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sábado, março 12, 2016

Um optimista sem ser cor de rosa

Uma parte importante do meu trabalho inicial de facilitador de reflexões estratégicas em PME passa pela identificação dos clientes-alvo.
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Há dias usei pela primeira vez uma terminologia que funcionou bastante bem, a dos mundos. Uma PME pode servir quatro mundos:
O mundo 1 é o mundo do Normalistão, o que resta do século XX e do mercado de massas. É um mercado apetecível mas onde a China tem os trunfos todos.
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O mundo 3 é o mundo a evitar a todo o custo, encomendas pequenas e margens pequenas têm tudo para fazerem parte da zona assinalada na figura que se segue, têm tudo para serem destruidoras de valor (recordar a curva de Stobachoff nos marcadores):
Um segredo, quando chego a uma PME, 25 a 30% dos clientes fazem parte deste mundo!!!
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O mundo 2 é o mundo das margens boas conjugadas com as séries maiores, são uma raridade e devem ser tratadas como um tesouro embora dificilmente sustentem uma empresa.
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O mundo 4 é o mundo onde quase sempre a reflexão estratégica acaba por nos levar, onde é que uma PME portuguesa pode competir no mercado internacional? Séries pequenas e margens grandes!!!
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Esta notícia "Ministro das Finanças chinês diz que subida dos salários “é insustentável”" vem dar suporte a uma tendência que comecei a notar no calçado e no têxtil no último trimestre: o mundo 1 está a voltar a Portugal para seduzir fábricas. Espero que os empresários aproveitem as lições de Skinner (recordar nos marcadores, sobretudo "The Focused Factory")
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Outra novidade. O que é que se escreve aqui no blogue?
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Estamos a caminho de ... Mongo, do Estranhistão!
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As empresas grandes, ao tentarem ajustar-se ao Estranhistão vão procurar produtores perto e com experiência de pequenas/médias séries e não muito caros (porque a sua marca não é luxo das pequenas séries) ... as fábricas do centro da Europa estão prontas para esse desafio? Têm custos? Têm ADN? Têm máquinas? Têm flexibilidade? Nope!!! (ADENDA: O reshoring da Ásia começou pela falta de rapidez e flexibilidade e agora já vai no preço. Entretanto, as empresas do mundo 1 que produzem na Europa não estão preparadas para o Estranhistão das pequenas séries e do trabalho manual, não têm os artesãos à la Hermés nem as margens para lhes pagar)
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Estão a ver o paralelismo com a agricultura de joalharia vs o Mar del Plastico?
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Sim, híbridos entre o mundo 4 e o mundo 2 a caminho, também.
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O cor de rosa do título não é político é de ingénuo

sábado, fevereiro 06, 2016

Despedir clientes

Recordar a curva de Stobachoff:
Recordar que os clientes não são todos iguais. Por isso escrevo sobre os clientes-alvo, sobre a miudagem e sobre os fantasmas estatísticos.
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Recordar o que escrevi recentemente sobre uma das lições que o calçado nos dá: saber que encomendas recusar.
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Assim, faz todo o sentido este tipo de actuação "Three Reasons to Fire a Customer":
"Shipping and logistics giant UPS reported its quarterly earnings last week. Results were good and the stock jumped. One reason UPS did well is that it dropped several large customers.
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In some cases, however, the best thing you can do to build your business is fire a few customers. Every customer is not a good customer. Every order is not a good order.
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A good relationship is a win-win. If you are losing money with a particular customer, there has to be something compelling to justify continuing the exchange. Otherwise, it is best to spend your time with more profitable opportunities.
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You want to deal with customers who are consistent with your brand, or at least customers who don’t weaken your brand equity.
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Some customers simply don’t value what you provide. They may want something else, or they may be completely focused on price. If this is the case, you should consider ending the relationship.
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Dropping a customer is not an easy decision, but it is often the best move. Smart marketers know when to walk away."
BTW, em sintonia com a abordagem que propusemos nesta "Curiosidade do dia"

segunda-feira, dezembro 28, 2015

A prova do tempo... outra vez.

