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sexta-feira, maio 22, 2015

Qualquer um pode fazer a diferença

Em "Good Enough, Not Good Enough, and the Value of Brands" apresenta-se uma perspectiva estratosférica dos negócios, uma visão a 10 mil metros de altura:
"Executives who seek to avoid commoditization often rely on the strength of their brands to sustain their profitability—but brands become commoditized and de-commoditized, too. Brands are most valuable when they are created at the stages of the value-added chain where things aren’t yet good enough. When customers aren’t yet certain whether a product’s performance will be satisfactory, a well crafted brand can step in and close some of the gap between what customers need and what they fear they might get if they buy the product from a supplier of unknown reputation.
...
For similar logic, however, the ability of brands to command premium prices tends to atrophy when the performance of a class of products from multiple suppliers is manifestly more than adequate.
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The migration of branding power in a market that is composed of multiple tiers is a process, not an event. Accordingly, the brands of companies with proprietary products typically create value mapping upward from their position on the improvement trajectory - toward those customers who still are not satisfied with the functionality and reliability of the best that is available. But mapping downward from that same point - toward the world of modular products where speed, convenience, and responsiveness drive competitive success - the power to create profitable brands migrates away from the end-use product, toward the subsystems and the channel.
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Where the products’ functionality and reliability have become more than good enough and it is the simplicity and convenience of purchase and use that is not good enough, then the power to brand has begun migrating to the channel whose business model is delivering on this as-yet-unsatisfied dimension."
O racional descrito no texto tem sentido, é lógico e podem encontrar-se muitos exemplos que o demonstram. Contudo, a minha primeira reacção foi achá-lo simplista, porque descarta a possibilidade de actores isolados e anónimos lutarem contra uma inevitável corrente macro. Depois, lembrei-me daquela descoberta do meu Maio de 2010, a caminho desta reunião, que relatei em "A realidade e a teoria". Claro que me lembrei de "A distribuição de produtividades a funcionar, um exemplo tuga", ou de "É deixá-las morrer!" ou mesmo de "Shift happens!".
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Por fim, três exemplos práticos entraram-me pelos olhos e que demonstram que este racional pode ser contrariado:
Bom momento para acrescentar esta visão:
"competitive advantage is importantly driven by exogenous initial variation and with the more 'rational' or 'strategic' perspective that views firms as responding with foresight to changes in their environment."
Qualquer um pode fazer a diferença. Claro que tem de trabalhar para isso e, apesar disso, não tem garantias de sucesso no final. Recordar o Eclesiastes.
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Trecho final retirado de "Untangling the origins of competitive advantage" de Iain M Cockburn; Rebecca M Henderson e Scott Stern, publicado por Strategic Management Journal; Oct/Nov 2000; 21.

quinta-feira, abril 16, 2015

Ainda acerca das marcas em Mongo

"Acquirers have decisively moved from investing into businesses with strong brands to businesses with strong customer relationships.
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That suggests that marketing resources now directed at brand building should be more fully integrated with those designed to reinforce relationships. The value of “brand” or “brand image” as an entity distinct from the offering itself, we think, will diminish. However, marketers should be careful not to take this too far and underinvest in classic branding. With brand messages becoming more and more individualized and diverse, [Moi ici: O que poderá ser este "diverse"? Não pode ser tão "diverse" que deixe de pertencer a uma tribo] brand equity needs to stay strong to perform its overall integrative role. Strong brand communications are and will remain important especially in attracting new customers and in enhancing desirability for higher price premiums."
Como tenho escrito ao longo dos anos, acredito que o problema não está no conceito de marca, o problema está no que as empresas têm andado a fazer com as marcas, retirando-lhes mística, retirando-lhes magia, sugando-as por dentro até não passarem de uma carcaça oca enganadora:
Marcas de Mongo são símbolos da autenticidade de uma tribo e, uma tribo é tão forte quanto mais fortes forem as relações entre os seus membros. Muitas marcas do século XX não criaram verdadeiras relações, apenas canais de comunicação unidireccional.

terça-feira, março 10, 2015

A história da marca ou da empresa

"There is, always has been and always will be a market for consumer products with relatively low prices. Even so, customers will shy away from or denounce those products if they determine them to be "cheap.” They will embrace products if they see them as “affordable.”...
A product’s price does not define it. Instead, if companies clearly tell the product’s value proposition story, price will become one of many secondary features and not the product’s headlining attribute.
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To be successful in becoming relevant and approachable to target consumers, the product’s overall brand story must also be a part of a thoughtful, clear and consistent brand positioning. This will attract the target consumer and push the idea of "cheap" further into irrelevance. Affordability then becomes necessary, rather than optional, and ends up as a central strength in an effective marketing strategy, especially in tandem with a properly enforced high-quality, high-value brand story."
Estratégia, posicionamento, história, marca, proposta de valor, marketing... o que faz a sua empresa?
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E mesmo sem marca associada a um produto ou serviço, qual a história da sua empresa?
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Trechos retirados de "What Brands Need to Do to Beat the 'Cheap' Perception"

sexta-feira, março 06, 2015

Iludidas com a democratização do luxo

Primeiro, um convite para recordar a leitura de "Eu pensava duas vezes..." e o texto sobre a evolução da Gucci.
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Depois, a leitura de "Handbag Prices Begin to Hit Their Limit".
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Qual a mensagem do artigo? O mercado não aguenta e as marcas estão a recuar nos preços, lançando modelos mais pequenos:
"Facing resistance, Gucci, Prada and Fendi add smaller styles at lower prices
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What started as a fashion trend away from big, bulky bags to slimmer looks has created an opportunity for companies to court shoppers who aren’t willing to spend $4,000 on a purse."
Para o justificar arranjam-se argumentos que só demonstram a ignorância de quem escreve, ao relacionar luxo, preço, inflação e custo:
"The moves follow a rapid rise in prices over the past decade that has far outpaced increases in the cost of labor and materials. Sarah Willersdorf, a principal with the Boston Consulting Group, analyzed the pricing of seven luxury handbag brands from 2002 to 2012. On average, prices rose 14% a year over that period, far more than the 2.5% annual increase in inflation."
Já quase no fim do artigo encontra-se um pormaior, ao arrepio do título e da mensagem:
"The downward pressure on pricing doesn’t apply to all companies. Analysts say Hermès and Chanel still have strong pricing power, fueled in part by strategies that keep their best-selling items in short supply." 
Pois... há empresas que têm uma marca e que a tratam de forma a reforçar o seu poder e, empresas que desbaratam a marca iludidas com a quantidade, iludidas com a democratização do luxo.
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O defeito é meu, mas quando se copia a actuação estratégica da Gucci, fico sempre de pé atrás.

segunda-feira, fevereiro 02, 2015

Como lidar com a resistência à mudança? (parte III)

Parte I e parte II.
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Volto à metáfora:

depois de ler "Guerra de preços é a maior preocupação para as PME":
"A concorrência agressiva e o dumping de preços são a grande preocupação das pequenas e médias empresas em Portugal. João Vieira Lopes, presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), prefere falar em "guerra de preços", por via do esmagamento das margens, e admite que a situação foi agravada com a crise. E as PME "são mais vulneráveis, porque não dispõem da almofada financeira que têm as grandes organizações" que lhes permita entrar nessa guerra de preços em igualdade de circunstâncias, explica."
Qual a mensagem deste blogue?
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Fugir da guerra dos preços (por exemplo em "O trabalho que se devia iniciar hoje" (parte I e II)).
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Qual é o pensamento do mainstream?
É este:
"E porque não se associam as PME para ganhar escala e poder negocial?"
Escala, dimensão, volume... só isso gera poder negocial. Contudo, neste mundo globalizado, a competição pelo preço é sempre traiçoeira.
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Que rodas é que tento "vender" neste blogue para este desafio?
Repararam que nem uma palavra sobre diferenciação, sobre aposta numa marca, sobre aposta no marketing aparece no artigo?
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Por que é que este blogue não chega a estas PME? Por que é que a mensagem deste blogue não chega a estas PME?

domingo, janeiro 11, 2015

"your brand is a story"

Excelente mensagem de Seth Godin sobre a diferença entre um logo e uma marca em "Logo vs. Brand":
"Your logo is a referent, a symbol, a reminder of your brand.
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But your brand is a story, a set of emotions and expectations and a stand-in for how we think and feel about what you do."

terça-feira, novembro 11, 2014

"não resulta de nenhuma decisão matemática"

"Maria da Guarda: Criada de raiz para exportar" um exemplo interessante.
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Primeiro, a mudança do cereal para o azeite.
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Segundo, a decisão estratégica de optar por vender o azeite a granel, sem marca, para ser embalado em Itália como azeite italiano:
""Queríamos produzir muito azeite de grande qualidade a um preço muito competitivo para poder viver no mercado aberto. A partir daí, podemos vender o nosso azeite a granel ou embalado. Fomos optando por fazer parte da equação azeite a granel porque permite receber a pronto e entregar o azeite depois", esclarece. O azeite embalado, explica, tem um prazo de cobrança muito maior "que complica para quem já fez um ano de investimento até à colheita e depois ainda tem de esperar três a seis meses para receber". "Exige um esforço de capital muito maior com uma margem que nem sequer é muito atrativa", assegura João Cortez de Lobão."
As decisões estratégicas são deste tipo, cheias de sacrifícios. Não há decisões padrão. O decisor é o empresário, deve tomar uma decisão de acordo com a sua experiência, ambição e possibilidades.
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Apenas sublinho aquela frase lá em cima porque quero salientar, que a margem da venda de azeite embalado não resulta de nenhuma decisão matemática. Depende, e muito, de um esforço que a Quinta nunca fez, para criar uma marca, para criar uma história, para subir na escala de valor.

quinta-feira, outubro 23, 2014

Para reflexão sobre as marcas

"In a study of a 1995 surge in counterfeiting in the Chinese shoe market, Yi Qian of the University of British Columbia found that the entry of fakes had the effect of increasing sales of high-end authentic shoes by 63%. The arrival of counterfeits on the market affirmed the value of the brands in consumers’ minds and in many cases introduced the brands to new customers. At the low end, however, counterfeits merely ate into the brands’ sales."
Trecho retirado de "Counterfeiting as a Form of Free Advertising"

sábado, abril 26, 2014

Acerca do Made in Spain

Vale a pena reflectir sobre "Made in Spain - A pressing issue"
"the country clearly has some way to go in raising the prestige of the “Made in Spain” label."
E nós por cá, o que é que as nossas marcas, em tantos sectores, ainda precisam de fazer?
"Olive oil accounts for a mere 0.8% of Spain’s exports. Yet it is an extra-sensitive matter. The country is the world’s largest producer of the oil, but one-third of its exports are sent in bulk to Italy where it is bottled and sold, often for a significant markup, under Italian labels.
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It is a similar story for wine. Spain has overtaken France and Italy to become the world’s largest producer, but sells almost half of its exports in bulk to markets like France, some of which is retailed under French labels. French- and Italian-labelled wines typically fetch higher prices than Spanish-labelled ones, though the gap is narrowing."

quarta-feira, fevereiro 19, 2014

O papel da marca em Mongo

"Most recently Stanford professor Itamar Simonsen and author Emanual Rosen have argued in their new book Absolute Value: What Really Influences Customers in the Age of (Nearly) Perfect Information and in their recent blog post here that marketers need to reevaluate the idea that brands are critically important in consumer’s purchasing decisions. They claim: “…brands are less needed when consumers can assess product quality using better sources of information such as reviews from other users, expert opinion, or information from people they know on social media.”"
Os autores justificam esta posição argumentando que se os consumidores têm acesso imediato a informação que os ajuda a decidir o que escolher, então, o valor da marca como elemento diferenciador diminuirá.
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Engraçado, acredito que em Mongo, pelo contrário, o valor das marcas será cada vez mais importante. Não por causa da informação, mas por causa da afirmação, da identidade, da pertença a uma tribo.
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Mais nesta linha:
"The role of a brand is—and never was—just about solving an information problem. It’s about providing meaning and satisfying emotional needs. These fundamental human needs have not changed. To the contrary as consumers experience information overload, there might be a tendency to gravitate toward what’s known and comforting."
Cada nicho, qual tribo, vai precisar de sinais que representem uma identidade, uma comunidade, que ajudem a diferenciar.

Trechos retirados de "Brands Aren’t Dead, But Traditional Branding Tools Are Dying"

ADENDA
Ver também "Brand is an Asset, and it is Far From Done"
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E aqui "TWILIGHT OF THE BRANDS":
"Today, consumers can read reams of research about whatever they want to buy. This started back with Consumer Reports, which did objective studies of products, and with J. D. Power’s quality rankings, which revealed what ordinary customers thought of the cars they’d bought. But what’s really weakened the power of brands is the Internet, which has given ordinary consumers easy access to expert reviews, user reviews, and detailed product data, in an array of categories."
Como se a marca só tivesse a ver com o lado racional da relação, come on!
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Em Mongo a tribo é fundamental, o lado emocional é fundamental.

sexta-feira, janeiro 10, 2014

"É disso que eu preciso."

Ontem, ao princípio da noite, recebi na caixa do correio a newsletter do Centro Tecnológico do Calçado "Sapato Notícias" e, fiquei logo agarrado a esta história "Sapateiro de luxo em Nova Iorque":
"Nesses primeiros meses, Carlos passou muito tempo a observar o restaurante (Moi ici: Observar, ver como fazem os melhores, ver o que sai fora da norma, aproveitar a positive deviance) Carnegie Deli, que conseguia ver da sua casa na Sétima Avenida. "Tinha sempre uma fila enorme de pessoas", lembra. O empresário comeu no restaurante e achou que "era semelhante a centenas de outros delis." Perguntou, então, a outro cliente porque o espaço estava sempre cheio. "Porque criou fama já há muitos anos", responderam-lhe. E Carlos decidiu: "É disso que eu preciso." (Moi ici: Quase diria que é o momento do clique... é mais do que juntar os ingredientes, é preciso o intangível)
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"A partir desse dia, trabalhei apenas com esse objetivo. Sou muito teimoso. Nunca pensei no tempo que ia demorar, apenas qual seria o destino", (Moi ici: Aqui recordo o começar pelo fim. O viajar ao futuro para definir o ponto de chegada e voltar ao presente para o transformar) explica. O empresário percebeu que os americanos que compravam sapatos baratos continuariam a fazê-lo (Moi ici: Percebeu que certo tipo de clientes não mudariam e, por isso, não faria sentido tentar servi-los) - os seus clientes era quem investia em calcado de luxo. (Moi ici: Identificou os clientes-alvo que queria servir, tendo em conta o seu ADNPercebeu também que tinha de esquecer os outros serviços e concentrar-se nos sapatos, (Moi ici: Concentrou a sua atenção e recursos naquilo em que podia fazer a diferença)  mas insistiu em tudo o resto: insistiu em manter a loja, com a renda caríssima, no mesmo local; insistiu que o funcionário colocasse a gravata todos os dias; insistiu que a qualidade do serviço fosse a melhor, mesmo que tivesse de perdesse dinheiro. Ao mesmo tempo, combatia as saudades da mulher, francesa, e dos dois filhos, que esperavam em França para se juntar ao pai.
"Foi uma luta. Não quis sair deste sítio. Queria estar no centro, na rua principal, queria que os meus clientes fossem pessoas ricas, dispostas a pagar o serviço que queria vender. Tive de investir o tempo necessário, dediquei muito tempo a este negócio. Não se cria um negócio, para o qual quase não haviam clientes, de um dia para o outro." Passado algum tempo, no entanto, começou a resultar. "Demorou talvez uns 18 meses." Alguns anos depois, mudou-se para um espaço maior na mesma rua.
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A loja chamava-se Shoe Service Plus, mas o nome começou a criar problemas. "Queria registar a marca e não podia por que era um nome muito comum." Mudou para Leather Spa e aproveitou para refinar a imagem. (Moi ici: Brilhante!!!) Forrou as paredes a cabedal, comprou balcões e prateleiras de madeira escura, com puxadores dourados, e acentuou tudo como pormenores num tom exato de cor-de-laranja, que escolheu depois de muita hesitação. Com a nova identidade, veio a gama de produtos Leather Spa: atacadores, ceras, palmilhas, cremes. Carlos admite que "foi um risco muito grande, um grande investimento", mas diz que compensou. "Deu me uma identidade que não tinha."
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Quando os clientes de lojas de luxo como Manolo Blahnik, Christian Louboutin, Jimmy Choo, Chanel, Gucci, Fendi, Fendi ou Salvatore Ferragamo querem reparar ou personalizar os seus sapatos, também é na Leather Spa que confiam. Todo o negocio está voltado para este mercado de luxo, cada pormenor, como as solas de um vermelho muito específico, que o português mandou fazer em vários países do mundo, para ser exatamente igual ao da marca Louboutin, e que apenas os chineses conseguiram imitar."
Faz bem a ponte para o livro de Calloway, "Becoming a Category of One".

segunda-feira, setembro 23, 2013

Acerca do valor de uma marca e da sua destruição

Na sequência de "3 casos, 3 dúvidas":
"For upscale brands, there is a fine line between “cheaper” and “cheap.” And for Apple, the premium electronics maker, the key is to avoid crossing it.
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The addition of a cheaper iPhone could help Apple sell tens of millions more phones. But it could also diminish its reputation as a premium brand.
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For Apple, the devil will be in the details: just how much lower the price of the cheaper iPhone is, and just how much cheaper it looks and feels. If the iPhone is deemed cheap, it could get into the hands of so many people worldwide that it loses power as a status symbol and turns Apple into a maker of commodity products like Dell, Hewlett-Packard or Asus.
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“There are some customers which we chose not to serve,” Mr. Jobs said."
Trechos retirados de "Luxury Brands Face Hazards When Testing Lower Costs"
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Algo esquecido nesta abordagem "iPhone: Não é uma revolução, mas é uma estratégia inteligente"
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BTW, algumas empresas, tentam captar mais volume sem mexer no preço mas associando à oferta principal um brinde, estilo "Leve 2 e pague 1", para esses, com as promoções mixirucas. A hotelaria é expert nisso:

Para essas:

quarta-feira, setembro 11, 2013

3 casos, 3 dúvidas

Não ponho em causa que as empresas ganhem dinheiro no curto prazo com estas decisões, interrogo-me é sobre o impacte destas decisões para o valor futuro da marca no imaginário dos clientes:

  • "Apple lança iPhone Low-cost" - Apple rima com low-cost?
  • "Zeinal Bava sobre a Oi: “Queremos ser a empresa mais eficiente do sector”" - "“Queremos ser a empresa mais eficiente do sector de telecomunicações”, no Brasil, afirmou. No futuro, “vamos conseguir fazer o mesmo com menos, ou até mais, com menos dinheiro”, asseverou." - Para quem começou a ler "The Three Rules"... interrogo-me, a aposta é no não-preço, ou no corte de custos?
  • "Jaguar planeia lançar um SUV para concorrer com a BMW" - o negócio da Jaguar é quantidade? E o que é bom para a BMW é bom para a Jaguar? Sublinho: "“Esta nova filosofia vai levar a tecnologia dos nossos produtos de luxo para um segmento com um preço mais acessível”... A Jaguar, que vende apenas um carro por cada 20 que a BMW consegue escoar, tem uma oferta de apenas quatro modelos nos Estados Unidos, nenhum dele um SUV. Por outro lado, a BMW apresenta-se com quatro SUV na sua linha de 11 veículos. ... “Precisam de um veículo âncora, como a classe C da Mercedes ou a 3 da BMW, algo mais acessível para os compradores de objectos de luxo”"

domingo, julho 07, 2013

E o lado intangível?

2 reparos a propósito de "Why Doesn't Everybody Buy Cheap, Generic Headache Medicine?"
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Primeiro:
"Why does anyone buy Bayer aspirin — or Tylenol, or Advil — when, almost always, there's a bottle of cheaper generic pills, with the same active ingredient, sitting right next to the brand-name pills?
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Matthew Gentzkow, an economist at the University of Chicago's Booth school, recently tried to answer this question. Along with a few colleagues, Gentzkow set out to test a hypothesis: Maybe people buy the brand-name pills because they just don't know that the generic version is basically the same thing."
Por que é que cada vez mais empresas farmacêuticas estão a recuar e  a deixar de comprar APIs (active pharmaceutical ingredient) na China?
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Aqui, o meu passado da química e da indústria química vem ao de cima, bem como o meu passado da qualidade e do seu combate à variabilidade.
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O API pode ser o mesmo... e as impurezas, são as mesmas?
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Quando a ICI (inglesa) e a Enimont (italiana) se juntaram para formar a EVC (European Vinyls Corporation) dividiram o mercado entre si. Por exemplo, em Portugal quem comprasse PVC à EVC tinha de comprar o produzido em Itália. A empresa onde eu trabalhava na altura, apesar da referência e da descrição do e-PVC ser a mesma, não conseguia ter os mesmos resultados com o e-PVC italiano que conseguia com o inglês, a reologia não era a mesma. Lembro-me do meu director técnico dizer "A água que entra no reactor é diferente!"
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Portanto, cuidado com as simplificações, o API pode ser o mesmo mas as impurezas, que existem sempre, são diferentes. E, depois, são essas impurezas diferentes que por vezes tramam os testes de estabilidade.
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Segundo:
"I asked several people who had a bottle of Bayer or Tylenol or Advil at home why they'd bought the brand name. One guy told me he didn't want his wife to think he was cheap. A woman told me Bayer reminded her of her grandmother. Another guy, a lawyer, said he just didn't want to spend the time to figure it out, and decided it was worth the extra couple bucks to buy the brand.
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In general, we often buy brands when we lack information — (Moi ici: Isto é o que os industriais do sector do bacalhau ainda não perceberam) when, like that lawyer, we decide it's easier to spend the extra money rather than try to figure out what's what.
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Jesse Shapiro, one of the co-authors of the headache paper, told me he buys Heinz ketchup rather than the generic brand. He likes Heinz. He thinks it's better than the generic, but he's not sure. "I couldn't promise that, if you blindfolded me, I could tell them apart," he says."
O texto só dá valor ao lado tangível. E o lado intangível? E aquilo que não se pode pôr numa folha de cálculo?

