sábado, maio 14, 2016

Acidente ou torrefacção?

Hoje em dia no mundo do empreendedorismo está em voga a celebração da falha.
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O meu lado liberal (na terminologia norte-americana) percebe a celebração. É claro que reduzir o custo social da falha baixa as barreiras de entrada e de saída para os empreendedores. Assim, mais oportunidades poderão ser iniciadas e mais oportunidades sem futuro poderão ser abortadas poupando recursos para uma nova e futura iteração.
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O meu lado cínico não consegue deixar de relacionar esta celebração do falhanço com aquela cena marada do governo português abrir linha de financiamento para business angels. Assim, sem skin-in-the game, como saber se o falhanço foi um acidente normal na roleta do empreendedorismo ou torrefacção leviana de dinheiro dos contribuintes?
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Tudo isto por causa desta frase:
“We are world champions in making mistakes,” 
Retirada daqui.

Um novo modelo de negócio, um novo ecossistema, uma plataforma

Um excelente exemplo do que é mudar de modelo de negócio, do que é mudar de ecossistema da procura, neste artigo "Technology Makes Hair Big Business" em que o exemplo é o mercado de extensões de cabelo.
"They had a lightbulb moment at a trade show. SOBE hair extensions sold much faster on the day the show was open to the general public than when they sold to the trade ‒ the hair stylist. “Hair stylists keep the prices artificially high,” said Flores. “It’s like a dirty little industry secret.” Women could buy the extension directly, install it themselves or bring it to their hair stylist and save a bundle. SOBE started selling directly to women online. [Moi ici: Mudar de cliente-alvo, mudar de prateleira, mudar de canal de venda/distribuição... mudar de proposta de valor]
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Flores and Wilson-Namad had another lightbulb moment when they analyzed the shopping patterns of their customers. Like clockwork, women purchased hair extensions. What if Flores and Wilson-Namad delivered hair extensions as a subscription service, ensuring that women always had the color and length of extension they wanted. Lux Beauty Club was born. Included in mailings are samples of products that help you take care of the extensions so they look optimal. [Moi ici: Mudar o fluxo da receita da venda para um caudal constante e previsível, alargar a gama de produtos vendidos]
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They partnered with priv, an app that allows you to book an appointment with a hair stylist who comes to your home to install the hair extension. For women who want to install the extension themselves, Flores and Wilson-Namad have invited bloggers, vloggers and stylists from around the world to show you how. These folks also act as brand ambassadors for Lux Beauty Club." [Moi ici: Trabalhar com parceiros, fazer da marca uma plataforma para um ecossistema.]
Quantos campos do canvas de Osterwalder ficaram por mexer? Desconfio que nenhum porque as actividades-chave deixaram de ser produzir e passaram por orquestrar este ecossistema e a estrutura de custos também mudou.

Resultados da concorrência imperfeita

Um tema que me é muito querido, "Corporate Inequality Is the Defining Fact of Business Today".
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Em Maio de 2010 comecei a usar o marcador "distribuição de produtividades" com "Clientes-alvo e Valor (parte II)" depois de no dia anterior ter escrito "A realidade e a teoria".
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Em Junho de 2010 comecei a usar o marcador "idiossincrasias" com "Lugar do Senhor dos Perdões (parte II)"
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Assim, na linha de "Desigualdade e estratégia" é quase estranho perceber que para muito economista teórico isto é uma barbaridade:
"Perhaps the most overlooked aspect of economic inequality has been the role that firms play in it.
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The best-performing companies seem to be pulling away from the rest, according to a growing body of research, and that fact explains a large part of the growth in inequality between individuals. The result, at least in developed nations, is a highly unequal corporate landscape, where some firms are incredibly productive and the amount of money a person makes is tied to the company they work for, not just the job that they do." [Moi ici: E por trás disso estão empresas que praticam a concorrência imperfeita e que à custa disso conseguem aumentar e manter por mais tempo margens interessantes - a minha tese]
O interessante, como relata o artigo é não haver uma explicação cabal e pacífica, reconhecida pelo meio académico.

