terça-feira, outubro 15, 2019

Produtividade e socialismo (Parte II)

Parte I.

Olhar para aqueles gráficos na parte I pôs-me a pensar no que representam, na mensagem que transmitem.

O artigo do Banco de Portugal refere que o aumento da produtividade se pode dar quer através de transferências intra-sectoriais, quer através de transferências inter-sectoriais. Quando o operário que fazia sapatos que se vendiam a 30€ passa para uma fábrica que vende sapatos a 300€ dá-se um aumento da produtividade intra-sectorial. Quando o operário que fazia sapatos a 30€ muda de ramo e vai para uma fábrica de assentos para automóveis dá-se um aumento da produtividade inter-sectorial. Ao pensar nisto dou comigo a considerar a emigração como outro fenómeno em busca de produtividades superiores, para alimentarem níveis de vida muito superiores de forma sustentável.

Num país socialista com estruturas extractivas tradicionalmente instaladas, é natural que parte importante do VAB seja canalizada não para investimento, mas para servir a dívida das empresas e pagar rendas. Assim, vamos condenando-nos a uma sociedade distributiva com cada vez menos riqueza criada para alimentar níveis de rentismo cada vez maiores.

Dá para ficar a pensar muito seriamente na incapacidade das transferências inter-sectoriais gerarem uma massa crítica relevante para o país. A alternativa poderia passar por investimento directo estrangeiro para promover transferências inter e intra-sectoriais com a entrada de novos players.

Só que o campeonato nessa liga não é para amadores:



segunda-feira, outubro 14, 2019

Produtividade e socialismo

Ontem de manhã um dos primeiro tweets que apanhei foi este:



Fez-me lembrar um trecho que apanhei no último Boletim Económico do Banco de Portugal:
"Por outro, o fraco desempenho relativo da PTF em Portugal, que está relacionado com as debilidades do enquadramento institucional e de funcionamento dos mercados. De entre os fatores subjacentes à fraca evolução da PTF em Portugal têm sido destacados a ineficiência do sistema judicial, a reduzida dimensão das empresas, a fraca qualidade da gestão empresarial, o baixo investimento em inovação, a prevalência de segmentação no mercado de trabalho e a existência de mercados do produto pouco concorrenciais e com barreiras à entrada"[Moi ici: Este ponto está maia alinhado com o meu grito - "Deixem as empresas morrer!"]
Já agora, outro trecho interessante foi este:
"Considerando os dados setoriais do VAB por trabalhador, apenas disponíveis para o período 1995-2018, verifica-se que os ganhos modestos da produtividade agregada face à UE15 provêm essencialmente do contributo da componente intersectorial. Este resultado sugere uma orientação dos fluxos de emprego para setores da economia com maior produtividade mais expressiva em Portugal do que na média da UE. Com efeito, não obstante a virtual estabilização do emprego total em Portugal entre 1996 e 2018, o emprego aumentou nos serviços e reduziu-se na indústria, na construção e na agricultura. Refira-se que a produtividade nos serviços e na indústria se situa acima da média da economia, sendo inferior à média no caso da construção e da agricultura.
.
No período 1996-2018, o contributo intrassectorial para a convergência da produtividade agregada foi aproximadamente nulo, refletindo ganhos reduzidos face à UE na indústria e reduções nos serviços e na construção."
Há uma velha citação de origem finlandesa neste blogue: "Deixar a produtividade aumentar".

Acham que a produtividade aumenta porque os ratinhos correm mais depressa na roda?

Comparar Portugal 1995 vs 2017 e Roménia 1995 vs 2017:

Por exemplo, quando @s operári@s que fabricam camisolas passam a fabricar sistemas ABS ou assentos para carros... imaginem o quanto cresce a produtividade.

Comparem a evolução da produção automóvel, do calçado, do têxtil, ... impressionante.


A conspiração da realidade

A amarelo as mudanças de produto na linha de produção. Uns produtos com mais produtividade física do que outros. Cada mudança de produto implica paragens para setup.

A verde a ocorrência de avarias que implicaram paragens de produção.

A azul a ocorrência de faltas de pessoal que implicaram impacte na produção: falta de pessoal para produção ou para fazer setup.

A laranja a ocorrência de faltas de matéria-prima.

Olhar para a evolução do desempenho ao longo de um período, olhar para o somatório de ocorrências. Será que faz sentido olhar para os eventos como azares que ocorrem, ou como produtos naturais, expectáveis, previsíveis, decorrentes da forma como uma empresa planeia e desenvolve a produção, compra, trata os seus trabalhadores e cuida dos seus equipamentos.

É nestas circunstâncias que falo da conspiração da realidade e me recordo de Artur Jorge:




domingo, outubro 13, 2019

Subir na escala de valor



Alertado por este tweet fui em busca do artigo original, "O good value for money é agora o grande inimigo do vinho português" publicado na revista Fugas de ontem:
"Descendo à Terra: como vai o vinho português? Muito bem, medalhado como nunca, idolatrado como nunca, consumido como nunca, diverso como nunca, mas pobre como sempre, por ser bom de mais para o que custa. Mais ou menos como o país. O problema do vinho português resume-se nesta frase: good value for money, expressão inglesa para designar uma boa compra. Adoramos dizer que na relação qualidade/preço o vinho português é imbatível. Enchemos o peito de orgulho quando levamos os estrangeiros a reconhecer o mesmo e a confessar que não imaginavam que houvesse vinhos tão bons em Portugal. Mas nem nos damos conta que o good value for money é agora o nosso pior inimigo, o nosso buraco negro, aquele que nos suga para a irrelevância no mundo do vinho. A boa compra é a senha para a simples sobrevivência. Serve até que surja outra compra ainda melhor, graças a um preço ainda mais baixo. [Moi ici: A race to the bottom] Pode servir para vender a grosso, mas é insuficiente para ganhar espaço e notoriedade nos mercados maduros e entre quem gasta realmente dinheiro com o vinho, entre quem olha para o vinho não apenas como uma simples bebida alcoólica mas como algo que tem também um valor cultural e até artístico – algo que pode valer o que se pedir por ele. Fazer vinhos bons e baratos, com custos de produção elevados, nunca deu prestígio e proveito a ninguém.
...
Exportar 800 milhões de euros de vinho, como aconteceu em 2018, é melhor do que nada, mas é muito pouco face aos cerca de cinco mil milhões de euros que só a região francesa de Champanhe facturou.
...
Do vinho português, a percepção que existe – e só desde há poucos anos – é a de ser o tal vinho bom e barato. Quando o consumidor global com poder de compra quer adquirir um vinho caro e especial,  dificilmente pensa em Portugal. Já é um avanço sermos vistos como um país que produz bons vinhos. Mas chegou a hora de centrarmos todos os esforços de promoção na ideia de que o vinho português é mais do que uma boa compra.
...
Precisamos de ser mais ambiciosos e de fazer escolhas, mesmo que tenham custos elevados a curto prazo.
...
Não é de um dia para o outro que se muda tudo. Mas é quando os tempos são mais favoráveis que se pode e deve começar a mudar. Um país bag in box, de produtores mal pagos e em que só umas poucas empresas conseguem realmente ter sucesso, será sempre um país sem grande futuro."
Em linha com as nossas críticas ao mundo do vinho:


Autorização para começar a desmontar o cenário do oásis

No Público de ontem em "Ritmo do crescimento das exportações caiu para metade" verifico que, depois das eleições, os so-called jornalistas tiveram autorização para começar a desmontar o cenário do oásis:
"Quatro dos maiores sectores de exportação mandaram apertar o cinto de segurança. Os números do Instituto Nacional de Estatística sobre o comércio internacional de bens mostram que as vendas ao exterior da metalurgia/metalomecânica, do agro-alimentar, do têxtil/vestuário e do calçado estão a inclinar para o pior lado."
Quem acompanha este blogue sabe que o perfil de exportações há vários anos que se vem a fragilizar. Recordar, por exemplo:

O artigo não traz mais nenhuma novidade para quem lê este blogue. No entanto, saliento algo que ilustra a loucura em que andamos atolados: 
"Rafael Campos Pereira salienta a importância da manutenção das taxas de juro baixas, dado que isso permite alimentar algum investimento nas grandes empresas estrangeiras que são importantes parceiros comerciais deste sector nacional."

Sempre que oiço/leio alguém defender as taxas de tudo muito baixas, recuo a Julho de 2008 e a este diagrama:
Quanto mais baixa a taxa de juro, mais baixo o risco, mais baixa a rentabilidade potencial dos projectos aprovados. Basta as taxas de juros subirem um bocado para estes projectos morrerem facilmente por incapacidade de libertarem meios para servir a dívida.

Uma outra nota a merecer comentário:
"Por outro lado, na indústria do metal pede-se que o próximo governo tome medidas fiscais que ajudem o sector a lidar com o “maior desafio de todos” que é a falta de pessoal."
Rafael Campos Pereira, da AIMMAP, já devia ter começado a preparar os associados para o desafio da subida na escala de valor. Recordo:

sábado, outubro 12, 2019

Sinais do futuro da produção

Eis o futuro:

Sim, dois exemplos de Mongo.

Por exemplo, no calçado, quando escrevo:
"Preferia uma aposta naquilo em que temos tradição, uma aposta na fábrica do futuro, para dar resposta à procura do futuro."
É sobre isto, também:
"Ultimately, their real challenge wasn’t designing garments, but rather creating a digital platform that would connect expert tailors with consumers who were used to shopping online. They spent several months searching for two factories in China and one in the United States that had good workmanship and would also be willing to partner with a startup like theirs that had an on-demand manufacturing model." 

"It's complicated"

Ontem no postal, "Exportações, YTD", escrevi:
"Grande rombo no calçado."
Frase que deu origem ao comentário no Twitter:


Um tweet que gera várias linhas de pensamento:
"O rombo no calçado intriga-me. Sintoma de fragilidade. "

  1. Não é saudável que um qualquer sector económico cresça ad eternum. Mais tarde ou mais cedo, exageros, ou alterações na oferta e/ou na procura, determinam anos de ajuste com crescimento negativo.
O calçado em Portugal cresceu durante quase 10 anos seguidos. Um desempenho notável. Aumento das exportações em número de pares, aumento das exportações em euros e em preço médio; aumento do número de empresas e de trabalhadores. Um desempenho baseado na aposta na flexibilidade, na rapidez, na proximidade.

Acontece que hoje já não estamos sozinhos nessa proposta de valor:
  • Turquia;
  • Marrocos; 
  • Argélia; 
  • Roménia;
  • Etiópia;
  • Albânia; e outros
São capazes de oferecer essa proposta de valor com preços mais baixos.
"Mas então não se andou a investir em marcas próprias nestes últimos anos?"
  1. Sim, investiu-se em marcas próprias. Recordar "As minhas dúvidas". Pode existir a contabilidade das marcas criadas, não existe é a contabilidade das marcas que não vingaram. Criar uma marca não é impossível, mas é caro e obriga a dominar técnicas para as quais a gestão da produção não prepara. Acredito que as marcas a criar têm de ser para complementar a produção para outros (private label). A produção no regime de private label dá o pão com manteiga e as marcas podem em alguns casos dar o complemento do fiambre. Acredito que o futuro passa mais por escolher e trabalhar para nichos do que criar marcas próprias. (Recordar: "Mudar e anichar!" E perceber que a maioria dos empresários não segue indicadores "Até dói fisicamente" e, prefere fugir de constrangimentos em vez do que correr para objectivos. Recordar: "Uma bofetada que recebo como um aviso")
" Não se diversificaram os destinos de exportação?" 
  1. Sim, diversificaram-se, mas somos order takers. A APICCAPS faz um trabalho notável de comunicação, cria uma imagem positiva nos media, mas é como a política no Twitter. O resultado das eleições é diferente da imagem que temos da política no Twitter. Ninguém mente, mas só se mostra uma parte da realidade. Ainda esta semana escutei, meio aparvalhado, como ainda existem empresas más-más-más e que estão vivas. Juro que andava há cerca de dois meses a reflectir sobre que empresas fecham primeiro quando há uma mudança da maré. E pensei nas várias empresas que nos últimos meses têm fechado apesar de não ficarem a dever nada a ninguém. Gente organizada percebe antes de todos os outros que não vale a pena enterrar dinheiro e agem em conformidade. Gente que não tem noção, vai ser empurrada pela realidade. 
"Preço p/par não era já o 2ª atrás de ITA?"

  1. Tudo isso acerca dos preços é verdade, mas... também decorre das diferenças de perfil da produção. Há anos escrevi sobre os golos ...
Mente-se? Não!!! Mas não se conta tudo.

Somos fortes em calçado de couro. Certo? 

sexta-feira, outubro 11, 2019

Exportações, YTD

Por que crescem as exportações de produtos farmacêuticos?

Basta atentar neste título de jornal desta semana "Medicamentos: "nível de preços é o mais baixo na União Europeia"". Por que faltam tantos medicamentos nas farmácias? Por que se ganha mais dinheiro a exportar do que a alimentar o mercado nacional... e quem tem de pagar contas, faz escolhas racionais.

De resto, o forte crescimento das exportações ligadas à óptica, autóveis e aeronaves continua.

As exportações agrícolas continuam a crescer.

O resto ... está em retracção. Grande rombo no calçado.

III - Interested Parties: Any Connection to your QMS?

The third video on our series about doing more than just complying with ISO 9001:2015.


Now, about interested parties and what can be their use in developing an aligned quality management system.


I do not say that organizations that want to be certified need to act like in this video. What I say is that organizations that look for business results should consider following an approach around what I propose.

In a world that is running away from the XXth century paradigm, based on just Quality-Cost-Delivery, and into what I metaphorically call Mongo, the planet Mongo from Flash Gordon's adventures, the number of segment of customers is exploding and the need to chose whom to serve and align the business in doing it is becoming more and more critical.

Organizations cannot expect to serve everyone, organizations cannot expect that a simple dyadic relation between customer and supplier will be enough. We are entering in a world of ecosystems.

quinta-feira, outubro 10, 2019

Criação de nichos (parte I)

Para um crente e praticante da concorrência imperfeita que se sente, qual João Baptista, como uma voz que clama no deserto, é um bálsamo encontrar:
"The theory of opportunity creation sets a new framework for the analysis of entrepreneurial strategic action. Opportunities are seen as a product of competitive imperfection in the industry or the market. The origin of this imperfection, in the creation theory, is in the transformation of entrepreneurial beliefs into social constructs that guide actions of entrepreneurs and other constituents in the industry or market.
...
opportunities may also be created when entrepreneurs set to induce governed changes to their environment. By taking the proactive position in constructing their niches, entrepreneurs or organizations can choose or modify the relevant threats and possibilities.
...
For a long time, the theory of biological evolution has been dominated by approaches that stressed adaptation and selection as the main drivers of evolutionary processes. These approaches emphasized the unidirectional causal power of the environment—that forces evolving entities to climb fitness landscape peaks as they evolve—and implied that disruptions to the fitness landscape were  exogenous. Yet, in recent years, it has been recognized that evolving entities, too, can play a remarkable role in modifying fitness landscapes, as they change their habitats.
...
the idea of niche construction may provide useful insights for the dynamics of organizational and entrepreneurial strategies. In particular, it may help to recognize how competitive imperfections can emerge within industries and markets, as a process governed by the focal organization or entrepreneur.
...
that particular organizational strategies can alter the conditions of an organizational environment. To do so, organizations may develop specific capabilities related to the task of modification and manipulation of their environments. In particular, for political environments, organizations develop dynamic capabilities that allow them to alter between these reactive and proactive strategies depending on the pace and complexity of organizational environments.
.
These three approaches (coevolutionary, cognitive, and political action theories) are not mutually exclusive."
As organizações não estão condenadas a uma postura passiva, elas podem iniciar a mudança do contexto relevante em que operam. Sim, mesmo uma PME o pode iniciar.


Trechos retirados de "Niche Construction: The Process of Opportunity Creation in the Environment" de Pavel Luksha, Strat. Entrepreneurship J., 2: 269–283 (2008)

Acerca da atitude

Em menos de 24 horas um conjunto interessante de pensamentos que podem ser facilmente relacionados:

Resultados em vez de ...


Calçar os sapatos do outro ...


Seth Godin em "Projects vs tasks":
"Your job might be a series of tasks. Tasks are work where money is traded for time and effort. You put in a fixed amount of time, expending effort along the way, and you get paid. In the end, tasks are completed and it’s up to the boss to weave those tasks together into something useful.
...
The alternative is projects.
.
The way a project gets done is up to you. Your goal is to create an extraordinary outcome, not to perform the tasks. The work done is simply a means to an end. If you can figure out how to do less work or different work and still create project magic, that’s exactly what you should do."
Como se argumentava numa reunião ontem: o importante é a atitude.


quarta-feira, outubro 09, 2019

- Anything goes!

Ontem ao fim do dia, durante uma caminhada, li "Position, Leverage and Opportunity: A Typology of Strategic Logics Linking Resources with Competitive Advantage" de Christopher B. Binghama e Kathleen M. Eisenhar, publicado por Manage. Decis. Econ. 29: 241–256 (2008)

Enquanto lia o artigo só me vinha uma frase à mente:
- Anything goes!

Cada empresa é um caso, cada contexto é único. Perante uma realidade concreta, parte-se sempre, ou quase sempre, daquilo que se tem à mão. Umas vezes faz sentido desenhar uma estratégia a partir de um certo posicionamento, outras vezes fará mais sentido trabalhar alguns factores que se crêem diferenciadores, outras vezes será trabalhar a partir de uma oportunidade. Não existe uma receita única.

E achar que os recursos são fundamentais de per se... é esquecer a realidade aumentada.

Peso do turismo

Impressionante o peso do turismo nas exportações portuguesas em 2017:


Quase que dói fisicamente (parte II)

Na sequência da parte I.
"KPIs don’t simply monitor enterprise success; they proactively drive it. This shift creates innovative opportunities for ambitious leadership.
...
your KPIs are your strategy; your strategy is your KPIs. For top-tier transformers, KPIs explicitly shape the strategic leadership dialogue and debate."
Trechos retirados de "Smart Strategies Require Smarter KPIs"

terça-feira, outubro 08, 2019

Quase que dói fisicamente

Quase que dói fisicamente ler este texto, ao pensar que em muitas empresas não se trabalha com indicadores, não se faz "batota" para aprender, não se pensa em explicitar "o que não fazer".
"enterprise strategy is defined by the key performance indicators (KPIs) leaders choose to optimize. These KPIs can be customer centric or cost driven, process specific or investor oriented. These are the measures organizations use to create value, accountability, and competitive advantage. Bluntly: Leadership teams that can’t clearly identify and justify their strategic KPI portfolios have no strategy.
...
Whatever the specific strategy, virtually all organizations create corresponding measures to characterize and communicate desirable strategic outcomes. Those metrics — be they KPIs, objectives and key results (OKRs), or a Balanced Scorecard — are how organizations hold humans and algorithms accountable.
...
The essence of strategy is choosing what not to do.” Once those guardrails are established, identifying and minimizing unwelcome consequences becomes as important as promoting the outcomes you want. The essential takeaway here is that prioritizing KPIs — ranking them according to what matters most and what the organization must learn the best — is essential to enterprise strategy. In an always-on big data world, your system of measurement is your strategy.
.
Determining the optimal “metrics mix” for key enterprise stakeholders becomes an executive imperative.
...
This optimization imperative, our research suggests, demands a rigorous rethinking of the metrics chosen to define desirable (and undesirable) strategic outcomes.
...
To be clear, optimization in this context does not mean maximization. On the contrary, it means computationally learning to advance toward desired strategic outcomes through carefully calculated and calibrated KPI trade-offs. Understanding trade-offs among and between competing — and complementary — KPIs is essential. Simply optimizing individual KPIs by priority or rank ignores their inherent interdependence. For any KPI portfolio, identifying and calculating how best to weight and balance individual KPIs becomes the strategic optimization challenge."
Trechos retirados de "Strategy For and With AI"

Demografia, moda e o futuro do retalho

Usar o Japão como o canário amarelo que vai à frente, que tem de fazer o papel de pioneiro e experimentar. "Look don't buy: Japan reinvents the department store":
"One of Japan's big department store operators is reinventing its business model by converting prime real estate in its stores into showrooms where customers look but don't buy.
.
That is only half of the rethink. While Marui Group's shoppers are invited in to have their measurements taken, to test digital equipment or to trade anime collectibles, they are also hit up about applying for credit cards.
...
[Moi ici: O impacte da demografia] According to a family income and expenditure survey by the Ministry of Internal Affairs and Communications, consumer spending on fashion has declined 40% over the past 20 years.
...
Most of Japan's department stores have come to depend on foreign tourists to make up for sales being lost to internet shopping sites, or for sales that are evaporating altogether as Japan's birthrate declines and its population grays."

segunda-feira, outubro 07, 2019

"making the management of actor engagement a strategic priority"

Os arquitectos de paisagens competitivas, os engenheiros de ecossistemas serão uma função cada vez mais importante.

Recordar:

"Recently the discourse has developed along four trajectories. First, building on the idea of generic actors, research is increasingly focusing on actor engagement rather than customer engagement. Second, ideas related to collective or multi-actor engagement in networks illustrates how actors are connected and how these connections drive engagement behaviours. Third, informed by the realization that value creation happens in a systemic context, literature is making attempts to be liberated from a dyadic view, thus recognizing how institutional contexts influence actor engagement.
...
Building on this we also argue that, to be free from the restriction of dyadic thinking, engagement needs to be de-coupled from the exchange of property rights. The paper then proceeds by explicating the role of actor engagement as a driver of value creation, which suggests an elevation of actor engagement as a managerial priority.
...
the previously strict roles of producer vs. consumer, or seller vs. buyer are fleeting, as actors can have different roles. An actor-to-actor perspective effectively renders clearly specified and static actor roles  useless. All actors have comparable processes of engagement and what is needed is a generic view of actor engagement.
...
“actors need to be viewed not only as humans, but also as machines/technologies, or collections of humans and machines/technologies, including organizations”
...
need to also understand collective engagement of multiple (individual) actors. The argument is that focusing only on engagement by individual actors may lead to ignorance about aspects that arise from the inherent social embeddedness of actors, i.e., actor engagement by one actor affects resource integration processes between the focal actor and other actors in the service ecosystem.
...
However, all actor engagement happens in an institutional context, in which all actions are governed by various competing institutional arrangements. These arrangements are “interrelated sets of institutions that together constitute a relatively coherent assemblage that facilitates coordination of activity”
...
we posit that the dramatic shifts that we see in the operating environment are elevating the role of actor engagement, making the management of actor engagement a strategic priority.
...
it is not the attributes of resources that make them valuable, but the linkages between them.
...
means that firm size is less important and firms' ability to collaborate more important, and that firms require a systemic view to be able to grasp opportunities for actor engagement with the aim to orchestrate resources in the market system for multiactor value creation.
...
Value creation is related to resource integration, which resonates with Normann (2001), who argues that greater density of resources corresponds to more value. Density expresses the degree to which resources are accessible for integration in a specific actor, time, situation and space combination.
...
Density relates not only to physical resources but also to the density of various forms of socio- cultural resources such as meanings, designs and/or symbols. Consequently, resource density can be improved both by exchange-based and non-exchange-based resource contributions.
...
the ‘economics of connections’, i.e., increased returns through amplified density of interactions between business, people and things. As the density of connections grows, it increases the density of available resources and, thus, make increased returns possible.
...
we suggest that without actor engagement (i.e., resource contributions), no resource integration happens, and no value can be created. From a managerial point of view, this indicates that it is not the connections that increase the returns for a focal actor - it is the ability to mobilize actors in the market system to engage in resource contributions that, combined with other resources, improve resource density and value creation. This creates a clear link between actor engagement and increased returns – firm that have such abilities may enjoy ‘economies of actor engagement’. As we describe later in this paper, this suggests that firms should focus on a new set of capabilities: actor engagement management. To build these capabilities firms can likely build on existing processes and practices developed in connections to the management of customer relationships, supplier relationships and stakeholder relationships.
...
Recent research in strategic management and entrepreneurship suggests that markets should not be viewed as a given and deterministic context, exogenous to the firm. Firms are increasingly conceptualized as active creators of market opportunities, suggesting that markets are not precursors, but rather outcomes of strategy. Firms that have engagement management capabilities can engage in market-shaping activities to generate market innovations that improve the value creation of the market.
...
Managerially this means that to identify opportunities for marketshaping, focal market-shaping actors need abilities to comprehend a larger system of actors, to understand how new resource linkages can be created within this system, to recognize the institutional arrangements that govern all actors, and to mobilize actors for exchange-based and non-exchange-based resource contributions – thus making actor engagement central to market-shaping.
...
research is progressively seeing markets as networks, systems, or ecosystems...
Market systems do not obey simple laws of cause and effect, and they have no center and no central control mechanism. They do, however, evolve from a combination of deliberately designed influence, and random emergence resulting from combinations of various actors' engagement patterns. This indicates a need to understand how market change happens in a balance between deliberate design efforts (and related engagement) by various market actors, and spontaneous emergent developments occurring because of the amalgamation of all actors' engagement.
...
Understanding markets as systems that do not obey simple laws of cause and effect and that have no center and no central control mechanism, and which consist of generic actors that, governed by institutional arrangements, both contribute resources and create value by integrating their resources with the resources of other market actors, questions many of the traditionally dyadic and linear models of management. Instead of assumptions of control of resources and processes, management increasingly need to ‘let go’ and find new ways to manage the engagement of various intra- and inter-organizational actors."
Trechos retirados de "Actor engagement, value creation and market innovation" de Kaj Storbacka, publicado por Industrial Marketing Management 80 (2019) 4–10.

Um mundo diferente

Um mundo diferente do Normalistão e de Magnitogrado/Levittown.
"According to the sixth annual “Freelancing in America” survey, released on October 3 by the Freelancers Union (which has 450,000 members) and Upwork, a digital platform for freelancers and their employers, for every freelancer who sees their work situation as temporary, there’s another who sees it as a long-term career path.
.
As more people opt for full-time freelance—28% did this year, as opposed to the 17% who did in 2014—it’s worth looking at their share of the U.S. economy. Freelance income currently makes up almost 5% of the country’s GDP, or close to $1 trillion. That’s a greater share than those of industries like construction and transportation.
...
In the U.S. this year, 57 million people worked as freelancers, up from around 53 million in 2014, the first year this study was conducted. That’s about 35% of the U.S workforce.
...
This year, 60% of freelancers started working that way by choice as opposed to by necessity (say, due to an unexpected layoff). The number of people who see freelancing as a long-term career option jumped from 18.5 million to 28.5 million between 2014 and 2019."
Trechos retirados de "35% of the U.S. workforce is now freelancing—10 million more than 5 years ago"

domingo, outubro 06, 2019

Ver para lá do que se conhece (parte IV)

Parte I, parte II e parte III.

Por que me interesso por este tema aqui no blogue pelo menos desde 2011?

Em torno de 2011 trabalhei com uma empresa que operava no sector da mobilidade, e não só, para pessoas com deficiência.

Por que nutro a paixão pelos exoesqueletos há tanto tempo? Porque recordo as cenas finais do Alien I ou II em que Ripley combate o xenomorfo vestindo um exoesqueleto usado para operar num armazém. Vi aquela cena e nunca mais a esqueci:

Ontem, durante uma caminhada matinal de 7 km continuei a leitura de “Seeing Around Corners” de Rita McGrath e sublinhei este ponto:
"What Must Be True? Creating a Plan to Learn Fast
...
The techniques described here are not about making predictions and being right. They are about generating possibilities and opening your mind to what might happen, so that as evidence gets stronger, you are ready to take action. For any future state, there are many variables that can lead to one outcome or another. What is valuable in complex systems is to be able to keep multiple possible futures in mind so that if and when they unfold, the landscape is more recognizable.
.
Intel, for instance, has employed science fiction writers, futurists, and students to produce creative works about aspects of the future, with the purpose not of making predictions, but of opening people’s  minds to emerging possibilities. Seeing around corners is about broadening the range of possibilities you consider paying attention to. Your ability to look into the future is only as well developed as the set of possibilities you are prepared to entertain."
Por causa do tal trabalho desenvolvido em 2011 acompanhei de longe ao longo dos anos as movimentações entre as empresas grandes do sector das cadeiras de rodas... a imagem que me vem à mente agora mesmo é esta:


Empresas tão preocupadas em ganharem quota de mercado umas às outras, empresas tão absolutamente concentradas no que fazem que não vêem o contexto a mudar nem vêm o mundo pelos olhos de quem devem servir. A atenção da gestão de topo é gasta em aquisições, é pulverizada a seguir e a marcar a concorrência, qual Dastardly,

em vez de tornar o seu negócio actual obsoleto.

Como não esquecer os 8 anos de inércia...

Que outro job to be done?

A propósito desta tendência, "Tradicionais feiras de calçado têm cada vez menos visitantes", talvez esteja relacionada com esta outra "This chart shows why the holidays are becoming less important to retailers":
"The firm called out "the ongoing trend of holiday shopping becoming less important to key retailers." It said the holiday season accounted for almost 24% of all retailers' sales in the late 1990s, but is closer to 21% today."
Quanto mais Mongo avança, mais fácil e curto é o espaço de tempo do desenho à montra, mais o número efectivo de épocas por ano aumenta, e deixa de fazer sentido esperar tanto por mostrar uma criação aos potenciais interessados. Com a internet qualquer criador pode mostrar o que quiser e quando quiser a quem interessa, se esta estiver interessada. Depois, como também cai o número de peças a produzir por modelo, deixa de fazer sentido reservar tanto tempo para satisfazer eventuais encomendas.

Talvez as feiras possam ainda fazer sentido no futuro, mas numa outra função, satisfazendo um outro job to be done.