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segunda-feira, agosto 30, 2021

Qual o impacte disto?

Há dias citei:

"the word ‘strategy’ derives from the Ancient Greek position of ‘strategos’. The image that the Greeks liked to use to convey the skill of a great strategos was that of the kubernetes – the helmsperson on an inshore fighting ship. The kubernetes’ skill lay in his recognizing that because he could not make waves he had to passively accept the currents, but at the same time he was active working the rudders so as to change direction within the parameters of what was possible."

Ontem publiquei um relato sobre a disrupção nas cadeias de fornecimento.

Hoje, durante a caminhada matinal, li "Shipping chaos gives top importers ‘massive competitive edge’":

"The largest importers are paying far lower freight rates than smaller importers, the playing field is becoming increasingly uneven, and foreign ocean carriers are in position to pick the American import sector’s winners and losers.

“We’re seeing a price differential of $15,000 [per forty-foot equivalent unit or FEU] between the lowest short-term price in the [trans-Pacific] market and the top price,”

...

“That implies a huge competitive advantage for established players, which has consequences across the economy and for everyday life, and also, from a point of view of lowering competition and increasing barriers to entry for future competitors.”

Patrik Berglund, CEO of Xeneta, added, “Everybody’s seeing price increases but … being really big is really a massive competitive edge in this market.”

...

“To put this price differential of $15,000 into context, last year, it was $500.”"

Qual o impacte disto no próximo Natal? 

Qual o impacte disto nos preços para os consumidores? 

Qual o impacte disto no campo de possibilidades para os produtores na proximidade dos centros de consumo?

Como minimizar, ou como aproveitar o dominó de situações gerado por este evento? 

Que realidades podem ser criadas?

domingo, agosto 29, 2021

"ou passará a ser uma doce recordação de um passado que não volta?"

"The vision for the future of organization studies created for me by La Condition PoMo is contained in the aphorism that 'it is our business not to supply reality but to invent allusions to the conceivable'. [Moi ici: Interessante frase... nestes tempos em que dizemos que as empresas não fornecem nem produtos nem serviços, mas recursos que as as pessoas empregam para atingir um resultado nas suas vidas] To date, our field has largely assumed itself to be a supplier of reality. This has produced twin problems. First, the bloody stuff was devilishly difficult to obtain; we have far less inventory than the optimistic prediction of theorists up to about 1970 would have led us to expect. Second, it appears that reality is a highly perishable commodity, at least when the reality pertains to the constructed web of interpersonal, institutional and discursive threads with which organizing is accomplished. In a rapidly changing world, what little reality we have stockpiled will do more good if we are asked to consult to Cadbury's or Ford in 1930 than if we are asked to 'predict and control' the interactions of a Japanese firm engaged in a virtual relationship with Indonesian manufacturers using smart technologies to produce intangible goods for African-Americans living in Montreal in the year 2000."

BTW, o WSJ de sexta-feira passada trazia um artigo, "Your Hot Tub and the Snarled Supply Chain", sobre uma empresa que fabrica banheiras de hidromassagens:

"The global supply chain is an intricate ballet of container ships, airplanes, trucks and trains. The coronavirus pandemic threw it out of whack. This is why you often can’t buy the goods you want.

Hot-tub maker Bullfrog Spas saw demand soar as homebound consumers upgraded their backyards. Yet its supply chain spans thousands of miles across continents and oceans. On a typical day, its Herriman, Utah, factory takes delivery of 40,000 gallons of chemicals, 400 sheets of plastic and up to 60,000 additional components."

 É impressionante, o artigo descreve ao pormenor a origem de toda uma série de componentes e subpartes do todo. É mesmo um bailado a convidar uma catadupa de riscos para também participarem. Por exemplo:

"WATER PUMP - Electric motors from China are assembled into water pumps in Tijuana, Mexico, and trucked to Utah. The pandemic has snarled both container shipping and trucking. Bullfrog and its suppliers now have meetings as much as daily, instead of monthly, to figure out solutions."