Fermat.org

Ao longo dos anos tenho escrito aqui no blogue sobre o advento de Mongo, sobre um mundo muito mais de agentes pequenos do que de multinacionais, sobre um mundo de tribos cada vez mais numerosas e orgulhosas.
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No último ano tenho reflectido aqui sobre outra tendência, o pós-Uber, as plataformas cooperativas, as plataformas sem intermediário, as plataformas peer-to-peer.
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Por isso, parece interessante esta proposta "Fermat"
"Fermat’s central premise is that there is a path to software development that is smarter, better and more efficient than the status quo. The Fermat framework allows anyone from anywhere to collaborate and mutually profit from shared ownership of modular applications: it enables an open­ended stream of micropayments to authors of reusable software components that can be perpetually combined and recombined to create an ever­expanding library of useful, highly­customizable, peer­to­peer commercial applications (apps).
...
Fermat is:
● a vision of a world of peer­to­peer (p2p) free markets
● a plan to get there
● a global community incentivized to execute the plan
● the foundational framework currently under development.
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Our roadmap to a better world starts at the end. Our first step is to envision a future where cryptocurrency is mass­adopted; fiat currencies are already completely digitized; and people have the freedom to choose which electronic currencies they use, where to store them and how and when to exchange that purchasing power.
...
We foresee an entire ecosystem of powerful apps that:
● allow business to be done free of middlemen
● operate with both digital fiat and cryptocurrencies
● are censorship resistant
● treat content as digital assets for which authorship is fully compensated"

sexta-feira, maio 13, 2016

Curiosidade do dia

Excelente, como sempre, Joaquim Aguiar:
"Há um lado oculto da política que é mais relevante do que o lado visível. É nesse lado oculto que estão os atractores que configuram os sistemas e que impõem as decisões. Estas redes de influência e de protecção - que influenciam a decisão política e protegem os agentes políticos quando estes fracassam - só aparecem nos resultados, nunca são reconhecidas e expostas como os autores efectivos dos programas políticos e das decisões. Não pode haver decisões racionais com base no que é escondido ou mistificado. Os que decidem querem o que não dizem e o que dizem é apenas para esconder o que querem. Descobrir o lado oculto da política e estabelecer o que é a sua lógica instrumental implica reconhecer que, na política portuguesa, há corpos que não têm sombras e que há sombras a que faltam os corpos. Em Portugal, a política não é o que parece, e só pela força dos factos se encontra o real que está encoberto pelas mistificações."

Trecho retirado de "Corpos e sombras"

Por que é que os jornalistas só servem de megafone dos coitadinhos?

Há dias, um tweet do @nticomuna fez-me chegar a "Dutch pork exports hit record level, near one billion kilos". Depois, um outro do @veryhighalpha fez-me chegar a "Suíno: Últimas cotações e evolução".
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O que faz um anónimo da província? Pensa, reflecte e coloca questões: Como é que os produtores holandeses são tão competitivos? Será que pagam salários baixos aos seus trabalhadores? Será que misturam substâncias proibidas nas rações? Será que têm borlas na Segurança Social? Será que tratam mal os animais?
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Que acham? Acham que passa por aí?
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Ou será dumping? Que acham? Acham que passa por aí?
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O que faz um anónimo da província? Investiga!
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E encontra facilmente isto de 2012, "Holland pig farmers leading the way in providing animal welfare":
"Holland is double the size of New Jersey, and there are about 6,500 pork producers in all. Swine herds average 320 sows, with 10,000 sows representing the largest (4,000-head maximum on one site), and they produce about 25 million pigs annually. Like U.S. pork producers, Dutch hog farmers face high feed prices and low margins. Their numbers are declining and herds are getting larger — to a point.
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Producers that continue to raise hogs will get bigger. That’s what Have-Mellema and her husband have done with their operation in northern Holland. Having adopted pen gestation with straw bedding 12 years ago, they are expanding the sow herd from 320 head to 600.
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The farmer has to learn to manage a new system. You have to build upon your knowledge and learn what works for your farm,” she says. “Management also is very important in a stall system.”"
Mais um bocadinho de pesquisa e chega-se a "Pig farming sector - statistical portrait 2014".
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Primeiro esta figura sobre o tamanho das explorações em cada país. Como é Portugal vs Holanda?
 Vejam, na Europa Ocidental, quantos países têm percentagens visíveis de "castanhos", explorações com até 10 porcos. BTW, a borla da TSU é para todos os produtores?
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Um anónimo começa logo a encontrar suporte material, provas, para o que suspeitava só com base em pensamento estratégico.
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Outra figura a revelar diferenças entre o perfil das explorações entre países:
Recomendo a comparação do perfil português com o perfil espanhol, holandês e dinamarquês.
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Em vez de se quererem meter na política externa da UE, em vez do tempo e atenção investido em obter apoios, subsídios e reivindicações junto da UE não deviam o governo e as associações sectoriais promoverem reflexão sobre esta realidade? Não deveriam questionar se o modelo actual seguido em Portugal é o mais adequado para ter sucesso no mercado actual? Não deveriam procurar alternativas com outros modelos de negócio, ou outros produtos, ou outros preços e mercados?
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Por que é que os jornalistas só servem de megafone dos coitadinhos?
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E qual deveria ser o papel de um ministro da Agricultura? Não metam a política partidária aqui, acredito que se no poder estivesse a PàF Cristas seria igual a Capoulas.

Um guia para a Indústria 4.0

Uns trechos que parecem traduzidos deste blogue:
"The term Industry 4.0 refers to the combination of several major innovations in digital technology, all coming to maturity right now, all poised to transform the energy and manufacturing sectors. These technologies include advanced robotics and artificial intelligence; sophisticated sensors; cloud computing; the Internet of Things; data capture and analytics; digital fabrication (including 3D printing); software-as-a-service [Moi ici: O tal "é meter código nisso!"] and other new marketing models; smartphones and other mobile devices; platforms that use algorithms to direct motor vehicles (including navigation tools, ride-sharing apps, delivery and ride services, and autonomous vehicles); and the embedding of all these elements in an interoperable global value chain, shared by many companies from many countries.
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This technological infrastructure is still in its early stages of development. But it is already transforming manufacturing. Companies that embrace Industry 4.0 are beginning to track everything they produce from cradle to grave, sending out upgrades for complex products after they are sold (in the same way that software has come to be updated). These companies are learning mass customization: the ability to make products in batches of one as inexpensively as they could make a mass-produced product in the 20th century, while fully tailoring the product to the specifications of the purchaser. As the movement develops, these trends will accelerate."
Quando desafio as PME a preparem-se para este salto, é desta realidade que falo:

Recomendo a leitura de "A Strategist’s Guide to Industry 4.0"

Para reflexão

Há dias numa reunião ao mais alto nível numa empresa não pude deixar de pensar neste vídeo:


Sou invadido por uma sensação especial quando percebo que a mensagem chega mesmo, é interiorizada e as pessoas tomam consciência das mudanças que a mudança requer.


Formação e desemprego. Realidade e mitos

Ainda há dias, nesta "Curiosidade do dia", abordei o tema da relação do emprego com formação académica. É um tema velho neste blogue. Recordar, por exemplo, "Vamos brincar à caridadezinha" de 2008.
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A frase que comentei recentemente era esta:
"João Cerejeira não tem dúvidas de que o principal problema do mercado de trabalho em Portugal é a qualificação dos trabalhadores, “seja por via da educação formal, seja por formação no posto de trabalho”. “No futuro, é de esperar que as tendências mais recentes se reforcem: uma cada vez maior dificuldade de integração no mercado de trabalho dos jovens ou dos mais velhos desempregados que têm uma formação inferior ao ensino secundário”, alerta."
Não acredito na validade desta afirmação. Pois bem, ontem apareceu mais uma peça a suportar a minha opinião, "Jovens licenciados totalmente excluídos da retoma do emprego":
"O novo inquérito ao emprego mostra que ser jovem e licenciado continua a ter pouco retorno. E reveste-se de perigos para o futuro próximo. O desemprego prolonga-se, o emprego é mais difícil de encontrar, o grau de alienação destes diplomados até está a aumentar, muitos deles nem sequer estão em formação ou a estudar, o que consiste num risco maior para a sua empregabilidade futura.
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Como se referiu, há sinais favoráveis no novo inquérito ao emprego. O desemprego jovem (todos entre 15 e 34 anos) é de facto muito menor do que no passado recente. Este recuou 6,6%, para 268 mil casos. Assim é porque os menos “escolarizados” compensam o que está a acontecer nos diplomados."
 O gargalo nunca foi a formação dos trabalhadores, o problema não é a oferta. O problema é a falta de empreendedores, a falta de procura.
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A realidade é uma. Como a realidade não está de acordo com a ideologia ou as boas intenções opta-se por mistificar a realidade. E volto a Galbraith:
""Job training is a canonical example of the well-brought-up liberal's [Moi ici: Atenção à conotação americana para o termo] urge to make markets work. The policy follows from an argument about the nature of unemployment and low wages, and as with neraly all similar exercices, the argument begins by assuming the existence of a market.
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The problem is that poverty and unemployment are not much influenced by the qualities and qualifications of the workforce. They depend, rather, on the state of demand for labor. They depend on whether firms want to hire all the workers who may be available and at the pay rates that firms are willing, or required, to offer, especially to the lowest paid."
Já hoje, li "Desemprego aumenta nos portugueses com ensino superior":
"Entre os grupos populacionais mais afectados pelo agravamento do desemprego estão as pessoas entre os 25 e 34 anos, com formação superior." 

quinta-feira, maio 12, 2016

Curiosidade do dia

Lembro-me, de há 6 ou 7 anos, de um debate ao almoço com um alemão sobre energias renováveis.
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Éramos dois surdos a falar um com o outro. Eu era incapaz, eu fui incapaz, de lhe conseguir explicar o que o 44 tinha engendrado com as renováveis em Portugal. Ele analisava a situação com a bitola alemã e não entendia o meu receio com as renováveis. Eis um exemplo da bitola alemã, "Renováveis obrigam Alemanha a pagar aos consumidores de electricidade".
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Conseguem imaginar o que acontece em Portugal?
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Ou preciso de fazer desenho?

Cuidado com as modas!

Recordar o que ao longo dos anos escrevi acerca da caneta.

A culpa não é da ferramenta, da caneta, quem a usa é que é o responsável pelo que consegue ou não.
"Revered for decades as one of the world's most innovative companies, 3M lost its innovative mojo when it began using Six Sigma to try to improve its operational efficiency. James McNerney, the CEO named in 2000, was a Jack Welch protégé from GE. He introduced the Six Sigma discipline as soon as he took the helm of the firm, streamlining work processes, eliminating 10% of the workforce, and earning praise (initially) from Wall Street, as operating margins grew from 17% in 2001 to 23% by 2005.
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But when McNerney tried to apply the Six Sigma discipline to 3M's research and development processes it led to a dramatic fall-off in the number of innovative products developed by the company during those years.
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In his book Seeing What Others Don't: The Remarkable Ways We Gain Insight, cognitive psychologist Gary Klein argues strongly that the Six Sigma discipline, eventually embraced by 58 of the Fortune 200 companies, has a significant and often overlooked downside: it does tend to reduce a company's innovative capabilities. Innovation is a creative endeavor, and creativity is inherently unpredictable and un-plannable. If you could plan and schedule creativity, it wouldn't really be creative, would it?
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By 2006, Fortune Magazine reported that 91% of the large enterprises that had implemented Six Sigma had fallen behind the growth rate of the S&P 500, and blaming the phenomenon on a significant falloff in innovation at these firms."
Cuidado com as modas! O que resulta numa empresa com uma estratégia pode ser criminoso numa outra com uma estratégia diferente.
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Recordar os dinossauros do esquema de Terry Hill:

Trechos retirados de "How 3M Lost (and Found) its Innovation Mojo"

O triunfo das experiências por todo o lado


"Survey shows shoppers spend more on experiences such as holidays and eating out and less on products
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They call it the “experience economy”: a huge shift in consumer behaviour is said to be under way, from buying things to doing things."
"Millennials are prioritizing the experience over what they are actually getting. A lot of older people simply can’t grasp this concept."
"But there’s a whole group of people — and this group is growing, by the way — who have said, “Forget that. I want to focus on experiences instead.”" 

CUT, produtividade, competitividade e gato e rato

Recomendo a leitura de "Acima da produtividade" e dos textos com o marcador CUT.
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Depois, recordar sobre os CUT postais como:
Por fim, sobre o jogo do gato e do rato recordar este postal de Janeiro de 2011 e o primeiro, de Junho de 2010.