Esta manhã publiquei "A prova do tempo... tudo por causa de um Pingo Doce" que pôs à prova uma previsão feita em 2011.
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Agora, a propósito de "Fábrica da Font Salem amplia produção e vira-se para os refrigerantes" refiro mais duas provas do tempo superadas com sucesso.
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Primeiro, acerca da Panrico:

Segundo acerca da Unicer e da Font Salem.
1.Acerca dos refrigerantes
Em Outubro passado escrevi "O que a Unicer estará a fazer" onde, sem informação, só com base no pensamento estratégico, escrevi:
"A empresa confia na capacidade de dominar o acesso às prateleiras e desvaloriza a capacidade produtiva. Presumo que estejam a fazer o outsourcing das marcas que vendem menos e que provocam distúrbios na produção.
...
Não sei se é a melhor opção estratégica, contudo; é perfeitamente defensável. Claro que isto abre o flanco a futuras marcas "artesanais" de sumos e refrigerantes.[Moi ici: Deixemos o teste do tempo operar... outras innocent à nossa escala? ]"
Hoje, via "Fábrica da Font Salem amplia produção e vira-se para os refrigerantes" confirma-se a previsão feita:
"Ao mesmo tempo, o encerramento da fábrica da Unicer em Santarém (a Rical), anunciado no início de Outubro, acabou por ser uma oportunidade para a Font Salem, que passará a produzir as marcas Frisumo, Frutea ou Frutis, detidas pela cervejeira."
2.Acerca da cerveja
"Em 2016, da fábrica da espanhola Font Salem em Santarém sairão dois milhões de litros de refrigerantes. A empresa catalã, que em 2010 comprou a unidade à insolvente Drinkin, estava inicialmente focada na produção de cerveja com a marca das maiores cadeias de distribuição, mas o crescimento deste mercado ficou aquém das expectativas. Além da queda de consumo e do preço, as duas líderes do sector (Central de Cervejas e Unicer) produzem marcas mais baratas em exclusivo para as cadeias de hiper e supermercados — Marina, no caso da Unicer, e Cergal, da Central de Cervejas —, deixando pouco espaço para mais cerveja nas prateleiras." 
Interessante este trecho, a Font Salem com estrutura de custos e modelo de negócio alinhado com um modelo de produção de marcas brancas:
"a nossa empresa tem um modelo low cost”" 
Não consegue entrar na distribuição grande porque a UNICER e a CENTRALCER produzem marcas mais baratas em exclusivo para as cadeias de hiper e supermercados. Tendo em conta a estrutura de custos dessas duas empresas interrogo-me se valerá a pena tanto market share que deve consumir muito lucro potencial. Um dia saberemos, afinal Stobachoff rules.
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A cerveja que a Font Salem produz é maioritariamente para Espanha:
"Cerca de 80% do que sai de Santarém são latas. E Espanha é o principal destino das bebidas (40%). Portugal absorve 20% e 10% são exportados para outros países nas regiões de África (Senegal, Guiné Equatorial ou Nigéria), China ou América Latina (Colômbia, México ou Peru). Os restantes 30% referem-se a produção feita para outros fabricantes (o chamado copacking)."

sexta-feira, novembro 06, 2015

Acerca da importância do foco (parte I)

Quando comecei a trabalhar estratégia com PME chamava a atenção para a importância do foco, da concentração nos clientes-alvo.
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Mostrava como a escolha de diferentes tipos de clientes-alvo implicava apostar em diferentes prioridades contraditórias entre si.

Depois, conheci Terry Hill e Skinner e a sua plant-within-plant:

Recordo de 2008:
"the most important orders are the ones to which a company says 'no'."
Recordo Jonathan Byrnes:
"in a typical company, 30 to 40% of revenues are actually unprofitable, while another fraction of revenues — often more like 20 to 30% — accounts for most of the organization’s profitability."
Recordo Kotler:
"Philip Kotler no livro “Marketing para o século XXI” chama a atenção para a relação 20/80/30.
Já ouviu falar dela?
De certeza que já ouvi falar na relação 20/80.
80% dos lucros de uma empresa são gerados pelos 20 clientes mais rentáveis.
E os 30? O que querem dizer?
Os 30 clientes menos rentáveis provocam um corte de metade dos lucros de uma empresa.
Pense bem no significado, no impacte, desta relação… "
Recordo as curvas de Stobachoff:
Recordo a polarização dos mercados e o "Stuck-in-the-middle".
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Tudo razões para defender que uma PME não pode ir a todas, tem de seleccionar os seus clientes-alvo e tem de se organizar para os servir. Servir bem um tipo de clientes implica não servir bem outro tipo de clientes.
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Entretanto, encontrei mais uma razão para a necessidade de focalizar.
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Continua.

quarta-feira, junho 03, 2015

Workshop "Formular uma Estratégia" (parte III)

Parte I e parte II.

Depois do primeiro passo:
1. Qual é a vantagem competitiva da sua empresa?O que é que os seus melhores clientes valorizam? O que é que ela faz como ninguém?
Vem o segundo:
2. Qual é o espaço competitivo onde actuar? 
Sim, qual é o ecossistema onde está envolvida?
Recordar:

Depois:
"Pick the biggest market you can successfully dominate, the biggest slice where you can get through the Dip and be seen as the best in that world."
Conhece a curva de Stobachoff da sua empresa, o que é que ela lhe diz?
Quem são os clientes-alvo e outros actores que vai servir?
O que é que eles procuram e valorizam?
Qual é a proposta de valor que lhes vai oferecer?
Como vai fazer a diferença?


Local e data: Porto, 30 de Junho
Duração: 7 horas
Preço: 90 €
Inscrição: metanoia@metanoia.pt com o descritivo WFE0115
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Continua.



domingo, maio 17, 2015

Cuidado com a comunicação e não só

O @pauloperes recomendou-me a leitura de "Whole Foods’ Misguided Play for Millennials" dizendo que eu iria gostar e, acertou!
"The news that Whole Foods will open a separate chain of stores designed to appeal to millennials stopped me mid-aisle. According to Whole Foods co-CEO Walter Robb, these future stores will feature “modern, streamlined design, innovative technology, and a curated selection” of lower-priced organic and natural foods."
Parece uma estratégia, responde às perguntas:
  • para quem trabalhar?
  • o que oferecer? 
No entanto, quando se faz o teste de Roger Martin... será que o contrário de “modern, streamlined design, innovative technology, and a curated selection” of lower-priced organic and natural foods." é uma opção estúpida? 
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Parece que sim!
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Outra crítica, "designed to appeal to millennials". Porquê "millennials"? Têm alguma característica diferente dos outros segmentos etários?
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Pois...
"This is the problem with traditional segmentation approaches. By relying on demographics to define a consumer base, executives are implicitly, or explicitly, saying that all people of a certain demographic (in this case the same age cohort) are the same and that they are also distinctly different from everyone in other demographics. As most people will tell you from their own experience, this thinking is fundamentally flawed. This flawed approach applies not just to Whole Foods but to any business."
Engraçado, posso fazer a seguinte previsão:
  • quando alguém da Malásia, Tailândia ou Taiwan, visita este blogue, quase de certeza vem em busca do marcador "plant-within-the-plant" de Skinner;
  • quando alguém da Noruega ou Finlândia, visita este blogue, quase de certeza que vem em busca do marcador "Stobachoff";
  • quando alguém do Brasil visita este blogue pela primeira vez, o mais provável é que tenha aqui chegado por causa do marcador "persona"
Caros colegas brasileiros, atenção ao conselho do artigo:
"A better approach is to target and design for consumers based on what my colleagues and I call their “jobs-to-be-done” – the fundamental problems they are trying to solve or goals they are trying to achieve. By understanding consumers’ jobs, companies can identify what drives their behavior and their buying decisions - and then create offerings that resolve their most important and unsatisfied jobs."
Outro ponto a merecer-me preocupação é aquele receio da canibalização...
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Outras fontes:
  • Whole Foods Aims for Younger Shoppers With New Stores (como evitar a canibalização se vão oferecer produtos orgânicos a preço mais baixo? Será uma loja para outro tipo de contexto de compra? Loja para comprar coisas para o dia em vez de para a semana?)
  • Whole Foods to open chain of stores with cheaper prices ("Mackey dismissed the suggestion that it might cannibalize sales at existing Whole Foods stores")
  • The Great Whole Foods Tragedy: It’s Just Not Hipster Enough
  • quarta-feira, março 11, 2015