Ao fim dos primeiros parágrafos o que me veio à cabeça foi a primeira descrição que recordo, talvez de Peter Drucker, sobre o que era a NASA nos gloriosos anos 60, uma organização de reuniões, aqui sem conotação negativa, para alinhar milhares de fornecedores e subcontratados, a NASA se bem me lembro não construia os foguetões, subcontratava a sua construção.

Há cerca de um mês um empresário de calçado contou-me que um cliente na África do Sul optou por transportar a nova colecção de avião e não arriscar com os habituais contentores marítimos.

"CABINET - Material for the exterior cabinets is made near Shanghai, China, moved on container ships to the ports of Long Beach or Oakland in California, and then trucked to Utah.

Port slowdowns in China have stalled the exit of goods, and in California, shortages of staff and equipment have held up unloading. More recently, the crush of catch-up and pre-holiday orders has overwhelmed shippers.

Early this year, a ship carrying the cabinet pieces was held up off the West Coast waiting to unload-often dozens of ships at a time had to wait for port space. Bullfrog paid to transport cabinet materials from China by plane to Utah."

O que é a realidade, o que é concebível? Em que condições o inconcebível se torna realidade? Que implicações terão a vivência destas experiências? Voltaremos a um estado de "aparente equilibrio" ou passará a ser uma doce recordação de um passado que não volta. [Não tem nada a ver com o que escrevi neste postal, mas fica o registo, a propósito de recordações. Na primeira auditoria que fiz a uma empresa de calçado, durante a auditoria à gestão de topo, dou com um dos sócios a contar-me como era bela a vida para eles no tempo do escudo e da desvalorização programada, ("crawling peg" se bem me lembro), a certa altura o sócio ficou com os olhos humedecidos] 

Trecho retirado de "Classic Review The Empire Strikes Out: Lyotard's Postmodern Condition and the Need for a Necrology of Knowledge'" de Roy Jacques.

sábado, junho 26, 2021

"basta-me correr mais rápido do que tu"

Recuo a 2006.

Em África, todas as manhãs, uma gazela acorda. Sabe que tem de correr mais depressa que o leão, ser mais veloz ou será morta.Todas as manhãs, um leão acorda. Sabe que tem de correr mais depressa que a gazela mais lenta, ou morrerá de fome. Não interessa se és um leão ou uma gazela. Quando o sol se levantar será bom que corras.

Isto a propósito deste texto "James Galbraith: China and Supply Chains – The White House Review’s Focus on US Dependence" que recomendo vivamente. 

Um bom texto cheio de informação útil.

No final pensei ... para um governo, mesmo o americano, não é fácil responder a estes dilemas. No entanto, para um empresário a situação é outra:

Um urso corre atrás de dois campistas. Um deles grita que não têm hipóteses, o urso corre mais do que eles. O outro responde: Não preciso de correr mais depressa do que o urso, basta-me correr mais rápido do que tu.

Um empresário não tem de salvar o mundo, tem de "salvar" a sua empresa. Voltamos ao concreto em detrimento do abstracto.



segunda-feira, fevereiro 10, 2020

Que rearranjos vão emergir? (parte III)

Parte I e parte II.

A revista The Economist de 8 de Fevereiro último, no artigo "A long game" publicou o seguinte gráfico:

Uma evolução interessante, quer para os EUA, quer para a China.

Que impacte terá este choque do coronavírus nestas cadeias de fornecimento?

Duas notas:





quinta-feira, fevereiro 06, 2020

Que rearranjos vão emergir? (parte II)

Parte I.
"Hyundai said it had to shut down all its car factories in South Korea after running out of components from China as disruptions caused by the coronavirus outbreak rippled through the global manufacturing supplychains.
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The world’s fifth-biggest carmaker by sales said it was searching for new sources of engine wire-harness after problems in the supplies of the core electric componentry from China, as executives at several carmakers and auto suppliers warned plants in Europe and the US are only weeks away from being forced to close.
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Pressure is building on supply companies to maintain output and protect staff, with parts makers Continental and Thyssenkrupp both holding crisis meetings earlier this week.
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“We are working closely with our suppliers and customers to minimise any disruptions,” said Continental, which runs 50 sites in China, and makes parts for most main European carmakers."
Entretanto, em linha com o que me contaram ontem ao almoço - "Coronavirus disrupts display panel production in China, spurring supply shortfalls and rising prices"

A pergunta mantem-se no ar. Que rearranjos irão emergir como consequência do crescente proteccionismo, aumento de salários na Ásia, exigências de Mongo e da rapidez/flexibilidade, e desta crise?