A treta continua

Acerca de um mês tínhamos referido mais uma inverdade objectiva proferida pelo ministro da Economia.
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Hoje leio "Desemprego. Ministro da Economia diz que subida é “sazonal”".
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Acham que é mesmo sazonal?

E estamos entregues a isto...

quarta-feira, maio 11, 2016

Curiosidade do dia

Saíram os números do desemprego do INE e os mestres do spin lançam a história da comparação homóloga:
Recordar o que escrevi em Setembro de 2013 sobre a comparação homóloga do desemprego em Se subir o desemprego, ainda desce. Agora como o sentido é outro o título poderia ser: Se baixar o desemprego, ainda sobe.
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Prefiro, no entanto, voltar ao gráfico que fiz em Janeiro deste ano, no postal A imprensa amestrada actualizado até Março:

Em Janeiro de cada ano o número de desempregados, segundo o IEFP, é o zero.
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É fácil de ver o aumento a partir de Julho de 2015. E, para os que se desculpam com a sazonalidade... a comparação permite ver que há qualquer coisa de anormal em curso.

"is on the making"

Uma leitura que me fez recuar a estudos de 2007 sobre a utilidade de desenhar cenários acerca do futuro das empresas:
"The idea behind Scenario Planning is to examine the drivers that will impact the organization in the future and, based on those drivers, create several plausible scenarios related to the decision at hand. For each of those scenarios, the organization then formulates a story that explains the scenario, and that can be used to determine how the company would like to see itself in that scenario.
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Scenarios are not about predicting the future, rather they are about perceiving futures in the present.” As they look to the future, however, they give decision-makers high-resolution images of what that future might look like, rather than the single weighted metric often used in investment planning. Scenarios are not just about making better decisions in the present instant.
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Scenario Planning practitioners try to find leading indicators for each scenario. As Schwartz explains, “It is important to know as soon as possible which of several scenarios is closest to the course of history as it actually unfolds.” In other words, Scenario Planning increases our agility because it keeps all scenarios alive as possibilities, and it trains us to recognize which scenario is occurring and to react accordingly. “Using scenarios,” Schwartz says, “is rehearsing the future. You run through the simulated events as if you were already living them. You train yourself to recognize which drama is unfolding. That helps you avoid unpleasant surprises and know how to act.”"
Ao ler isto como não pensar na situação do país... os drivers todos os dias vão pintando um cenário cada vez mais negro e, no entanto, quem de direito continua a contar uma estória da carochinha e recusa agir em conformidade.
Se a isto associarmos o aumento da despesa no Estado, não é difícil prever que algo de doloroso "is on the making". No entanto, media, maioria, governo e presidente continuam a embalar-nos com contos de fadas.


Trechos retirados de "The Art of Business Value", de Mark Schwartz.  

Adultos e crianças

Muitas vezes, ao ouvir certos partidos políticos a apresentarem as suas propostas, recordo a experiência dos marshmallows. Parece que têm uma orientação estratégica de promover tudo o que seja redução do tempo para obter uma gratificação. Gratificação imediata é o propósito.
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O que é triste porque acredito que tudo o que vale a pena exige capacidade de adiar a gratificação.
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Este texto de Seth Godin pode ser considerado por alguns como perigosa treta neoliberal "On being treated like an adult". No entanto, acho que acerta no alvo:
"if you want to avoid this situation...
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Make long-term plans instead of whining
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Ask hard questions but accept truthful answers [Moi ici: Recordar o tratamento dado a Teodora Cardoso]
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Don't insist that there's a monster under the bed [Moi ici: E chama-se Merkel] even after you've seen there isn't
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Manage your debt wisely"

Acerca dos "service ecosystems" (parte II)

