sábado, novembro 14, 2009

Somos todos alemães (parte III)

Já escrevi dois postais com este título: Somos todos alemães.
.
Só há uma forma de competir quando se tem uma moeda forte, repetir a receita alemã.
.
Competir subindo na escala, na cadeia de valor.
.
Portugal nunca experimentou esta receita, durante décadas fomos habituados à boleia da desvalorização do escudo como principal ferramenta de promoção do aumento da nossa competitividade.
.
Essa ferramenta nunca permitiu que uma massa crítica de empresas e gestores sentisse necessidade de procurar uma alternativa. Recordo sempre este texto profético (?) de Cavaco Silva (pessoalmente ninguém me convence que não foi nesta noite que ele desistiu de correr para mais um mandato como primeiro-ministro).
.
Actualmente, encontro em muitos macro-economistas a defesa da redução dos salários como forma de contornar a impossibilidade de desvalorizar a moeda, ideia de que discordo por que nos desvia da receita alemã e por que uma vez feita, vai criar uma adição, uma habituação, e depois, ano após ano, vai sempre aparecer alguém a pedir outra redução, outra boleia.
.
Encontrei no Telegraph uma reflexão que não costumo encontrar na corrente principal dos media, alguém que não gosta das facilidades e das aspirinas do curto-prazo que nos impedem de sair da cêpa-torta "Currency devaluation is no magic bullet":
.
"Is it really such a great idea for Britain to be trying to devalue its way out of trouble? Time was when a 25 per cent fall in sterling within a year would have been seen as a national humiliation; today, it is trumpeted by policy-makers as a cause for some celebration."
...
"On both sides of the Atlantic, the received wisdom is that currency weakness is an unambiguous good, which supports recovery and will, in time, help to correct internal and external imbalances. Those who argue otherwise are slapped down for peddling the "gold-standard mentality" that led to the Great Depression.
.
I'm not convinced. Far from being associated with renewal and renaissance, Britain's long experience of devaluation suggests that it only accelerates the nation's economic decline. The same is true of Italy, which suffered repeated and disastrous currency crises before joining the euro. Devaluation may have brought short-term relief, but it also undermined necessary structural reform, sent interest rates through the roof, and prevented the development of a truly competitive economy."
.
Precisamos é de uma injecção de calvinismo na sociedade.

Sem comentários: