domingo, junho 26, 2022

Formas de ver o mundo que se excluem

"continuam centrados na ideia de que o aumento dos gastos é a solução para todos os problemas“, critica a ex-presidente do Conselho das Finanças Públicas, assinalando que “custo de oportunidade dos diferentes gastos é ignorado, implicitamente considerado nulo”. Em suma, em Portugal “os recursos continuam a ser tidos por infinitos”.
Isso também é visível, segundo a ex-quadro do Banco de Portugal, na falta de estudos sobre os “os resultados reais desses gastos”, cuja avaliação “raramente está disponível”.
...
Quando os problemas continuam, apenas se apela a ‘mais recursos’, a mais impostos, mais dívida e, mais recentemente – pressão europeia oblige – a cortes contraproducentes em áreas que escapam ao escrutínio até os resultados se tornarem ostensivos. Ou até à próxima crise“, finaliza Teodora Cardoso."

Entretanto, na semana passada, durante a leitura de "A New Way to Think" de Roger Martin sublinhei o que ele escreveu sobre os custos e os proveitos das empresas:

"Costs lend themselves wonderfully to planning, because by and large they are under the control of the company. For the vast majority of costs, the company plays the role of customer. It decides how many good or service, and so even severance or shutdown costs can be under its control.

...

The bottom line, therefore, is that the predictability of costs is fundamentally different from the predictability of revenue. Planning can't and won't make revenue magically appear, and the effort you spend creating revenue plans is a distraction from the strategist's much harder job: finding ways to acquire and keep customers."

 Duas formas de ver o mundo que se excluem.

Trechos retirados de "Em Portugal, "aumento dos gastos ea solução para todos os problemas", critica Teodora Cardoso

sábado, junho 25, 2022

good strategy is ...

"All executives know that strategy is important. But almost all also find it scary because it forces them to confront a future they can only guess at. Worse, actually choosing a strategy entails making decisions that explicitly cut off possibilities and options. An executive may well fear that getting those decisions wrong will wreck his or her career.

...

important truth about planning: it is no substitute for strategy. Planning may be an excellent way to cope with fear of the unknown, but fear and discomfort are an essential part of strategy-making. In fact, if you are entirely comfortable with your strategic plan, there's a strong chance it isn't very good. ... You need to be uncomfortable and apprehensive: true strategy is about placing bets and making hard choices. The objective is not to eliminate risk but to increase the odds of success.

In this worldview, managers accept that good strategy is not the product of hours of careful research and modeling that lead to an inevitable and almost perfect conclusion. Instead, it's the result of a simple and quite rough-and-ready process of thinking through what it would take to achieve what you want and then assessing whether it's realistic to try. If executives adopt this definition, then maybe, just maybe, they can keep strategy where it should be: outside the comfort zone of planning."

Trechos retirados de "A New Way to Think" de Roger Martin.

sexta-feira, junho 24, 2022

Depois do hype: O mastim dos Baskerville!

Agora que passou o hype e que as carpideiras já se recolheram, acrescento o meu comentário sobre o relatório do estado da nação publicado pela Fundação José Neves.


 Começo por este trecho que encontrei em “Carlos Oliveira. "Temos empresas demasiado preocupadas com o Estado, com os apoios, com os incentivos"” (BTW, este título remete-me para uma série de postais publicados aqui no blog ao longo dos anos, como este: “O by-pass” ao estado e ao país):

O que faz o governo de turno quando as empresas (como a Sonae, ou a Aquinos) não podem suportar os salários mínimos? Lança um apoio. Recordar “No país do Chapeleiro Louco (parte II)” em 2022, ou “Acham isto normal? Ou a inconsistência estratégica! Ou jogar bilhador como um amador!” em 2009. Recordo “Aspirar por objectivos sem ter coragem para a disciplina que requerem”.


O trecho acima faz-me voltar ao postal da semana passada “Competitividade sem competitividade? Mas o que é ser competitivo?” e à figura:

Enquanto escrevo estas linhas, mão amiga envia-me pelo Twitter este artigo “Grandes marcas de calçado desportivo desviam encomendas da Ásia para Portugal”. Isto é mau? Claro que não, claro que é bom ponto.


No entanto, volto ao tema dos “flying geese”:

Em “The "flying geese" model, ou deixem as empresas morrer!!!” é possível ver o exemplo da história do sector do calçado na cidade de St. Louis nos Estados Unidos. 


Um país com níveis de produtividade superior não pode ser construído com base em sectores competitivos, mas com baixa produtividade.


Estão a ver a consequência imediata desta conclusão? Mata o que se segue:


Este tweet é representativo de parte das conclusões do referido relatório. Se os empresários e os trabalhadores tiverem mais qualificações as empresas alcançarão níveis de produtividade superior. Mais qualificações não permitem mais produtividade? Claro que sim, mas são aquilo a que chamo as melhorias de engenheiro. Recordo de 2009 “Actualizem o documento por favor”. 


A produtividade é um rácio entre entradas e saídas, ou um rácio entre os recursos utilizados e o valor gerado, como ilustro em “Acerca do Evangelho do Valor”:

 

Quando o relatório refere:


“e não há produtividade sem qualificações, pelo que é essencial apostar na formação ao longo da vida, na reconversão e aquisição de competências.

...

Há ainda o problema das qualificações dos gestores, em que quase não se tem visto investimento, com o país a apresentar a maior percentagem de empregadores que não terminou O ensino secundário. "Em 2021, era o caso para 47,5% dos empregadores, praticamente o triplo da média europeia (16,4%).”


Podemos acreditar que a produtividade cresce com mais qualificações, mas esse crescimento é pouco para o que o país precisa, esse crescimento é baseado sobretudo na melhoria da eficiência, na redução das entradas. As melhorias de produtividade que o país precisa são aquelas que são baseadas em brutais aumentos do valor criado. Mais valor criado traduz-se em preços mais elevados. As melhorias de produtividade que o país precisa são baseadas no gráfico de Marn e Rosiello como explico em “Para aumentar salários ... (parte IV)”:

 

E isto leva-nos à lição dos finlandeses que aprendi em 2007:


"It is widely believed that restructuring has boosted productivity by displacing low-skilled workers and creating jobs for the high skilled."
Mas, e como isto é profundo:
"In essence, creative destruction means that low productivity plants are displaced by high productivity plants."


E isto leva-nos a um pedido que faço aqui no blogue há muitos anos: DEIXEM AS EMPRESAS MORRER!!!


Mais formação para os trabalhadores actuais ou futuros não resolve o problema porque o problema não está na oferta do mercado de trabalho, o problema está na falta de procura para trabalhadores mais qualificados. Mais formação dos trabalhadores num país sem procura por ela promove a emigração. Recordar o postal “Lerolero”: 


“In my experience, well-educated Haitians are very easy to find as taxi drivers in the French-speaking part of Canada. An estimated 82 per cent of Jamaican medical doctors practise abroad. Seventy per cent of all inhabitants of Guyana with a university education work outside the country. North American hospitals vacuum up poor English-speaking countries like Trinidad for nurses, while in many places in the Caribbean Cuban nurses are the ones that keep the health sector functioning.”


Mais formação para os trabalhadores actuais é um tema que sigo no blogue desde a primeira década deste século com as promessas de amor de Sócrates. Recordar o tema da caridadezinha em “Caridadezinha strikes again”:


"The problem is that poverty and unemployment are not much influenced by the qualities and qualifications of the workforce. They depend, rather, on the state of demand for labor. They depend on whether firms want to hire all the workers who may be available and at the pay rates that firms are willing, or required, to offer, especially to the lowest paid."

Neste podcast, “Formação e salários: não podemos nivelar por baixo”, João Ferreira do Amaral pede estudos, sector a sector, para comparar as empresas mais produtivas de outros países com as empresas portuguesas, para retirar ensinamentos. E regresso a 2011 e a uma tarde de Verão em Guimarães a fazer horas para entrar numa empresa, e ao que aprendi com mais uns nórdicos em “Acerca da produtividade, mais uma vez (parte I)”. Comparar sector a sector é, inconscientemente, assumir que as saídas de cada empresa são semelhantes e que as diferenças estão na forma de gerir as entradas para produzir as saídas. O que os nórdicos me chamaram a atenção é que não faz sentido comparar a produtividade de quem faz sapatos que saem de uma mini-fábrica-ateliê a 600 euros o par com quem faz 2000 pares de sapatos por dia a 25 euros o par. Recordo de 2010, “As anedotas”. 


Percebo que a Fundação José Neves e outras entidades se foquem na formação porque é algo que se pode planear e porque é algo que agrada a uma vasta fauna de partes interessadas instaladas no terreno e habituadas a viver da formação.


Então quem vai dar formação aos empresários? Daniel Bessa? Alguém de entre estes outros 24 cromos?


Deixem os empresários que estão a trabalhar em paz. Saúdem o seu esforço. Concentrem-se no que chamo o mastim dos Baskerville. Concentrem-se nas empresas e nos empresários que não existem. As melhorias de produtividade que o país precisa dependem das empresas e dos empresários que não existem. Recordo “Empresários e escolaridade ou signaling”. 


Por fim, volto ao exemplo irlandês. Acredita que o brutal salto de produtividade na Irlanda foi conseguido à custa dos empresários irlandeses? Se acredita que sim, pense outra vez. Recordo, “Tamanho, produtividade e a receita irlandesa”. 


Lembre-se do mastim dos Baskerville.

 

quinta-feira, junho 23, 2022

"you must organize around projects"

"a different way of thinking about knowledge work: you must organize around projects, not jobs.

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Knowledge workers don’t manufacture products or perform basic services. But they do produce something, and it is perfectly reasonable to characterize their work as the production of decisions: decisions about what to sell, at what price, to whom, with what advertising strategy, through what logistics system, in what location, and with what staffing levels.

At desks and in meeting rooms, every day of their working lives, knowledge workers hammer away in decision factories. Their raw materials are data, either from their own information systems or from outside providers. They produce lots of memos and presentations full of analyses and recommendations. They engage in production processes—called meetings—that convert this work to finished goods in the form of decisions. Or they generate rework: another meeting to reach the decision that wasn’t made in the first meeting. And they participate in postproduction services: following up on decisions"

...

Knowledge work actually comes primarily in the form of projects, not routine daily tasks. Knowledge workers, therefore, experience big swings between peaks and valleys of decision-making intensity”

Fez-me recuar a:

"A ideia de fazer de cada ano um espécie de projecto, algo único e irrepetível, em vez de uma continuação da rotina de sempre, é capaz de ser útil para mudar mentalidades em muitas empresas."

Trechos retirados de "A New Way to Think" de Roger Martin.

quarta-feira, junho 22, 2022

"individuals work with one another"

Dedicado ao meu colega das conversas oxigenadoras:
"Culture. You can only change it by altering how individuals work with one another.
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So, what is culture and why is it so persistent and limiting to strategy?
There are as many definitions of culture as there are for strategy, but I think of it primarily as a book of rules residing in the minds of employees that guides how they interpret situations and decisions. Culture is what helps a manager understand "how things get done around here,' "what I should do in this situation," and "who must I pay attention to." The rules making up the culture are developed by each person's observations of how people around them react to and explain situations and decisions, particularly those involving extreme outcomes with significant impact for the people involved, even if such decisions or events are unusual.
The strength of a company's culture is determined by the similarity of the mental rule books of the employees. A culture is weak or diffuse if the rule books vary across peopleso that employees' interpretations of a given situation or decision are heterogeneous. Cultures are powerful when the people all have a very similar rule book and consequently interpret and react to the same decision or situation in the same way.
...
Somewhat like a neural network in the brain, culture emerges from the interaction between the environment (the formal mechanisms) and individual behaviors (the interpersonal mechanisms). Because of that, little can be done to change the culture of the organization directly by fiat, and CEOs who make the attempt usually lose their jobs.
...
For a culture to align with changes to the formal mechanisms of the organization, changes are required in the way members of the organization interact.
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When executives try to change an organization's culture, they often bring the wrong tools to the task-changes to formal processes and systems along with righteous admonition. This approach is doomed to failure because culture depends not on systems and processes or a leader's beliefs but on how individuals react to each other in the context of their rules and relationships. To achieve real culture change, executives should focus on and show discipline in how they structure the human interactions that make up an organization's working day. That requires investing time and committing to repetition. People won't change their ways overnight, but when they do, the consequences are profound and durable."

Trechos retirados de "A New Way to Think" de Roger L. Martin.

terça-feira, junho 21, 2022

Anónimo da província muito à frente

Em Junho de 2011 escrevi Cuidado com a pedofilia. Em Outubro de 2012 escrevi Fornecer a Autoeuropa não é necessariamente uma boa decisão para uma PME portuguesa-tipo.

A mensagem desses postais é:
"Por que é que uma PME-tipo há-de trabalhar com uma multinacional só interessada no preço se tem mais hipóteses de ser bem tratada e ganhar mais dinheiro trabalhando com outras propostas de valor para outro tipo de clientes?
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As multinacionais do ramo automóvel não são flor que se cheire, contratos leoninos com cláusulas que impõem respeito e medo.
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O meu conselho genérico para as PMEs é sempre o mesmo: "Fuja dessa gente. Não se iluda com as quantidades... quantos cêntimos é que vai ganhar por peça? Qual o risco que vai correr? Compensa?""

Em Março de 2016 escrevi Um optimista sem ser cor de rosa onde usei esta imagem:

O mundo 1 é para os pandas (chineses, ou empresas grandes capazes de lidarem com margens apertadas e quantidades grandes).

Ontem, li este texto de Roger Martin, "Small is beautiful" onde apanhei:
"This is the typical dynamic in the modern era. There is full price/value discovery, and the goal of big customers is to grind down suppliers to cost plus as tiny a margin as possible through relentless shopping and negotiation. Smaller customers, on the other hand, are more inclined to buy an offer that meaningfully helps them “do more business.”

The problem is that most B2B companies are still in the mode of thinking that big customers are the most important — the key to both growth and profitability. Hence, they still spare no expense to serve them and put their best sales resources against them. However, though they might expect gratitude in return, they get nothing of the sort. Big customers grind down their suppliers and provide zero rewards for the extra resources that suppliers dedicate to them.

Meanwhile, these B2B companies underinvest in SME customers because they think of them as less important than their big customers. 
...
I think the next wave will feature two dynamics. First, B2B companies will figure out that big customers are not good for them and will make the transition to aligning their R&D efforts and their best sales assets behind SME customers."



segunda-feira, junho 20, 2022

"The payoff for price increases is massive"

"Sales professionals are ill prepared to talk with customers about price increases because they don't get trained and there are almost no resources to help them develop the skills to do so. 
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One of the reasons that I hated price increases and believed that I was betraying my customers is that I didn't understand basic business fundamentals. I didn't understand that price increase campaigns are far more effective at generating profit and free cash flow than increasing topline revenue through sales volume increases or acquiring new customers. Nothing else in the business-to-business sales arsenal protects the health of your company like price increases. They protect the enterprise during inflationary periods, produce capital for investment in growth, help improve quality and service delivery, boost stock prices, and protect jobs.
The payoff for price increases is massive. They can drop through as much as 400 percent more profit as increases in sales volume. For example, a l percent increase in sales volume, will produce 3.3 percent in profit. However, a 1 percent increase in price, when sales volume remains stable, delivers an 11.1 percent increase in operating profit. [Moi ici: Recordar Marn e Rosiello]
...
The bottom line is that increasing prices is the single greatest profit improvement opportunity and strategy for B2B enterprises. That is, of course, if you retain your customers along the way."

Trechos retirados de "Selling the price increase the ultimate B2B field guide for raising prices without losing customers" de Jeb Blount. 

domingo, junho 19, 2022

Subir preços

"Why Companies Raise Their Prices: Because They Can"

"In 2021, US companies logged their most profitable year since the 1950s, as many took advantage of economies of scale and other more efficient production processes. Yet, firms increasingly held on to the savings they gained from these reduced costs, rather than passing them on to customers in the form of lower prices.
...
markups—the difference between prices charged at checkout and the marginal costs incurred by a company in order to make a product—climbed about 25 percent between 2006 and 2019
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The researchers came to a startling conclusion: Consumers were 30 percent less price sensitive—meaning less likely to abandon favorite brands and seek cheaper equivalent products—in 2019 than they were in 2006.
...
Meanwhile, company costs have declined over time as firms have squeezed more productivity out of increasingly efficient operations. Since 2006, marginal costs have dropped by 2.1 percent annually on average, the authors estimate. In the latter part of the study period, from 2017 to 2019, firm costs were about 25 percentage points lower versus 2006.

Rising markups come from either price increases or marginal cost reductions."


"In all, we examined 846 large publicly traded corporations last year through the lens of 34 separate indicators in five categories: customer satisfaction, employee engagement and development, innovation, social responsibility and financial strength.
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To build our ranking, companies are compared in each of the five areas, as well as their overall effectiveness, through standardized scores with a typical range of 0 to 100 and a mean of 50.
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In our latest research, prompted by concerns over inflation, we explored the correlation between net profit margin-the percentage of profit a company produces from its total revenue-and customer satisfaction for 2021.
Of the 24 industries we looked at, 11 showed no meaningful statistical relationship between the two. Others, however, stood out. In six industries-household and personal products, autos, telecommunications, consumer services, banks and pharmaceuticals-there was a significant positive correlation between profit margin and customer satisfaction.
This means the two variables move in the same direction.
When one goes up, the other goes up; when one goes down, the other goes down. And it implies that, in general, firms in these industries have a fair bit of leeway to raise prices without making their customers disgruntled.
"We call this pricing power,'
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At the other end of the spectrum are companies in industries with a negative correlation between profit margin and customer satisfaction. Across these sectors, when net profit margin goes up, customer satisfaction goes down-and vice versa.
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What's more, any company with low customer satisfaction may well have trouble raising prices-regardless of the industry it's in. "It's a delicate calibration,""


sábado, junho 18, 2022

Dedicado aos fans do Big Data

Dedicado aos fans do Big Data: 

"Creating great choices requires imagination more than data.
Underlying the practice and study of business is the belief that business decisions must be driven by rigorous analysis of data. The explosion of big data has reinforced this idea. In a recent EY survey, 81 percent of executives said they believed that "data should be at the heart of all decision-making," leading EY to enthusiastically proclaim that "big data can eliminate reliance on 'gut feel' decision-making.
Managers find this notion appealing.
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Can management decisions really be reduced to an exercise in data analysis? I do not believe that they can, and this brings me to an important truth about data: creating great choices requires imagination more than data.
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It's important to realize that the presence of data is not sufficient proof that outcomes cannot be different. Data is not logic. In fact, many of the most lucrative business moves come from bucking the evidence.
...
Moreover, the absence of data does not preclude possibility. If you are talking about new outcomes and behaviors, then naturally there is no prior evidence. A truly rigorous thinker, therefore, considers not only what the data suggests but also what within the bounds of possibility could happen. And that requires the exercise of imagination-a very different process from analysis.
Also, the division between can and cannot is more fluid than most people think. Innovators will push that boundary more than most, challenging the cannot.

Breaking the Frame
The imagination of new possibilities first requires an act of unframing. The status quo often appears to be the only way things can be, a perception that's hard to shake."

Trechos retirados de "A New Way to Think" de Roger L. Martin. 

sexta-feira, junho 17, 2022

Competitividade sem competitividade? Mas o que é ser competitivo?

Procurem uma explicação simples para relacionar estes temas:

  • Sucesso das exportações portuguesas em curso (ver em Quem é este morcão? (parte II) - Dos 15 sectores relacionados com PMEs que sigo mensalmente, quando comparo as exportações dos quatro primeiros meses de 2022 com os de 2019 vejo: 1 sector a crescer mais de 60%, vejo 4 sectores (como a cerâmica e os plásticos) a crescer mais de 30%; e vejo 7 sectores (como os têxteis, calçado, máquinas e óptica) a crescer entre 10 e 30%)
  • Economia portuguesa menos competitiva desde saída da troika 
Então, somos competitivos ou não somos? Recordo a lição que aprendi e registei em Mea culpa e Mea culpa (III). Ou então, vejam o exemplo do Uganda, Competitividade, absurdo, lerolero e contranatura.

Competitividade sem competitividade? Mas o que é ser competitivo?
A explicação está nesta matriz do Mea Culpa (parte II):
Querem mais um tema para relacionar com os anteriores:

É assim, ou se sobe na escala de valor, ou tem de se importar trabalhadores para manter os salários baixos necessários para manter competitividade sem produtividade.

E coragem para políticos assumirem estas coisas e explicitarem-nas de forma clara e transparente?

quinta-feira, junho 16, 2022

What price point?

"We started to test the new Olay product at premium price points of $12.99 to $18.99 and got very different results,” he says. “At $12.99, there was a positive response and a reasonably good rate of purchase intent. But most who signaled a desire to buy at $12.99 were mass shoppers. Very few department store shoppers were interested at that price point. Basically, we were trading people up from within the channel. At $15.99, purchase intent dropped dramatically. At $18.99, it went back up again—way up. So, $12.99 was really good, $15.99 not so good, $18.99 great.
The team learned that at $18.99, consumers were crossing over from prestige department and specialty stores to buy Olay in discount, drug, and grocery stores. That price point sent exactly the right message. For the department store shopper, the product was a great value but still credibly expensive. For the mass shopper, the premium price signified that the product must be considerably better than anything else on the shelf. In contrast, $15.99 was in no-man’s land—for a mass shopper, expensive without signaling differentiation, and for a prestige shopper, not expensive enough. These differences were quite fine; had the team not focused so carefully on building and applying robust tests for multiple price points, the findings might never have emerged."

Trechos retirados de "A New Way to Think" de Roger L. Martin.

quarta-feira, junho 15, 2022

Patience Wins

"A rule in negotiations is Patience Wins! Offer small, incremental discounts. Make the purchasing agent work for whatever they get.
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Here’s another hint. Executives should not negotiate prices. Executives are smart, driven, strategic people. When an executive gets involved in a negotiation, you can guarantee the deal will close. It will close quickly, probably today. They have the authority to make whatever concession is necessary to win the deal. However, most executives are not patient. Remember the rule. Patience Wins! Yes, executives will close the deal quickly, but they will do so at a lower price than if they were not involved."
Trechos retirados de "Selling Value: How to Win More Deals at Higher Prices" de Mark Stiving.

terça-feira, junho 14, 2022

Quem é este morcão? (parte II)

Dados das exportações dos quatro primeiros meses de 2022 e comparação com 2021 e 2019.

Há dias em Quem é este morcão? escrevi que perante um cenário como o da tabela acima muitos empresários dirão, a quem lhes vier falar de problemas sobre o amanhã e o depois de amanhã:
"Quem é este morcão para me vir falar de problemas quando tudo corre bem?"
Tudo corre bem? Mas quem é que admite que tudo corre bem? Se calhar, se se admitir que algo corre bem ainda se atrai o mau olhado... ou aumentos da impostagem.

"As exportações das indústrias transformadoras estão em alta, mas os empresários temem que os efeitos da guerra na Ucrânia, da inflação e do aumento e falta de matérias primas venham a condicionar as vendas ao exterior nos próximos meses. A falta de mão de obra é outra das grandes preocupações.
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"Os números são ainda muito animadores, embora as empresas continuem bastante inquietas quanto às perspetivas causadas pela guerra", diz o vice-presidente da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP), acrescentando que "teme-se um abrandamento por causa da falta de matérias-primas, que continua a ser uma realidade, tal como a falta de recursos humanos". 
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A questão resulta de um problema demográfico, conhecido de todos, mas também da incapacidade em atrair imigrantes na dimensão pretendida. "Sabemos que Portugal e a Índia têm um acordo assinado nesse sentido, mas que o Consulado português em Nova Deli não emite vistos. 
...
"Não se pode dizer que os negócios estejam propriamente a correr mal, mas olhamos para estes números numa dupla perspetiva: a satisfação com os resultados obtidos é ensombrada por um conjunto de sinais de alerta e preocupação, que não nos permitem fazer previsões para o futuro", diz o diretor de comunicação da APICCAPS. Paulo Gonçalves destaca a "inflação descontrolada"' em vários países prioritários para o calçado, a par da a "descompensação do mercado ao nível do abastecimento de matérias-primas" a que acrescem as preocupações com a guerra, que "obriga a algumas reservas".
...
Por fim, a indústria têxtil e do vestuário está a crescer também a dois dígitos, com vendas ao exterior de quase 2082 milhões de euros, mais 18% do que em igual período de 2021. Neste caso, a dinâmica de crescimento é maior para os mercados comunitários, que estão a crescer 18,8% para 1553 milhões de euros. Os extracomunitários crescem 15,5% para 528 milhões. Fonte do setor mostra alguma relutância em "festejar" este crescimento, considerando que parte disto será efeito da inflação sobre as matérias-primas. "Não representa necessariamente que estejamos a fazer mais nem que estejamos a vender a mais" defendem."[Moi ici: Ui!!! Cheira-me a tanto medo de pressões salariais]

Leio estas reacções e dou comigo a pensar numa expressão de Daniel Kahneman: What You See Is All There Is. Parece que o presente é um paradigma que está em risco de ser desfigurado por forças para lá do nosso controlo. Como se a realidade não fosse sempre uma sucessão de paradigmas que depuseram paradigmas anteriores considerados na altura como melhores.

Também é verdade que os dirigentes associativos não estão no terreno competitivo, as associações não competem, quem compete são as empresas individuais, por isso têm de falar de generalidades pacíficas para os associados.

O que o morcão propõe é assumir o controlo do guiador, olhar para as forças que modelarão o futuro próximo, e lançar hipóteses de actuação para estar à frente da onda de mudança. Assumir o controlo do guiador passar por abdicar do papel de coitadinho com a mão estendida, passa por focar o olhar no horizonte e fazer acontecer algo de diferente. Quando olho agora mesmo para o Sales Navigator do Linkedin só vejo: XXXX has slowed growth. There has been reduced hiring and less job openings than usual.

Muitas empresas fora de Portugal estão a antecipar uma grande recessão e estão já a mexer-se. Há quem suspeite que já se está numa recessão. E como é que as PMEs se preparam para este cenário?

segunda-feira, junho 13, 2022

Curiosidade do dia

Le Diable...




Jongleurs, precisam-se (Parte II)

Parte I.

Volto ao texto de 2007 e à ideia do título do livro "A empresa negligenciada":

"A vida de um gestor consiste pois em gerir duas empresas em simultâneo: a presente e a futura. Se ele se limitar a gerir a presente (e não a futura), a sua empresa em breve se tornará obsoleta por via da alteração das condições de mercado em que está inserida. Se ele gerir apenas a futura (e negligenciar a presente) a empresa nunca chegará a atingir esse futuro. Ficará pelo caminho.

Sendo assim, a competitividade de uma empresa depende de uma boa gestão de curto prazo (a empresa do presente) e da introdução de saltos qualitativos (a empresa do futuro)."

Para o relacionar com uma estória retirada do livro "The Crux - How Leaders Become Strategists" de Richard P. Rumelt:

"One example of the latter was ‘OKCo.’ In 2002 OKCo was a significant manufacturer of home and business-office climate-control systems. The entire product line had fourteen different models. The problem, as they defined it, was low profitability and low growth. I worked with the vice president of strategy, who led a small team of analysts, and had periodic discussions with the CEO.

I gathered views of the situation from at least twenty different managers, engineers, and salespeople. There was both increasing competition and complexity in the business. What I saw was that the company's product line was stale and not up-to-date

...

The engineers who had designed OKCo's printed circuit-board systems had long since retired. To compensate for the decline in the product's performance, management had been lowering prices and increasing sales commissions. This was, in my view, not a good path to follow. It felt like working with the data-processing companies who stuck with old greenscreen terminals until the Internet and PCs overwhelmed them.

The vice president of strategy and I did a thorough evaluation of the company's products and competitors' products and interviewed a good number of systems buyers and customers. OKCo was a widely recognized brand name. Large systems buyers liked the newer competitive designs, but also trusted OKCo because of its years in the business. Smaller buyers and contractors were split, with many installers preferring the older jumper system-it took about twice the time to install, and that meant twice the chargeable hours.

In addition to these product and marketing issues, the company's organization was sleepy and self-satisfied despite the slowly declining financial performance. Outsourcing the manufacturing of parts and assemblies to China had helped keep costs down."

A empresa do presente tem os clientes actuais e tem a rentabilidade actual. Será que a empresa do futuro passa por servir o mesmo tipo de clientes? Será que a empresa do futuro se aguenta com um nível de rentabilidade semelhante ao actual?

Uma empresa sem pensamento estratégico, sem orientação estratégica, foca-se na empresa do presente e ao concentrar-se na satisfação dos clientes actuais, na prática pode estar a negligenciar a empresa do futuro. Por isso, é que uso a imagem do jongleur, ser capaz de gerir a empresa actual ao mesmo tempo que se alimenta a empresa do futuro. Construir um futuro passa sempre por tolerar a experimentação, por não esquecer a exploration, por tolerar alguma ineficiência. No entanto, vivemos tempos de foco no eficientismo.

domingo, junho 12, 2022

Jongleurs, precisam-se

Julgo absurdo que um governo, qualquer que ele seja, estabeleça metas de aumentos salariais. Ignoremos esse tópico de discussão e concentremos a atenção nos empresários. Duas respostas:

"Precisamos de políticas públicas que ..."

"Num momento em que as empresas veem aumentar de forma brutal os seus custos energéticos e de matérias-primas, como subir os salários acima dos aumentos de produtividade sem repercutir esses aumentos nos preços, contribuindo para uma escalada da inflação mais estrutural, mais duradoura, menos controlável? E, fazendo-o, como evitar a perda de clientes e de mercados? Como evitar a perda de competitividade daí decorrente, 

...

[Moi ici: Respirar fundo antes de ler o trecho que se segue] Só colmatando a grande divergência que nos separa da média europeia - a produtividade - é que os salários poderão aumentar de forma sustentável, sem pôr em causa a competitividade das empresas e o seu futuro.

Para isso, mais do que reptos, precisamos de políticas públicas consequentes, que promovam condições para que as empresas aumentem a produtividade."

Volta e meia aqui no blogue escrevo sobre o locus de controlo no exterior:

"É arrepiante a situação... quem tem o seu Locus de Controlo no exterior, ao atribuir poder a forças exteriores, para ditar o destino, para mudar as coisas... quase não tem motivação para agir, para melhorar, para actuar... afinal de contas, sente-se, acredita que é uma espécie de Calimero jogado de um lado para o outro pelos deuses!"

Aqueles sublinhados a vermelho ali em cima são significativos. Sobretudo o segundo... só através de políticas públicas é que as empresas privadas conseguirão aumentar a produtividade. Não, isto não é conversa de tasca de um qualquer anónimo empresário da província, é o discurso do presidente da CIP. Faz-me lembrar o ministro da Economia metido pelo irrevogável Portas no governo de Passos Coelho:

  • "Pires de Lima: "Com meia hora a mais aumentava 7% a produtividade"[Moi ici: Em 2011]
Faz-me lembrar um ex-presidente da GALP também em 2011:

  • “Preferia que me criassem condições para aumentar a produtividade do trabalho” [Moi ici: Replico aqui o que escrevi então - "Eu, anónimo engenheiro de província sou mesmo tótó... reparem ""Preferia que me criassem condições para aumentar a produtividade do trabalho""  no meu modelo mental, um administrador, um gerente, um gestor de topo nunca diria isto. Aumentar a produtividade do trabalho na sua empresa é a sua função e não está à espera que outrem lhe faça o biscate"]

Já em 2007 escrevi sobre a necessidade dos empresários jongleurs - Jongleurs:

"A vida de um gestor consiste pois em gerir duas empresas em simultâneo: a presente e a futura. Se ele se limitar a gerir a presente (e não a futura), a sua empresa em breve se tornará obsoleta por via da alteração das condições de mercado em que está inserida. Se ele gerir apenas a futura (e negligenciar a presente) a empresa nunca chegará a atingir esse futuro. Ficará pelo caminho.

Sendo assim, a competitividade de uma empresa depende de uma boa gestão de curto prazo (a empresa do presente) e da introdução de saltos qualitativos (a empresa do futuro)."

Ignoremos a provocação infantil e impensada do primeiro-ministro, disse 20% como podia dizer 10% ou 30%. O que é verdadeiramente preocupante é a revelação da manutenção deste locus de controlo no exterior nas posições mais influentes. Que os empresários tenham o locus de controlo no exterior é triste, mas eles todos os dias põem o pescoço no cepo. Nenhuma empresa tem o futuro assegurado, a última palavra é sempre dos clientes. Agora que os líderes associativos partilhem do mesmo modelo... isso é, para mim, verdadeiramente assustador.

sábado, junho 11, 2022

"Try even harder"

No último livro de Roger Martin, "A New Way to Think", encontrei este trecho na introdução:
"When executives and managers find that a given framework, general practice, theory, or way of thinking—what I will call a “model” for short—doesn’t lead to the desired outcome, they almost automatically assume that the model in question wasn’t applied rigorously enough. The prescription, therefore, is to apply the model again, more vigorously. And when that produces the same unsatisfactory result, the prescription is to try even harder."

sexta-feira, junho 10, 2022

Aspirar por objectivos sem ter coragem para a disciplina que requerem (Parte II)

Parte I.

Há dias foi possível ouvir e ver uma pergunta directa sem paninhos quentes ser feita ao vivo e a cores.

Agora imaginem uma estirpe diferente de jornalismo em Portugal capaz de chegar junto do ministro da Economia, recordar-lhe estas suas palavras:

"António Costa Silva diz que “o primeiro-ministro não dá ponto sem nó”, defende que "é preciso uma rutura" para o país criar riqueza e “deixar de ser um país subsídio-dependente, sempre à espera de fundos europeus". (fonte)

Ou esta outra versão:

 "e sublinhou que os seus pressupostos para subir muito os salários no país passam pela necessidade de “uma rutura”" (fonte)

E perguntar-lhe directamente e sem filtro:

- De que fala quando fala em ruptura? Qual é essa necessidade? Qual é a relação causal que tem em mente? 

Como seria a resposta, directa ou a desviar para canto?

Eu acredito que aquela ruptura de que ele fala é a que associo a deixem as empresas evoluir ou morrer, ponto!!! e que o deixar de ser um país subsídio-dependente resulta da percepção de que a maioria dos subsídios servem para travar essa mudança. Recordar: Apesar das boas intenções.

Por exemplo, acerca do sector têxtil na Alemanha:

"In 1957, about 8.97 percent of all employees in the manufacturing sector of West Germany were employed in the textile and apparel industry. The added value of the textile and apparel industry was 7.32 percent of the manufacturing sector. In 2017, only 0.8 percent of all employees in the manufacturing sector were working in the textile industry, and this branch of industry was generating only 0.38 percent of Germany's GDP."(fonte)

Não há ninguém com acesso ao senhor e coragem para lhe fazer a pergunta?



quinta-feira, junho 09, 2022

"value is maximized at the front lines"

"Understanding competition as something that happens around individual customers at the front line rather than as a war between organizations upends much of what managers assume, consciously or not, about mission, strategy, culture, organization, and decision-making. As I’ll argue in the following pages, leading businesses needs to be seen less as a challenge of managing organizational complexity and more about making sure that value is maximized at the front lines. This calls for an approach that is less inspired by hierarchy and more by respect for the insights of the people in direct contact with customers, structured and motivated not around optimizing the use of their existing resources and capabilities but rather around identifying what’s needed to deliver value right in front of the customer. In this environment, leadership must be focused squarely on figuring out how the organization can mobilize its assets and resources to deliver the biggest bang at the front line.
...
But in business, where competition is between products rather than companies, the line of sight between a CEO’s decisions and whether a customer will buy a product at any given time is much less clear. The individual outcomes of customers’ decisions are far from easy for executives, removed from the front line, to predict and control. This changes the power dynamics inside the corporation—who determines what is and isn’t valuable and how the rest of the organization relates to the businesses directly engaged with the company’s products and services."
Trechos retirados de "A New Way to Think" de Roger Martin.

quarta-feira, junho 08, 2022

Pensamento mágico



Voltamos à campanha do trigo do tempo de Salazar? Que solos e que clima tem Portugal? Então, com o aquecimento global recomendam a aposta em culturas de sequeiro?

Pensamento estratégico requer constância de propósito. Que reflexão estratégica da parte de um agricultor poderia resultar no desafio de produzir cereais? Economicamente não faz qualquer sentido!

Como refere José Martino:
"A estratégia de Portugal tem de passar por promover a exportação das produções hortofrutícolas, produtos de qualidade DOP e IGP; produtos biológicos, vinho, azeite, etc., atividades onde há sustentabilidade, e utilizar a mais valia gerada para fazer face ao incremento do valor do trigo no mercado internacional. Tenho a certeza absoluta que esta é a estratégia que sai mais barata a Portugal e a que defende os superiors interesses dos portugueses."




terça-feira, junho 07, 2022

Proacção versus reacção

"The discussion shifted between difficulties and actions. The three main action ideas were refocus the business on high-value crops, especially orchards, with the option of actually selling the large-farm portion of the business to one of the global majors; refocus research on the detailed chemistry of nutrients, developing the ability to customize liquid fertilizers to each crop, location, season, even time of day; and establish deep co-development relationships with one or two lead customers."

Rumelt em "The Crux - How Leaders Become Strategists" apresenta o exemplo acima como o resultado de uma reflexão estratégica. 

O que me fez sorrir foi o facto do resultado ser muito semelhante, em termos abstractos, ao que muitas vezes me acontece com PMEs. Incapacidade de competir nos negócios de escala e margens pequenas, foco na subida na escala de valor. O único tópico que não me costuma aparecer é aquele: "selling the large-farm portion of the business to one of the global majors", mas só porque a coisa não funciona cá em Portugal. Se funcionasse tornaria muito mais proactivas as mudanças estratégicas. Assim, ocorrem mais como reacção quando se está entre a espada e a parede, motivadas pelo desespero.

segunda-feira, junho 06, 2022

Acerca da importância de escolher os clientes-alvo

Para reflexão:

"We each have a noise in our heads, an agenda, and something urgent that’s grabbing our attention. And so, the amount of interest you receive (or don’t receive) has little to do with how interesting you are and a lot to do with how the people you seek to serve have organized their priorities long before you got there."

Acerca da importância de escolher os clientes-alvo.

Trecho retirado de "Interested vs. Interesting"

domingo, junho 05, 2022

Aspirar por objectivos sem ter coragem para a disciplina que requerem

"Primeiro-ministro quer um aumento de “20% no salário médio do nosso país” nos próximos quatro anos. “Nós temos que ter um acordo de médio prazo, no horizonte desta legislatura, sobre a perspectiva da evolução dos rendimentos.”

O primeiro-ministro apelou este sábado às empresas para que contribuam para um esforço colectivo de aumento dos salários dos portugueses, para que haja “maior justiça” e os salários médios em Portugal possam aumentar 20%.

...

“As empresas têm de compreender que se querem ser competitivas a vender, têm de começar a ser competitivas no momento da contratação, se querem, efectivamente, contratar, fixar e atrair o talento que necessitam para poderem ser empresas que produzem, efectivamente, bens e serviços de maior valor acrescentado”, acrescentou." (fonte)

Um texto que desperta várias linhas de reflexão. Uma delas tem a ver com a linha de Avelino de Jesus a emergir contra os "antiquados" como Teixeira dos Santos. Recordar Mea culpa.

Vamos olhar para o desafio através de uma matriz que relaciona a resposta a duas perguntas:

  • as empresas podem pagar um aumento superior a 20% do salário médio?
  • as empresas querem pagar um aumento superior a 20% do salário médio?
Vamos começar por eliminar as opções 2 e 4. Se as empresas podem, queiram ou não serão levadas a fazê-lo, pelo governo de turno ou pelo contexto. Por exemplo, na capa do jornal i de ontem:

Os ignorantes, como o presidente da república, acham que as empresas não aumentam os salários porque não querem. Os ignorantes acham que as empresas nadam em dinheiro e não querem partilhá-lo:

"Marcelo Rebelo de Sousa diz que os salários têm de acompanhar o crescimento da riqueza do país."

O presidente que achava que as 35 horas semanais na função pública não iam aumentar os custos, acha que o país está a enriquecer... Ricardo Reis tem de aprender economia com ele - A caminho da Sildávia ao vivo e a cores, mais um pacotão.

O que é mais interessante, na minha opinião, são as opções 1 e 3. Se as empresas não podem o que têm de fazer?

Recuemos a Abril de 2013, Cargo cult, e às palavras de Avelino de Jesus:

"«Por cada hora de trabalho só produzimos 17 euros»

Professor do ISEG diz que actual crise está na origem da baixa produtividade dos trabalhadores de Portugal."

As empresas não podem porque têm uma baixa produtividade, porque geram pouca riqueza, porque geram pouco valor acrescentado.

Assim, o que António Costa quer tem consequências que ele não está disposto a defender. Se ele quer atingir o objectivo de aumentar o salário médio em 20% em 4 anos, então tem de concluir que tem de promover a morte das empresas que não podem, para desviar recursos para as empresas que terão de surgir e podem. Recordar que vivemos no país do Chapeleiro Louco e da violação do 1º Princípio de Deming. Não escrevi este título em 2019 porque me apeteceu, "Espero que não vos tremam as pernas quando as empresas começarem a cair como tordos". Mesmo que ele tivesse coragem para o fazer, será que é moralmente correcto este tipo de activismo?

Sim, basta voltar a ler Reinert e a Teoria dos Gansos:

Basta recordar Maliranta e a lição finlandesa ou as palavras de Nassim Taleb:
"Systems don’t learn because people learn individually – that’s the myth of modernity. Systems learn at the collective level by the mechanism of selection: by eliminating those elements that reduce the fitness of the whole, provided these have skin in the game"

isto cheira-me que vai acabar em mais apoios às sonaes deste país.

sábado, junho 04, 2022

Quem é este morcão?

Um desafio para quem está satisfeito com o rumo que as coisas estão a ter no curto-médio prazo?

Supostamente, implementar um sistema de gestão passa por chegar a uma empresa tirar uma série de fotografias sobre como é que a empresa funciona, comparar com os requisitos da norma de referência e colmatar as lacunas.

Assim, arranja-se um consultor, um suposto especialista na norma de referência, e colmatam-se as lacunas.

Desta forma implementamos um sistema que responde aos requisitos da norma de referência, obtemos a certificação, mas não obtemos um verdadeiro sistema de gestão. Recordar Carl Sagan. O vídeo agora está aqui.

Um verdadeiro sistema de gestão é um sistema que estabelece uma orientação estratégica, uma resposta à pergunta: O que devemos fazer? Depois, traduz essa resposta num conjunto de objectivos claros e promove as mudanças necessárias para os conseguir atingir.

É claro que uma empresa quer aumentar as vendas e o lucro, mas isso é uma consequência do que se faz. Querer aumentar as vendas e o lucro nada nos diz sobre o que a empresa deve fazer para o conseguir. Recordar a obliquidade.

Numa empresa formula-se uma política da qualidade e ambiente e um conjunto de objectivos da qualidade e ambiente. Depois, têm de se definir que planos de trabalho devem ser seguidos para cumprir esses objectivos.

Obter a certificação é importante? Claro que sim, senão a empresa estaria a desperdiçar dinheiro, mas certificar a empresa sem ficar com um verdadeiro sistema de gestão é uma oportunidade perdida.

Em que mundo vive a empresa? 

Há dois tipos de pessoas no mundo e à frente das empresas, as que têm o locus de controlo no interior e as que têm o locus de controlo no exterior. As que têm o locus de controlo no exterior acreditam que o poder para mudar a realidade está no exterior. Por isso, estão sempre à espera que o governo, ou a associação X, ou a União Europeia, ou ... faça, dê.

Em conversa numa empresa, ao perceber a incomodidade com os objectivos comerciais, pensei ser um caso clássico de locus de controlo no exterior. No entanto, algum tempo de reflexão sobre o tema pôs-me a pensar que se calhar a falha teria sido minha por não ter sido mais exigente na formulação da política da qualidade e ambiente, supostamente a redacção da orientação estratégica.

Foi registada uma análise do contexto que não sei se circulou o suficiente e se foi objecto de reflexão e discussão interna. Estamos a falar de coisas demasiado importantes e pessoais de uma empresa para que um consultor consciente tenha a veleidade de impor o que quer que seja. Na análise do contexto, que pode estar incompleta, há duas grandes forças:

  • o aumento dos custos - uma espécie de onda longa. Pode agora estar a ter um pico exagerado por causa da guerra, mas é uma tendência de longo prazo que as empresas dos sectores tradicionais não podem ignorar. A evolução demográfica, a pressão da emigração, a pressão dos impostos de um estado gordo e irreformável, a pressão dos salários 
  • uma tendência de reindustrialização da Europa que no curto prazo aumenta a procura pela produção europeia de produtos tradicionais e de mais tudo o resto. Ou seja, no médio prazo os sectores tradicionais terão de competir por trabalhadores com outros sectores com melhores margens. Acredito que no médio prazo acontecerá aos sectores tradicionais em Portugal o mesmo que na Alemanha dos anos 70, só ficarão empresas mais pequenas a trabalhar para nichos de mercado capazes de suportar preços mais elevados. Acredito também que as pequenas séries, a variabilidade de modelos e a rapidez de resposta será cada vez mais importante.

Estas duas forças vão condicionar o futuro do sector da empresa, na minha opinião, mas eu não sou mágico e não conheço o futuro. Se tiverem outras ideias incluam-nas.

Admitindo que estas forças vão realmente condicionar o futuro do sector, o que deve a empresa fazer para continuar a ter futuro nesse futuro exigente?

Só depois de responder a esta pergunta é que faz sentido pensar em objectivos.

Que tipo de empresa, a trabalhar para que tipo de clientes pode fazer sentido para ter futuro no futuro?

Um grande desafio mesmo. Quem tem cabeça para pensar no depois de amanhã, quando hoje e amanhã o sol vai aparecer e o dia vai estar agradável? 

Quem é este morcão para me vir falar de problemas quando tudo corre bem?