momento 2 - depois da quarentena

O salário médio no momento 1 era de 5,5 unidades monetárias. Durante a quarentena 3 empresas desapareceram, as 3 empresas com salários mais baixos.

Os trabalhadores nas restantes 7 empresas não viram os seus salários mexidos. Ao olhar para estes números o que escreveria um apoiante da propaganda do governo?

Durante a pandemia os salários cresceram em média 27%!!!

Pensam que brinco? Leiam o JN de hoje, onde é publicado este texto "Salários sem lay-off com maior ganho em cinco anos".

Isto é o que um anónimo da província detecta. Imagino a quantidade de propaganda que é despejada todos os dias e que não consigo identificar como tal.

Afinal, para que servem 15 milhões de euros?

Sinal dos tempos

Esta manhã fui surpreendido por esta pequena nota, no canto inferior direito de uma página do Público de hoje.
Interessante como uma private equity firm, ainda ontem li isto, se entretenha a comprar empresas de formação à distância.

Basta associar: pandemia, poder dos governos, dinheiro dos governos para fazer de conta que se preparam pessoas, experiência de teletrabalho ou reuniões à distância.

Claro que a minha mente retorcida imagina logo cenas ...

quinta-feira, agosto 06, 2020

Shuffling the cards and dealing

With companies, what today is true, tomorrow is a lie and vice versa. Why?
Because economics is not a Newtonian science and is a function of humans and the ever-evolving context.
Companies’ size is somewhat related to the scope and depth of the analysis of the relevant context.

The following article, "What’s At Risk: An 18-Month View of a Post-COVID World", lists a number of issues associated with the context for the next 18 months, which will somehow influence the future of companies in a kind of shuffling the cards and dealing, changing assets and rules.

quarta-feira, agosto 05, 2020

Não é ciência de foguetões, mas eu sou um anónimo de província

"No mês de junho as quebras para o setor turístico foram ainda muito acentuadas, acima de 80%, tanto no número de hóspedes como nas dormidas. Neste cenário, um pouco mais de um terço dos estabelecimentos está a considerar baixar os preços.
...
A previsão é de que em junho e outubro as taxas de ocupação sejam inferiores a 50%. Esta quebra estará também a ser influenciada pelas exigências devido à pandemia, como é o caso do aumento do intervalo de tempo entre o check-out e o check-in dos hóspedes (55,9% dos estabelecimentos) e da redução do número de quartos (48,6%)."
Imaginem uma empresa de calçado que em 2019 vendeu 6 milhões de euros.
Imaginem dois cenários:

  • No primeiro a empresa resolve baixar o preço em 10% para poder crescer 10% na quota de mercado;
  • No segundo a empresa mantém os seus preços e vê as vendas cairem 10%
Reparem no que acontece ao resultado líquido.

Tremendo...

Ei! Eu só sou um anónimo engenheiro da província. E esta gente tem consultores financeiros de topo ao seu serviço.

Ah! Mas eles também cortam nos custo fixos - dirão alguns. Aí, recomendo a leitura do velho artigo sobre o Evangelho do Valor.


Trechos retirados de "Um terço do turismo admite baixar preço"

terça-feira, agosto 04, 2020

Criando o futuro

 Muito interessante os trechos que se seguem. Um exemplo do que muitos estão a fazer para fazer face a uma nova realidade, para aproveitar oportunidades e fugir de ameaças:
"The University of Arizona is acquiring the assets of forprofit college Ashford University from Zovio Inc. in an effort to establish itself as a major competitor in online education and attract more working-adult students domestically and abroad.
...
The Arizona-Zovio deal developed against the backdrop of an upheaval in higher education, [Moi ici: A alteração do contexto] with the coronavirus pandemic hastening a shift for schools to provide more-robust online offerings. [Moi ici: Em vez de rejeitar, em vez de combater a mudança... abraçá-la] Schools that rely on traditional-age students are also bracing for a drop in enrollments for those straight out of high school, because of lower birthrates, [Moi ici: Outra alteração do contexto] so making inroads with working adults has become a more-crucial path for revenue growth. [Moi ici: Outra resposta à alteração de contexto. Perante a diminuição da procura anterior, a aposta numa procura complementar com um potencial novo]
“Higher education is changing,” said University of Arizona President Robert Robbins, adding that the deal was an opportunity to expand the school’s reach in both the domestic and global markets.[Moi ici: Outra alteração do contexto, o fim das barreiras geográficas. Outra aposta. O online em vez do presencial]
...
The University of Arizona has 4,200 online students now and will absorb Ashford’s roughly 35,000 students, quickly making it one of the bigger competitors in public and nonprofit university online education."
Como é que a sua empresa vê o contexto a mudar? Que oportunidades podem ser agarradas?
Isto é como recordar a casca de noz de 2008 e 2009.

