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sábado, janeiro 04, 2025

O papel da concorrência imperfeita

Mão amiga mandou-me este artigo, "Top 100 Global Machine Tool Manufacturers: Industry Leaders Ranked".

Um artigo com conteúdo semelhante ao que ao longo dos anos registámos aqui no blogue sobre o que as empresas portuguesas deviam fazer a partir do momento em que Portugal passou a ter o euro como moeda corrente. Só a título de exemplo: Acerca da desvalorização interna.

Num país de moeda forte é impossível competir pelo preço mais baixo, só se pode competir no quadrante da produtividade e competitividade elevada em simultâneo:


Isso implica trabalhar constantemente a inovação e a marca para subir na escala de valor.

Vejamos o que diz o artigo:
"J. Burkart: The strong Swiss franc has been a major challenge for Switzerland's export-oriented industry for many years. After the exchange rate to the euro was relatively stable until the global financial crisis, it has risen sharply in several surges since 2008. While at the end of 2008, one euro still cost 1.50 francs, the corresponding value at the end of October 2024 was 0.95 euros. This corresponds to an average annual appreciation of just under 3 percent. Compared to the US dollar, the average annual appreciation was around 2 percent over the same period. It is a strong testament to the performance that the local industry can hold its own despite this appreciation and very high labor costs.
The strong franc continually forces the Swiss industry to innovate, focus on profitable market segments, and strictly control costs. The currency disadvantage acts like permanent altitude training and ensures good fitness. In contrast, European competitors benefited for many years from a comparatively favorable euro and may therefore be somewhat less prepared for the current crisis."

E ainda:

"Which regions or countries have emerged as particularly strong players in machine tool production in recent years? Where does Switzerland stand?

P. Meier: Measured by the revenue of the Top 100, the Japanese account for slightly more than a third, as they did 20 years ago. The share of European companies has decreased from 41 percent to 37 percent in the same period. The German companies have shrunk from 29 percent to 24 percent. In contrast, Swiss companies have increased their share from 6 percent to 8 percent."

Ou seja abraçar a concorrência imperfeita

BTW, para um país com uma população de cerca de 9 milhões de habitantes conseguir exportar 8% em volume significa que os preços são bem mais altos, não se trata de quantidade.

BTW, recordo Democracias tuteladas (2011) bem em linha com o último texto de Janan Ganesh, "Things have to get worse to get better" no FT do passado dia 2 de Janeiro.

BTW, tudo o que as bofetadas nos impedem de fazer como comunidade - Imigrantes: efeitos positivos e negativos


domingo, junho 16, 2024

Assumir a imperfeição (parte I

Lá em cima no banner deste blogue pode ler-se "Promotor da concorrência imperfeita e dos monopólios informais".

Vamos primeiro à concorrência imperfeita. Ainda esta semana ao preparar um relatório para uma empresa coloquei uma versão deste postal:
Atentemos na pergunta:

- Prefere ser rico e com saúde ou pobre e doentio?

A resposta que qualquer pessoa normal dará será:

- Qual é o assunto? Não há assunto!
Qualquer pessoa normal optará pelo quadrante 2, toda a gente prefere a opção ser rico e ter saúde. Ora, escolhas estratégicas deste tipo estão erradas. Porquê? Porque todos os agentes farão a mesma escolha, não haverá diferenciação e, por isso, teremos uma situação de concorrência perfeita... No final só existirá um agente!

Escolhas estratégicas genuínas são as que se referem aos quadrantes 1 - Ser pobre, mas ter saúde, ou 4- Ser rico, mas ter uma saúde debilitada.

Escolhas estratégicas genuínas têm sempre um ou mais, "mas". Um teste simples consiste em ler uma suposta estratégia e pensar no seu contrário. Se o seu contrário for estúpido ou absurdo, então não estamos perante uma verdadeira estratégia.

Ao fazer escolhas dolorosas, a 1 ou 4, as primeiras empresas ganham uma vantagem competitiva transiente que lhes permite começar a iterar nesse espaço. As mais dinâmicas avançam para escolhas diferenciadoras sucessivas acabando, sempre transitoriamente, com um monopólio informal. São os fornecedores de algo único valorizado por alguns clientes-alvo. Únicos não porque estejam protegidos por governos, mas porque tiveram a coragem de apostar numas coisas em detrimento de outras, assumiram a sua imperfeição.

Continua.

quarta-feira, junho 21, 2023

A importância das "market frictions"



"the presence of firm-level heterogeneity implies the presence of various market frictions, like causal ambiguity and asset specificity/uniqueness.
...

These market frictions interact to create the need for cost minimization, or the opportunity for value creation and value capture.
...

We then apply the market-frictions logic to organizational boundary and economic rents questions to show how joining cost minimization, value creation, and value capture can be achieved through considering various market frictions. More generally, we maintain that it is useful to view market frictions as the fundamental building blocks of strategic management, and the analysis of new combinations of market frictions may provide new strategic insights."

As "market frictions" são o que cria as imperfeições de mercado, são o que gera a concorrência imperfeita. Sem imperfeições de mercado não há criação e captura de valor, só há lucros raquíticos e empobrecimento. Faz-me tanta impressão que estas coisas não sejam evidentes para a academia.

domingo, junho 19, 2022

Subir preços

"Why Companies Raise Their Prices: Because They Can"

"In 2021, US companies logged their most profitable year since the 1950s, as many took advantage of economies of scale and other more efficient production processes. Yet, firms increasingly held on to the savings they gained from these reduced costs, rather than passing them on to customers in the form of lower prices.
...
markups—the difference between prices charged at checkout and the marginal costs incurred by a company in order to make a product—climbed about 25 percent between 2006 and 2019
...
The researchers came to a startling conclusion: Consumers were 30 percent less price sensitive—meaning less likely to abandon favorite brands and seek cheaper equivalent products—in 2019 than they were in 2006.
...
Meanwhile, company costs have declined over time as firms have squeezed more productivity out of increasingly efficient operations. Since 2006, marginal costs have dropped by 2.1 percent annually on average, the authors estimate. In the latter part of the study period, from 2017 to 2019, firm costs were about 25 percentage points lower versus 2006.

Rising markups come from either price increases or marginal cost reductions."


"In all, we examined 846 large publicly traded corporations last year through the lens of 34 separate indicators in five categories: customer satisfaction, employee engagement and development, innovation, social responsibility and financial strength.
...
To build our ranking, companies are compared in each of the five areas, as well as their overall effectiveness, through standardized scores with a typical range of 0 to 100 and a mean of 50.
...
In our latest research, prompted by concerns over inflation, we explored the correlation between net profit margin-the percentage of profit a company produces from its total revenue-and customer satisfaction for 2021.
Of the 24 industries we looked at, 11 showed no meaningful statistical relationship between the two. Others, however, stood out. In six industries-household and personal products, autos, telecommunications, consumer services, banks and pharmaceuticals-there was a significant positive correlation between profit margin and customer satisfaction.
This means the two variables move in the same direction.
When one goes up, the other goes up; when one goes down, the other goes down. And it implies that, in general, firms in these industries have a fair bit of leeway to raise prices without making their customers disgruntled.
"We call this pricing power,'
...
At the other end of the spectrum are companies in industries with a negative correlation between profit margin and customer satisfaction. Across these sectors, when net profit margin goes up, customer satisfaction goes down-and vice versa.
...
What's more, any company with low customer satisfaction may well have trouble raising prices-regardless of the industry it's in. "It's a delicate calibration,""


quarta-feira, junho 01, 2022

"we look for an important asymmetry"

"In business competition, one cannot expect to make a profit without some source of advantage. We look for advantage in four basic places: in information, knowing something that others do not; in know-how, having a skill, or patent, that others do not have; in position, having a reputation, brand, or existing market system (for example, distribution, supply chains) that others cannot readily imitate or push aside; in efficiency, whether based on scale, technology, experience, or other factor that others cannot easily attain; and in the management of systems, whether bridging complexity or moving with speed and precision, that others do not have. In each case, we look for an important asymmetry, one that can be turned to advantage, between you and competitors"

Em busca de uma oportunidade para criar concorrência imperfeita.

Trecho retirado de "The Crux - How Leaders Become Strategists" de Richard P. Rumelt. 

sábado, dezembro 05, 2020

Value from imperfection - Decommoditize

Há tempos criei um site para começar a alimentar o que dentro de anos poderá ser um mercado mais relevante para a minha actividade profissional. Chamei a esse site "Value From Imperfection".

Muitos perguntam-me o porquê deste nome.

Há minutos encontrei no Twitter uma boa introdução à explicação do nome:

Reparem naquele "Commoditise is the shift from imperfect to perfect competition".

Quem são os meus clientes-alvo? PMEs industriais que procuram servir clientes com bens e serviços transaccionáveis. Estamos a falar de empresas que não podem competir pelo preço mais baixo, empresas que têm de arranjar outra vantagem competitiva que não o preço. Empresas que têm de subir na escala de valor, empresas que têm de fugir da comoditização: um mercado comoditizado é um mercado em que o que conta é o preço mais baixo. 

O que aprendi há anos e está ali ao lado na coluna das citações é: 

"When something is commoditized, an adjacent market becomes valuable"

Quando um mercado fica comoditizado entra a competência perfeita, reina a eficiência pura e dura, o sucesso é para quem é maior e consegue economias de escala. Recordo o maluco académico americano que até queria acabar com as marcas para promover a concorrência perfeita. Segundo ele, Camberlin, o valor de marcas como a Apple acontece por causa de ""ignorance" or the "imperfect knowledge" that results from "the reprehensible creation by businessmen of purely fictitious differences between products which are by nature fundamentally uniform"." 

Qualquer PME deve fugir da concorrência perfeita como o diabo da Cruz, daí a minha assinatura de anos: promotor da concorrência imperfeita e dos monopólios informais.

As PMEs devem estar sempre à procura das imperfeições no mercado, é delas que se pode retirar mais valor. Até porque é inevitável. A imperfeição de hoje mais tarde ou mais cedo deixa de ser mistério e transforma-se em algoritmo e reina a comoditização: