segunda-feira, dezembro 18, 2023

Acerca da produtividade (parte II)

Acerca da produtividade (parte I)

Há dias publiquei este postal, Sem comentários, com este gráfico:

Quando oiço políticos a falar do fim dos carros movidos a combustíveis fósseis para daqui a uma ou duas legislaturas perco o pouco respeito que ainda podia ter por eles. Olho para o gráfico acima e pergunto?
  • Terão um itinerário concreto?
  • Fizeram contas?
  • Como conseguem garantir que vão ter alternativas?
Este exemplo retrata a leviandade com que políticos tratam tantos e tantos temas. Vejamos outro exemplo, a produtividade.

Qual a diferença de produtividade entre Portugal e outros países da União Europeia? 

Segundo um relatório da Fundação Francisco Manuel dos Santos, a produtividade por hora de trabalho em Portugal é uma das mais baixas da UE, situando-se em cerca de 65% da média da UE27. Isso coloca Portugal como o sétimo país da UE com a menor produtividade por hora de trabalho. Esta situação é contrastante com países como a Irlanda, Luxemburgo e Dinamarca, que estão no topo da lista em termos de riqueza gerada por hora trabalhada:


Como se dá um salto de 35% para chegar à media europeia?

Imaginem que ouviam a seguinte resposta para justificar a baixa produtividade:
  • A produtividade portuguesa é baixa porque os trabalhadores ganham pouco e, por isso, são preguiçosos, ocupam demasiado tempo em conversa de café.
Qual seria a vossa reacção?

Continua.

domingo, dezembro 17, 2023

Acerca da produtividade

"A produtividade é uma medida da eficiência dos fatores usados numa economia para produzir os bens e serviços. Como o valor acrescentado dos bens produzidos é equivalente, ao rendimento dos fatores que produzem esses bens, a produtividade é, no fundo, também uma medida do rendimento dos fatores produtivos. 

Nesse sentido o Produto Interno Bruto (PIB) per capita entre diversos países comparamos a produtividade dos fatores produtivos, como o trabalho, e o rendimento desses mesmos fatores.

Em termos agregados, a produtividade do trabalho é calculada como a relação entre o produto total e o trabalho utilizado para produzi-lo. [Moi ici: Tenho de escrever sobre isto. Por que é que se pede a uma empresa para quantificar a sua produtividade e ... ela não o consegue fazer. BTW, já leram o que se escreveu na semana passada acerca da produtividade e da experiência da semana de quatro dias? Leiam e façam um esforço para não rir/chorar. Tenho de escrever sobre isso] Há muitas formas diferentes de fazer esse cálculo, mas, em termos gerais, o objetivo é o mesmo. No fundo o bem-estar médio numa economia só pode subir se a produtividade do trabalho aumentar.

...

Aumentar a produtividade da economia é, a médio prazo, o único ingrediente para aumentar o bem-estar das pessoas na sociedade. Medidas como alterações no salário mínimo ou nas taxas de imposto podem ser populares e adequadas, por razões de equidade. Mas o seu impacto na produtividade pode ser nulo ou até negativo. [Moi ici: O seu impacte pode ser nulo ou até negativo porque não deixamos os zombies morrerem. Recordar o Chapeleiro Louco no país do absurdo] De igual modo sistemas fiscais que beneficiem as empresas de menor dimensão podem ser populares na perspetiva da opinião pública, mas são normalmente negativas em termos de produtividade. [Moi ici: Outra falha clássica na análise da produtividade: atrabuir as falhas às empresas/empresários existentes sem nunca pensar nos mastins dos Baskerville

...

para a economia portuguesa, os indicadores mais preocupantes são do seu baixo crescimento da produtividade relativamente às economias europeias de dimensão semelhante. A especialização setorial da economia portuguesa também pode ser prejudicial aos ganhos de produtividade. Por exemplo, a fileira do turismo tende a ter produtividades do trabalho relativamente baixas. Isso não significa que Portugal possa prescindir do Turismo, mas sugere que se o turismo crescer acima da média da economia a nossa produtividade do trabalho irá provavelmente baixar. Em termos empresariais o discurso da produtividade é normalmente impopular. Os trabalhadores sabem que esse discurso vem acompanhado de medidas de eficiência que são percebidos como cortes nos benefícios. [Moi ici: Este trecho faz-me recordar um postal clássico deste blog acerca dos engenheiro e da produtividade. Achar que a produtividade só aumenta à custa da eficiência] Em parte, isso explica porque no ambiente eleitoral os vários partidos fazem tanta questão de evitar falar na importância do crescimento da produtividade.

