Mostrar mensagens com a etiqueta autenticidade. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta autenticidade. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, junho 08, 2015

Como não pensar na ...

Ao ler "How Siggi's Grew From A Nostalgic Experiment To An Icelandic Yogurt Empire":

  • como não pensar na incapacidade dos incumbentes em perceber que há gente insatisfeita, ou disponível para testar novas experiências, como não pensar que estão tão concentrados a seguir a sua religião da eficiência que pouco mais lhes interessa;
  • como não pensar na importância de factores imprevistos no desenvolvimento das empresas, para o bem ou mal;
  • como não pensar na importância da autenticidade;
  • como não pensar na importância da motivação pessoal para testar e arriscar.

quinta-feira, maio 21, 2015

Impressão 3D: Acerca do óbvio de que não se fala (parte II)

Em Abril passado, a propósito de um artigo de Richard D'aveni sobre a impressão 3D escrevi o postal "Impressão 3D: Acerca do óbvio de que não se fala".
.
Entretanto, D'Aveni volta à carga e segue na direcção oposta à que equacionei, "3D Printing Will Revive Conglomerates":
"a single 3D printer can produce engine pumps one day and crankshafts the next. The technology’s flexibility introduces synergies where none existed before. [Moi ici: Olhar para dentro, produção e eficiência]
...
Running plants at full capacity is often a key to profitability in manufacturing.[Moi ici: Olhar para dentro, produção e eficiência]
...
3D printing offers even more advantages to these groups. Most of their sales are now overseas, but the individual businesses aren’t big enough to justify dedicated factories in Europe and Asia to better serve these markets. When combined in a conglomerate, however, the businesses could have enough scope to make overseas printer farms practical.[Moi ici: Olhar para dentro, produção e eficiência]
...
When printer farms become such a readily available commodity in the marketplace, conglomerates will lose their advantage in manufacturing synergies."[Moi ici: Talvez em alguns sectores muito regulados, com elevadas barreiras à entrada, esta vantagem dos conglomerados possa ser verdade]
Julgo que o exemplo das multinacionais pode merecer reflexão que tempere a opinião de D'Aveni. Atender a "The New Mission for Multinationals":
"As local companies win an increasing share of markets in emerging economies, multinationals need to let go of their global strategies and embrace a new mission: Integrate locally and adapt globally.
...
Something strange seems to be happening as globalization marches forward: Increasingly, powerful local companies are winning out against multinational competitors. This is especially true in emerging markets, where multinationals are assumed to enjoy superiority and their CEOs are counting on growth.
...
Our data demonstrate the shortcomings of this traditional multinational approach in emerging markets. In dynamic markets, local adaptation is, at best, a catch-up strategy. To win in today’s global environment, companies will need to create new advantages in target markets by integrating their businesses with the local commercial networks and the society itself. They will need to help shape local markets rather than just adapt to them.
...
[Moi ici: IMHO o grande trunfo, neste mundo que aspira a doses crescentes de interacção e co-criação] "locally integrated companies forge deep relationships with customers in ways that go well beyond market feedback. By connecting with customers’ lives and working closely with local influencers and lead users, companies can create new markets or embed their products and brands into local networks."
Julgo que em mercados com baixas barreiras à entrada, a democratização da produção vai acelerar de tal forma o modo de interacção produção-clientes que a a rapidez e a flexibilidade vão ser chave

quarta-feira, maio 20, 2015

O teste do tempo e da realidade

Primeiro, recuemos a Fevereiro de 2011 e a "Fazer o by-pass ao país", convido-vos a recordar o que o presidente da CMVM dizia sobre as empresas portuguesas e sobre o mercado interno.
.
É sempre bom fazer estas pesquisas para enquadrar estas pessoas e os seus conhecimentos e saber se enfrentam bem o teste do tempo e da realidade.
.
Depois, recordem tudo o que escrevemos ao longo dos anos neste blogue:

  • sobre Mongo;
  • sobre a vantagem das PME;
  • sobre os nichos;
  • sobre subir na escala de valor;
  • sobre o trabalho do artesão;
  • sobre ...
Então, estarão no ponto para ler "“Os produtos italianos não são melhores que os nossos”":
"Apesar do crescimento acelerado nos últimos anos, Paula Sousa rejeita a industrialização da produção. O mobiliário da Urbanmint distingue-se pelo design inovador e elevada qualidade do fabrico artesanal.
...
A nossa verdade [Moi ici: A autenticidade]: a cultura artesanal, o nosso legado, o saber fazer bem feito, o nosso perfeccionismo... Eles ficaram muito impressionados com isso.
.
A indústria mundial do mobiliário está muito massificada. [Moi ici: Recordar o Mar del Plastico e os russos] E nós temos esse valor cultural, muito enraizado na forma de fazermos as coisas. Ele adoraram isso. Claro que já tínhamos massa crítica do ponto de vista editorial, de presença em revistas. Já tínhamos um bom portefólio de projectos de privados e ‘contract'.
...
Porque não queremos evoluir para a industrialização. Queremos manter a nossa génese, que é a produção manual."
E a propósito do título e da importância da comunicação, recordar o que se disse sobre o luxo:
"E voltando ao luxo, pode-se produzir muito bem mas o luxo é mais do que o tangível. O luxo é sobretudo a constelação de histórias que acompanham algo e dão um substracto de intangibilidade" 
BTW, material para os blocos do modelo de negócio:
"Em 2008 criou a marca e, para ganhar notoriedade, contou a sua história às revistas internacionais da especialidade. Quando a ‘Corset' foi capa de uma importante publicação britânica de design de interiores, os clientes começaram a bater à porta.
"A validação na área do design e das indústrias criativas pode ser feita através de vários métodos. No nosso negócio, que tem uma componente de design e também comercial, o reconhecimento por editores é muito importante. E o reconhecimento  por prémios tem uma importância adicional", sublinha Nuno de Sá, responsável pela comunicação e marketing da Urbanmint.
.
E galardões também não faltam. A Munna já foi distinguida com o Prémio  Internacional de Design e Arquitectura, promovido pela conceituada revista  britânica "Design et al". A primeira vez foi em 2012, com a poltrona ‘Becomes Me'.
.
"Esse prémio foi um bom tónico para a Munna que já era uma marca popular no design de interiores no Reino Unido. E repetimos esse prémio em 2014 com o sofá ‘Hughes'. Trabalhamos para satisfazer os clientes, que são os designers de interiores e, em última análise, os clientes finais. E nesse sentido os prémios são apenas a cereja em cima do bolo"."

domingo, abril 26, 2015

Internet e autenticidade (parte II)

Já o escrevi por aqui, tantas e tantas vezes, no meu trabalho, muitas vezes, acabo sendo quem abre porta para o primeiro contacto das empresas com o marketing.
.
Se uma empresa aposta na subida na escala de valor, descobre que tem de fazer algo mais do que produzir e vender. Tem de criar uma marca, tem de a comunicar, tem de lhe transmitir uma densidade e uma identidade própria.
.
Ontem, enquanto escrevia "Internet e autenticidade" recordei-me de um empresário do calçado que em 2010, apesar de ter uma empresa saudável a ganhar dinheiro, acreditava que o calçado em Portugal não tinha futuro, por causa da China. Como ele trabalhava no segmento do private label para marcas estrangeiras, tentei desafiá-lo a recomeçar uma marca que tinha existido nos anos sessenta do século passado. Recusava sempre com o argumento de que montar uma campanha de marketing ficava muito caro.
.
Já depois de "Internet e autenticidade" vi que o Miguel Barbot no FB me tinha enviado uma hiperligação para "Tracksmith, stories and experiences". Mais um exemplo da aposta na experiência, da aposta na autenticidade e, também, da aposta na escassez.
.
O artigo começa por referir este texto "The future of luxury - Experience counts" onde se pode ler:
"tilting a bit from having to being"
Onde se reforça o papel crescente da importância da experiência, Recordar "Experiência versus preço".
.
Depois, o texto começa a descrever como uma marca, sem loja física, está a criar a sua aura, está a desenhar a sua proposta de valor:
"With no physical stores yet, and a small collection of niche products, it is using story to create an experience for its customers – the story of running, style, culture and history.
...
Tracksmith is testing the market and tempting it – a steadily building collection, limited runs of products. [Moi ici: Em vez de começar com uma colecção inteira, começou com alguns produtos e com edições limitadas] I’ve bought a couple to try out – and I’ve had to wait a couple of months until the first t-shirt I wanted was back in stock."
Interessante, o uso de uma revista em papel, para a apresentação dos conteúdos que ajudam a situar a marca, a desenvolver a mística da marca. Interessante a comparação que o autor faz acerca da qualidade da revista, por comparação com revistas para corredores:
"As a runner, I’m used to technical, functional and often pretty unstylish clothing and – frankly – content. Runners World is the staple periodical for runners. It’s good for tips and motivation, but stylish and beautifully designed it is not – and its website is an embarrassment (I say that as a paying subscriber). It’s aspirational in a performance sense, but running as a culture and a lifestyle, not so much." 
Depois, descreve a embalagem e o reforço da ligação entre o cliente e a marca ainda antes de chegar à peça, com o número e a mensagem.
.
Este trecho:
"Since it started, earlier this year, Tracksmith has been selling a small but growing – one or two items at a time – collection of clothing" 
Merece ser sublinhado. Julgo que quem arranca com uma marca nova, porque tem de primeiro passar pelo filtro do dono da prateleira, tem de o seduzir com o aspecto do produto, com a qualidade do produto e com o potencial de ganho com o produto; por isso, tem de avançar com uma "colecção completa". No entanto, quem avança para uma loja online própria, não tem de passar por esse filtro, pode começar sem ter essa colecção "completa", pode começar com uma gama mais pequena e com uma forte identidade, para depois, crescer lentamente no número de SKU.
.
BTW, aquele "As a runner, I’m used to technical, functional and often pretty unstylish clothing" fez-me recordar este texto lido ontem de manhã "Cooler than Your Dad’s Sweatpants: Mr Porter Launches Athleisure"

sábado, abril 25, 2015

Internet e autenticidade

Esta história "Mãe inicia alerta histórico com vídeo feito em casa" é um excelente exemplo do que acontece quando redes sociais, paixão e autenticidade se reúnem:
"Três dias depois de colocado o vídeo online, Carolina já contava com 250 vídeos de apoio, sendo muitos dos protagonistas celebridades espanholas.
.
Em apenas um mês, estas ‘selfies’ em vídeo de apoio a crianças autistas são mais de 900 e mais de 90 mil pessoas apoiaram a iniciativa, que acabou por se converter num fenómeno viral em Espanha.
.
Refere o El Mundo que se trata, provavelmente, da mais importante campanha de sensibilização para o autismo feita em Espanha até agora. E partiu de uma mãe anónima, de forma espontânea."
Bottom-up sempre melhor que top-down.

