segunda-feira, junho 30, 2014

Recordar Mateus 18: 23-35

"Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti"

O que faria diferente (parte II)

Parte I.
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Acerca da construção do mapa da estratégia. O autor começa pela base do mapa da estratégia.
"A escolha dos KPI’s não foi feita através de um qualquer resumo dos que já existem na empresa (aliás, a esmagadora maioria não é utilizada), antes foram pensados em linha com Kaplan (2004 a), ou seja, iniciou-se este trabalho pela perspectiva de aprendizagem e crescimento e respeitando às relações de causa e efeito foi-se “subindo” até chegar à perspectiva financeira."
Na minha abordagem, esta é mesmo a última perspectiva a ser trabalhada. Ás vezes, fica para depois da definição do grosso das iniciativas estratégicas.
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Chamo a esta perspectiva, a perspectiva dos recursos e infra-estruturas e vejo-a como reunindo objectivos que permitem medir o progresso de investimentos que vão colmatar lacunas que impedem o desempenho excelente dos processos críticos para a execução da estratégia.
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Os objectivos escolhidos para esta perspectiva são:
O objectivo "Formação profissional" faz sempre sentido. Contudo, que formação é crítica? Que formação alinhada com a estratégia é relevante para a execução da estratégia?
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Só depois de formulada a estratégia e identificados os objectivos estratégicos na perspectiva dos processos é que podemos ter uma ideia clara do tipo de formação profissional ou outras lacunas, por exemplo, em sistemas de informação ou infra-estruturas físicas.
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Continua

domingo, junho 29, 2014

O keynesianismo a preparar a cama

"War: What Is It Good For? The Role of Conflict in Civilisation, from Primates to Robots, by Ian Morris"

O que faria diferente (parte I)

A propósito de "Implementação do balanced scorecard numa unidade do Grupo Ferpinta", uma dissertação no âmbito de um Mestrado em Finanças e Fiscalidade, resolvi fazer mais uma análise crítica.
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O objectivo não é o de fazer qualquer crítica destrutiva, é simplesmente dar a minha opinião e explanar o racional que uso e sigo no meu trabalho com as empresas.
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Convém não esquecer que não existe nenhum referencial único sobre o que é um balanced scorecard ou um mapa da estratégia. Por isso, o único critério válido é que o que seja feito seja útil para as empresas.
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Esta dissertação é sobre a implementação do BSC na empresa Herculano – Alfaias Agrícolas, S.A. Do texto de apresentação retira-se que a Herculano:
"A empresa tem uma vasta gama de produtos que lhe permite servir vários segmentos de mercado. De forma sistematizada podemos apresentar os principais produtos e segmentos de mercado que a empresa serve:"
De seguida apresenta-se uma análise da concorrência e avança-se para uma análise SWOT.
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O que é que um tipo como eu que está de fora e não tem acesso a mais nenhuma informação faria?
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Travava às quatro rodas perante aquela figura.
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Nas conclusões o autor recorda:
"Em 1954, no livro “Practice of Management”, Drucker (1954) afirma, pela primeira vez, que todos os colaboradores deveriam ter objectivos de performance pessoais que estivessem alinhados com a estratégia da empresa."
Aproveito para recordar que o mesmo Drucker também afirmou:
“The purpose of business is to create and keep a customer.” 
Assim, antes de mais nada levaria a empresa a trazer para a mesa a discussão sobre:

  • Quem são os utilizadores das nossas máquinas?
  • O que procuram e valorizam?
  • O que os faz sonhar, o que os preocupa e os move?
  • Existem vários segmentos de utilizadores?
  • Qual ou quais aqueles onde estamos mais à vontade e porquê?
  • Qual aquele onde temos melhores margens?
  • Em que "prateleiras" estão expostas as nossas máquinas?
  • Quem são os donos das "prateleiras"? 
  • O que procuram e valorizam?
  • O que os faz sonhar, o que os preocupa e os move?
  • Qual o melhor casamento entre "prateleiras" e utilizadores-alvo? E essa combinação varia em função do sector de actividade?
  • Para onde pode estar a ir o mundo onde os donos das prateleiras e os utilizadores-alvo vivem?
Antes de mergulharmos no interior da organização, e muitas vezes perdermos-nos no meio dos detalhes internos, observar o mais livremente possível a paisagem enrugada que está no exterior da organização.
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Qual é o ecossistema da procura? Que segmentos podemos servir com vantagem? Que diferenciação o mercado procura e valoriza? 
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Se não percebermos primeiro para quem e com quem vamos trabalhar corremos um sério risco de não tirar o melhor partido do exercício.
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Sendo a dissertação de 2011 e apresentando resultados até 2010, é natural que a empresa à altura estivesse a sentir o choque, ou o começo do choque da quebra do mercado interno e estivesse pressionada para se concentrar internamente na redução de custos. No entanto, isso é sanear a empresa financeiramente, é assegurar, eventualmente, a sobrevivência, não é construir o futuro.
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Continua.

o medo atávico das elites políticas pela destruição criativa

Lembram-se dos campeões nacionais?
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Lembram-se dos centros de decisão nacionais?
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Lembram-se do manifesto dos 40?
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Volto a "Why Nations Fail" de Acemoglu e Robinson:
"The great Roman writer Pliny the Elder relates the following story. During the reign of the emperor Tiberius, a man invented unbreakable glass and went to the emperor anticipating that he would get a great reward. He demonstrated his invention, and Tiberius asked him if he had told anyone else about it. When the man replied no, Tiberius had the man dragged away and killed, “lest gold be reduced to the value of mud.” There are two interesting things about this story. First, the man went to Tiberius in the first place for a reward, rather than setting himself up in business and making a profit by selling the glass. This shows the role of the Roman government in controlling technology. Second, Tiberius was happy to destroy the innovation because of the adverse economic effects it would have had. This is the fear of the economic effects of creative destruction.
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There is also direct evidence from the period of the Empire of the fear of the political consequences of creative destruction. Suetonius tells how the emperor Vespasian, who ruled between AD 69 and 79, was approached by a man who had invented a device for transporting columns to the Capitol, the citadel of Rome, at a relatively small cost. Columns were large, heavy, and very difficult to transport. Moving them to Rome from the mines where they were made involved the labor of thousands of people, at great expense to the government. Vespasian did not kill the man, but he also refused to use the innovation, declaring, “How will it be possible for me to feed the populace?” Again an inventor came to the government. Perhaps this was more natural than with the unbreakable glass, as the Roman government was most heavily involved with column mining and transportation. Again the innovation was turned down because of the threat of creative destruction, not so much because of its economic impact, but because of fear of political creative destruction."
Mais à frente contam a história de homem que inventou uma máquina de tecer no tempo da rainha Isabel I e que lhe pediu a protecção de uma patente, que lhe foi negada. Quando Jaime I subiu ao trono, o homem voltou à carga a pedir a patente que lhe voltou a ser negada:
"James I also refused, on the same grounds as Elizabeth. Both feared that the mechanization of stocking production would be politically destabilizing. It would throw people out of work, create unemployment and political instability, and threaten royal power. The stocking frame was an innovation that promised huge productivity increases, but it also promised creative destruction."
E os autores rematam:
"The fear of creative destruction is the main reason why there was no sustained increase in living standards between the Neolithic and Industrial revolutions. Technological innovation makes human societies prosperous, but also involves the replacement of the old with the new, and the destruction of the economic privileges and political power of certain people. For sustained economic growth we need new technologies, new ways of doing things, and more often than not they will come from newcomers such as Lee [Moi ici: O nome do homem que abordou os reis ingleses em busca de uma patente]. It may make society prosperous, but the process of creative destruction that it initiates threatens the livelihood of those who work with old technologies, such as the hand-knitters who would have found themselves unemployed by Lee’s technology. More important, major innovations such as Lee’s stocking frame machine also threaten to reshape political power.
...
But the elite, especially when their political power is threatened, form a more formidable barrier to innovation. The fact that they have much to lose from creative destruction means not only that they will not be the ones introducing new innovations but also that they will often resist and try to stop such innovations. Thus society needs newcomers to introduce the most radical innovations, and these newcomers and the creative destruction they wreak must often overcome several sources of resistance, including that from powerful rulers and elites."
 Olhando para a situação do país, para os baixos níveis de produtividade, para a reacção das elites durante a década passada...

Assim se explica o medo atávico das elites políticas pela destruição criativa.


ADENDA (13h30): QED

sábado, junho 28, 2014

O que alterariam? (parte III)

 Parte I e parte II.
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O mapa da estratégia sobre o qual tenho escrito nas partes I e II:
Foi retirado da tese de mestrado de 2013, "Concepção do Balanced Scorecard na Fisipe S.A."
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Recordar o que temos aqui no blogue sobre a Fisipe.
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A 29 de Maio de 2013 em "Mas claro, eu só sou um anónimo engenheiro da província (parte III)", comentámos as seguintes afirmações de João Manuel Caminha Dotti, Administrador não executivo da FISIPE:
"Resolvemos então alterar completamente a estratégia: não quisemos prosseguir como produtores de quantidade e decidimos apostar na diferenciação, em produtos inovadores.
...
não queremos quantidade mas diferenciação
...
Hoje fabricamos mais de 500 tipos diferentes de fibra, que são produzidos personalizadamente, à medida de cada cliente. É a diferença entre uma fábrica de fatos e um alfaiate.Nós somos cada vez mais alfaiates de fibras e fabricamos para clientes que se focam em nichos de especialidade, que são aliás os mais competitivos na Europa."
Em Julho de 2009 em "Fisipe um exemplo de aposta nas margens" sublinhámos e comentámos:
"“Focada no crescimento das margens, a Fisipe está a deixar a produção têxtil tradicional para se dedicar às fibras técnicas, como o carbono.”

“A empresa, que tem vindo a apostar na reconversão da actividade industrial, dos têxteis para a produção de especialidades e fibras técnicas com valor acrescentado

Não queremos crescer em volume de produção, mas na oferta de produtos com maior valor acrescentado
Eis um exemplo de uma empresa que segue a minha religião: valor acrescentado em detrimento do volume. Não esquecer aquela máxima: volume is vanity, profit is sanity."
Agora, voltando ao mapa da estratégia e aos indicadores do balanced scorecard nas perspectivas clientes e dos processos:
Perspectiva Clientes:
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C1 – Oferecer a melhor opção em fibras acrílicas funcionais e técnicas
IC11 - N.º de reclamações em fibras técnicas
IC12 - Índice de repetição de compra (clientes de fibra técnica com repetição de compra versus total de clientes de fibra técnica)
IC13 - N.º de clientes de fibra técnica por aplicação
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C2 – Oferecer o melhor serviço
IC21 - Índice de entregas no prazo
IC22 - Indicador de qualidade e serviço no transporte marítimo
IC23 - Indicador de qualidade e serviço no transporte terrestre
IC24 - Inquérito à satisfação dos clientes
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C3 – Construir relações solidas com os clientes
IC31 - N.º de clientes regulares em fibras técnicas
IC32 - N.º de clientes regulares em fibras pigmentadas
IC33 - N.º de clientes regulares em especialidades têxteis
IC34 – N.º de clientes A visitados pela direcção comercial
IC35 – N.º de visitas de clientes A à Fisipe
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C4 – Melhorar a imagem corporativa
IC41- Rating médio dado por fornecedores e clientes
IC42 – N.º de artigos ou entrevistas publicadas na imprensa
IC43 – N.º de reuniões com clientes chave e fornecedores
IC44 – N.º de comunicações em conferências
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Perspectiva Processos
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P1 - Aumentar o ritmo e a eficiência do lançamento de novos produtos
IP11 – N.º de novos produtos lançados
IP12 – N.º de produtos modificados
IP13 – N.º de ideias obtidas para novos produtos ou serviços
IP14 – N.º de estudos preliminares realizados
IP15 – N.º de projectos em desenvolvimento
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P2 - Melhorar os sistemas de informação
IP21 – Índice de implementação do BSC em SAP
IP22 – Índice de integração do sistema de informação da produção e logística
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P3 - Aumentar a robustez do processo produtivo
IP31 - N.º de queixas e reclamações
IP32 – Toneladas de fibras especiais transferidas
IP33 – Percentagem de quantidades totais produzidas adequadas versus quantidades totais pedidas
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P4 - Aumentar a flexibilidade e eficiência do processo produtivo
IP41 – N.º de horas de perdas de produção de fibra por avarias no SP
IP42 – Índice de transferência de fibras grau A
IP43 – Consumo específico de energia eléctrica
IP44 - Consumo específico de vapor
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P5 - Melhorar o desempenho ambiental e a segurança
IP51 – N.º de acidentes por trimestre
IP52 – N.º de acidentes graves
IP53 - Índice de consumo de água bruta
IP54 - Índice de emissão de efluente industrial
IP55 - Índice de perdas de solvente

IP56 - Índice de produção de resíduos industriais

Esta é a nossa análise só com o valor facial dos indicadores:

  • Indicadores a azul - são indicadores que têm tudo a ver com a eficiência da fábrica, São importantes mas não são estratégicos. Devem ser monitorizados a nível hierárquico, a nível operacional.
  • Indicadores a purpura - são indicadores sobre os quais tenho dúvidas sobre o seu significado real e que parto do principio de que poderão ser relevantes
  • Indicadores a vermelho - são indicadores que se eu fosse preguiçoso utilizaria (atenção, não estou a dizer que o autor é preguiçoso, se calhar há 10 anos eu também faria assim. E, para muitas empresas estes indicadores estão bem e recomendam-se. Contudo, para o caso particular da Fisipe, o que queremos? Que as visitas, que o trabalho com os clientes dê origem a fibras personalizadas. Quantas fibras personalizadas desenvolvemos em conjunto com os clientes? Quantos clientes desenvolveram com a Fisipe uma segunda fibra personalizada? Quantos projectos de co-desenvolvimento temos com clientes? Quantos terminam com bons resultados?). Preferia dar ênfase não ao número de visitas mas ao que se consegue de valor acrescentado com o aumento da interacção com clientes e fornecedores.
  • Indicadores a fúcsia - são indicadores que podem fazer sentido, no entanto tentaria alinhá-los mais com a estratégia. Por exemplo, "Nº de comunicações em conferências", que tipo de comunicações? Que tipo de conferências? Que importa à Fisipe ser muito popular mas isso não se traduzir em vantagem estratégica? Também, em termos de mapa da estratégia e das relações de causa-efeito, não há qualquer relação entre P5 e C4, basta olhar para os indicadores de um e de outro.
  • Indicadores a preto - são indicadores bem escolhidos. Talvez acrescentasse algo sobre o cumprimento dos prazos dos projectos e uma ligação ao retorno médio dos projectos, na perspectiva financeira.
A sensação com que fico é que a prioridade estratégica, inovação e diferenciação, fica um pouco diluída no meio de tantos indicadores de outras cores.
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Algumas notas finais: 
  • não colocaria indicadores não financeiros na perspectiva financeira.
  • não trabalharia com cerca de 70 iniciativas, nem misturaria iniciativas não estratégicas, que podem ser acompanhadas durante a monitorização do orçamento, com as iniciativas estratégicas.  Concentraria as cerca de 70 iniciativas em 6 ou 7 iniciativas, cada uma com várias linhas correspondentes a várias actividades, tal permitiria dar maior inteligibilidade e reforçaria o papel da conjunção de várias actividades dentro de uma mesma iniciativa. Por exemplo: de F1 "Colaboração com a Universidade do Minho para desenvolvimento de misturas cimentícias" + de C1 "Desenvolver cultura sobre fibras técnicas: lançamento de relatório mensal e lançamento de programa criterioso de visitas a clientes" e "Aprofundar conhecimento sobre o desempenho das fibras técnicas por recurso ao Sistema Técnico Cientifico Nacional ou Estrangeiro" e "Aprofundar conhecimento sobre o processo de produção do precursor de fibra de carbono" + de P1 "Participar no Technical Committee do CIRFS" e "Acompanhar os trabalhos da European Technology Platform"





Escolher, escolher.

"Focused business models are most effective when they appeal to distinct market segments with clearly differentiated needs. So if your business currently serves multiple segments, it may be best to subdivide into focused units rather than try to apply one model."
Trecho retirado de "Four Paths to Business Model Innovation"

Coincidência

Ontem, durante a tarde, conheci um caso interessante.
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No ano passado, as circunstâncias empurraram uma empresa para uma alteração da sua actividade, uma alteração forçada do seu modelo de negócio. Fizeram uma mudança, depois, outra mudança e, depois ainda, mais outra mudança.
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Apalparam o terreno, provaram a validade, a superioridade do novo modelo de negócio.
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Agora, estão prontos para escalar o modelo. Contudo, as dificuldades de tesouraria obrigam a um ritmo lento.
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Na altura pensei na possibilidade de capital externo, capital de sócios-temporários, ser empregue para acelerar a escala e aproveitar o sucesso do novo modelo de negócio.
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Entretanto, à noite ao ler a história da ascensão e queda de Veneza no livro "Why Nations Fail" de Daron Acemoglu, encontrei:
"One of the key bases for the economic expansion of Venice was a series of contractual innovations making economic institutions much more inclusive. The most famous was the commenda, a rudimentary type of joint stock company, which formed only for the duration of a single trading mission. A commenda involved two partners, a “sedentary” one who stayed in Venice and one who traveled. The sedentary partner put capital into the venture, while the traveling partner accompanied the cargo."
Sorri, porque a tal empresa podia beneficiar de algo assim, porque o seu novo modelo de negócio está a girar em torno de matéria-prima que vem em contentores que compram, transformam e vendem.

sexta-feira, junho 27, 2014

Baixos níveis de produtividade casam bem com instituições extractivas

Leio em "Why Nations Fail":
"Extractive institutions are so common in history because they have a powerful logic: they can generate some limited prosperity while at the same time distributing it into the hands of a small elite. For this growth to happen, there must be political centralization. Once this is in place, the state - or the elite controlling the state - typically has incentives to invest and generate wealth, encourage others to invest so that the state can extract resources from them, and even mimic some of the processes that would normally be set in motion by inclusive economic institutions and markets.
...
The potential for creating extractive growth gives an impetus to political centralization
...
The growth generated by extractive institutions is very different in nature from growth created under inclusive institutions, however. Most important, it is not sustainable. By their very nature, extractive institutions do not foster creative destruction and generate at best only a limited amount of technological progress."
Por isso é que os governos gostam tanto de fundos e quadros comunitários, permite-lhes dar um arzinho de liberdade económica e, apoiar as elites quando os seus projectos forem, eventualmente, vítimas da destruição criativa.
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Por falar em destruição criativa... imagino o choradinho que ainda vamos ver por causa disto "Higher education - Creative destruction".

Influência da legislação e das instituições portuguesas na dimensão típica das PMEs

Com frequência, encontro nos media o discurso sobre necessidade das PMEs portuguesas crescerem, para serem mais produtivas.
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Entretanto, em "The New Empirical Economics of Management" de Nicholas Bloom, Renata Lemos, Raffaella Sadun, Daniela Scur e John Van Reenen, reencontro este facto:
"using data on the population of manufacturing firms for France (following Gibrat) and the US we plot the firm size distribution in Figure 3. 
The power law implies that in log-log space there is a negative linear relationship between firm size and density, which is what we observe for the US data, except for the far right tail. France looks similar except for a break at 50 employees, which is an important regulatory threshold for labor laws. Garicano, Lelarge and Van Reenen (2013) discuss how the presence of many regulatory “taxes” that begin when the firm reaches 50 employees implies a broken power law exactly as described by the data."
Qual será a influência da legislação e das instituições portuguesas na dimensão típica das PMEs portuguesas?

Partilhar o guarda-roupa

Uma ideia interessante para mais um desenvolvimento da economia da partilha e do aluguer, o guarda-roupa, "The Next Collaborative Consumption Movement: Closet Sharing":
"In the fashion world, collaborative consumption and peer-to-peer companies are starting to make their mark in this exciting economic shift. Dubbed the closet sharing economy, fashion marketplaces are changing the relationship women have with their closets. When women know they can easily sell new or gently used things from their closets, they’re more likely to splurge on the things they want at higher prices. This change in shopping behavior has created the phenomenon of the revolving closet, where women are able to use the money they make selling clothes they no longer want in order to buy new items."

O que alterariam? (parte II)

Parte I.
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Comecemos por olhar para o mapa da estratégia:
Atentemos no cabeçalho da perspectiva clientes, o ponto 1:
"O que os nossos clientes valorizam".
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O que se lê na perspectiva clientes? (ponto 2)
"Oferecer"
"Oferecer"
"Construir"
"Melhorar"
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Acções a desenvolver pela empresa...
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Prefiro olhar para a perspectiva clientes como uma perspectiva de consequência das acções realizadas a montante. Por isso, prefiro usar na perspectiva clientes o modelo:
Se quisermos mesmo colocar o que os clientes valorizam, na perspectiva clientes, algo que fazia há 10 anos, então os objectivos teriam de ser outros, teriam de ser o que os clientes valorizam. Quando muito, podemos pensar na consequência para os clientes de "oferecermos a melhor opção em fibras", algo como "Consigo as fibras adaptadas às minhas necessidades".
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Olhando para os indicadores escolhidos:
Passaria quase todos esses indicadores para a perspectiva dos processos. Na perspectiva clientes só ficariam estes, teria de pensar em mais alguns relevantes:

Para a perspectiva processos passariam:
Continua.

quinta-feira, junho 26, 2014

Receita imbatível para bater incumbentes

"Perhaps the most important aspect of disruptive technologies is that they require a change in business model.  Kodak was unable to compete in the market for digital cameras not because it didn’t understand the concept (in fact, it helped invent it), but because the firm was making too much money selling film.
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And that, in effect, is what makes disruptive technologies so disruptive.  They challenge incumbents to change not only their products and practices, but what they have come to value.  If you’ve spent the last 50 years striving to make the world’s best film, it’s hard to embrace cameras that don’t use it."
Trecho retirado de "Is Disruption Dead?"

Porque as estratégias não são eternas (parte II)

"Strategy has always required us to make hard choices in an uncertain context and managers have shown a disturbing tendency to seize on any pretext to avoid making those choices.
...
“the natural reaction is to make the challenge less daunting by turning it into a problem that can be solved with tried and tested tools”
...
we must continue to define “where to play and how to win,” but on a radically compressed time frame.  That doesn’t make strategy easier, it makes it exponentially harder."
Mais uma achega aquela ideia da perspectiva externa referida em "Porque as estratégias não são eternas"
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Trechos retirados de "The Only Viable Strategy Is Adaptation"

Por que têm de enveredar pela engenharia social? Ou, "Esperteza saloia parte II"

A propósito de "Carlos Costa defende reformas antecipadas para modernizar empresas" onde se pode ler:
"As empresas portuguesas devem apostar em mecanismos de antecipação da reforma dos trabalhadores mais antigos como forma de se modernizarem garantindo uma mão-de-obra mais produtiva, defendeu esta quarta-feira o governador do Banco de Portugal.
...
Empresas ganhariam com trabalhadores jovens "mais baratos, flexíveis e produtivos", diz governador do Banco de Portugal."
Tantos equívocos de um velho lobo do mar do sector não-transaccionável e que, aposto, não faz a mínima ideia sobre como se aumenta a produtividade.
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E o que dizer da experiência adquirida por anos de trabalho?
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E o que dizer do conhecimento implícito não traduzível para procedimentos escritos?
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Sinto que por detrás deste racional está a mesma lógica que acha que mais produtividade se consegue com mais 1 hora de trabalho por dia, com menos feriados e menos férias.
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Reparem:
"Empresas ganhariam com trabalhadores jovens "mais baratos,"
Se eles passavam a ser mais baratos, qual o acicate para que as empresas procurassem subir na escala de valor, procurassem aumentar a produtividade, se tinham esta boleia de autêntico passageiro clandestino?
As empresas são geridas por humanos, os humanos não são maximizers, são satisficers. Seria como a introdução de raposas na Austrália para caçar coelhos, também eles introduzidos na Austrália. As raposas preferiram caçar espécies autóctones mais fáceis de apanhar do que apanhar coelhos.
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Mão amiga pode encaminhar para o senhor governador a história do descalabro da "Circuit City" referida em "Esperteza saloia" e aqui.
"Empresas ganhariam com trabalhadores jovens "mais ... flexíveis ...""
O que se entende aqui por flexibilidade? Há falta de flexibilidade dos trabalhadores hoje em dia? Os únicos casos que conheço resultam mais de relações adversarias independentes da idade. "If you give them peanuts, you get monkeys"
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Mais flexibilidade resulta de alterações nos processos e de mais critério na selecção dos segmentos de clientes a servir. Volto à segunda figura deste postal recente:

"Empresas ganhariam com trabalhadores jovens "mais ... produtivos","
A velha e obsoleta ideia de que mais produtividade resulta de se correr mais depressa. Mais produtividade tem de vir da gestão... ainda ontem de manhã escrevi sobre isso:
""management does indeed appear to be important in accounting for the large differences in cross-country Total Factor Productivity (TFP) as well as within-country differences." 
E recordo Gary Klein em:
Por que é que o senhor governador não olha antes para a distribuição da produtividade intra-sectorial? 
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Por que é que o senhor governador não canaliza a sua energia para baixar ou eliminar as barreiras à entrada e à saída das empresas?
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Por que é que o senhor governador não se dedica a reduzir as protecções ás empresas zombies?
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Pena que esta conclusão:
""Conhecemos menos o país do que aquilo que pensamos. Não podemos intervir de forma consistente sobre a economia se não a conhecermos. É como a acupunctura: se não conhecermos os centros nervosos e espetamos a agulha, isso até pode prejudicar", disse Carlos Costa.
Acrescentou: "Especulamos muito sobre a economia, mas não a conhecemos. Estamos sempre a intervir sobre um corpo que não conhecemos""
Não se traduza numa humildade daquele tipo:
"Em primeiro lugar, não causar dano" 
Ou seja, a via negativa!
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Por que têm de enveredar pela engenharia social, pela construção top-down de uma nova sociedade, de uma nova economia, de um novo trabalhador?
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BTW, mão amiga que faça chegar ao senhor governador este estudo "Age and Productivity – Sector Differences?", onde, por exemplo, se pode ler:
"This paper shows that the share of employees in different age groups hardly has an impact on establishment productivity in the manufacturing, services and metal manufacturing sectors. On first sight, these findings contradict the notion that physically demanding, rigid and monotonous jobs might reduce the relative productivity of older employees in the (metal) manufacturing sector, or that higher flexibility and speed increase the productivity of younger employees in the services sector. However, one has to be aware that only the productivity of those employees who are actually working in the establishment is measured. We do not find strong evidence that our results reflect differences in the selectivity of older workers or in investments in old employees between sectors.
This paper paints a positive picture of the relative productivity of older employees in different sectors of the German economy."
Também lhe podem fazer chegar este outro e este outro... basta googlar para perceber que o senhor governador mandou uma posta de pescada.

Coisas que me interrogam

Com o nível do desemprego em Espanha tão alto, assiste-se a isto "Número de trabalhadores portugueses em Espanha cresceu 6% desde o início do ano".
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Explicações plausíveis?

quarta-feira, junho 25, 2014

Curiosidade do dia


Não resisti a esta brincadeira.

Acerca das barreiras

Recente, deste Abril passado, a versão de 2014 de "The New Empirical Economics of Management" de Nicholas Bloom, Renata Lemos, Raffaella Sadun, Daniela Scur e John Van Reenen.
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Algumas ideias:
"management does indeed appear to be important in accounting for the large differences in cross-country Total Factor Productivity (TFP) as well as within-country differences. [Moi ici: Por isso, é importante não erguer barreiras à entrada ou à saída. Por isso, é importante não proteger os incumbentes. Os clientes, com o seu bolso, que escolham livremente quem tem direito a viver]
...
Competitive intensity is one important and robust factor in raising management quality,  [Moi ici: Como não pensar no lastro mental de centenas de anos de influência da CoroaEstado para minimizar a concorrência, para manter o status-quo e impedir a destruição criativa. A elite não pode ser prejudicada e correr o risco de perder] as is ownership and governance (e.g. family firms appear to have weak management on average).
...
Much of aggregate productivity growth is from the reallocation of output away from less productive firms towards more productive firms.  [Moi ici: Por isso, é importante não erguer barreiras à entrada ou à saída. Por isso, é importante não proteger os incumbentes] This reallocation can take place on the extensive margin as less productive firms exit and more productive firms enter. ... But reallocation can also take place on the intensive margin as market shares get reallocated among incumbents away from the least efficient and towards the more efficient firms.
...
analyzed data from US manufacturing plants and argued that over a five year period about half of a typical industry’s TFP growth was due to the reallocation of output between plants rather than ongoing incumbent within plant productivity growth."  [Moi ici: Por isso, é importante não erguer barreiras à entrada ou à saída. Por isso, é importante não proteger os incumbentes]

Continua.

Acerca do conceito da obliquidade

Este artigo "Advertisement-Shy Wimbledon Is World's Most-Lucrative Tennis Tournament" ilustra bem o conceito de obliquidade (obliquity).
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Se lerem o artigo poderão listar todas as restrições que a organização impõe a patrocinadores, como por exemplo:
"It does not allow sponsorship signage anywhere across the club’s 14 acres, ... Committee members don’t earn a penny, while the professional staff, headed by CEO Richard Lewis, take home relatively modest salaries."
E, no entanto, Wimbledom é o torneio mais lucrativo de todos, apesar das restrições e do trabalho voluntário do comité.
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Muitas vezes, a forma mais eficaz de atingir um objectivo passa por não o eleger como o objectivo directo, mas como a consequência natural de algo que se faz.
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Claro, nem todas as crianças têm paciência para aguentar 15 minutos e, por isso, acabam por comer os marshmallows.

Acerca da batota

Ler este artigo "Make Customers Want to Buy Offline" é voltar a 2008 e à batota. Recordar "A Apologia da Batota":
E já lá vão 146 postais com esse marcador.
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E o que diz o artigo?
Desenhar experiências, não confiar no acaso:
"Design your retail setting to be a showroom for your empathic experts even more than for the products you sell."
Desenhar soluções, complementos:
"This means designing your store to serve as a source for solutions, both now and in the future. Again, heightening your staff’s expertise helps immensely. So does offering customers a complete ecosystem of secondary products, rather than simply hanging some earbuds and cases within easy reach. Design with an eye to the outcome the customer is seeking, whether that’s more reliable transportation, more exciting entertainment, or higher productivity. Deliver a system of products and services that works with their primary purchase to provide those outcomes, and they’ll reward you for it, rather than try to reconstruct it all for themselves online." 
 Desenhar comunidades, outra alternativa.
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A batota que gera a experiência sentida:
"One fundamental point deserves to be underscored, because it informs all three of these design imperatives: shopping is emotional. The internet offers many functional advantages: selection is endless and endlessly searchable, prices are excellent, and there’s none of the hassle of going to the store. Most purchases, though, aren’t purely functional, and a well-designed shopping experience works with that by heightening the positive emotions and countering the negative ones.
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More than just satisfying emotional needs, shopping is part of how we form identity. The decisions we make about how we will spend our money are part of how we present ourselves to the world. Offer customers an experience that deepens their sense of identity and reflects positively on it, and you’ll earn the higher margin you’re asking them to pay."
E a sua empresa, mesmo não estando no retalho, faz batota, desenha experiências? Ou pensa que é tudo folha de cálculo?