...

O crescimento da produtividade, em particular do trabalho, continua a ser o principal desafio da economia portuguesa. [Moi ici: Vamos chegar ao final deste texto e só vamos ficar com a ideia de que a produtividade só aumenta à custa de mexidas no denominador... nem uma pista sobre o Evangelho do Valor ] É aí que reside a chave da criação de empregos melhor remunerados. Condição necessária para evitar a saida do país de muitos jovens que procuram apenas salários suficientes para terem uma vida normal."

Trechos retirados de "A produtividade", publicado no Expresso desta semana.

sábado, dezembro 16, 2023

Curiosidade do dia

 


BTW, será que se justifica um novo aeroporto em Lisboa? 

Modelos mentais, clientes ou concorrentes, qual o foco?

"Any path to understanding complex systems involves building evidence-based, statistically sound abstract representations of different aspects of reality. The same reality can be approached from different perspectives, using different paths and tools, but always through the manipulation of abstractions. As practically minded and down-to-earth as you may be, you cannot shy away from abstractions and deny the omnipresent role of your mental models in guiding your actions. [Moi ici: O mais difícil é reconhecer que vemos o mundo através desses modelos. Anil Seth, "the brain is continually generating predictions about sensory signals" , descreve-nos como um cérebro fechado numa prisão de osso e que aprende a interpretar o mundo através de um jogo de ténis entre sinais recebidos e sinais enviados. E esquecemos que isso está sempre a acontecer. As nossas interpretações são fruto desses padrões de aprendizagem. Há tempos, numa conversa percebi uma reacção de uma maestrina que estranhei, ela estava a dizer que o cântico estava errado. Eu olhei para a folha e fixei-me no que sei ler, o texto. E pensei: Duh! O texto está OK. Depois, percebi que ela estava a referir-se à partitura. A música que lá estava era outra.]

...

A company's mission statement defines its raison d'être. Why does it exist? A company's business model specifies how it exists and grows. ... The business model must spell out how and for whom the company creates value and how it translates this value into profit.

...

We shall differentiate the business model concept from that of business strategy, to be construed as the overall game plan to beat competition. [Moi ici: Come on!!! "game plan to beat competition". Um livro que parece tão interessante e com esta linguagem arcaica? Para mim é "game plan to seduce clients" - Getting back to strategy ] The business model further entails the setting up of a sustainable network of partners and suppliers. "What trusted partners can make up for what we cannot do on our own?"


Trechos retirados de "Complex Service Delivery Processes - Strategy to Operations" de Jean Harvey.

sexta-feira, dezembro 15, 2023

"Value Truth over Good News"

Recordo de 2009, "Fake recoveries, os 3 amigos e a linguagem de carroceiro":

"BTW, acham que as empresas de Belmiro de Azevedo, por causa da sua linguagem realista e crua estão a viver um momento de descalabro moral, de desânimo, revoltadas com o discurso da tanga do seu líder? Acham mesmo?

Não estarão antes, cientes da realidade, a fazer das tripas coração, a pensar em alternativas, a tentar criar um amanhã melhor? Qual das duas linguagem promove mais facilmente o cerrar de fileiras?

Se Belmiro de Azevedo replicasse a linguagem do ministro nas suas empresas iria gerar o veneno mais corrosivo das organizações, IMHO, o cinismo."

Relaciono com trechos retirados de "Heuristics for Masterbuilders: Fast and Frugal Ways to Become a Better Project Leader" de Bent Flyvbjerg.

"Value Truth over Good News. This was proposed by a leader who had observed that in most organizations good news is encouraged over bad. As a result, no one wants to be the messenger of bad news. The problem with this approach, the leader said, is that on big, complex projects it is only a matter of time until something goes wrong and bad news appear. As leader, you want to hear about this as quickly as possible, so you can do something about it before it grows worse. To be an effective project leader you therefore cannot afford the good-news culture of most organizations. You need to do the opposite: Encourage your team to always immediately tell you the truth about the project, no matter how bad it is. You need to actively encourage bad news and create an organization in which they travel fast, with clear escalation mechanisms and directives for who does what when things go wrong, so you don't have to spend precious time on figuring this out after the fact, argued this leader. -- Again, there was deep resonance in the room. Another cohort member explained that she used a version of this heuristic: Encourage Bad News. And again, these are heuristics that will help you be a better leader if they resonate with your experience, and you can walk the talk."

quarta-feira, dezembro 13, 2023

"Curar" em vez de prevenir

Há tempos ofereci este livro à minha mulher,  "Outlive", de Peter Attia.

O autor, um especialista em longevidade demonstra o quão desactualizada está grande parte da medicina moderna, em parte porque frequentemente procura "curar" em vez de prevenir doenças crónicas. Curar aqui não é acabar com a doença, apenas mascarar ou esconder os sintomas.

Isto faz-me recordar uma conversa que tive há tempos precisamente sobre isto. Há uma causa-raiz que gera uma série de sintomas perversos. O que se faz? Atacam-se os sintomas sem considerar a hipótese de investir na eliminação da causa-raiz. Complicam-se os sistemas, introduzem-se passos que não criam valor, apenas servem para controlar, e acrescentam-se camadas de complexidade. Nas empresas e, pelos vistos na medicina.

O mesmo se passa na política...

Parei aqui ontem à noite. Esta manhã, 6h30, e estou a ouvir o que vem a seguir ao minuto 7:12 ...


Não há coincidências... 

terça-feira, dezembro 12, 2023

Mixed feelings

No JdN de ontem um artigo que me deixou a pensar e sem uma conclusão definitiva, além de algum pensamento cínico, "A tecnologia dá hipóteses como nunca às PME", uma entrevista ao director-geral da SAP Portugal.

O artigo começa com:

"O país empresarial insiste em demasia em ter "fatos à medida" nos processos informáticos, considera o diretor-geral da SAP Portugal. Em entrevista ao Negócios e Antena 1, Nuno Saramago diz que as empresas, sobretudo as pequenas, teriam a ganhar em utilizar versões padronizadas dos programas de gestão.

...

Muitas vezes temos a tendência de fazer um fato à medida e customizar quando podíamos aproveitar essa energia para customizar aquilo que realmente nos diferencia. Se trabalho num produto específico, é aí que tenho de investir os meus recursos, capital e esforço."

Fiquei com mixed feelings. 

  • Por um lado, o meu radar cínico pensou: Interessante, trabalhar a mensagem de que um ponto fraco da SAP é na verdade um defeito do cliente PME.
  • Por outro lado, lembrei-me dos Wardley Maps e do tema dos pioneiros versus colonos (recordar de 2018, Wardley-Martin). 


segunda-feira, dezembro 11, 2023

Um chihuahua


Leio aqui:

"Foram apresentadas 9 opções para a construção do novo aeroporto de Lisboa, uma questão já com 50 anos. A opção de Alcochete é a que reúne mais consenso, depois da Comissão ter deixado cair as opções de Rio Frio e Poceirão. José Eduardo Martins alerta que, se o novo aeroporto for “o maior ‘hub’ do mundo, com 136 vôos por hora”, como é apresentado, a TAP não poderá ser a única companhia a operar. Daniel Oliveira relembra ainda que, segundo a Confederação do Turismo de Portugal, estamos a perder 3 milhões de euros por dia sem o novo aeroporto. Ainda em análise o caso das Gémeas, que implica Marcelo Rebelo de Sousa, neste programa exibido a 6 de dezembro na SIC Notícias."

Recuei logo a 2008 e 2006 e a O meu baú de tesourinhos deprimentes:

"A 6 de Outubro de 2006 o Semanário Económico publicava um extenso artigo de três páginas sobre a indústria gráfica sob o título "Portugal ganha maior rotativa do mundo"

Eu não conheço nada da indústria gráfica, não conheço nada sobre o modelo de negócio das gráficas, mas na altura, humildemente, ciente da minha ignorância, achei para mim mesmo que este investimento não fazia sentido num país de 10 milhões de habitantes, numa economia que não descola de crescimentos raquíticos vai para quase dez anos, numa altura em que a internet está a comer o mercado dos jornais e não só.

A maior rotativa do mundo deve estar pensada e desenhada para grandes produções, grandes séries, grandes lotes de produção, logo não deve estar adaptada para mudanças rápidas de lote, de série... pensava eu, com isto produzem o que produziam antes numa fracção de tempo mas vão ficar com muito tempo livre... e a maior rotativa para ser viabilizada deve precisar de uma elevada taxa de ocupação, só que só fazem sentido taxas de ocupação elevadas com grandes séries, é absurdamente anti-económico, num negócio de preço-baixo (grandes séries) procurar taxas de ocupação elevadas à custa do somatório de muitas pequenas encomendas... (e o custo das mudanças e limpezas?).

A maior rotativa do mundo pediria o aumento da dimensão média das encomendas, não o aumento puro e simples das encomendas.

Mas quem sou eu... guardei o recorte à espera de ver em que paravam as modas."

E pensei também em "Estratégia? Qual estratégia?":

"Frequentemente, discutimos o país como se o mundo nos encarasse como a potência que foi dominante no tempo das caravelas. Hollywood criou o American Dream e em Portugal apenas uma alienação coletiva poderá pensar que existe um Portuguese Dream por causa do sol e das sardinhas. A triste verdade é que Portugal é hoje um país pequeno, pobre, periférico e irrelevante à escala económica mundial.

Qual é a visão para um crescimento económico sustentável de longo prazo que permita manter o ritmo de crescimento do salário mínimo nacional sem ser por estagnação dos salários das pessoas mais qualificadas que persistem em ficar por cá?

Já agora, se não queremos turistas no alojamento local, nem RNH, nem investidores em imobiliário para Golden Visa, aproveitem para me explicar porque é que a TAP e um novo aeroporto são estratégicos para o país.

Alguém que me explique, por favor, porque eu não estou a entender."

O meu vizinho de escritório é um espanhol com uma empresa de investimentos. Tem um chihuahua. Um cão pequeno daqueles que a gente tem de ter cuidado para não calcar. Quando passo no corredor do edifício e a porta do escritório dele está aberta, lá vem o cão disparado a ladrar como um perdido e a ameaçar morder as canelas... faz-me lembrar os políticos Portugueses a fazer política externa. 

domingo, dezembro 10, 2023

Porquê?

"It's the Benefits, Stupid! A project leader pointed out that project teams and owners focus too little on the benefits of their projects and too much on costs and schedule. It's not that cost and schedule are not important, emphasized this leader. But the ultimate reason for doing projects is their benefits. Cost and schedule are means to an end -- the end being benefits - not ends in themselves. We must therefore keep our eyes on the benefits, or we lose sight of why we do what we do, the leader concluded. - Again, the cohort was sympathetic. And again, our research supports the heuristic. First, we have found that most projects don't even measure benefits, making their study difficult. Second, project managers who do measure and manage benefits perform better than managers who do not. Not only do these managers perform better in delivering benefits, but also in delivering on budget and on time. It appears that once project managers know how to get benefits right, they know how to get everything right. They have graduated to the level of the mature and effective project leader. Therefore, if you don't already focus on benefits in your projects, now is a good time to start. You will not truly master project management until you do."

Relacionar os sublinhados acima com o tema do último artigo de Cavaco Silva.

"Ask Why? This will focus you on what matters, namely the benefits the project will achieve, which are the ultimately purpose of the project. Nietzsche rightly observed that, "to forget one's purpose is the commonest form of stupidity" (Nietzsche 1994: para 206). Good leaders are not stupid. They stay on purpose by asking why? This also prevents you from jumping too quickly to solutions, a classic error in project management and, indeed, all management. Moreover, it prevents you from seeing the project as an end in itself, instead of as a means to an end, another common error. Even a company is just a means to an end, and if you begin to see it as an end in itself then, ironically, that is the beginning to the end. Steve Jobs was crystal clear about his answer to why?: "making wonderful things" or "great products," as he repeated, over and over, like a mantra (Schlender and Tetzeli 2015: 233). Finally, asking and answering why? helps you think from right to left, like Wolstenholme above. The answer to why? is your "right" -- your North Star -- which will guide you every step of the way through delivery. Your "left" is the actions to get you there, your means. In the end, there are only two types of projects. The ones that get things right from the start, by asking why?, and the ones that fix things later. There are no shortcuts. The later you leave the fix the more expensive and stressful it will be. Once you're in the din of delivery, it is easy to forget to ask why? Therefore, remind yourself. Good leaders never stop asking why?"

