segunda-feira, setembro 23, 2019

As minhas dúvidas

A SIC passa a mensagem "Tradicionais feiras de calçado têm cada vez menos visitantes". Pelas entrevistas vemos um padrão: do fabricante/marca para o consumidor (M2C).

Em 2016 escrevíamos isto ""De tão concentrado no corte dos custos"" sobre a tendência M2C.

Na semana passada vimos "Grupo de Guimarães lança plataforma para “revolucionar comercialização do calçado". Durante o mês de Agosto vimos "Why Manufacturers Will Become the Next Big E-Commerce Brands".

Sim, mas.

Este blogue é um promotor da subida na escala de valor desde quando poucos sabiam o que isso era ou significava. No entanto, este blogue não gosta de mandar inocentes para a frente de batalha para serem carne para canhão. A APICAPS fez a contabilidade em Fevereiro deste ano, "Calçado cria 238 marcas desde 2010".

Quantas marcas desapareceram desde então? Seria uma outra contabilidade interessante.
Quanto valor foi destruído desde 2010 com marcas que já morreram?

Temos vindo a apontar aqui no blogue nos últimos dias os nossos sublinhados sobre a abordagem de Teppo Felin e Todd R. Zenger em relação à estratégia. Temos ao longo dos anos referido aqui no blogue a mensagem de Ricardo Hausmann, os macacos não voam.

Onde quero chegar?
A empresa bem sucedida como fabricante é talhada e moldada num conjunto de experiências e desafios que não a prepara para as experiências e desafios do mundo das marcas. Faz-me recordar o velho engenheiro Matsumoto. O mundo fábrica é o mundo da eficiência, o mundo da marca é o mundo da eficácia.

Talvez a política oficial da APICCAPS passe por esta aposta nas marcas, mas eu, anónimo engenheiro da província, tenho as minhas dúvidas. Preferia uma aposta naquilo em que temos tradição, uma aposta na fábrica do futuro, para dar resposta à procura do futuro.

Podem bater-me à vontade, está aqui uma evolução face ao meu posicionamento de 2007.

2 comentários:

D. Pedro IV disse...

Lamento Portugal não tem capacidade para criar marcas verdadeiramente globais, apenas marcas de nicho, de subsistência. A champions league das marcas joga-se a anos luz da nossa realidade.
Temos um razoável parque industrial e um custo/benefício aceitável em termos de rh e neste cenário, o melhor a que podemos ambicionar é produzir para detentores de marcas "a sério". Tudo o resto é folclore e propaganda que só interessa para garantir os subsídios à actividade. Pronto, disse...

CCz disse...

Caro D. Pedro IV,

Só não subscrevo o " subsistência". Uma marca de nicho pode ser um excelente complemento ao modelo do private label, o fiambre a acrescentar ao pão com manteiga.
Uma marca de nicho para uma estrutura pequena pode dar um rendimento interessante