terça-feira, junho 06, 2017

Coisas versus experiências

"The bad news (or good, depending on your viewpoint) is that none of this is going to change. Work is going to become even more bitty and insecure. The concept of a “job for life” has seemed outmoded for a while now. In the future, it seems doubtful whether “jobs” as we know them will exist at all. Many, of course, will be done away with by the much- prophesied automated takeover of everything from truck driving to brain surgery. But that is only half the story. Something more basic is under threat: the entire edifice of office- based, nine-to-five employment that has defined our working lives for at least a century.
...
Such a future strikes fear into many.
...
Unemployment will rise. Wages may drop. A new model of welfare will have to emerge, to ensure that those pushed out of the workplace can survive.
...
On the other hand, lamenting the fact of change seems futile. There was nothing necessary, or inherently “right”, about the old model. It was simply what — before the advent of globalisation, the internet and widespread automation — made most sense.
...
Richard Ocejo’s Masters of Craft addresses one facet of this changing landscape: the revival of certain craft or artisanal jobs that were once cornerstones of the industrialised city. A growing number of educated young people, Ocejo notes, are forgoing well-paid careers  in the knowledge sector in favour of these “new-old” jobs.
...
Traditionally, professions such as bartending and butchery were low-status and poorly paid. Those who did them had few options. Today, while these jobs are still relatively poorly paid, they have become “cool”. And in their remade form, they provide services that are considerably higher-end — and more expensive — than ever before."
Mongo e a explosão de tribos na encruzilhada com a economia das experiências e o renascimento dos artesãos.

Como é que as empresas habituadas ao século XX vão integrar-se neste contexto? E os Estados?

Trechos retirados de "A job for life: the ‘new economy’ and the rise of the artisan career"

Caldeira Cabral e a retroactividade

O ministro Caldeira Cabral acha que Portugal é um oásis de crescimento e que tudo aconteceu nos últimos meses.

Quanto ao oásis, ontem acrescentei mais três sintomas, como este "Eurozone recovery becomes surprise economic story of 2017" aos comentários de "Se a conjuntura explicasse tudo, a aceleração não seria apenas em Portugal".

Quanto à responsabilidade e calendário em Portugal acrescento "Eco Parque de Estarreja já conta com 27 empresas e mil postos de trabalho":
"“O Eco Parque Empresarial de Estarreja continua numa trajetória de evolução que teve nos últimos 4 anos um crescimento de 80% no que diz respeito ao número de empresas. A subida de 15, em 2013, para 27 empresas,
...
Desde 2014, o número de postos de trabalho registou uma subida de 62%, rondando hoje os mil empregos naquele parque empresarial."












13. Processos, funções, competências


A partir do momento em que desenhamos um fluxograma, em que listamos um conjunto de actividades e as relacionamos com uma função. Por exemplo, o Resp. do Departamento Comercial tem autoridade para :

3. Recolher materiais

  • Analisar solas e outros materiais novos (encaixam-se na colecção? Fazem sentido na colecção?)
  • Elaborar Plano de materiais e Ficha de Material
  • Modelação recolhe retalho de cada pele nova e envia para fornecedor de pele ou de acabamento a pedir soluções de acabamento e os produtos a usar 
  • Receber informação, acrescentar características a controlar e preparar Ficha de Material para entregar ao Armazém

A partir daqui é possível colocar as questões:
  • que conhecimentos ou experiência deve ter um Resp. do Departamento Comercial para ser competente na etapa de recolha de materiais?
  • que comportamentos deve um Resp. do Departamento Comercial exibir para ser competente na etapa de recolha de materiais?
E quando se avalia o desempenho de um processo e se conclui que é preciso melhorá-lo?

Em que medida é que é preciso melhorar os conhecimentos, ou a experiência, ou os comportamentos de cada uma das funções intervenientes?

E quando iniciativas estratégicas requerem melhorias no desempenho de funções que operam em um ou mais processos?

Em que medida é que é preciso melhorar os conhecimentos, ou a experiência, ou os comportamentos de cada uma das funções intervenientes?

"If your private life conflicts with your intellectual opinion..."

"It is immoral to be in opposition of the market system and not live (like the Unabomber) in a hut isolated from it
.
But there is worse:
.
It is even more, much more immoral to claim virtue without fully living with its direct consequences
...
As we saw with the interventionistas, a certain class of theoretical people can despise the details of reality, and completely so. If you believe that you are right in theory, you can completely ignore the real world –and vice versa. And you don’t really care how your ideas affect others because your ideas make you belong to some virtuous status that is impervious to how it affects others.
...
If your private life conflicts with your intellectual opinion, it cancels your intellectual ideas, not your private life
.
and
.
If your private actions do not generalize then you cannot have general ideas"
Que dizer dos grandes defensores da escola pública que sempre tiveram os seus filhos num colégio privado com nome estrangeiro na zona de Cascais e até foram ministros de governos de esquerda?

Trechos retirados de "The Merchandising of Virtue"

segunda-feira, junho 05, 2017

Curiosidade do dia

"Balsemão: Media só são independentes se ganharem dinheiro"

Como os media perdem dinheiro podemos concluir com autoridade aquilo que já suspeitávamos, não são independentes.

Abrir uma caixa de Pandora?


A propósito deste texto de opinião "Os condomínios de Coase" nem de propósito, esta leitura de há dias "Why Uncertainty Makes Us Less Likely to Take Risks":
"Our willpower diminishes when the outcome is ambiguous. “People really want to avoid uncertainty,”
...
“Whether or not we prefer the future or the present, whether or not we delay our choices, depends in large part upon the uncertainty of what we face,”
...
“People really don’t like the complexity and cognitive load of making decisions under uncertain circumstances,”"
E mais esta de ontem, "Not Quite Rational Man":
"One increasingly acknowledged flaw of neoclassical theory is its oversimplified model of human nature, known by academics as “homo-economicus.”"

12. Caracterizar um processo

Caracterizar um processo.

Atribuímos-lhe uma designação.

Estabelecemos uma finalidade, uma razão de ser.

Determinamos um conjunto de indicadores para avaliar quer a eficácia, o grau de cumprimento da finalidade, quer a eficiência, o grau de cumprimento de recursos.

Traçamos as fronteiras do processo. Onde é que ele começa, como é que ele começa, o que o desencadeia e quem o desencadeia. Onde é que ele acaba, o que produz e a quem o entrega.

Desenhamos um fluxograma que descreve o fluxo, o caudal das actividades e tarefas de forma cronológica:
Uma vez feito o fluxograma podemos fazer a ligação às funções e às pessoas. Que funções participam em cada etapa do processo? Com que grau de autoridade ou de responsabilidade?

E esta é a base para relacionar processos, funções, pessoas e competências.

Mudar o modelo de negócio para salvar uma empresa

Se recuar no tempo há um livro que se destaca por me ter dado bases para generalizar sobre o que então começava a coleccionar com o meu trabalho: "How We Compete: What Companies Around the World Are Doing to Make it in Today's Global Economy".

Nunca esqueço uma citação desse livro:
“… there are no “sunset” industries condemned to disappear in high wage economies, although there are certainly sunset and condemned strategies, among them building a business on the advantages to be gained by cheap labor”
Citação tão bem ilustrada pelas empresas de calçado incapazes de competir a produzir sapatos que se vendiam na prateleira por 20€ e passaram a dar cartas a produzir sapatos que se vendem na prateleira a 300€.

Muitas vezes é preciso mudar o modelo de negócio para salvar uma empresa. Um excelente exemplo sobre o tema em "Renascer das cinzas. Um fato à distância de um clique":
"Francisco Batista pegou numa empresa moribunda, a CBI – Indústria de Vestuário e converteu-a numa unidade rentável focada no negócio da confeção de vestuário feminino e masculino de alta qualidade. Orientada para o segmento médio-alto, a empresa exporta 90% da sua produção
...
A lógica é sempre a mesma: aproveitar a mão-de-obra especializada, “o capital mais importante para recuperar a empresa”, e depois rever o modelo de negócio para ganhar competitividade e apostar nos mercados externos.
...
 “renovar a atividade para nichos de mercados onde é possível competir através de uma maior qualidade”. “Em grandes quantidades não conseguimos competir”, frisa."

Muito para aprender (parte III)

Parte I e parte II.

E recuo a reflexões de 2012 e de 2015:

E gente de Mirandela que não produz azeite "Pai e filha fazem dos melhores azeites do mundo" nem corre atrás do sucesso efémero:
"A nova colheita de azeite virgem extra da Magna Olea foi distinguida com a medalha de ouro (Golden Award) no concurso internacional NYIOOC – New York International Olive Oil Competition. E arrecadou ainda a medalha Premier – Best of the Show no concurso Olive Japan, tendo sido a única marca portuguesa a conseguir esse feito, ao lado de mais 11 marcas internacionais.
.
O NYIOOC distinguiu ainda outros dez produtores portugueses: Innoliva, Sociedade Agrícola do Conde, Fitagro, Trás-os-Montes Prime, Cooperativa Agrícola de Moura e Barrancos, Sovena, Casa de Valpereiro, Casa de Santo Amaro, Cooperativa de Olivicultores de Valpaços e a Masaedo."
Já existe uma vanguarda que descobriu o que é relevante para subir na escala de valor. No entanto, parece que ainda há uma multidão que precisa de percorrer a sua Estrada de Damasco e encontrar o seu Ananias:
Números daqui.

BTW, mais gente com matéria-prima para o caminho certo

domingo, junho 04, 2017

Curiosidade do dia

"The choice for a sure bet"

"people overwhelmingly opt for certainty, regardless of whether that certainty is in the present or the future, or whether it pertains to gains or losses. Interestingly, these findings break with a foundational theory of behavioral economics first outlined in 1979.
.
Prospect theory, as it’s known, asserts that when there is something to be gained, we tend to choose certainty over uncertainty.
...
These contrasting preferences have been replicated hundreds of times by hundreds of researchers across myriad contexts, which is why Hardisty and Pfeffer were puzzled by results at odds with the theory’s predictions. By injecting temporal considerations into the equation, the researchers found that even when people face losses, they favor certainty over uncertainty.
...
“People really don’t like the complexity and cognitive load of making decisions under uncertain circumstances,” says Pfeffer. The choice for a sure bet, he says, may be the mental equivalent of shrugging in resignation."
Trechos retirados de "Why Uncertainty Makes Us Less Likely to Take Risks"

Unintended consequences

O fim da massa

Relacionar "Greatest hits are exhausting" com o fim do século XX e das economias baseadas na eficiência e na massa.

Recordar o que aqui costumamos escrever acerca da explosão do número de tribos e da sua crescente radicalizado de gosto.
"To make something popular, the creator leaves out the hard parts and amps up the crowd-pleasing riffs. To make something popular, the creator knows that she's dumbing things down in exchange for attention.
.
The songs you love the most, the soundtrack of your life--almost none of them were #1 on the Billboard charts. And the same goes for the books that changed the way you see the world or the lessons that have transformed your life."

Para reflexão

Comparar este texto "Starbucks baristas get big raises: 5% or more"(Julho de 2016) e mais este outro "Pay raises at J.P. Morgan, Starbucks don’t justify a higher minimum wage" (Julho de 2016) com "Starbucks Baristas Are Mad As Hell (at Starbucks) and They're Not Going To Take It Anymore".


sábado, junho 03, 2017

Curiosidade do dia

"A vida na sociedade contemporânea é difícil, exigente, perigosa. Por isso, o Estado faz leis para facilitar a vida aos cidadãos. Leis, decretos-leis, decretos simples, portarias, despachos, resoluções, pareceres, deliberações, regulamentos e muitos outros diplomas. Por causa de todas essas regras que o Estado produz para nos facilitar a vida, a vida contemporânea ficou mais difícil, levando o Estado a criar mais diplomas e a organizar códigos, diários legislativos e comentários para os entender. Até que tudo se transformou numa enorme torrente de textos, contínua e imparável, que pretende regular, cada vez mais e melhor, a vida que, na realidade, continua igual ao que sempre foi."
Trecho retirado de "A selva legislativa"

Cuidado com as médias

A propósito deste título "“Na Europa, cada mil milhões de euros de exportações apoiam 14 mil empregos”"

Este é o pensamento que critiquei no Senhor dos Perdões, ver a economia como um monólito, como uma realidade homogénea.

Como é que é possível lançar um número como este e esperar que tenha algum significado?

O perfil de exportações português é diferente do alemão e diferente do romeno, por exemplo. Por exemplo, em 2016 a rubrica "Viagens e turismo" representou mais de mil milhões de crescimento das exportações. Quantos empregos foram criados? Muito mais do que 14 mil.

Recordar esta lição.

Surpresas

Ontem de manhã, antes de uma reunião de trabalho numa empresa, folheei o último Boletim Económico (maio de 2017) do Banco de Portugal e foi um festival de surpresas.

Tendo em conta o que os media relatam acerca da economia portuguesa nestes tempos e o que relatavam quando a actual situação era oposição esperava diferenças abissais. No entanto:
"De acordo com o Inquérito ao Emprego do INE, em 2016 o número total de desempregados diminuiu 11,4 por cento em termos homólogos, após a queda de 11,0 por cento registada em 2015
...
Neste âmbito, o número de indivíduos desempregados à procura de emprego há 12 ou mais meses registou em 2016 uma queda de 13,4 por cento (após menos 13,7 por cento em 2015).
...
De acordo com o Inquérito ao Emprego, o emprego total aumentou 1,2 por cento em 2016, após um aumento de 1,1 por cento em 2015. Esta evolução reflete o crescimento do emprego por conta de outrem (2,1 por cento) dado que o emprego por conta própria registou uma queda pronunciada (3,2 por cento). Em termos setoriais, o principal contributo para a taxa de variação homóloga do emprego por conta de outrem registou-se nos serviços transacionáveis, que incluem as atividades ligadas ao turismo.
...
Em 2016, o consumo privado apresentou um crescimento de 2,3 por cento, ou seja, um valor inferior em 0,3 p.p. ao registado em 2015."[Moi ici: Esta última nunca passaria pela cabeça de ninguém]

Acerca da evolução das importações

"O ‘think tank’ Bruegel analisa a evolução do saldo comercial das economias da periferia da Europa e conclui que, tirando a Grécia, o ajustamento veio do aumento das vendas ao exterior e não da quebra das importações.
...
Quase uma década mais tarde, os autores propõe-se desconstruir esse mito, concluindo que na maioria dos países as importações aumentaram pouco e foram as exportações que ajudaram a equilibrar a frente externa. Em Portugal, entre 2008 e 2016, o saldo da balança corrente melhorou cerca de 8,5 pontos percentuais do PIB, que resultam de mais 11 pontos das exportações, sendo penalizado por 2,5 pontos nas importações (que aumentaram). Desde 2013 que o país tem um excedente."
De um lado temos os sofistas sempre dispostos a argumentar qualquer coisa em prol do seu clube:


Do outro, anónimos como eu que fazem contas e procuram ancorar o pensamento em factos:
"Os resultados são interessantes e fogem do que estava à espera.
...
Primeira surpresa: as importações de bens em 2012 superaram as de 2010 (no referido período)"
Trechos iniciais retirados de "Bruegel: o mérito do ajustamento externo é das exportações

Fruta e o século XXI

Este é o blogue que promove a concorrência imperfeita e os monopólios informais. Agora reparem neste relato que contraria a narrativa da economia do século XX:
"For years, economists have believed that competition tends to equalize profits across firms, as inefficient firms either learn from better ones or go out of business, and as new firms enter markets and so compete away high profits. Several things, however, suggest that we need to change our mental model, because this basic common sense intuition might be wrong.
...
An upper tail of companies and countries has maintained high and rising levels of productivity. These productivity leaders are pulling ever-further away from the lower tail. Or, put differently, rates of technological diffusion from leaders to laggards have slowed, and perhaps even stalled, recently.
...
All this is the exact opposite of what we’d expect to see if competition equalized profits."
Agora imaginem uma narrativa baseada na concorrência imperfeita e nos monopólios informais. Nesse modelo o preço não é a base da vantagem competitiva. Um cliente não compra porque o preço é o mais baixo.

Agora que vim morar para Vila Nova de Gaia surpreendo-me com a quantidade de lojas de fruta que encontro e que existem há anos e anos apesar da distribuição grande toda que existe num raio de mil metros. Será que a fruta nestas lojinhas é mais barata que no Continente? Nope!

Será que a produtividade é mais alta nestes lojinhas? Nope!

A vantagem competitiva destas lojinhas não é o preço... é o sabor!!!

Quando se constrói uma marca forte e uma proposta de valor que não assenta no preço... a narrativa do século XX cai por terra, é preciso outra lógica económica para explicar o século XXI.

Trechos retirados de "The end of competition?"

sexta-feira, junho 02, 2017

Curiosidade do dia

Exemplo típico de jogador de bilhar amador:
"o mesmo agente político que diz que é preciso anular o risco, reforçando até a legislação sobre isso, é o mesmo que "diz que não se percebe porque não se financia a economia". Contudo, essas "são duas promessas completamente insustentáveis".
.
É que se o agente político não quer que bancos corram riscos, isso vai ter impacto no financiamento da economia, em menor concessão de crédito a empresas e famílias.
.
Já se o agente político quer que conceda financiamento sem olhar ao risco, no final alguém terá de pagar por decisões mal tomadas."
Já muitas vezes dei comigo a pensar nisto. Jerónimo & Martins aparecem às segundas, terças e quartas a defender mãos largas para os empréstimos. Depois, às quintas, sextas e sábados protestam por causa das impedirdes dos bancos. Go figure.

Trecho retirado de "Carlos Costa diz que políticos pedem medidas contraditórias aos bancos"