Trechos retirados de "Heuristics for Masterbuilders: Fast and Frugal Ways to Become a Better Project Leader" de Bent Flyvbjerg.

sábado, dezembro 09, 2023

Risk and objectives

With ISO 9001:2015 came the risk based approach, and with ISO 9000:2015 came a definition of risk:

"Risk - effect of uncertainty

Note 1 to entry: An effect is a deviation from the expected"

It took me just over two years to realize the importance of Note 1 and formulate this approach:

"Therefore, in a strategic approach, the policy must be broken down into objectives for the management system (MS). These objectives cannot be established in a vacuum, but must consider the external context of the organization, its internal reality, and the expectations and values of relevant interested parties.

...

Assessing the external context, internal reality, and interested parties expectations and values allows for the identification of a set of risks that could hinder the company's ability to achieve its performance objectives, as well as a set of opportunities that could potentially benefit the company's ability to reach its performance targets. These risks and opportunities should be evaluated, and actions should be taken to minimize risks and capitalize on opportunities, based on priorities. These actions will be part of achieving the objectives of the desired future MS.

...

Thus, clauses 4.1 and 4.2 of ISO 9001:2015 refer to a moment prior to defining objectives aligned with the policy, influencing it. Meanwhile, clause 6.1 of ISO 9001:2015 refers to a moment after defining objectives, which may contradict or benefit their fulfillment."

This means that we should not determine risks and opportunities in the abstract, but rather by considering the objectives of the management system. Failing to do so runs the serious risk of generating long lists of risks and opportunities resulting from free brainstorming, but with little added value for organizations.

I had never looked for the definition of risk in ISO 31000 ... until some weeks ago.

According to ISO 31000, risk is defined as the effect of uncertainty on objectives. This implies that risk is the possibility of a positive or negative impact on an organization's objectives. Uncertainty refers to the state of having incomplete or imperfect information about something.

The relationship between risk and uncertainty is that uncertainty is the source of risk. In other words, risk cannot exist without uncertainty. For example, if you know with certainty that something will happen, then there is no risk. However, if you don't know with certainty what will happen, then there is a risk.

ISO 31000 defines risk as the effect of uncertainty on objectives. This definition is important because it emphasizes the fact that risk is not just about the probability of something happening. It is also about the impact that something happening will have on an organization's objectives.

Here are some examples of how uncertainty can lead to risk:

  • A company that is planning to launch a new product is uncertain about how the product will be received by consumers. This uncertainty could lead to risk if the product is not well-received and the company loses money.
  • A bank is uncertain about the future of the economy. This uncertainty could lead to risk if the economy takes a downturn and the bank loses money.
  • A government is uncertain about the future of the political climate. This uncertainty could lead to risk if there is a coup or other political instability.

As you can see, uncertainty can lead to risk in many different ways. It is important for organizations to understand the different types of uncertainty that they face and to develop strategies for managing them.

Uncertainty is generated by the internal and external context.

How do you determine risks in your MS, do you take objectives into account?

sexta-feira, dezembro 08, 2023

Acerca da evolução de Portugal e da Roménia (parte II)

Ontem publiquei Acerca da evolução de Portugal e da Roménia. Também ontem li no JdN, "Peso dos bens transacionáveis na riqueza produzida quase estagnado".

Reparem no texto inicial do artigo:

"Valor acrescentado gerado pela produção de setores de bens transacionáveis atingiu mínimos em 2010 e desde então está quase estagnado. Perda de competitividade da indústria explica panorama. Valor acrescentado das exportações no PIB abranda."

Agora vamos à minha matriz produtividade versus competitividade:

Não devemos confundir produtividade com competitividade.

Não devemos cair no erro de ignorar a lição japonesa. 

Falta a parte dolorosa da transição. O aumento do valor acrescentado que é preciso tem de ser obtido à custa da evolução na horizontal para actividades com mais valor acrescentado. Não podemos esperar que a evolução desejada seja consequência de continuar a exportar o que já exportamos. O peso dos bens transaccionáveis não cresce por causa do mastim dos Baskerville, por causa do que falta. Já me repito: Depois do hype: O mastim dos Baskerville! 