Trechos retirados de "University Scales Up In Online Learning" no WSJ de hoje.

segunda-feira, agosto 03, 2020

Quantidade versus valor

Leiam "Portugal regressou ao Top 20 dos maiores produtores de calçado" e deixem os factos mergulhar bem fundo.
"Nove em cada dez pares de sapatos são produzidos na Ásia, que reforçou o seu domínio no panorama mundial em 1,2 pontos percentuais para 87,4%. Portugal regressou ao Top 20 dos maiores produtores mundiais, para a 20ª posição, destronando o Egipto. [Moi ici: Acham isto, regressar ao top 20 dos maiores produtores mundiais em número de pares, bom ou mau?]
...
Com 11.497 milhões de dólares exportados em 2019, a indústria italiana é a terceira maior exportadora mundial em valor, num ano em que voltou a distanciar-se dos seus principais concorrentes reforçando o seu preço médio exportado em 2,5% para 57,11 dólares. Portugal, pelo contrário, caiu duas posições na tabela, para 15º, o que não admira, já que as exportações nacionais de calçado caíram 5,7% em 2019. O preço médio do calçado nacional exportado foi de 26,26 dólares, quase 2% a menos que no ano anterior."[Moi ici: Acham isto, cair duas posições na tabela, para 15º maior produtor em valor, bom ou mau?]
Olhando para estes resultados e fazendo a comparação com a minha previsão, a título de ponto da situação, feita na parte I da série "Quantas empresas?" temos:
O número de empresas e de trabalhadores já está a diminuir. O número de pares exportados continua a aumentar. No entanto, já não à custa da produção interna, mas à custa da exportação de calçado importado. O preço médio por par continua a sofrer a erosão de um modelo que já se esgotou. Ainda estamos a espremer o que resta do modelo actual e a leva-lo até o mais à direita possível no mapa de Wardley.

Recordar a orientação:
Temos de copiar a Itália.
Quase de certeza que não. Não temos tradição de marcas próprias bem sucedidas.
Como é que empresas em regime de private-label podem subir na escala de valor? Apostando mais e mais na batota da co-criação, no co-design. Claro que não serão empresas com a mesma estrutura e capacidade de produção.

Desformatando (parte II)

Parte I.
"Much of the fragmentation is likely to occur in product design and commercialization activities.
This activity depends on creative talent, and creative talent tends to seek the autonomy available in smaller organizational settings. This creative talent can establish much closer connections to their customers and build deeper relationships over time that will help them to deliver more effective personalization and customization, opening up opportunities for customers to participate in the design and creation of the products. These more specialized players will acquire deeper insight into the needs of the highly focused niches they are serving—needs that the customers themselves have a hard time articulating or may not even recognize.
...
[Moi ici: Niche operators] Over time, they should have a greater impact on their domains, competing with large companies by serving increasingly diversified consumer desires and providing personalized, even localized, products and services.
...
As consumer demand for uniqueness or other specialized attributes causes product fragmentation, another type of fragmentation will occur in the retail space, as retailers cater to specific consumer preferences with a targeted set of niche products. A new type of retailer is emerging that uses both physical and virtual facilities to help customers more effectively navigate a vast range of products to find and use those that are most personally relevant. They will increasingly offer targeted experiences to niche customer segments—showcasing products, providing learning environments to help customers get more value from the products, and creating venues for customers to form communities around these niche offerings. This phenomenon is different from more narrowly defined curation services, which simply provide expertise or reviews in a product category.
Increasingly, we will see similar trends across other domains where the barriers to entry, commercialization, and learning are diminishing."

Trechos retirados de "The hero’s journey through the landscape of the future" do Deloitte Center for the Edge" de 2014.



domingo, agosto 02, 2020

Como se recompensam os sobreviventes? Com mais impostos

Não estou de acordo com muito do que se escreve em "¿Qué aplauden exactamente? La primera etapa del optimismo es el realismo." sobretudo acerca das soluções, mas estou de acordo com a descrição crua e brutal do que aí virá.