    Tecto de vidro? Uma hipótese de explicação (parte XVI)

     Parte I , parte II parte IIIparte IVparte Vparte VIparte VIIparte VIIIparte IXparte X, parte XIparte XIIparte XIIIparte XIV e parte XV


    A propósito da mensagem desta série, quando olhamos para a curva de Stobachoff de uma empresa:


    A questão é: como se chegou a esta situação?
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    Como é que 50% dos clientes dão prejuízo?
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    A - Os clientes dão prejuízo desde o primeiro dia?
    B - Ou o foram-se tornando não lucrativos ao longo do tempo?
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    Se a resposta é A a empresa tem de rever:
    •  quem são os seus clientes-alvo?
    • a segmentação?
    • a proposta de valor?
    • o pricing?
    Se a resposta é A e a revisão não for feita, de nada adianta remover os 50% actuais que não são lucrativos, rapidamente serão substituídos por outros igualmente não lucrativos.
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    Se a resposta é B... quais são as práticas da empresa que transformam clientes lucrativos em clientes não-lucrativos?
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    Por exemplo, uma empresa que contrata a prestação de um serviço por um preço e que, depois, amplia a gama de serviços prestados sem actualização do preço.
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    Esta série é uma tentativa de demonstração da facilidade com que uma empresa pode ter uma percentagem muito elevada de clientes não lucrativos.
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    E na sua empresa, como é?

    sexta-feira, fevereiro 20, 2015

    Tecto de vidro? Uma hipótese de explicação (parte V)

    Parte I , parte II parte III e parte IV.
    "First, CPA [customer profitability analysis] uncovers opportunities for targeted cost management and profit improvement programs. Published figures show examples where 20% of customers generate 225% of profits (Cooper & Kaplan, 1991), where more than half of the customers is unprofitable (Storbacka, 1997) or where the loss on a customer can be as high as 2.5 times sales revenue (Niraj, Gupta, & Narasimhan, 2001)."
    Ainda acha que isto é treta de consultor?
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    Tem alguma ideia de qual é a curva de Stobachoff na sua empresa?
    Tem alguma ideia de quais são os custos associados a uma venda da sua empresa?
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    Talvez possamos dar uma ajuda.
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    Trecho retirado de "The implementation of customer profitability analysis: A case study" de Erik M. van Raaij, Maarten J.A. Vernooijb, Sander van Triestc, publicado em Industrial Marketing Management 32 (2003) 573– 583.

    quarta-feira, dezembro 10, 2014

    "levar mais do que um empresário a reflectir sobre o seu caso"

    Um texto interessante, que pode levar mais do que um empresário a reflectir sobre o seu caso, o que fazer quando:
    "I just got two bits of news: One of our bigger clients wants a 3 percent discount starting in 2015.
    ...
    So, yes, that means we are prepared to lose the business. This customer is a good customer, but it is a Tier 2 customer [Moi ici: Recordar a curva de Stobachoff]. While we would like to keep the work, we are not going to pay the company to do its work."
    O texto também é interessante por não pretender dar uma lição geral:
    "Now, I am not suggesting that the way we handle these situations should be the way every one handles them. Our decisions came from our data and may be unique to us and to our local marketplace."