sábado, abril 18, 2015

Impressão 3D: Acerca do óbvio de que não se fala

Em artigos como este, "The 3-D Printing Revolution", escritos para a Harvard Business Review de Maio de 2015, há um tema que me baralha e deixa perplexo, por que não falam do óbvio?
.
Sim eu sei e, se calhar, a razão para se evitar o óbvio tem a ver com o público-alvo da revista. Quem é o público-alvo de uma Harvard Business Review? O que procura e valoriza? Qual é a função, ou funções, da Harvard Business Review?
.
Como é possível que um pensador como Richard D’Aveni, que tanto tem escrito sobre competição, hipercompetição, concorrência... nem uma vez aborde o que a mim, anónimo engenheiro da província, me parece óbvio.
.
Por que não é abordado o impacte da democratização da produção?
.
Por que não é abordado o impacte do tremendo abaixamento das barreiras à entrada na produção de artigos físicos?
.
Como é possível escrever:
"Additive manufacturing doesn’t offer anything like that economy of scale. However, it avoids the downside of standard manufacturing—a lack of flexibility. Because each unit is built independently, it can easily be modified to suit unique needs or, more broadly, to accommodate improvements or changing fashion. And setting up the production system in the first place is much simpler, because it involves far fewer stages.
...
the use of additive manufacturing for more-tailored and fast-evolving products will have ramifications for how offerings are marketed. What happens to the concept of product generations—let alone the hoopla around a launch—when things can be upgraded continually during successive printings rather than in the quantum leaps required by the higher tooling costs and setup times of conventional manufacturing?
...
Additional questions will arise around facilities locations. How proximate should they be to which customers? How can highly customized orders be delivered as efficiently as they are produced? Should printing be centralized in plants or dispersed in a network of printers at distributors, at retailers, on trucks, or even in
customers’ facilities?
...
Imagine how new, highly capable printers might replace highly skilled workers, shifting entire companies and even manufacturing-based countries into people-less production. In “machine organizations,” humans might work only to service the printers."
Sem nunca levantar a possibilidade da democratização da produção pôr em causa a empresa, como instituição do século XX...
.
Quem são os clientes actuais? Quem são os utilizadores actuais? Como é que a sua vida pode ser melhorada com a impressão 3D? E vão precisar das empresas? Vão precisar de que tipo de serviço? De que tipo de empresa?
.
Chego aqui e a metáfora de Mongo interrompe-me a linha do pensamento... esta revolução da impressão 3D e, da possibilidade da democratização da produção, levar o mundo para a variedade da era pré-industrial, para uma variedade de cooperativas de "artesãos" que trabalham como os alfaiates e as modistas, para servir os clientes da tribo respectiva e, estilhaçar os circuitos económicos criados pelo século XX. E ligo ao postal anterior "Para reflexão", para imaginar a necessidade de reinvenção que as empresas que hoje trabalham para uma EDP, terão de fazer, para continuar a existir no mundo da energia, se calhar a trabalhar particulares, bairros, cooperativas, ...
.
BTW, este trecho:
"Finally comes the question of where and how the enterprise fits into its broader business environment. Here managers address the puzzles of Who are we? and What do we need to own to be who we are? As additive manufacturing allows companies to acquire printers that can make many products, and as idle capacity is traded with others in the business of offering different products, the answers to those questions will become far less clear. Suppose you have rows of printers in your facility that build auto parts one day, military equipment the next day, and toys the next. What industry are you part of? Traditional boundaries will blur. Yet managers need a strong sense of the company’s role in the world to make decisions about which assets they will invest in—or divest themselves of."
Isto é tão século XX... onde está o pensamento da tribo? Onde está a relação com o cliente? O essencial não será a capacidade de produção, o essencial será a interacção com a tribo, a adesão a um estilo.