Trechos retirados de "Carmakers struggle with supply chain disruption" publicado no FT de ontem.

domingo, fevereiro 02, 2020

Que rearranjos vão emergir?

A economia actual é isto:
Um mecânico italiano que esteve há dias na China a reparar máquinas e agora estava a reparar máquinas em várias empresas de Felgueiras.

Há dias no Twitter ironizei:


Agora em "When China Coughs, Supply Chains Fall Ill" publicado no Wall Street Journal de ontem:
"As the spread of the new coronavirus in China causes more factory shutdowns, the effect on global industrial supply chains could linger for years. China now makes up more than twice the share of global merchandise exports it did in 2003, when the SARS virus hit. Guangdong province alone exported more in 2018 than China did as a whole 17 years ago.
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Manufacturers already gripe about the effect of the Lunar New Year holiday, which falls in January or February, on their business as Chinese factories shutter. But the public-health response to the virus this year effectively means extending the holiday. China’s industrial output could be running at a similarly low level for a much longer period.
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Global supply chains are considerably more complex than they were in 2003, shortly after China’s accession to the World Trade Organization. Even items with a marginal quantity of Chinese content will be affected as production is halted.
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The current lockdown is of a scale beyond either SARS, floods in Thailand or the earthquakes in Japan. China’s industrial heft leaves global manufacturers in a quandary with no obvious parallel, even with shutdowns only just beginning. The impact may be felt for years to come."
Já no NYT li "Coronavirus Outbreak Tests World’s Dependence on China":
"Apple is rerouting supply chains. Ikea is closing its stores and paying staff members to stay home. Starbucks is warning of a financial blow. Ford and Toyota will idle some of their vast Chinese assembly plants for an extra week.
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The mysterious coronavirus that has killed more than a hundred people and sickened thousands has virtually shut down one of the world’s most important growth engines. Desperate to slow the fast-moving virus, the Chinese authorities have extended the country’s national holiday to Feb. 3, and crippled land, rail and air transport. Entire cities have shut down.
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Automakers like General Motors and Nissan plan to close their factories until the week of Feb. 3 to comply with the longer mandated holiday, while Toyota and Ford said this week that they would close some of their factories a week longer than that because of virus-related disruptions. Companies like G.M., Honeywell, Facebook and Bloomberg restricted travel for employees in China and established their own self-quarantine measures.
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Wuhan in particular appeals to major companies because it is a major national transport hub. The auto industry, including General Motors, Honda, Nissan and many others, have set up shop there, and many of their suppliers have followed. It is the home to more than one third of all French investment in China.
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In Thailand, Chinese sightseers spend nearly $18 billion annually, totaling about a quarter of tourist spending.
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“Chinese tourists are the No. 1 tourists to Thailand,” said Yuthasak Supasorn, the governor of the Tourism Authority of Thailand."
Que impacte é que isto pode ter nas cadeias de fornecimento mundiais? Que rearranjos vão emergir?

quarta-feira, novembro 16, 2016

Um exemplo, tantas oportunidades

Um exemplo no artigo "He Went To The Desert With $3 Million In Cash—And Left With 150 Tons Of Cashmere".
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Quantas oportunidades deste tipo, eliminação do intermediário que deixou de trazer valor à cadeia, existem por aproveitar, agora que o mundo é bem mais pequeno?
"They went to Mongolia and paid $31 for a kilo of cashmere, which is more than 50% more than other brokers, but they never resell the raw material. Instead, they bring it to factories in Italy, China, and even Mongolia to be milled and then turned into sweaters, hats, and gloves. They charge between $99 and $200 for 100% cashmere sweaters that are milled in Italy, which is significantly less expensive than garments of comparable quality from brands like Loro Piana, Brunello Cucinelli, or Portolano.
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Over the last two and a half years, Scanlan and Rijsemus built a booming e-commerce business, but they discovered that there was also a demand for a wholesale business, where they could create and sell cashmere collections to retailers, sometimes under private labels. "We can get very good prices because we own the raw material and we can negotiate discounts at manufacturers by leveraging the cost of those law materials," Scanlan explains.
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By cutting out the middlemen margins, they are able to make 79% profits on e-commerce, 60% on wholesale, and 40% on private label, which is significantly higher than industry standards. And this year, they will make about $6 million in top-line revenue."