Não, senhor ministro, o pior não passou:
"Lo peor vendrá en dos oleadas. Una cuando el mercado laboral deje de estar dopado y otro cuando venzan los créditos públicos que se han ido otorgando a empresas con dificultades de liquidez. Si me apuras hay otra tercera oleada que será más sutil. Las prórrogas tributarias y los retrasos concedidos a los pagos se irán actualizando y cumpliendo. Cuando eso pase, todo a la vez, el agujero será de tal calibre que cabrá toda la economía productiva española y, potencialmente, la de algunos países de nuestro entorno."
Macroeconomicamente, vivemos a calma que precede a tempestade. Por isso, gostei deste título, "‘Calm before the storm’: UK small businesses fear for their future":
"Economists warn that the UK could see more than 3m people unemployed — a level it has not witnessed since the deep recession of the 1980s.
...
more than four months after the start of lockdown, it is the small business sector that is under the most intense pressure and where many companies are being forced to consider their future.
...
a fifth of small firms had less than one month of cash reserves left in May. A quarter of owners had been forced to use their savings to stay solvent; almost a fifth said they were likely to cease trading or may not survive.
...
estimates of 3m unemployed were not unrealistic as the government winds down the schemes in the autumn.
“Small firms are the backbone of the economy. It is a more domestically focused part of the economy and the bedrock for our towns and cities, which make them socially and economically important.”"
Voltando ao artigo inicial, não acredito em soluções gerais que passem pela automatização e inovação. Não se pode criar um modelo de desenvolvimento independente das pessoas que arriscam e trabalham no dia-a-dia.

Se macroeconomicamente vivemos a calma que precede a tempestade, microeconomicamente vivemos uma realidade em turbulência. Vivemos milhares de batalhas diárias em que o futuro de cada empresa se decide. Se algumas estiveram protegidas e adormecidas pelos apoios, outras fecharam, mas muitas outras procuram adaptar-se a um mundo novo em evolução ainda mais rápida do que é costume. 

Comecei esta série, "Quantas empresas?" em Fevereiro de 2020 quando, apesar do Covid-19 ainda não ter caído sobre nós, já antevia a importância do sector do calçado se refundar. Com o confinamento, o que era importante passou a ser importante e urgente. Como escrevi em Abril passado, agora todas as PMEs são startups que têm de fazer o percurso:

Por isso, gostei do artigo "Covid-19 Shuttered More Than 1 Million Small Businesses. Here Is How Five Survived.". Descreve 5 realidades distintas, descreve diferentes opções, sugere regras que podem ser seguidas. Cabe a cada gerência avaliar o que faz mais sentido no caso da sua empresa em particular.
"Eden Park Illumination Inc. had one product to sell before Covid-19: an ultraviolet light that distinguished real diamonds from fakes. The spread of a deadly virus across the globe shifted the focus of the tiny Champaign, Ill., startup to another ultraviolet light application that it had not planned to introduce for at least two years. This one would disinfect crowded spaces. Within weeks, the 10-person company began shipping prototypes. Eden Park has since delivered more than 1,000 of the lights and added a dozen workers, including a head of manufacturing. “We have pivoted and put all our attention on this,
...
The coronavirus pandemic is creating new opportunities for some small businesses even as it raises costs and devastates sales for others. It is prompting many to re-examine their strategies and make tough decisions about how to adapt.
One seller of professional and college team sports apparel stuck to what it did best, gambling that gear with logos would still sell during a sports drought. A decades-old furniture maker ramped up efforts to sell online instead of largely relying on its showrooms. A restaurant supplier boosted production of tamper-evident labels for home deliveries. An insurance brokerage sold smaller policies that are less profitable, but easier to get done.
“Firms that are changing now are making changes to survive,”
...
What they do after the pandemic ends, she said, “will tell us whether they pivoted or just fought the fire and survived.”
Nearly one-quarter of small businesses have added products or services they believe will sustain long-term growth,
...
Here is a look at the choices made—and the lessons learned—by Eden Park and four other small U.S. businesses trying to navigate through the crisis.
...
  • Focus on what sells
  • Stay Focused on What You Know
  • It’s Not Too Late to Go Digital
  • All Hands on Deck (The struggles reinforced the need to diversify. The company is looking at selling signs and other items to plant nurseries and hospitals. “This has taught us we need to look outside restaurants,” Ms. Smith said. “I think we will come out of this a different company.”)
  • Get Simpler and Go Small"
Os milhões da esmola de Bruxelas serão aplicados nos negócios sexy para o governo e famiglia, nos negócios sexy para as universidades. Duvido da sua rentabilidade, pois serão geridos por gente habituada a dinheiro fácil e, por isso, habituada a não fazer contas. Depois, serão milhões que terão de ser pagos através de impostos futuros. Impostos que serão mais um peso às costas dos outros.

sábado, agosto 01, 2020

A lição da clorofila

Estudar a biologia para perceber a economia é uma das lições que há muito aprendi.
"Their findings point to an evolutionary principle governing light-harvesting organisms that might apply throughout the universe. They also offer a lesson that — at least sometimes — evolution cares less about making biological systems efficient than about keeping them stable."
Como não recordar a lição dos nabateus:
"A máxima eficiência leva à rotura frequente das tubagens." 
Como não relacionar com as cadeias de fornecimento super-eficientes, mas longas e inflexíveis.

