domingo, outubro 30, 2011

Seguir o caminho menos percorrido!!!

"Espanhóis inauguram lagar de azeite no Alentejo"
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"Grupo Innoliva investe €7,3 milhões num lagar em Santiago do Cacém, onde tem 5 mil hectares de olival para produção superintensiva de azeite.
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O grupo espanhol Innoliva inaugura hoje, 28 de outubro, um lagar na herdade do Carapetal, no concelho de Santiago do Cacém, que envolveu investimentos de €7,3 milhões e com uma capacidade de produção de 50 mil toneladas de azeitona por campanha."
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Este não é o modelo que os portugueses podem suportar. Não lhes está no ADN!!! As exigências de planeamento, de gestão, de tesouraria e de agressividade comercial não encaixam bem com o português típico.
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Mas há lugar para estas empresas grandes. São, ou podem ser campeões nos custos e nos preços-baixos.
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Os outros, os que são mais pequenos, os que sempre venderam azeite pelo preço, ou desistem, ou trabalham para estes grandes, ou ... seguem o caminho menos percorrido.
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Não vendam azeite!!!
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Vendam tradição, vendam localização, vendam o contrário, o antónimo, o oposto de "produção superintensiva de azeite", vendam sabor, vendam escassez, vendam prazer, acarinhem uma marca que distinga!
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A minha irmã vive na zona da Beira Alta a que chamo Tikrit (por razões óbvias... também podia chamar-se Sirte) e o azeite que sai das suas oliveiras, prensadas num lagar a quem paga o serviço, não tem nada, mas nada a ver com o azeite das marcas de produção superintensiva. 
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O azeite das marcas superintensivas tem o seu lugar na cozinha, como ingrediente culinário, durante a preparação, mas à mesa... à mesa, só entra azeite com sabor!
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Uma vez um norueguês disse-me que na sua língua neve (snow em inglês) não é suficiente para comunicar, existem mais de 40 palavras diferentes que caracterizam diferentes tipos de neve. 
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O que os pequenos produtores têm de fazer, é educar os consumidores de todo o mundo, é ensinar os 400 sabores, cores que pode ter o azeite, para que eles nunca mais pensem em azeite e pensem em marcas de azeite.
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Há anos uma letã passou uma semana no Porto em casa dos meus pais, uma das coisas que levou de volta para a sua terra foi azeite português, o preço era o mesmo... o sabor era completamente diferente.

4 comentários:

CCz disse...

http://economia.publico.pt/Noticia/espanhois-produzem-azeite-no-alentejo-para-ser-vendido-com-rotulos-italianos-1518889
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Espanhóis produzem azeite no Alentejo para ser vendido com rótulos italianos

André disse...

"Espanhóis produzem azeite no Alentejo para ser vendido com rótulos italianos"
Já ouvi histórias assim várias vezes. Uma das expliações que me deram para explicar isso foi por causa de uma questão de qualidade e de marca (a "Marca Portugal" seria desvalorizada).
Porque será? Estrutura de produção-venda baseada em demasia no preço, ou falta de promoção?

CCz disse...

Por todo o lado, caro André, a mesma coisa, produzir é fácil, difícil é vender.
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Se os portugueses investem pouco na marca... como podem aspirar a vender marca?
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Hoje ouvi na rádio o caso da Azal
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http://www.azal.pt/index_pt.html
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Construir uma marca é um trabalho de fundo, não é de um dia para o outro.

André disse...

Claro, mas esse trabalho de fundo parece ainda sofrer de alguns contragimentos culturais ao nível nacional (falta de confiança, e de respeito na "Marca Portugal").
Porquê que não ouvimos reclames do tipo "Compre o melhor. Compre português"?