    Trechos retirados de "Walking Away From a Customer Who Demands a Discount"

    segunda-feira, dezembro 08, 2014

    Um exemplo de segmentação

    O texto mais antigo que conheço sobre a curva de Stobachoff é um artigo de Kaj Storbacka sobre um banco na Finlândia.
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    Um banco que ganhava dinheiro com metade dos clientes para perder muito com a outra metade. Trata-se de um fenómeno muito comum como aprendi com Skinner, Terry Hill, Kotler e Byrnes entre outros, um fenómeno que decorre das empresas não escolherem os seus clientes-alvo e terem a veleidade de ser tudo para todos e, terem a veleidade de serem uma espécie de Arca de Noé, e terem horror a rejeitarem clientes, a rejeitarem encomendas.
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    Por isso, saliento este exemplo "Barclays recusa clientes menos abastados"

    segunda-feira, novembro 17, 2014

    Fugir da comoditização

    Um excelente exemplo de fuga à comoditização com a subida na escala de valor:
    "Some professions, however, are already demonstrating ways to embrace failure. For example, there’s an uncharacteristic explosion of creativity among accountants. Yes, accountants: Groups like the Thriveal C.P.A. Network and the VeraSage Institute are leading that profession from its roots in near-total risk aversion to something approaching the opposite. Computing may have commoditized much of the industry’s everyday work, but some enterprising accountants are learning how to use some of their biggest assets — the trust of their clients and access to financial data — to provide deep insights into a company’s business. They’re identifying which activities are most profitable, which ones are wasteful and when the former become the latter. Accounting once was entirely backward-looking and, because no one would pay for an audit for fun, dependent on government regulation. It was a cost. Now real-time networked software can make it forward-looking and a source of profit. It’s worth remembering, though, that this process never ends: As soon as accountants discover a new sort of service to provide their customers, some software innovator will be seeking ways to automate it, which means those accountants will work to constantly come up with even newer ideas. The failure loop will continue to close."
    Este exemplo fascina-me porque, empresa atrás de empresa, vejo reveladoras curvas de Stobachoff e as previsões de Jonathan Byrnes e, acho esta abordagem tão necessária e útil. As empresas precisam de destrinçar o crescimento saudável do crescimento envenenado, precisam distinguir os clientes bons dos clientes maus e, perceber que um cliente honesto, que paga tudo como combinado e quando combinado, pode ser mau para o negócio.
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    Claro, os que defendem o passado em vez de conquistar o futuro, vão querer impor barreiras à entrada, vão fazer lobby junto dos poderes para se criar mais legislação que traga trabalho, vão pôr o complicómetro a funcionar e desviar-se do essencial: co-criar valor com os clientes.
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    Aposto que o Nuno anda por estes caminhos da co-criação
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    Trecho inicial retirado de "Welcome to the Failure Age"
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    Este texto "It’s All for Your Own Good", sobre o "nudging" indicado no FB pelo João Pereira da Silva também tem algo a ver com isto.

    domingo, novembro 09, 2014

    "o incumbente não se define e pensa que é só uma questão de preços"

    A propósito de "Plano estratégico do novo CEO da PT Portugal aposta na redução de custos" (BTW, se eu fosse prestador de serviços para a PT, as empresas subcontratadas para fazer o serviço no terreno, preparava-me para mais um corte nos preços da empreitada), algo da minha leitura de sexta-feira passada do "Elevate" de Rich Horwath:
    "It seems that the first place leaders turn to when a business model isn't working is to the cost component.
    ...
    While cutting costs is a common reflexive response when a business is not generating sufficient profit,it may only provide short-term relief at the expense of long term growth."
    Ainda esta semana, durante uma conversa inicial, para perceber o desafio de potencial cliente, fiz o "boneco" que se segue, depois de ter dito:
    - Poupar não é o mesmo que ganhar!

    Sim, OK, convém não desperdiçar, atenção aos custos. Contudo, qualquer "comeback" tem de ser feito com base na receita. Daí a curva de Stobachoff no cimo do desenho. Que tipos de clientes têm? Que tipo de serviços são mais rentáveis? Como fazem ou podem fazer a diferença?
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    Julgo que no JdN desta sexta-feira vem um artigo que refere que a NOS está a ganhar os clientes empresariais grandes à PT... sempre a mesma história.
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    Quando um challenger chega, como reage o incumbente líder?
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    Vezes e vezes sem conta em n sectores de actividade, o challenger ou escolhe servir os underserved ou os overserved... o incumbente não se define e pensa que é só uma questão de preços.
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    Continua.

    quinta-feira, maio 22, 2014

    Como tratar os clientes actuais?

    Um tema que costumamos referir e marcar com o marcador "stobachoff":
    "One study found that, in business-to-business companies, the top 20% of customers are generally responsible for 150%-300% of total profits, while the company breaks even on the middle 70% of customers and the bottom 10% of customers cause losses. Similarly, a multi-industry study by McKinsey & Co. found that bad customers might account for 30%-40% of a typical company’s revenue.
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    As an illustration, we provide the cumulative profits curve at a bank with which the second author has worked. This type of curve is often referred to as the “whale curve” [Moi ici: Ou curva de Stobachoff] because of the profit curve’s humpback, inverse-U shape. In this bank’s case, about 50% of customers contribute negatively to profits. In fact, the top 5% of customers contribute almost 75% of the bank’s profits."
    E na sua empresa, como é esta distribuição?
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    Trecho e figura retirados de "Should You Punish or Reward Current Customers?"

    quarta-feira, maio 07, 2014

    É sempre aquela pergunta: Quem são os clientes-alvo?

    Em muitos dos desafios  em que colaboro com PMEs, para subir margens, para subir na escala de valor, para dar a volta, a maioria das vezes o "truque" inicial passa por isto:
    "Failure to understand segmentation is a form of failure to understand your customers. It can pass unnoticed, a missed opportunity, but it can be much more costly.
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    If competitors recognize distinct customer segments that can be attacked with very different strategies - and your company doesn't you can be vulnerable to a pincer movement from competitors, which can pick off your customers with more focused offerings.
    ...
    Failure to recognize segmentation, even in the absence of competitive attack, can also be a form of inefficiency. It means that you are significantly overserving some segments and underserving others, wasting resources that could be put to better use. This is a mismatch that competitors can exploit.
    .
    Incorrect segmentation means that you probably do not understand your market position.
    ...
    Finally, segment blindness means you probably do not understand your profit pool or where you really make money.
    ...
    What are some of the signs that hidden segments, with true strategic implications, might exist unrecognized in your business? My experience, and our research, reveals a few clear indicators. The first occurs when the key measure of customer loyalty in your business varies widely among customers, and you do not know why.
    ...
    This suggests that there are groups of customers you do not understand in basic ways.
    .
    Another indicator is an unexplained loss in market share in part of your historic customer base, suggesting that there is a distinct segment of customers being suddenly underserved (or better served elsewhere). A third indicator occurs when you or your largest competitor has not changed customer segment strategies for a long time. If this is true in a dynamic industry, perhaps you understand neither your customers nor their profitability. That constitutes a big opportunity to refocus."
    É sempre aquela pergunta: Quem são os clientes-alvo?  Qual é o ecossistema da procura? Qual é o perfil da curva de Stobachoff da sua empresa?
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    Trechos retirados de "Unstoppable" de Chris Zook.

    quinta-feira, março 20, 2014

    E a sua empresa, também tenta impingir peixe podre?

    A imagem metafórica que Seth Godin usa neste texto "The rotten fish problem" é tão comum...
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    Por que é que um empresário não se livra do peixe pouco fresco ou mesmo podre?
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    Já o escrevi aqui várias vezes. Por exemplo, por vergonha! Livrar-se do peixe pouco fresco significa prestar menos serviços ou vender menos serviços, significa reduzir a dimensão da empresa, para que esta se concentre nas actividades lucrativas e não na quota de mercado que faz perder retorno, recordar a curva de Stobachoff.
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    Há dias almoçava com alguém que só quando a sua empresa ficou com menos de um terço da dimensão que tinha em 2010, pressionado pelas circunstâncias, é que começou a livrar-se de serviços que prestava e com os quais perdia dinheiro.
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    Desde 2010 que fazia orelhas moucas aos avisos dos seus colaboradores e, só perante uma situação de "burning platform" é que cedeu.

    domingo, março 09, 2014

    Salários e produtividade (parte II)

    De certa forma, em resposta às afirmações de Belmiro de Azevedo referidas em "Salários e produtividade", aparecem as de Braga da Cruz em "Braga da Cruz defende que produtividade aumenta com "especialização produtiva"".
    "Assim, frisou o ex-ministro da Economia, “só aumentamos a produtividade quando mudarmos o perfil daquilo que fazemos, quando nos especializarmos, quando integrarmos mais tecnologia, mais inovação e quando valorizarmos mais o conhecimento. Isso é garantir os fatores de competitividade que se prendem com a qualificação das pessoas e com a capacidade dos empresários fazerem diferente. Só depois disso é que a produtividade aumenta”."
    Algumas notas sobre a afirmação:

    • se há coisa que aprendi nestes 27 anos de vida profissional ligada às empresas é que "anything goes" é mesmo verdadeiro;
    • assim, nuns casos o futuro passa por mais tecnologia embutida nos produtos (recordar a série "meter código". No entanto, muitas vezes associa-se o "mais tecnologia" a uma fórmula de sucesso garantido e, isso, está longe de ser verdade;
    • noutros casos, como o da artesã, o futuro passa por mudar de mercado sem mexer no produto;
    • noutros casos, o futuro passa por mudar de modelo de negócio;
    • noutros casos, o futuro passa por apostar no marketing e criar marcas próprias;
    • noutros casos, em quase todos os casos anteriores, o futuro passa por apostar no pricing. Há muito a aprender nas empresas e, sobretudo na academia com Marn e Rosiello ou com Simon e Dolan;
    • em todos os sectores de actividade económica, o futuro passa por baixar as barreiras legais e para-legais à entrada de novos participantes;
    • em todos os sectores de actividade económica, o futuro passa por uma sociedade que deixe de ver o lucro como uma "judiaria" tolerada;
    • em todos os sectores de actividade económica, o futuro passa por uma sociedade que perceba que o lucro de uma empresa não é dinheiro do "patrão", é dinheiro da empresa;
    • em todos os sectores de actividade económica, o futuro passa por uma sociedade que perceba que "a vida é como os interruptores, umas vezes para cima e outras vezes para baixo", não por má gestão, incompetência ou ilegalidades mas porque os clientes mandam e mandam mesmo e, umas vezes gostam do vermelho e outras preferem o amarelo. Azar de quem apostou no vermelho. É a vida!
    • em todos os sectores de actividade económica, o futuro passa por desenvolver relações amorosas com clientes e outras partes interessadas do ecossistema da procura. Estão a ver Braga da Cruz a falar de relações amorosas? Isso dá votos? Isso dá apoios, bolsas e subsídios?
    • em todos os sectores de actividade económica, o futuro passa por fazer escolhas, por vezes dolorosas, por vezes é preciso "matar um filho" (abandonar um produto ou serviço que deixou de ser rentável), por vezes é preciso "despedir" clientes (recordar Stobachoff);
    • considero fundamental aquele ponto "e com a capacidade dos empresários fazerem diferente". E quando eles não querem, ou não sabem, ou não podem? (Recordar que nós humanos somos satisficers, não maximizers) Vai um governo socialista intervir? E os burocratas de um Estado socialista sabem o que é que o mercado vai preferir? (Allende devia ser recordado também por esta loucura). E os burocratas de um Estado socialista vão nacionalizar as empresas? Acredito naquela frase de Deming para os empresários "It is not necessary to change. Survival is not mandatory." Por isso, é que a concorrência, a liberdade de entrar e sair no mercado é fundamental;
    • cuidado com a aposta cega na qualificação das pessoas, aqui trabalhadores, se os trabalhadores ficam qualificados mas não há procura para as qualificações que eles possuem... azar! Emigração, e pressão para salários mais altos do que a riqueza gerada... (recordar "Treta e obrigado")
    • só para terminar, os académicos que fazem estas afirmações bem intencionadas e ... sãos os que diziam isto do calçado há 9 anos "Para reflectir"
    "Sempre que ouvirem um economista, um consultor, um ministro, botar faladura sobre o que devem ou não devem fazer, lembrem-se sempre deste texto" (daqui)

    quinta-feira, janeiro 02, 2014

    "Why Segmentation Matters" (parte II)