sábado, novembro 01, 2014

Mais um exemplo positivo

A revista Dica da Semana, de 30 de Outubro, do Lidl traz um interessante artigo sobre o burel, "Da serra portuguesa para as cidades do mundo":
"Mas, afinal, o que é o burel? Pergunta feita à Ecolã (ecolaportugal.con), unidade produtiva artesanal (1925), de origem familiar: "É um tecido típico da região da Serra da Estrela, de origem medieval, feito em 100% lã bordaleira Serra da Estrela (raça autóctone).
...
A Ecolã aposta, desde 1995, em reinterpretar este tecido atribuindo-lhe novas funções. Com sede em Manteigas, é, garante, a única empresa da Península Ibérica com modelo vertical de negócio: "Acompanhamos todo o ciclo da lã desde a tosquia (abril/maio) até ao produto final."
...
A 'nova' veia urbana do burel tem conquistado outros consumidores que não apenas o português. A Ecolã tem marca própria, com o mesmo nome e, além da SENNES, assina a produção de outras marcas destinadas a diferentes consumidores europeus e asiáticos: Micuit em Espanha, L'Altro em Itália, Naturalschaft na Alemanha. Ao todo, emprega 14 pessoas, continua a utilizar teares de lançadeira, do inicio do século passado, e ao catálogo de cores naturais aditou cores ecológicas certificadas (Ecotex 100), com recurso a fingimento mineral e vegetal."
O artigo refere uma outra empresa, Burel Factory, que usa o burel como material de revestimento para paredes:

Mais um exemplo positivo de encontrar novos mercados e utilizações para materiais tradicionais, autênticos e com propriedades procuradas.

terça-feira, outubro 28, 2014

Outro exemplo positivo

Em vez de copiar os modelos do litoral, perguntar o que é que se fazia, o que é que se vendia há 100 anos nas terras do interior?
.
Quem aposta em autenticidade e tradição tem aí uma boa resposta, para começar a equacionar um novo modelo.
.
Mais um exemplo do agro-alimentar e, "Cogumelos são setor em expansão em Vila Pouca de Aguiar"

sexta-feira, outubro 10, 2014

"não precisam de ir a correr copiar o parceiro"

"DECIDE WHO YOU'RE NOT. Polarizing your market for a reason means you accept the fact that not everyone is going to sing along with you. Some will be put off by what you're doing. However, for those who see themselves in what you've created, you will have created a deeper sense of "we" [Moi ici: Um sentido de autenticidade, de tribo, de cumplicidade] for every fan who's in on the joke and who embraces the humor and the insider feeling of your brand. Instead of being safe and vanilla, you've decided to make a choice and be something more personal to a smaller group of hard-core customers."
Quantas PME são capazes de fazer esta escolha?
.
Para muitas a escolha devia ser fácil; contudo, a tentação de querer ir a todas, de não querer perder nenhum tipo de cliente, transforma-as naquele "safe and vanilla" que não deixa marca, uma espécie de Wally...

E, no entanto, para um outsider, é muito mais simples.
.
As PME deviam interiorizar que o teste do ácido de uma estratégia é ver um concorrente seguir um caminho diferente e ter sucesso. Olhando para o exemplo do calçado, uns vão para o artigo técnico, outros para a moda, outros para a segurança, outros para o conforto, outros para o luxo, outros ... Ou seja, não precisam de ir a correr copiar o parceiro para também elas terem aquela oferta em carteira.
.
Trecho retirado de "Killing Giants" de Stephen Denny



segunda-feira, agosto 18, 2014

Qual é o verdadeiro produto que a nossa agricultura pode oferecer?

Li "Authenticity, Repurposed, in a Mason Jar" e ao reflectir sobre:
"an aversion to processed food was intensifying. More people became focused on self-sufficiency and eking out as much value as they could from what they bought — and at a reasonable cost.
...
“Everywhere I look as I study consumers, I see this growing quest for more and more control,” Ms. Koehn says. “Control not only over where stuff comes from and what it’s made of, but how it’s made.”
.
The personalized food movement, as Mr. Scherzinger calls it, began to emerge. According to him, 82 percent of Jarden Home Brands’ customers have their own gardens, and many patronize farmers’ markets."
Recuei até Janeiro deste ano e a "Se a tribo dos Qimondos imaginasse..." e a Junho último com "A marca Portugal"...
.
Por fim, relacionei tudo isto com um excelente texto que li durante a minha caminhada matinal no último Domingo "Snail Slime Pricing – Why do the unscalable thing?".
.
O primeiro artigo, o dos trechos acima, aponta para consumidores que querem autenticidade e querem controlar o que comem. O segundo artigo aborda a economia agro-alimentar de um país como a Dinamarca, muito bem sucedida mas por ter apontado no caminho da industrialização maciça e na tecnologia de ponta. O terceiro artigo refere como a agricultura portuguesa é conhecida, por contraponto com a espanhola.
.
Por fim, o quarto artigo termina desta forma magistral:
"So before you copy the spa’s method and do something that doesn’t scale, understand what is the real product and what is just there to sell the real product." 
Porque o país é pequeno e muito montanhoso não podemos ter a escala espanhola, porque não temos capital para investigação e tecnologia não podemos ter "dinamarquices", mas temos a autenticidade e o clima.
Qual é o verdadeiro produto que a nossa agricultura pode oferecer?