Trecho retirado de "Why Are Plants Green? To Reduce the Noise in Photosynthesis."

sexta-feira, julho 31, 2020

Curiosidade do dia

Outro exemplo da forma como a informação é manipulada em favor dos queridos:

Isto é tão mau, tão mau!

Comparar laranjas com maçãs e com melões para que se conclua que Espanha esteve tão bem quantio a Alemanha e melhor que a França e a Itália, ainda que para isso se faça batota.

Ah! Deve ter sido um bloguista qualquer sem carteira profissional... já imagino as diatribes de JPP e MST contra as redes sociais... Oh! Wait! Afinal foi a RTVE ...

«Portugueses merecem o que vão ter em agosto»


O governo celebrava, e os comentadeiros do regime apoiavam:

- Portugal está a crescer mais do que a média da UE.

Agora, até os "espertos" do Polígrafo são obrigados a reconhecer "Portugal está a ser "ultrapassado no PIB 'per capita'" pelos 10 países que aderiram à UE em 2004?"

A caminho da Sildávia, agora movidos a hidrogénio, para acelerar ainda mais.

Cada vez mais verdade: «Portugueses merecem o que vão ter em agosto»

Desformatando

"The erosion of barriers to forming and pursuing a business venture [Moi ici: A democratização da produção levará a um mundo muito diferente daquele que o século XX formatou] will lead to increasing fragmentation in certain parts of the economy.
...
For individuals and small entities, the barriers to forming and pursuing a business venture are rapidly being dismantled. As barriers fall, many small yet viable players will emerge, with increasing influence on the economy, via three primary pathways:
  • Freelancers, empowered by online staffing platforms, will begin as individual contractors, but will quickly transition to forming flexible teams—colloquially called “hives”—comprised of other freelancers with complementary skill sets. Gradually, these hives will move from just accepting work from other businesses to collectively creating their own products and services, and ultimately forming their own small companies.
  • Hobbyists will transition from “moonlighting”— working full-time for someone else while pursuing their passion projects during off-hours—to being fully dedicated business owners.
...
  • “Star” performers within big companies— confident of their value and frustrated by a lack of autonomy—will increasingly choose to leave employers in favor of building businesses that use their full range of talents.
...
Fragmentation (within a domain) is defined by the following characteristics:
  • Each player within the domain has a small, addressable market and is focused on a specific niche
  • Collectively, players address a diverse spectrum of customer and market needs
  • Both players and niches are proliferating within the domain
  • No single player has enough market share to influence the direction of the domain long term
  • A relatively modest level of investment is sufficient to enter and sustain position
  • Diseconomies of scale” are in play—it is more challenging for large players to stay in business"
Trechos retirados de "The hero’s journey through the landscape of the future" do Deloitte Center for the Edge" de 2014.

quinta-feira, julho 30, 2020

Curiosidade do dia

À atenção dos escravos obrigados a suportar uma companhia aérea sobredimensionada para gáudio da classe política:
"I asked travel veterans for predictions on what the future of travel will be.
...
Most foresee a lasting decline in business travel, but think leisure travel will bounce back robustly. That means airlines and hotels will have to change their business plans, being unable to rely as much on rich revenue from corporate travelers. Expect higher ticket prices and room rates for vacationers to cover the costs with fewer high-dollar customers to subsidize bargain-seekers. [Moi ici: Vantagem para as companhias aéreas focadas no low-cost e nos turistas]
The airline industry is going to have to examine its business plan,” [Moi ici: Excepto as companhias que vivem penduradas nos impostos cobrados aos saxões] says Robert Crandall, former chief executive of American Airlines. “You are never going to see the volume of business travel that you’ve seen in the past.” [Moi ici: Se a UE não nos proteger teremos de torrar uns 4 mil milhões de euros a alimentar o monstro nos próxios dois anos]
He estimates one-third to one-half of business travel will go away. More meetings will take
place electronically. Trips once thought necessary will be seen as superfluous. “Everybody who depends on business travel is going to have to rethink their game plan,” Mr. Crandall says.
The pandemic has forced widespread, rapid adoption of videoconferencing technology. The technology is mature, easy to use and available on any device.
“Will it be as necessary to send road warriors out? I have serious doubts about that,” says David Tait, a founding architect of Richard Branson’s Virgin Atlantic Airways. “The business market is seriously endangered.

Trechos retirados de "Predicting The Future Of Travel" publicado no WSJ de hoje.




Organizem-se!

Por um lado:

Por outro lado:
Para mim é  claro, a situação vai piorar antes de começar a melhorar