    Parte I.
    "If your sales representatives are providing these high cost services to all customers without regard for return on sales, (Moi ici: "Return on sales", a base para a construção de uma curva de Stobachoff. Já a fez para a sua empresa?) then you are losing money. To that end, segmentation could benefit by determining which customers value the programs and are willing to pay for your services and which ones believe these programs are less useful. (Moi ici: E a sua segmentação, em que bases é feita? Geografia? Come on!!!)
    ...
    Without a proper understanding of the segmented structure of the market, a pricing decision that is important and facing uncertainty may miss its mark. Understanding what makes your customers different from one another based on what they value is the required ingredient (Moi ici: O que é que eles valorizam e procuram? Qual o verdadeiro jo-to-be-done que está em causa?) for a successful needs-based segmentation that leads to more profitable pricing.
    ...
    When it comes to pricing, segments based on value will be more productive.
    ...
    Start with a good segmentation plan to identify customer value before thinking about setting price (Moi ici: Esta é para nós Paulo!))
    ...
    The goal of segmentation is to identify what matters most to your target segments. One of the first steps is identifying your target segments based on the segment clusters that the database presents.
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    Establishing your segment offerings first before determining your price provides the sales force with the knowledge they need for a flexible and profitable negotiation.
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    Emphasize the importance of adhering to your price fences to avoid adding free extras that increase the cost to serve and dilute the integrity of your price fences.
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    To execute a value-based segmentation plan, tie it to a profitable sales strategy that distinguishes between profitable and unprofitable customers."

    sexta-feira, dezembro 20, 2013

    Acerca das curvas de Stobachoff

    "Within any given customer base, there will be differences in the revenues customers generate for the firm and in the costs the firm has to incur to secure those revenues. While most firms will know the customer revenues, many firms are unaware of all costs associated with customer relationships.
    In general, product costs will be known for each customer, but sales and marketing, service, and support costs are mostly treated as overhead. Customer profitability analysis (CPA) refers to the allocation of revenues and costs to customer segments or individual customers, such that the profitability of those segments and/or individual customers can be calculated.
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    customers, too, differ in their consumption of resources. The size and number of orders, the number of sales visits, the use of helpdesks, and various other services can be very different for each customer. Consequently, some customers incur more relationship costs than others, leading to different levels of customer profitability.
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    It is considered good industrial marketing practice to build and nurture profitable relationships with customers. To be able to do this, a firm should know how current customer relationships differ in profitability, as well as what customer segments offer higher potential for future profitable customer
    relationships."

    Trechos retirados de "The implementation of customer profitability analysis: A case study"

    domingo, outubro 06, 2013

    Curiosidade

    99% dos visitantes deste blogue sediados na Noruega vêm por causa de... curvas de Stobachoff.
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    99% dos visitantes deste blogue sediados na Malásia ou Tailândia vêm por causa de ... plant-within-plant

    quinta-feira, setembro 19, 2013

    O primeiro grande desafio de um BSC

    O primeiro grande desafio de um projecto BSC é o de escolher os clientes-alvo, é o de desenhar o ecossistema da procura e o de identificar os pivôs que fazem o circuito girar numa cadeia de relações win-win para os intervenientes.
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    É aqui que entra o interesse em traçar a curva de Stobachoff, é aqui que entra o interesse em traçar o diagrama TOWS, é aqui que entra o ponto de, a partir do diagrama PESTEL, desenhar um simulador de cenários.
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    Claro que isto pressupõe admitir que os clientes não são todos iguais e que, se calhar, alguns clientes certinhos e direitinhos, que pagam a tempo e horas, se calhar, não são clientes prioritários para a empresa. Escolher clientes-alvo não quer dizer que se expulsam os não-alvo, significa que eles não são prioritários.
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    Esta abordagem nem sempre é fácil, muitas empresas têm um preconceito contra o conceito de clientes-alvo:
    "Um cliente é uma raridade, um cliente é um bem escasso, está-me a dizer que devo abdicar de clientes?" 
    No limite, sim!
    Outra questão costuma ser:
    "Eu até percebo que existam trade-offs numa empresa industrial, numa empresa que fabrica coisas físicas, mas numa empresa de serviços, isso também se aplica?"
     O que acham, também existem trade-offs numa empresa de serviços? Ou é indiferente servir o low-cost e o premium?