domingo, junho 22, 2014

Mudar de prateleira, mudar de mercado, mudar de significado

"New technologies do not simply displace old ones. Some old technologies, like sailing boats and paper books, have an enduring appeal; some, like watches, can redefine their value; and some, like condoms, can get a new lease of life for unexpected reasons. In addition, people do not just buy something because it provides the most efficient solution to a problem. They buy it because it provides aesthetic satisfaction - a beautiful book, for example, or a perfectly made shirt - or because it makes them feel good about themselves. This suggests a paradox: the more that disruptive innovations like the internet boost the overall productivity of the economy, the more room there will be for old-fashioned industries that focus on quality rather than quantity and heritage rather than novelty. Sometimes the best way forward is backwards."
Leio isto e volto ao exemplo da artesã que tentava vender colchas de linho numa feira tradicional em Bragança e que registei em "Uma perspectiva interessante":
"Para algumas empresas, que produzem produtos tradicionais, que podem produzir produtos para nichos com alguma vantagem, não faz sentido mudar o produto para o ajustar ao mercado.
.
Talvez faça sentido:
  • transformar os potenciais clientes em clientes, mudando-os a eles, através de uma conversação, através de uma relação; ou
  • mudar de mercado, mudar de prateleiras..."
Recordar também o exemplo das tábuas de Jamie Oliver.
.
Aquele trecho lá de cima, foi retirado de "Second wind" onde ainda se pode ler:
"How do businesses go about reviving old technologies in the face of so much innovation? Mr Raffaelli argues that the key to success lies in redefining the product’s value and meaning. Swiss watchmakers redefined their products as status goods rather than a means of telling the time. That they are so much harder to make than digital watches added immeasurably to their desirability. Independent booksellers are redefining themselves as communities where people who care about books meet and socialise. Trams are re-emerging as a green solution to both pollution and urban sprawl: a striking number of the cities that are adopting them are formless sunbelt cities.
.
This redefinition demands a careful balance between tradition and change. Revival businesses often need to cultivate a close relationship with their craftsmen and customers, who may see themselves as guardians of a great tradition rather than mere employees or consumers."

sábado, abril 19, 2014

Acerca do poder da autenticidade

Outro tema que referimos com alguma frequência aqui no blogue é o da autenticidade (basta consultar o respectivo marcador):
"Studies show consumers prefer a product that they believe has the aura of authenticity."
Em "It's Proven: The Science Behind Why People Value Authentic Products" pode ler-se:
 "due to a belief in contagion, products from a company's original manufacturing location are seen as containing the essence of the brand. In turn, this belief in transferred essence leads consumers to view products from the original factory as more authentic and valuable than identical products made elsewhere."

sábado, fevereiro 01, 2014

O regresso lento mas persistente do semi-industrial

Ainda ontem lia que a as vendas do comércio na Alemanha baixaram em Dezembro. Questionei logo, será que baixaram mesmo? Ou será que o que baixou foram as vendas através dos canais clássicos, facilmente vigiáveis pelas estatísticas?
.
Ás vezes leio coisas, por exemplo esta, que me fazem pensar que os artesãos actuais e os frequentadores das feiras informais, são uma espécie de novos "judeus" a perseguir, porque fogem aos circuitos "higienizados" e regulamentados.
.
Assim, logo que tive conhecimento de um sítio na internet onde artesãos e quem os procura se podem encontrar, percebi que tinha de o colocar aqui no blogue.
"Tirando partido da nossa ampla rede de contactos na área da manufactura, ajudamos os nossos clientes a encontrar o parceiro de produção ideal ou a identificar especialistas portugueses para executar trabalhos no exterior.
No Ofício fazemos mais do que pôr pessoas em contacto: apoiamos os nossos clientes no processo de decisão, aconselhando relativamente às técnicas de produção mais adequadas para um problema específico. Quando necessário, também nos encarregamos da gestão de todo o processo de produção."
Visitem o interessante "Roteiro Oficinal do Porto".
.
Sinto que há qualquer coisa de subversivo na manutenção e apoio a estes artesãos, pelos seus clientes, pela procura... são gente que resistiu à força de Magnitogorsk, à força de Metropolis, à força uniformizadora do século XX.
Gente independente que vive do seu trabalho e que não tem rede, só os seus clientes os suportam. O aliciamento para entrar na onda do século XX sempre foi tão grande que arrisco dizer, se esta gente resistiu é porque gosta do que faz.

domingo, outubro 06, 2013

Sonhar com Mongo

Basta ler "small, independent and traditional", por tradicional traduzo, artesanal, autêntico, proximidade... fico logo a sonhar com a possibilidade de o mesmo acontecer noutros sectores.
.
E este trecho, "To ensure that the craft brewery distinction stands for quality - and not merely market share - breweries cannot cut costs by relying on cheaper ingredients", 100% Mongo!!!

  • "The Craft Beer Movement" (interessante também a referência aos 3 modelos de negócio associados. Off-topic, é difícil perceber como os estados, dentro dos Estados Unidos, podem ser tão diferentes, pelos vistos, em alguns, é o Estado, como na Suécia, que distribui as bebidas alcoólicas)
  • "Craft beer movement comes to a head"
"Sales are up 15 percent, and nearly 1 million more barrels than last year were sold by small and independent craft brewers, from 6.4 million to 7.3 million barrels, the report says. The number for 2009 was 4.4 million.
.
This comes at a time when the association reports that the overall sale of beer in America is down 2 percent."