No artigo pode ler-se:

"A diminuição do peso do VAB gerado pelos setores produtores de bens transacionáveis é explicada pela alteração do modelo de especialização produtiva da economia portuguesa, com os serviços a ganharem destaque nos últimos anos, a que se junta "a perda de competitividade de alguns dos principais setores de bens transacionáveis" em Portugal, com destaque para a indústria."

Na Parte I pode ver-se a evolução dos serviços em Portugal e Roménia, agora acrescento a Dinamarca:

É claro que a exportação de serviços tem muito mais potencial de valor acrescentado que as exportações da indústria. Não percebo esta argumentação.

Agora segue-se um momento de catequese. Uso esta palavra como um substantivo para nomear afirmações que ninguém contesta, mas que não são suportadas num plano verosímil:

"Carlos Tavares defende, por isso, que o objetivo central de Portugal "deve ser produzir mais e mais valiosos bens transacionáveis internacionalmente do que simplesmente aumentar o volume das exportações."

Quantos mais anos vão laborar no mesmo erro em que eu laborei por tanto tempo? Recordar: A brutal realidade de uma foto. E não, não é criando empresas maiores a produzir o mesmo que já se produz, é arranjar outros protagonistas para produzir coisas diferentes. Não cometam o erro de Relvas - Tamanho, produtividade e a receita irlandesa

quinta-feira, dezembro 07, 2023

Acerca da evolução de Portugal e da Roménia


A evolução da produtividade de Portugal e Roménia (fonte)

Com base nesta ferramenta, "Atlas of Economic Complexity", a evolução do perfil das exportações de Portugal e Roménia entre 1999 e 2021:

Impressionante!


quarta-feira, dezembro 06, 2023

Again, por que se pedem paletes de mão de obra estrangeira barata?

Ao longo dos anos tenho escrito aqui no blogue sobre a relação imigração e salários dos trabalhadores menos escolarizados. Por exemplo:

Ouvir Eric Weinstein a partir do minuto 3.


Por que será que a imigração está descontrolada?

terça-feira, dezembro 05, 2023

A receita irlandesa na Grécia (parte II)

Ontem comecei o dia no Twitter assim:

A 1 de Outubro último escrevi: A receita irlandesa na Grécia

A 24 de Outubro no WSJ encontrei "Greece's Great Economic Comeback":

Talk about an economic comeback story. Less than a decade ago, Greece looked like it might never recover from its economic and political traumas. On Friday it won back an investment-grade credit rating from Standard & Poor’s.

The upgrade on Greek debt achieves a goal set by Prime Minister Kyriakos Mitsotakis, although it also sells short the scale of the transformation Mr. Mitsotakis has brought about in Athens. S&P Global cited “significant budgetary consolidation” and the summer’s electoral “mandate for policy continuity” to explain its decision—which, as so often with credit ratings, arrives behind the curve and for the wrong reasons.

Athens needed to get spending under control after the fiscal excesses of the early 2000s culminated in a debt crisis starting in 2009. But if a balanced budget were all the country required to be deemed investable, a credit upgrade would have happened by now. Greece agreed to three separate bailouts from its European peers between 2010 and 2015, all of which included punishing fiscal conditions.

Those conditions were never met because neither the bailout deals nor Greek politicians implemented a growth agenda. Voters grew exasperated with the first two bailouts-to-nowhere and in 2015 swung to the far left, electing Alexis Tsipras of the Syriza Party as Prime Minister.

Mr. Tsipras nearly blew up the eurozone, refusing to honor bailout conditions and going so far as to stage a botched referendum on euro membership before stepping back from the brink. Then he signed a bailout deal with its own fiscal strictures.

Mr. Mitsotakis’s innovation, since ousting Mr. Tsipras and bringing the center-right New Democracy party back to power in 2019, has been to focus on economic growth. He cut the corporate tax rate to 22% from 29%, has worked to rationalize government operations, and now is pushing ahead with privatizations. [Moi ici: Um não-geringonço, portanto]

The renewed optimism explains why the economy is expected to grow this year by about 2.5%, S&P expects government debt will fall to 146% of GDP from 189% in 2020, and investment is pouring in. All of this happened despite the pandemic, a migration crisis and several natural disasters. It also explains why Mr. Mitsotakis won re-election handily this summer.

Challenges remain for an economy that still is too dependent on a handful of industries such as tourism, and important regulatory reforms are needed to increase dynamism. But Mr. Mitsotakis has figured out that an economic growth agenda is the essential ingredient for building support for those reforms—and for balancing the books. That’s a lesson the rest of Europe—and America—could learn from the Continent’s former problem child."

Ontem ao final da tarde no Twitter encontrei:

segunda-feira, dezembro 04, 2023

"todos tratados como Figos"

Ao longo dos anos tenho referido esta previsão no blogue. Demografia, e o reshoring estão dar um poder negocial cada vez mais forte aos trabalhadores. Por exemplo:

"Escrevi aqui algures que um dia seríamos (os nossos descendentes) todos tratados como Figos."

"ALMOST EVERYONE agreed that the mid-2010s were a terrible time to be a worker. David Graeber, an anthropologist at the London School of Economics, coined the term "bullshit jobs" to describe purposeless work, which he argued was widespread. With the recovery from the global financial crisis of 2007-09 taking time, some 7% of the labour force in the OECD club of mostly rich countries lacked work. Wage growth was weak and income inequality seemed to be rising inexorably.

How things change. In the rich world, workers now face a golden age. As societies age, labour is becoming scarcer and better rewarded, especially manual work that is hard to replace with technology. Governments are spending big and running economies hot, supporting demands for higher wages, and are likely to continue to do so. Artificial intelligence (Al) is giving workers, particularly less skilled ones, a productivity boost, which could lead to higher wages, too. Some of these trends will reinforce the others: where labour is scarce, for instance, the use of tech is more likely to increase pay. The result will be a transformation in how labour markets work.

...

To understand why, return to the gloom. When it was at its peak in 2015, so was China's working-age population, then at 998m people. Western firms could use the threat of relocation, or pressure from Chinese competitors, to force down wages. David Autor of the Massachusetts Institute of Technology (MIT) and colleagues estimate that this depressed American pay between 2000 and 2007, with a larger hit for those on lower wages. Populist politicians, not least Donald Trump, took advantage, vowing to end China's job "theft"

...

The approach is already bearing fruit for workers. In a recent paper, Mr Autor and colleagues demonstrate that tight American labour markets are leading to fast wage growth, [Moi ici: Por isso, é que o patronato é tão amigo da imigração, mão de obra barata] as workers switch jobs for better pay, and that poorer employees are benefiting most of all (see chart 3). The researchers reckon that, since 2020, some two-fifths of the rise in wage inequality over the past four decades has been undone.

A similar trend is probably playing out across the rich world. Germany's employment agency keeps a tally of jobs that are facing severe worker shortages. So far this year it has added 48 professions to the 152-strong list. Most require technical, rather than academic, education, with shortages most pressing in construction and health care. Japan offers time-limited visas for workers in a dozen fields, including the making of machine parts and shipbuilding, and the country's wages are rising faster than at any point in the past three decades. The wage premium that accrues to those with a university education is already shrinking; it may now fall faster."

Recordar:

Trechos retirados da revista The Economist de hoje, "Welcome to a golden age for workers"

domingo, dezembro 03, 2023

You Can’t Save Yourself - Bishop Barron's Sunday Sermon

Ontem, ouvi uns pais dizer que a missa era chata e que os filhos não tinham interesse em participar, e que era muito cedo ou muito tarde.

Entretanto, hoje depois da missa fui ao escritório deixar umas pastas de arquivo e ... estranhei tantos carros no estacionamento que ao Domingo costuma estar vazio. Percebi que muito cedo, talvez por volta das 8h da manhã, tinha começado um evento num andar debaixo, onde um dos vizinhos tem uma escola de dança para crianças.

As pessoas estão habituadas à campanha dos políticos que prometem carne à mesa todos os dias. Sorry, ser cristão não é para levar a vida fácil, ser cristão é para levar uma vida diferente.

Queremos Deus na nossa vida, sim ou não? Precisamos dele, sim ou não? 