Seis meses perdidos

Em Fevereiro sugeri "Transformar Ameaças em Oportunidades".
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Contudo, parece que o sector ainda não percebeu isso "Industriais portugueses contra químicos no bacalhau".
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O português da frase final não é o melhor:
"Quanto o sal for trocado pelos químicos, o bacalhau vai mudar de cor –  ficar mais branco – e  ter outro sabor, mesmo que disfarçado pelas 1001 maneiras de o cozinhar. Mas sobretudo, vai ficar mais caro porque a cura leva mais tempo a fazer."
Presumo que a mensagem é: o bacalhau com polifosfatos será mais barato e que é isso que mete medo aos industriais do sector.
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Há males que vêm por bem, talvez seja o que falta para esta gente aprender o peso, a força, o valor das coisas intangíveis como uma marca. Criem a marca que identifica a cura tradicional! Criem a marca que grita "Não tem fosfatos!"

terça-feira, janeiro 08, 2013

O preço pode não ser tudo

Um artigo que ajuda a confirmar que o preço não é tudo "What effective pricing can do for your business":
"What you see are the annual revenue numbers for MegaBloks and Lego. Since Lego does not have (any more) exclusive rights to make the bricks, anyone can make them. And MegaBloks does. Its bricks are perfect replacement (as for as I know) for Lego bricks only cheaper.
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How cheaper? 50% cheaper. Yet Lego makes 9 times more than what MegaBloks does in a year. Not only in revenue numbers Lego also beats MegaBloks on its margins as well.
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A little bit of math will convince you Lego has no cost advantage. At 30% cost, even if it halved its price to match Mega’s prices, its margin will be 40%. In other words any (percentage) margin advantage Lego has comes purely from its pricing and not because of cost advantage.
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What is going on here? In the words of Jeff Bezos, isn’t MegaBloks working hard to charge customers less and Lego working hard to charge more? Why aren’t customers overwhelmingly picking MegaBloks based purely on price?"

Tornamos-nos naquilo em que acreditamos.

segunda-feira, maio 28, 2012

A explicação de José

Em Maio de 2010 escrevi "Mais tarde ou mais cedo..." e estava lá tudo!!! ("Mais tarde ou mais cedo... a produção de azeite vai ser excessiva, os preços vão cair, os empréstimos vão-se tornar cada vez mais difíceis de pagar... Isso vai acontecer, é só uma questão de quando. Alternativa?")
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Em Dezembro de 2010 escrevi aqui:
"quem é capaz de negar que está em curso a criação de uma bolha azeiteira em Portugal?"
E basta pesquisar no blogue "bolha azeiteira" para ver a evolução do tema.
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Agora o tema chega ao FT com "Olive oil price dip adds to European woes" escrito por Javier Blas o "Commodities Editor".
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Nem de propósito, o "Commodities Editor"!!! O homem do granel!!!
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Se eu quisesse inventar estas coisas, ninguém acreditava!