Isto, para já não falar desta cena:

quinta-feira, agosto 15, 2013

Estranhistão, autenticidade, imperfeição e automatização

Conhecem a minha metáfora acerca de Mongo, uma espécie de Estranhistão onde estamos a embrenhar-nos, a entranhar-nos. Um mundo onde "we are all weird and proud of it", um mundo de nichos onde já há mais gente fora da caixa do que dentro da classificação de "normal".
.
A gente normal são os clientes-alvo da produção em massa, das empresas grandes.
.
Sabem as esperanças que deposito nesse modelo, como um ecossistema ideal para as PMEs, capazes de estarem próximo dos clientes e terem abordagens customizadas. Proximidade e autenticidade são dois vectores relevantes para triunfar no Estranhistão.
.
A customização, as pequenas séries, a proximidade, a autenticidade, a co-criação de valor... (a abordagem co-: co-desenho; co-produção; co-criação), ao dar vantagem competitiva às PMEs, vai privilegiar o empreendorismo e um novo tipo de relação entre a produção e o consumo, gerando cada vez mais prosumers.
.
Quando descrevo esta abordagem, há quem avance logo com o argumento da automatização. É um poderoso argumento, em defesa de uma resposta das empresas grandes a um novo cenário económico e social.
.
Depois de ler "To Be Authentic Is To Be Imperfect":
"Perfection comes out of molds or off assembly lines. Things made by nature or by hand are imperfect. It is their flaws that make these objects unlike any other of their kind. It is their imperfections that make these things unique and beautiful.
...
Authenticity is about imperfection. And authenticity is a very human quality. To be authentic is to be at peace with your imperfections.
...
(Moi ici: Arrisco mesmo esta alteração) Great leaders products and services don't try to be perfect, they try to be themselves.  And that's what makes them great."
Relaciono a imperfeição como algo que a automatização não consegue modelizar e incluir, percebo que a automatização estará sempre a jogar fora de casa relativamente à autenticidade.
.
Engraçado como, logo após ter arriscado esta correcção, me lembrei deste outro artigo lido ontem à tarde na praia "Samsung and Apple Inc. Vs. the Commoditization of the Smartphone".
.
Produtos e serviços perfeitos tentam ter tudo, tentam fazer tudo e, nesse percurso, acabam iguais à concorrência, acabam comoditizados. A descrição inicial da convergência que uniformiza as ofertas e cria a sensação de "overserved" e o remate final:
"The days may be over when a single smartphone could inspire universal lust. That’s not a bad thing for consumers, who will get the option of paying less, and it doesn’t have to be a bad thing for Apple and Samsung. If they embrace a more diverse industry, they have a good chance of succeeding in it; a larger pie can feed everyone. Trying to eat the whole thing would be a terrible mistake."
Imperfeição como uma característica da autenticidade...
.
Uma das coisas que mais aprecio e invejo na pintura a aguarela é a capacidade de transmitir uma imagem com o que falta... em vez de uma fotocópia da realidade, fazer uma representação da realidade em que o que falta, o que não está lá é tão importante como os tons e os traços escolhidos para captar o momento.

quinta-feira, julho 25, 2013

Escala de profundidade (parte I)

"Why Warren Buffett Bought A Newspaper"
.
Um excelente artigo!!!
.
Em linha com o que escrevemos aqui há anos sobre a importância crescente da proximidade.
.
É engraçado ver as coisas em perspectiva, as empresas regionais foram "comidas" ou "eliminadas" por empresas nacionais, com sede em Lisboa ou no Porto. (Lembro-me logo do IP4)
.
Depois, as empresas multinacionais "comeram" as nacionais ou as nacionais evoluíram para multinacionais e centralizaram-se em Lisboa.
.
Depois, por motivos  eficientistas saíram de Lisboa e foram para Madrid ou outras paragens.
.
Assim, está livre, à espera de ser ocupado, um espaço de proximidade, um espaço que não pode ser escalado em número de clientes, um espaço de autenticidade que pode criar uma interacção que cria escala de âmbito, que cria escala de profundidade.
.
Apetece dizer, Deus dá nozes a quem não tem dentes.
.
Continua

segunda-feira, junho 03, 2013

Um exemplo, uma lição para as futuras marcas das PMES

Enquanto lia "Make What You Sell: A New Breed of Manufacturers" pensava em quão raro é uma empresa industrial em Portugal se abrir para visitas pelas pessoas comuns e pensava até que ponto, para certos negócios, essa abertura para os bastidores não traria vantagens para a imagem, para a marca.
.
Entretanto, em "The Chinese Pork Panic of 2013" leio:
"The most valuable technology—without which a modern consumer economy would be impossible—is the power of brand reputation that allows consumers to eat the pork that emerges from these opaque industrial processes with confidence."
e cruzo com "5 Stops on a California Cheese Trail" e penso: AUTENTICIDADE
"the epicenter of California’s lively artisanal cheese movement. Twenty-two thousand acres of land in the two counties are currently used to produce almost 100 different cow, sheep, goat and water buffalo milk cheeses as well as fermented products like yogurt and crème fraîche. The cheeses are all made primarily by hand, in small batches, and in keeping with cheesemaking traditions — hence the artisan designation — and most are also classified as farmstead, meaning they are made on a farm with milk from its own animals.
...
but I also met the people behind them and saw firsthand their multiple passions: for the craft of cheesemaking; for their cultural heritage; for the animals they raise; and for the beautiful, bountiful land on which they depend."
Tantos pensamentos, tantas oportunidades, tantas possibilidades...
.
Enquanto assistimos ao "hollowing" das marcas estabelecidas, das marcas tradicionais (ainda esta manhã, a caminho de Felgueiras, só abanava a cabeça ao apreciar ser ultrapassado por uma espécie de SUV da... Volvo, por isso é que vão acabar, por terem perdido o espírito da marca dos anos 70 e 80)  talvez o futuro das futuras marcas das PMEs passe pelo truque francês.
.
Uma grande lição, no meio da guerra da commodity alimentar que é o leite, quando o pensamento afunila e parece que não há alternativa...
.
Continua.

