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sexta-feira, janeiro 17, 2020

Para reflexão

Ontem em conversa com empresário do calçado, tive oportunidade de ouvir um relato sobre a situação do sector que não abona nada de bom para os próximos tempos.

Escreveremos sobre a situação do sector, mas para já só queria referir que a certa altura, para amenizar a conversa, perante as previsões muito negativas que se traduzirão inevitalmente em desemprego, referi que alguns especialistas e ministros ficarão todos contentes com essa perspectiva.

Uns porque isso significará uma subida da produtividade agregada. Lembrem-se da anedota, quanto um fanático do eficientismo chega a CEO age até tornar a empresa uma agência de compra e venda, produção própria reduz a eficiência. Outros porque assim terão a mão de obra que lhes falta ou vai faltar. E referi o exemplo do ministro da Administração Interna que quer contratar 10 mil polícias. 10 mil?!?! Onde os há?!?! Com a emigração, com a demografia, com a actual taxa de desemprego, onde arranjar 10 mil futuros polícias?

Esta manhã apanhei este tweet:





quarta-feira, dezembro 11, 2019

Para reflexão

"College-educated workers are taking over the American factory floor. New manufacturing jobs that require more advanced skills are driving up the education level of factory workers who in past generations could get by without higher education, an analysis of federal data by The Wall Street Journal found.
.
Within the next three years, American manufacturers are, for the first time, on track to employ more college graduates than workers with a high-school education or less, part of a shift toward automation that has increased factory output, opened the door to more women and reduced prospects for lower-skilled workers.
...
Now, we need workers who can manage the machines.”
.
U.S. manufacturers have added more than a million jobs since the recession, with the growth going to men and women with degrees, the Journal analysis found. Over the same time, manufacturers employed fewer people with at most a high-school diploma.
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Employment in manufacturing jobs that require the most complex problem-solving skills, such as industrial engineers, grew 10% between 2012 and 2018; jobs requiring the least declined 3%, the Journal found.
...
Specialized job requirements have narrowed the path to the middle class that factory work once afforded. The new, more advanced manufacturing jobs pay more but don’t help workers who stopped schooling early. More than 40% of manufacturing workers have a college degree, up from 22% in 1991.
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“The workers that remain do much more cognitively demanding jobs,” said David Autor, an economics professor at MIT.
...
Large manufacturers also are tilting their workforce toward more educated employees."

Trechos retirados de "Factories Seek White-Collar Degrees for Blue-CollarWork" publicado no WSJ de 10.12.2019.

sexta-feira, novembro 08, 2019

Salário mínimo, produtividade, motivação/malandragem e desemprego

Continuam a aparecer títulos sobre o salário mínimo e a produtividade e, contínua-se a trabalhar a avalanche que vai tornar inevitável o que gente sem skin-in-the-game quiser.

Sem procurar vieram ter comigo via Twitter os seguintes títulos, nos últimos 2 ou 3 dias:
De a)
"Para o chairman da SIBS, a subida do salário mínimo pode pressionar as pequenas e médias empresas, que representam uma parte significativa da estrutura empresarial da economia portuguesa, a aumentarem a sua produtividade e, consequentemente, a subir os salários.
...
Da plateia surgiu depois uma questão de Mira Amaral, economista e ex-ministro, que quis saber se o impacto na produtividade pelo aumento do salário mínimo decorre de uma "limpeza" de empresas sem capacidade de absorver esse aumento da economia."
Às vezes ouvimos empresários dizer que a produtividade não sobe porque os trabalhadores são malandros. O que diria um sindicalista?
E o que diria um sindicalista do que se defende em b) e e). O que se defende nesses textos é a mesma conversa do empresário. Porque trabalham menos horas, estão mais motivados e por isso são mais produtivos. Na minha leitura, quer a conversa dos empresários quer os textos b) e e) são faces da mesma moeda.

Acham mesmo que é por causa de uma questão de motivação que se vai dar aquele salto de 40 pontos para a média da UE28 ou de 50 pontos para a média da zona euro?
De c) e d)
O que dizer?
Por um lado Algarve e zona Centro têm as taxas de desemprego mais baixas do país (5,3% e 4,8%, respectivamente). Por outro lado o Algarve foi a zona onde o desemprego menos caiu nos últimos 12 meses.