Parte I.
"Traditionally, the majority of views on markets in the marketing literature has been grounded in neoclassical economic thought, which views markets as ‘a priori’ realities that emphasise ‘products’ as the foundational ingredients in all business activities
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Markets viewed from a service ecosystems perspective, on the other hand, are neither seen as predetermined nor static, but as being continually ‘performed’ through the enactment of practices of systemic actors and their direct and indirect connections. [Moi ici: Mercados não como um dado mas como uma variável] In other words, this view highlights the participation of multiple actors, who interactively and interdependently exchange and integrate resources in ways that are much broader than restricted exchanges.
...
Consequently, a service ecosystems view of markets highlights that value co-creation practices are not limited to producer and consumer dyads, but that markets are continually formed and reformed through the activities of broader sets of social and economic actors. Kjellberg and Helgesson (2006, 2007) view markets as the ongoing results of three types of practices: (1) exchange practices, (2) normalizing practices, and (3) representational practices. Exchange practices are routinized activities related to economic exchanges in a market (including restricted exchange); normalizing practices are those that contribute to establishing rules or social norms related to a market; and representational practices are those that depict what a market is and how it works."
Trechos retirados de "Extending actor participation in value creation: an institutional view" de Heiko Wieland, Kaisa Koskela-Huotari & Stephen L. Vargo, publicado por Journal of Strategic Marketing, 2015

No meu campeonato as exportações do 1º trimestre correram bem!

Há muitos anos que acompanho e interpreto os números das exportações à minha maneira, tentando manter alguma coerência. Para mim, o importante não é a quantidade que se exporta mas o perfil das exportações. Por isso escrevi Um outro olhar sobre os números das exportações em Outubro de 2013.
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Ontem, quando olhei para o excel do INE o que procurei foi:
  • Qual foi a diferença homóloga do acumulado das exportações? E a resposta foi -239 milhões de euros.
Depois, pensei como sempre, o que me interessa são as exportações sem combustíveis e pópós, porque é aí que está o grosso do trabalho das PME:
  • Sem combustíveis e pópós como se compara o primeiro trimestre de 2016 com o de 2015? As exportações de combustíveis caíram 264 milhões e as exportações de pópós caíram 47 milhões de euros! Quer isto dizer que sem contar com combustíveis e pópós as exportações do primeiro trimestre de 2016 cresceram 72 milhões de euros!!!
Podem argumentar que estou a defender a geringonça e que isto é conversa da treta.
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Quero lá saber da geringonça!!! Para mim, isto representa o trabalho das empresas anónimas deste país. Comparando os trimestres homólogos:
  • as exportações de mobiliário cresceram 59 milhões de euros;
  • as exportações de máquinas, aparelhos e material eléctrico cresceram 49 milhões de euros;
  • as exportações de produtos farmacêuticos cresceram 45 milhões de euros;
  • as exportações de vestuário e seus acessórios de malha cresceram 41 milhões de euros;
  • as exportações de plásticos e suas obras cresceram 37 milhões de euros;
  • as exportações de aeronave e outros aparelhos aéreos cresceram 26 milhões de euros;
  • as exportações de produtos cerâmicos cresceram 16 milhões de euros;
  • as exportações de borracha e suas obras cresceram 15 milhões de euros;
  • as exportações de cortiça e suas obras cresceram 15 milhões de euros;
  • as exportações de aparelhos de óptica e fotografia cresceram 15 milhões de euros;
  • as exportações de calçado cresceram 10 milhões de euros;
  • as exportações de plantas vivas e floricultura cresceram 10 milhões de euros.
Informo que por uma questão pessoal não incluí os 46 milhões de euros de crescimento das exportações de pasta de papel e papel e cartão e suas obras, por causa dos eucaliptos.
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Acham que estou de acordo com esta narrativa "Março correu mal"?
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Nope!
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O meu campeonato não é o do crescimento dos números absolutos. Se eles vierem, saúdo-os com força. Contudo, o meu campeonato é o do crescimento das PME exportadoras, as que criam emprego.

terça-feira, maio 10, 2016

Curiosidade do dia

"O ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, anunciou hoje que serão lançados esta semana os avisos para as linhas de financiamento de capital de risco e Business Angels para empresas e investidores, que poderão chegar aos 460 milhões de euros."
Estranho país este onde um governo lança linha de financiamento para Business Angels.
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Na minha ingenuidade de anónimo da província pensava que um Business Angel arriscava o seu capital. Apostar capital em empreendimentos muito arriscados com dinheiro dos outros é refresco.

Trecho retirado de "Mais de 400 milhões em linhas de capital de risco e Business Angels avançam esta semana"