sábado, junho 01, 2013

Autenticidade

Ontem de manhã, cedo, preparei a minha "bucha" para meio da tarde: 3 avelãs, 3 amêndoas, 2 castanhas do maranhão, umas uvas passas e umas passas de mirtilho.
.
Ao recolher as amêndoas, que a minha mulher compra numa casa da baixa do Porto, apreciei o pó agarrado às amêndoas... e lembrei-me de, durante anos e anos (somos consumidores de frutos secos durante todo ano) comprar no Pingo Doce os frutos secos dos meus antigos vizinhos da Ferbar (a última fábrica onde trabalhei como funcionário, estava situada na mesma zona industrial da Ferbar na Maia).
.
De há alguns anos para cá, o Pingo Doce deixou de ter os produtos da Ferbar e passou a ter os frutos secos embalados de uma marca alemã (?). Uma vez experimentei as amêndoas e soaram a falso, estavam limpinhas, sem pó, quase sem casca... artificiais, sem autenticidade.
.
Por isso, optámos por outra prateleira.
.
Como é que a sua PME pode apostar na autenticidade contra a "produção industrial" dos gigantes?

sexta-feira, fevereiro 22, 2013

Novos modelos de negócio

Na terra da FDA:
"59% of the fish labeled “tuna” sold at restaurants and grocery stores in the US is not tuna.
 Sushi restaurants were far more likely to mislabel their fish than grocery stores or other restaurants."

Trecho retirado de "59% of America’s “tuna” isn’t actually tuna"
.
Estas revelações sobre as consequências do eficientismo vão aguçar o interesse dos consumidores por modelos de negócio que incluam na proposta de valor a autenticidade. Peixe em exposição com o nome do barco, foto da tripulação e da captura, cadeia de fornecimento curta e transparente...