Come on, estamos em 2023, quase em 2024, alguém obriga os pais a darem vida religiosa aos filhos?

Não podemos querer ter Sol na eira e chuva no nabal.

Outcomes, not deliverables

"As a leader, you want to keep your team focused on critical outcomes and problems. To do this, you first need to identify where scope creep usually happens and cut it off quickly. In practice, this means shifting your entire team's mindset from "what" you're building to "why" you're building it, ensuring a project's outcomes are clearly defined. This will keep the team's narrative focused on the problem being solved.

...

Driving projects by outcomes means defining success based on problem resolution, and measuring progress by how effectively you solve the problem. Therefore, an outcome is a problem that an audience has that isn't addressed or is insufficiently addressed — not the individual project deliverables or features. Defining outcomes means setting aside assumptions on audience wants and desires, and shifting attention to what pain points exist and what is required to eliminate them.

...

Emphasizing outcomes also helps you to align your team around a common purpose and shared goals. By providing clarity on what needs to be achieved, you're motivating your team and empowering them to work together to apply creative approaches to problem solving. Without knowing the outcomes, it is presumptive to say whether any specific tactic or deliverable is needed or necessary. In short, only when problem-based outcomes are determined can a useful scope of features and deliverables be defined."

Recordar:

Trechos retirados de "Project Managers, Focus on Outcomes - Not Deliverables

sábado, dezembro 02, 2023

Um paralelismo?

Em Junho passado em Evoluir na paisagem económica escrevi:

"No final desta leitura recordo que procurei mentalmente fazer um paralelismo com a deslocalização do têxtil alemão para Portugal nos anos 60."

Nas últimas semanas mão amiga tem-me enviado alguns "recortes" sobre a economia alemã. O último foi este:

"companies' investment shifts are becoming more established: more than one in three companies (35 percent) are now planning to shift investments abroad (May 2023: 27 percent, February 2023: 27 percent, September 2022: 22 percent). Another 14 percent are planning to cut investments. Only 1 percent of companies stated that they wanted to increase their investments in Germany given the current situation. Relocation destinations are: other EU countries, Asia and North America (in that order)."

Também recebi este:

"Orders received by the German machine tool industry in the third quarter of 2023 were nine percent down in nominal terms on the same period last year. Orders from Germany declined by 8 percent whereas those from abroad fell by nine percent."

Entretanto por cá:

  • Metal perde vendas mas acredita em recorde anual
  • "Nem a metalurgia e metalomecânica, a indústria campeã das exportações, é imune ao arrefecimento das economias europeias, em especial, da alemã. Em setembro, as vendas ao exterior caíram 8,6% para 1859 milhões de euros, menos 175 milhões do que no mesmo mês de 2022. No entanto, no acumulado do ano, as notícias mantêm-se positivas, com as exportações a crescerem 7,1% para 18 173 milhões de euros, fazendo acreditar num novo máximo histórico em 2023." 

     

    sexta-feira, dezembro 01, 2023

    Brace for impact


    Quando o PS abandona o governo ...
    • "A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) reviu em baixa as previsões para a economia nacional, apontando agora para um crescimento de 2,2% para este ano, de 1,2% para 2024 e de 2% para 2025." (Fonte)
    • "Em setembro de 2023, as exportações e as importações de bens registaram variações homólogas nominais de -8,2% e -13,0%, respetivamente" (Fonte)
    • Taxa Euribor sobe a três e a seis meses e desce a 12 meses para menos de 4% (Fonte)
    • "O total de desempregados registados no País foi superior ao verificado no mesmo mês de 2022 (+14 231; +4,9% ) e no mês anterior. (+3 243;+1,1%)." (Fonte)
    Números do crescimento homólogo do desemprego em Outubro último:
    • Fabricação de têxteis: + 11,3%
    • Indústria do vestuário: + 15,8%
    • Indústria do couro e dos produtos do couro: + 66,6%
    • Fabricação de outros produtos minerais não metálicos: + 21,5%
    • Fab. equipamento informático, elétrico, máquinas e equipamentos n.e.. + 10,7%
    • Atividades imobiliárias, administrativas e dos serviços de apoio: + 11,8%
    • Atividades de informação e de comunicação: + 16,6%
     (Fonte)



              Foi um parágrafo, foi. Esperto!