Por outro lado as colocações são sobretudo para trabalhadores indiferenciados:
"A média nacional esconde, no entanto, realidades regionais, umas mais negativas do que outras. Por exemplo, o rendimento salarial médio começou efetivamente a cair em duas regiões do país. No centro, região que emprega mais de 1,1 milhões de pessoas, o ordenado médio recuou 0,5% (para 846 euros), o que não acontecia há dois anos e meio.
.
O Algarve, onde trabalham 220 mil pessoas, também já começou a ressentir-se da compressão salarial. Segundo o INE, o salário médio líquido dos trabalhadores por conta de outrem que lá residem recuou em termos homólogos 0,1% no terceiro trimestre (para 836 euros mensais), isto já depois de uma contração de 0,8% no segundo trimestre. O Algarve não experimentava desvalorizações salariais desde meados de 2016."
Vou ver se no próximo fim de semana faço um comentário acerca do Think Tank desta semana na parte sobre o tema da produtividade.

terça-feira, novembro 05, 2019

Mais bofetadas e a turbulência em curso

Na sequência de "Bofetadas e locus de controlo - produtividade é que não" um empresário mandou-me um e-mail:
Em anexo ao texto do e-mail vem um ficheiro em pdf com informação detalhada da empresa e cópia do passaporte do Managing Director.

Trata-se, portanto, de um negócio que corre de vento em popa em Portugal.

Quando tinha o meu escritório na Avenida da República em Gaia, um dos meus vizinhos, por causa do sinal de recepção deficiente, vinha para o corredor falar por telefone com trabalhadores da construção civil, para tentar contratá-los para obras na Holanda. Recordo os 12 € por hora com alimentação e casa era o último valor que ouvi. Inicialmente andava pelos 9 €:



Por que recordo isto? Porque o valor era negociado cá e pago cá. O trabalhador estava empregado numa empresa portuguesa, por acaso a realizar trabalho na Holanda. A legislação salarial holandesa não se aplicava ao trabalhador português.

Talvez por isso, isto:



Assim, estes trabalhadores vêm do Bangladesh, as empresas portuguesas não lhes pagam, pagam um serviço a uma empresa bangladeshi que tem trabalhadores bangladeshis que por acaso estão a realizar um serviço para essa empresa em Portugal. Ou seja, a legislação salarial portuguesa não se lhes aplica. Ou seja, a solução para os empresários portugueses, (e espanhóis e italianos, segundo o empresário que me enviou o e-mail) não é subir na escala de valor, nem é deslocalizar para a Ásia... é trazer a Ásia para a Europa.

Ao fim do dia, no Jornal de Notícias apanho "Falências voltam a crescer no têxtil, calçado e metalurgia":
"Apesar do número total de falências estar a cair desde a crise financeira, há sinais de alerta em várias indústrias.
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O anúncio em letras grandes foi publicado num jornal diário e dá conta da venda, em leilão eletrónico, de máquinas para a indústria do calçado. Em causa a falência da Calçado Bangue, de Romariz, Santa Maria da Feira. É uma das 238 empresas da indústria têxtil e da moda que, desde janeiro, estão em tribunal com processos de insolvência, mais 42% face ao período homólogo.
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A situação não é exclusiva do calçado. As insolvências nos têxteis e na metalurgia somam, nos primeiros nove meses do ano, mais do que no total de 2018. O arrefecimento da economia europeia, a preferência da Inditex por fornecedores marroquinos ou turcos e a concorrência da China, que está a colocar em dificuldades os produtores europeus de torres eólicas, ajudam a explicar. A questão mereceu um alerta do Fórum para a Competitividade que, nas suas perspetivas para o terceiro trimestre de 2019, destacou os "riscos elevados" nos setores têxtil e calçado. Não só as insolvências estão a crescer, como as exportações estão a cair, respetivamente, 1,1% e 7,5%"
Lembram-se de eu escrever aqui sobre os movimentos subterrâneos na economia portuguesa?

Os incautos olham para os números globais das exportações e comprazem-se com a evolução, eu há anos que separo as coisas, uma coisa são as empresas grandes que competem pelo preço, outra coisa é a imensa multidão de PMEs.