quarta-feira, setembro 26, 2012

Fragmentos do mundo que está a caminho

Ao longo dos anos, aqui no blogue, temos defendido um modelo assente na metáfora de Mongo, uma explosão de diversidade, assente na paixão, nas relações amorosas, na proximidade, na personalização, na autenticidade, na originalidade, na customização.
.
Assim, é com interesse e cumplicidade que reúno aqui este conjunto de casos que auguram um novo mundo:
"O "alfaiate de bicicletas" de Ílhavo já tem encomendas do estrangeiro" (Obrigado André pela chamada de atenção)
Ao ler este artigo, ao perceber que o Dinis Ramos é designer, lembrei-me logo de "Tão novos e já tão velhos".
.
O artigo refere o poder da internet, dos blogues e das redes sociais como forte potenciador da procura dos "weird", dos nichos, dos apaixonados que não se conformam com a padronização igualitária e vulgarizadora:
"Todas as peças e componentes das bicicletas que saem da oficina caseira de Noca Ramos, instalada na garagem da casa dos pais, são escolhidas a dedo.
...
Depois de ter as peças todas, Noca Ramos "enclausura-se" na oficina para dar corpo às suas bicicletas, que, quando completas, são absolutamente originais. Até as tintas são criadas por adição gota a gota, de modo a atingirem uma tonalidade irrepetível. E o toque personalizado lá está à vista, tanto na cor escolhida, como nos pormenores decorativos acrescentados. "Podem dizer respeito a uma música de que a pessoa gosta muito, a algo que a marcou na vida", especifica o designer. A originalidade não se fica pelas bicicletas. É também a imagem de marca da linha de t-shirts que o designer criou a pensar na indumentária dos ciclistas - e já há muitos vestidos com elas pelo mundo fora - e que lhe permitem materializar, no tecido, outra paixão: o desenho.
...
Nestes três anos, produziu apenas uma dezena, e não parece muito interessado em aumentar esse número. "Dificilmente. Para isso, teria de contratar outras pessoas e remeter-me apenas a um papel de coordenador, e não é isso que quero", confessa. Ao mesmo tempo, sublinha que a verdadeira essência do seu trabalho está na ligação pessoal que consegue estabelecer com cada projecto."
Arte, originalidade, autenticidade, nicho, ... um modelo longe da escala e volume, longe do século XX e de Magnitogorsk. E aqui entra um outro artigo "Our Obsession with Scale is Failing Us", sobre o quão obsoleto está o modelo que herdámos do século XX. Como escreveu Seth Godin, we are all weird, a massa está a encolher e a dar lugar a uma explosão de diversidade:
"size is not the advantage it once was, because the nature of scale itself has changed.
...
In the industrial era and even the early web era, size was central to scale.
...
The new reality is this: The ability to scale is no longer a direct function of size.
...
We’re at an inflection point where work and value creation can reach “scale” without having to be done by a large, single firm. We can see today that Social is more than tools, information-enabled efficiency, products, services, or processes.
...
Today, value creation can happen through the organizing and connecting individuals together."
Quando escrevemos e falamos de David vs Golias:
Escrevemos e falamos sobre duas perspectivas, a de David e a do gigante Golias:
"Giants have a view of the world that often makes new markets “too small” to pursue. When we see scale as the thing they must do all by ourselves, then only “big” opportunities are worth investing in. Scale, in the traditional view, means that what they produce and how they function has to be about efficiency, productivity and being bigger than the other guy — because that is, above all, the source of profits. And for sure, it means they skip right past $50M or $100M or even $500M opportunities because they are not “big enough” to work on.
And it is this thinking — this mindset — that is the central reason so many industries (automotive, financial, health care, and even education) and their companies are failing all around us today. It’s not that our economy is stalled, but that our thinking has stalled. (Moi ici: E não esquecer MFL e o avatar e a sua fixação obsoleta na volume)
Reparem nesta poesia tão fora da moda que domina os nossos media e os modelos mentais das "elites":
"Profits are not going to be a function of size. It’s not enough to get big, get efficient, and control the supply chain. It might have made sense in the 20th century, and might still be a winning combination for McDonalds and Exxon, but there are other options available to us if we consider what scale means.
Many organizations that once dominated now struggle to meet the rapidly changing demands of a volatile, global marketplace. And the issue isn’t stupidity, or lack of urgency. No. It’s that Giants are systematically eliminating options that they need to actually embrace."
Ainda na mesma onda este interessante artigo "Jovens com o futuro nas mãos".
.
Nuns sectores queixo-me dos engenheiros bibelôs, aqui imagino o que esta gente com capacidade crítica  e mãos na massa poderá vir a fazer:
"Num mercado de trabalho cada vez mais saturado de doutores e engenheiros, os velhos ofícios como a costura e a carpintaria renovam-se pelas mãos de jovens licenciados.
...
«Desde que comecei a restaurar e a criar peças, só estive um mês sem trabalho e isso foi logo no início. Agora tenho sempre imenso para fazer».
...
«Já considerei arranjar alguém por umas horas para me ajudar porque tenho vários trabalhos a acontecer ao mesmo tempo», admite Rita, (Moi ici: Outro artigo sobre a Rita e o seu blogue) firme em manter a produção a bom ritmo. «Não posso recusar trabalhos nem quero que as pessoas percam o entusiasmo entre o primeiro contacto e a entrega».
...
«A partir do momento em que comecei a receber o feedback de desconhecidos, muitas vezes para dizerem apenas que viram o blogue e gostaram do aspecto dos pratos, comecei a questionar o meu caminho». (Moi ici: Outra vez o poder da internet e das redes sociais para tornar a geografia irrelevante)
...
Do desacompanhamento à escolha de uma licenciatura estrangulada pela falta de saídas profissionais, Dina, hoje com 34 anos, recorda apenas três meses de experiência na área. É por isso sem reservas que se entrega ao negócio da família: «Não me atrapalha nada pôr as mãos na massa porque nada disso apaga o que aprendi no curso. A diferença é que agora tenho a oportunidade de trabalhar em actividades que sempre encarei como hobby».
...
Licenciada em Direito, com especialização no ramo administrativo e alfandegário, a aprendiz de costureira troca sem hesitações o destino no meio judicial pelas linhas do pronto-a-vestir.
...
Aos 25 anos, esta técnica de qualidade ambiental, desde a infância sugestionada para a área da saúde, assume em pleno a entrega ao circuito da estética. «Trabalho como maquilhadora profissional há três anos e não tenho dúvidas de que estou melhor assim do que se tivesse continuado na minha área». A certeza, alimentada pelo encerramento de uma série de laboratórios – habitat natural da sua formação académica – reforça-se nas respostas do consumo.
.
Além de manter uma clientela fiel nas Caldas da Rainha, a cidade de todos os dias, não olha a geografias na hora de arregaçar as mangas e deitar as mãos aos pincéis, pós e cremes de embelezamento.
.
«Percebi que tinha mercado, resolvi investir em formações e acho que o retorno compensa bastante. Já cheguei mesmo a ter situações em que passei o trabalho para uma colega por não ter hipótese de o fazer»." 
 E por fim, a colar isto tudo, na sequência de Hilary Austen, esta reflexão "Business Needs More Art" ... e voltamos aos pincéis.
.
PS: Outro gigante a tentar aguentar um modelo antiquado num mundo cada vez mais diversificado e fragmentado e mais outro.
.
PS1: Até que ponto o apodrecimento dos Estados não é também uma manifestação do fim do modelo do século XX? Em Portugal ainda se estão a concentrar e a construir mega-hospitais, mega-escolas, mega-tudo ... quando o futuro é a proximidade e a especialização.
.
PS2: O mundo em que vamos viver é assim, temporário, transiente, flexível, oportunista, sem dramas, sem ilusões.