Quem trata o azeite como uma commodity não pode dizer que não foi avisado... é no tempo das vacas gordas que se prepara o tempo das vacas magras... (Gen 41, 17-36)

E a sua empresa, lá porque não está no negócio do azeite, por mais bem que esteja hoje, ou ontem, não terá os seus anos de vacas magras?
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O que é que a sua empresa está a fazer para passar ao lado de uma futura crise?
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BTW, não esqueçam, na base desta bolha estiveram os apoios à produção de azeite. A seguir, vamos ter choradinho dos produtores de quantidade, e dos obsoletos, a pedir apoios por causa do excesso de produção. Stay tuned

segunda-feira, maio 14, 2012

Um exemplo para os pares

É sempre agradável encontrar bons exemplos que vingam no país, gente que indiferente à conversa da tríade, em vez de optarem pela guerra suicida dos preços, escolhe o caminho menos percorrido.
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Uma empresa que fabrica pedaleiras e travões para bicicletas, a única na Europa, a Miranda & Irmão em Águeda.
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Estão a imaginar o filme, uma empresa que fabrica pedaleiras e travões para bicicleta na Europa? Sacrilégio, o que diria a tríade!!! Ainda não fecharam? Não têm preço para competir com os chineses! Precisamos de sair do euro para apoiar estas empresas... sim a conversa do costume, a conversa de académico que continua agarrado ao preço e não descobriu ainda o mundo do valor.
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"Somos o único fabricante de pedaleiras e de travões na Europa. Esse é um trunfo de que não abdicamos. Os chineses competem pelo preço, nós nunca o faremos. (Moi ici: É tão raro encontrar um empresário com este discurso tão claro. Reparem no que vem a seguir) Apostamos no design, na inovação e na qualidade  (Moi ici: A receita que a Miranda & Irmão segue é a que coloca uma empresa no caminho do valor, da diferenciação, dos nichos, da produtividade à custa do valor e não da redução dos custos... nunca esquecer os números de Marn & Rosiello. A alavancagem do aumento do preço é fantástica, recordar também Dolan & Simon. Ou seja, conhecem e praticam o Evangelho do Valor... Ah! Se eles fossem usados como missionários, como exemplos para os pares, muito mais eficazes que conversa de consultor, mesmo dos que também conhecem esse Evangelho!!! e é isso que nos tem aproximado de empresas como a Bosch, com quem desenvolvemos produtos em parceria", explica João Miranda.
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A conceção de peças à medida do cliente (Moi ici: Não é só a inovação, o design e a ausência de defeitos, é também a flexibilidade, à customização), com acabamentos superiores e algumas adaptações ou inovações próprias, a par do cumprimento de requisitos "fundamentais para as grandes empresas europeias, como a estabilidade financeira ou as condições de fabrico e de testes na fábrica", constituem a atual força da Miranda & Irmão."
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(Moi ici: E a par disto, não podia ser de outra forma, conjugar com uma imagem de marketing) "apostar na venda visando apenas o lucro imediato" vale menos do que "apostar na marca - o caminho que permite solidificar a empresa" e prepará-la para o futuro. (...) Nos próximos dois anos, a empresa vai investir 250 mil euros em publicidade e marketing"nos mercados externos mais interessantes" - Alemanha, Holanda, Áustria e França - e que são também onde se encontram os principais clientes da empresa."
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(Moi ici: E como é que tudo isto começou?)
"e deve os seus 62 anos de história - a passar para a terceira geração da mesma família - à resiliência com que se adaptou à morte dos seus primeiros clientes nacionais: as marcas de motorizadas, incluindo as famosas Casal Boss e Famel.
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Para sobreviver, a Miranda & Irmão apostou na inovação e nos mercados externos para se afirmar com segurança." (Moi ici: Mais uns que não estiveram à espera do papá-Estado para lhes resolver o problema e fuçaram, fuçaram até encontrar uma alternativa, como estes outros.)
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Este ano já aumentou as vendas em 23% e já de olho num sector com futuro, as bicicletas eléctricas. Leiam este artigo "Um negócio de família que está a crescer e é exclusivo na Europa" uma bofetada de luva branca para todos os elementos da tríade e de quem os segue acriticamente.

terça-feira, março 27, 2012

Não basta um nome

Julgo que este artigo "The avoid-brands wine strategy" levanta temas interessantes para quem equaciona um futuro económico em torno de Mongo.
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Não basta criar uma marca, é preciso que essa marca tenha alma, que signifique algo, que represente algo.
"As a general rule, however, mass-produced wine will always taste mass-produced, and if you’re looking at an expensive branded wine, you’ll nearly always find something better at the same price from a lesser-known vigneron."