Estão a ver o e-mail lá de cima? Estão a recordar o texto inicial da bofetada? Pensem nisto:
""As empresas que ainda trabalham na lógica do preço baixo estão condenadas a prazo. Sem outros elementos de diferenciação, são simplesmente trocadas mal apareça um concorrente, no Norte de África ou na Ásia, que faça mais barato, nem que seja por um cêntimo", diz o diretor-geral da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP). Paulo Vaz garante, no entanto, que o setor realizou uma "enorme transformação, na última década" e que a generalidade das suas empresas "modernizou-se, qualificou-se, investiu na inovação tecnológica e na diversificação de produtos e mercados"."
Confesso que não sei se haverá demasiado wishful thinking nesta descrição de transformação. Estou um bocado pessimista. Penso que a maior parte da mudança foi por causa da proximidade produção-consumo. Vantagem que agora desaparece com o Norte de África e Turquia.

Acredito que o sector vai voltar a encolher e a ter de se concentrar em nichos.
"Mais difícil de aferir é a situação da metalurgia. A campeã das exportações continua em alta, com as vendas ao exterior a crescerem 7%. A AIMMAP," 
Não sei onde é que vão buscar estes números. Olhando para os dados do INE publicados há um mês o sector da metalurgia, sem o automóvel, caiu 1,9%. Se incorporarmos o automóvel, coisa que a AIMMAP não fazia no passado, e bem, o crescimento é de 4%. O que só mostra a evolução que denuncio há um ano acerca do parcial II.

No DN interessante estes números sobre o mesmo tema da evolução das insolvências:


Esta evolução era de esperar, economias saudáveis não crescem até ao céu. Economias saudáveis de vez em quando têm um ano ou mais menos bom. Por outro lado, temos um contexto em forte evolução com a Turquia e o Norte de África a darem cartas.

Por cá, politicamente a prioridade é a distribuição. Ao menos, podiam facilitar as condições para que capital estrangeiro investisse no país.

quinta-feira, outubro 24, 2019

Evolução do desemprego

Interessante olhar para os dados da evolução do desemprego, segundo o IEFP.

Interessante



sexta-feira, junho 21, 2019

Optimista? Realista? Pessimista?

Há pessoas que quando escrevem sobre determinados assuntos ... recorrem acriticamente às estatísticas e nem se interrogam sobre o que elas querem dizer, ou o que está por detrás desses números. Por exemplo:
"Apesar da procura nos mercados internacionais não ser muito dinâmica, as exportações de bens e serviços apresentaram um crescimento homólogo de 3,4%, e continuam a demonstrar a capacidade das empresas portuguesas ganharem quotas de mercado nos principais destinos das exportações portuguesas: Espanha, Alemanha, França e Reino Unido" 
Alguém foi aos números do INE e sacou aquele 3,4% para poder escorar a afirmação seguinte "demonstrar a capacidade das empresas portuguesas".

Se estudassem os números por detrás do número, podiam perceber o que venho relatando há cerca de um ano, a mudança de panorama das exportações portuguesas e a sua crescente fragilização: "What a difference a year makes! (parte II)"

Outro exemplo:
"Hoje, o made in Portugal é um importante ativo concorrencial."
Todos os dias vejo exemplos do que está a ser feito para dar cabo desse activo. Ainda ontem li esta aberração louca "Empresa espanhola arrasou ponte e villa romanas em Beja para plantar amendoeiras" e recordei o que se está a esvair ao copiar o modelo canceroso espanhol: "Todos vão perder".

Outro exemplo:
"A transformação digital da economia, que motivou o lançamento do Programa Indústria 4.0, cada vez mais presente na economia mundial, irá ser decisiva para alinhar as tendências do mercado com a oferta de produtos, ajustando os mecanismos de produção (aumentando a automatização dos processos, substituindo tarefas com valor reduzido, exigindo novas competências e mais qualificações aos trabalhadores) e estimulando novos modelos de negócio."
Relacionar o impacte da Indústria 4.0 na economia portuguesa é ainda mais caricato que esperar que os migrantes resolvam o problema de falta de mão-de-obra em Portugal. BTW, recordar que os macacos não voam.

Outro exemplo:
"Hoje, com taxas de desemprego baixas e uma perspetiva de evolução demográfica difícil, a sustentabilidade do crescimento tem na produtividade um eixo central."
Não sei se estou a ser pessimista, realista ... ou optimista, ao acreditar cinicamente nas palavras de Maliranta e Taleb. Nas últimas semanas tive oportunidade de contactar várias empresas pressionadas por um importante cliente para mudar de paradigma de trabalho, e esta reflexão não me sai da cabeça: Quanto tempo?

Trechos retirados de "Produtividade – o desafio essencial para sustentar o crescimento numa economia virada para o futuro"

domingo, junho 16, 2019

Nope!


Nope!

Quando vi esta fotografia pensei logo nos muitos empresários que ainda não perceberam o filme em que estão metidos.

Muitas pessoas e organizações são capazes de se alhear em relação às mudanças do contexto e não perceber o seu potencial impacte. Assim, são capazes de adiar a mudança que permitirá fazer face ao que só daí a alguns anos se materializará na parede contra a qual vão bater. Basta recordar o caso das escolas privadas, como ainda esta semana referi.

Há anos que escrevo aqui sobre a evolução demográfica. Por exemplo:
Uma das consequências da agudização da evolução demográfica será o desligamento da evolução salarial da evolução da produtividade. Recordo o que escrevi sobre a crescente irrelevância do SMN:
Sabem o que acontece às empresas que aumentam os salários para lá do aumento da produtividade? Não têm futuro, fecham!

Recordo algumas reflexões:

Assim como muitas empresas têxteis francesas e alemãs se deslocalizaram para Portugal nos anos 60 e 70, porque o aumento de produtividade no sector na França e na Alemanha era incompatível com o aumento dos salários na França e na Alemanha, também por cá começaremos a sentir cada vez mais relatos deste tipo. Empresas com encomendas a terem de fechar porque não conseguem captar trabalhadores, ou não conseguem ganhar o dinheiro suficiente para pagar as dívidas.

Recordar a velhinha citação de Maliranta acerca da Finlândia acrescida da frase de Nassim Taleb:

Depois, algo que aprendi em 2007 com Maliranta e a experiência finlandesa:
"It is widely believed that restructuring has boosted productivity by displacing low-skilled workers and creating jobs for the high skilled."
Mas, e como isto é profundo:
"In essence, creative destruction means that low productivity plants are displaced by high productivity plants."
Por fim, Maliranta confirmado por Nassim Taleb:
"Systems don’t learn because people learn individually – that’s the myth of modernity. Systems learn at the collective level by the mechanism of selection: by eliminating those elements that reduce the fitness of the whole, provided these have skin in the game"
Recordar esta "Especulação perigosa" de Novembro último.

sábado, maio 25, 2019

Uma revolução que vai ter de acontecer

A propósito disto "Tight job market squeezing smallest businesses":
"Low unemployment and rising wages are creating hiring challenges for companies of all sizes. There were 7.5 million unfilled jobs on the last business day of March, according to the Labor Department.
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Smaller businesses often experience lower job growth, but they seem to be having a particularly tough time adding workers in today’s job market."
Recordar o impacte sobre o aumento dos salários desligado do aumento da produtividade e da inevitável destruição de empresas incapazes de subirem na escala de valor a uma velocidade adequada:
Nos próximos anos vai haver muito pranto e ranger de dentes da parte dos empresários com o locus de controlo no exterior.

quinta-feira, maio 09, 2019

Para reflexão

"The experts were, by and large, horrific forecasters. Their areas of specialty, years of experience, and (for some) access to classified information made no difference. They were bad at short-term forecasting and bad at long-term forecasting. They were bad at forecasting in every domain. When experts declared that future events were impossible or nearly impossible, 15 percent of them occurred nonetheless. When they declared events to be a sure thing, more than one-quarter of them failed to transpire.
...
Even faced with their results, many experts never admitted systematic flaws in their judgment. When they missed wildly, it was a near miss; if just one little thing had gone differently, they would have nailed it. “There is often a curiously inverse relationship,” Tetlock concluded, “between how well forecasters thought they were doing and how well they did.”
...
Hedgehogs are deeply and tightly focused. Some have spent their career studying one problem. ...
Foxes, meanwhile, “draw from an eclectic array of traditions, and accept ambiguity and contradiction,” Tetlock wrote. Where hedgehogs represent narrowness, foxes embody breadth.
.
Incredibly, the hedgehogs performed especially poorly on long-term predictions within their specialty. They got worse as they accumulated experience and credentials in their field. The more information they had to work with, the more easily they could fit any story into their worldview.
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Unfortunately, the world’s most prominent specialists are rarely held accountable for their predictions, so we continue to rely on them even when their track records make clear that we should not."
Trechos retirados de "The Peculiar Blindness of Experts"

BTW, este anónimo da província apostou em Agosto de 2013 quando todos falavam da espiral recessiva, foi no dia 25 de Abril de 2013. Recordo Outubro de 2013 e sobretudo "Uma espécie de Agosto de 2013".

Há dias publiquei a segunda parte de "O fim de um ciclo":
E reparem como andam os funcionários do governo no semanário [sim, porque não eu não me esqueço de Gigerenzer], "INE deve apresentar esta semana a taxa de desemprego mais baixa dos últimos 15 anos":
"Economistas ouvidos pelo Expresso apontam, em média, para uma taxa de desemprego de 6,5% no primeiro trimestre deste ano, o que compara com 6,7% nos últimos três meses de 2018. A confirmar-se, será o valor mais baixo desde 2004"
E comparem com "Taxa de desemprego sobe pela primeira vez em três anos":
"No primeiro trimestre de 2019, a taxa de desemprego foi 6,8%, acaba de divulgar o Instituto Nacional de Estatística, registando uma subida de 0,1 pontos percentuais (p.p.) face ao trimestre anterior, mas também uma descida de 1,1 pontos percentuais face ao período homólogo, o primeiro trimestre de 2018. A subida trimestral acontece pela primeira vez desde o primeiro trimestre de 2016."[Moi ici: Recordar "Acerca do desemprego"]
A maré já mudou, agora só está a ser atenuada pela boleia demográfica.

quarta-feira, abril 24, 2019

O fim de um ciclo

Quem segue este blogue sabe da minha relação profissional especial com o calçado.
Ontem, olhando para os dados do IEFP reparei que se fechou um ciclo.

Em Agosto de 2009 escrevi sobre o desemprego em Felgueiras: terra de vinho verde, kiwis, pão-de-ló e ... sapatos.

Em Outubro de 2010 a variação homóloga do número de desempregados no sector "Indústria do couro e dos produtos do couro" foi finalmente negativa: -0,1%. Os dados mais antigos a que consigo a aceder no IEFP são de Janeiro de 2003. Em Janeiro de 2003 a variação homóloga do número de desempregados no sector "Indústria do couro e dos produtos do couro" foi superior a 48%. Foram tempos tenebrosos, o choque do modelo da china europeia da altura, Portugal, com a verdadeira China. 

Pois bem, a série de evoluções homólogas negativas no sector "Indústria do couro e dos produtos do couro" acabou no mês passado. Sim, em Março de 2019 a variação homóloga do número de desempregados no sector "Indústria do couro e dos produtos do couro" foi novamente positiva: + 5%.

Viveremos um 2020 interessante com um jugo fiscal que faz de Gaspar um menino... sempre a cavar mais fundo o poço.




quarta-feira, fevereiro 20, 2019

Desemprego em 2019


Evolução do número de desempregados, segundo o IEFP.

Entre Setembro de 2018 e Janeiro de 2019 o desemprego cresceu em 14584 pessoas ao mesmo tempo que o desemprego de funcionários públicos baixou em mais de 5100 pessoas.

Entre Setembro de 2017 e Janeiro de 2018 o desemprego cresceu em 7404 pessoas ao mesmo tempo que o desemprego de funcionários públicos baixou em quase 5950 pessoas.

Vejamos como correm as coisas em 2019.



quarta-feira, fevereiro 06, 2019

Jogadores amadores de bilhar

Recordo:

"España registró el pasado 2 de enero una cifra histórica de bajas en la Seguridad Social: más de 606.000. El dato supera incluso los 363.017 despidos que se produjeron durante el viernes negro del pasado día 31 de agosto, y evidencia la fuerte destrucción de empleo en el que fue el primer día laborable del año y, por lo tanto, la jornada en la que entró en vigor la subida del salario mínimo interprofesional (SMI) pactada por Gobierno y Podemos. En términos netos, señalan desde el Ministerio de Trabajo, el número queda parcialmente compensado por las más de 480.000 altas, con lo que en la variación final fue de algo menos de 125.000 despidos. Explican, además, que se debe tener en cuenta que los días 29 y 30 de diciembre fueron sábado y domingo, y que el 31 no fue laborable en la Administración, con lo que parte del abultado dato responde a un efecto arrastre como consecuencia del calendario. Y añaden que existen precedentes recientes en los que la cifra de bajas en el primer día del año superó también el medio millón. Pero aun así, y siendo cierto todo lo anteriormente apuntado, el dato del 2 de enero de 2019 representa un récord histórico y es una buena muestra de lo que fue el primer mes del año."
Trecho retirado de "606.473: récord histórico de bajas en la Seguridad Social el primer día del nuevo salario mínimo"


BTW, recordar esta corrente nova, desligar produtividade dos salários, típico de gente sem skin-in-the-game.

quinta-feira, janeiro 31, 2019

Números!

Quando olhamos para os números do desemprego em Espanha esquecemos que se calhar os critérios para o seu cálculo são diferentes dos usados noutros países.

Recordo ao longo dos anos:

E agora, "Desemprego real atinge os 17,5%, o dobro dos dados oficiais". Recordo também que os trabalhadores a recibos verdes não são considerados empregados. Por isso, será que entram no cálculo dos desempregados reais?


Olhamos para os números que nos chegam e, muitas vezes, não investimos tempo suficiente a analisar os algoritmos de cálculo. O que entra e o que não entra. Quantas vezes comparamos laranjas com maçãs, sem o sabermos.

Recordo que antes da troika Portugal tinha valores do malparado dos bancos muito mais baixos que no resto da Europa, porque o critério de cálculo fazia um reset todos os anos.


segunda-feira, janeiro 07, 2019

"The demographic trap is going to snap shut"

Aqui no blogue já tenho falado várias vezes sobre o emprego e a demografia:

"For Germany’s Mittelstand of small and medium sized companies, skill shortages have increased to the point that some managers are discreetly hoping for an economic slowdown to relieve the strains.
...
Small and medium sized companies across the country, commonly referred to as the Mittelstand, have therefore started to look for creative solutions to deal with skill shortages as it is increasingly threatening the economic performance of these groups.
...
Indeed, 60 per cent of German companies regard skill shortages as a threat to their economic performance, compared with just 16 per cent eight years ago, according to a survey of the Association of German Chambers of Commerce and Industry.
.
The demographic trap is going to snap shut,” said Markus Dörle, the head of human resources at Stihl Group, the world’s leading maker of chainsaws."



sexta-feira, dezembro 28, 2018

Anónimo da província, mas muito à frente

Este anónimo engenheiro da província, enquanto o mainstream culpava o euro, apontava o dedo acusador à China:
Entretanto, em Outubro de 2018 o semanário Expresso chegou lá, "Negócios da China custaram 162 mil empregos a Portugal":
"Segundo o coautor, Portugal foi claramente um dos perdedores da globalização chinesa, “não em termos de concorrência direta (importações de produtos chineses para Portugal), mas em termos de concorrência indireta, ou seja, pela substituição da exportação de produtos portugueses por produtos chineses em países como a Alemanha, França e outros”." [Moi ici: Imaginem que ainda estávamos com uma moeda manipulável por governos volúveis e ignorantes. Imaginam a dimensão da manipulação monetária para tentar competir com a China via desvalorização cambial?]
A propósito desta interpretação:
"“As empresas recusaram-se [Moi ici: A abarrotar de "hindsight bias". As empresas não se recusaram, as empresas foram sendo dizimadas. Lembrem-se que os académicos previam o fim do sector. As empresas comportaram-se como a Natureza, "nature evolves away from constraints, not toward goals", quando as primeiras começaram a ter sinais positivos começou a contaminação por spillover. Só à posteriori parece que foi pensado e deliberado] a vender minutos de produção e apostaram no desenvolvimento de produtos de excelência e valor acrescentado e nas marcas”, explica. Se tivessem escolhido outro o caminho, reconhece Paulo Gonçalves, “teria sido o nosso suicídio coletivo”" 
E ainda, a propósito de:
"“Os têxteis nacionais não competem com a China. Se competíssemos com a China, já não teríamos sequer indústria.”"[Moi ici: Lembram-se de quando este senhor achava que competíamos com o Paquistão? Não? Então, regressem a Outubro de 2010]

terça-feira, outubro 23, 2018

A evolução subterrânea dos dados

O lastro do passado, que as análises homólogas privilegiam, esconde a análise fina do que se passa agora.

Quem olha para a evolução homóloga celebra, e bem, a evolução longa "Número de desempregados inscritos nos centros de emprego caiu 18% em setembro". No entanto, a evolução mensal ajuda a entender melhor o que se passa nos subterrâneos e só vai chegar à tona mais tarde (recordo o que aqui escrevi a 25 de Abril de 2013, quando todo o mundo olhava para a evolução homóloga em 2013, porque eu olhava para a variação mensal. Falhei por um mês, foi Setembro em vez de Agosto.)

A figura acima, retirada dos dados do IEFP sobre o mês de Setembro de 2018, conjugada com a evolução dos dados subterrâneos das exportações, devem pôr os decisores em estado de alerta... 2020 é capaz de dar problemas (juntar os orçamentos italianos e a deterioração económica que Espanha vai conhecer em 2019).

quarta-feira, maio 23, 2018

Acerca do contexto

Olhar para este mapa:
É difícil perceber o racional por trás do título... adiante.

 Lembra-se do fragilismo?
"Que países considera serem os mais arriscados?
.
Com base nas métricas que monitorizamos, neste momento estamos particularmente preocupados com economias com elevada dependência de financiamento externo. Esta é uma das razões para o severamente mau desempenho da Turquia, particularmente no lado da moeda." (fonte)
Relacionar com "Défice comercial duplica no primeiro trimestre de 2018" e com as mudanças no perfil das exportações e no perfil do emprego.



sexta-feira, abril 20, 2018

Algures, estes sintomas vão começar a cobrar portagem (parte IV)

Parte I, parte II e parte III.

De entre os números publicados pelo IEFP ontem este saltou-me à vista:
Qual o sector de actividade em que o desemprego menos caiu nos últimos 12 meses?

"Indústria do couro e dos produtos do couro"

Aliás em Março último esta foi a única categoria em que o desemprego na indústria cresceu... (+4,3% o que não é brincadeira nenhuma)

BTW, lembram-se deste comentário sobre os sindicatos?


quinta-feira, março 29, 2018

O que aí vem!

Lembrei-me de Ronald Reagan e da sua frase "You ain't seen nothing yet"

A todos os empresários, e são muitos, que nos últimos meses se têm queixado da falta de mão de obra, por favor reparem na previsão para a taxa de desemprego no final de 2020: 5.6%

Enquanto o governo e os seus apoiantes andam entretidos com as batalhas de ontem e anteontem, não se deixe iludir, o mundo mudou e não seja um dos últimos a descobri-lo.

Comece a encarar seriamente este novo nível do jogo, a realidade demográfica que é tramada, o fim da China como fábrica do mundo, e a ascensão da economia baseada na proximidade (2008) (parte deste desempenho negativo também decorre de um modelo de negócio baseado em consumidores amestrados - quando vivemos em Mongo em que somos todos weird and proud of it - para lidar com tribos aguerridas é preciso proximidade e interacção, co-criação).

Tem três hipóteses:

  1. continuar na mesma e deixar a erosão fazer o seu papel, com maior ou menor rapidez (a sobrevivência das empresas não é mandatária);
  2. avançar para Marrocos ou Tunísia, ou importar trabalhadores amestrados, e manter o modelo de negócio baseado na redução do custo unitário - temos pena;
  3. ou a via mais contra-intuitiva, subir na escala de valor, evoluir para um modelo de negócio baseado no aumento do preço unitário.
 Evoluir para um modelo de negócio baseado no aumento do preço unitário implica:

E agora: qual é a sua opção?

Imagem retirada de "Projeções para a Economia Portuguesa: 2018-2020"