domingo, maio 31, 2015

A lição dos nabateus e a crença nos números

Sorri ao ler "Hidden Suppliers Can Make or Break Your Operations" e interroguei-me sobre se serei eu que estou errado:
"With the size and complexity of supply chains soaring, a daunting challenge is confronting companies: identifying the critical nodes hidden within the vast expanse of their supply networks. These are suppliers, or supplier sites, that might be in the second-tier or lower, which means the big buying companies would ordinarily have no contact and might not even know exist.
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If companies could get their hands on such data for all the members of their supply networks, they could compute centrality measures for all of their suppliers and identify the most critical ones based their scores. Yes, there could be thousands of these nexus suppliers, but we now have the computing power to identify how critical each is.
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Once a buying firm has identified and scored the nodes in its supply chain, it can group its nexus suppliers into different categories according to their distinct network positions and develop and implement suitable strategies to manage each type in order to achieve such objectives as minimizing costs, mitigating risks, increasing responsiveness, and discovering and accelerating the development of potential innovations. Then it can start monitoring its nexus suppliers and make use of the knowledge they can provide.
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In an era when extended, complex supply chains pose unprecedented risks and opportunities, big buying companies cannot afford to be in the dark about suppliers far down their supply chains. Thanks to advances in knowledge about network modelling, databases, and analytics, they don’t have to be."
Comecei por recordar:

Como se mais computação, como se mais estatísticas reduzam a incerteza...
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Como se em Mongo as cadeias de fornecimento não terão tendência a serem mais pequenas, mais ágeis, mais flexíveis, mais pessoais...
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Este tipo podia não ganhar muito, comparado com quem actualmente está na sua posição, mas nunca daria os estouros que actualmente se podem dar:

Convém recordar "A lição dos nabateus". O modelo do século XX conjugado com o poder da computação dá uma combinação ilusória que não resulta face a humanos irracionais nas suas escolhas e preferências... e ainda bem.


quarta-feira, janeiro 01, 2014

E mais um exemplo dos riscos da concentração...

Um exemplo "Lições sobre a concentração fabril e sobre as cadeias de abastecimento demasiado longas", e uma chamada de atenção "E os "cisnes negros"?"
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A ISO 22301...
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E mais um exemplo dos riscos da concentração "Swatch desestabiliza la producción de relojería suiza tras el incendio en su fábrica":
"El espacio de fabricación, ahora destruido, era el que se dedicaba a producir los movimientos utilizados en la mayoría de relojes hechos en Suiza y que Swatch no sólo utilizaba para fabricar sus piezas sino también para producir para terceros."
Recordar esta disputa "Swatch court decision looms over watch industry" ... quantos dos que há 2 anos protestaram contra a decisão judicial, estarão, agora, agradecidos?

domingo, abril 14, 2013

Alinhamento na cadeia de fornecimento

Este foi um dos temas com que terminei o último módulo de uma acção de formação que estou a dar sobre a construção de um balanced scorecard: a coerência das cadeias de valor, a coerência das cadeias de fornecimento.
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Um tema que comecei por tratar aqui por causa dos trabalhos de Veronica Martinez.
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Em "Designing The Right Supply Chain" vejo o tema abordado novamente:
"when a company is strategically coherent, its supply chain can be a linchpin of superior performance.
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Every successful company should have an operational design and management style tailored to its own purpose and strategy.
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For each of the puretone archetypes, a different mix of supply chain characteristics is required. Thus, in designing your supply chain, it’s helpful to know which puretones represent significant elements of your company’s way to play.
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Companies don’t have to excel at everything; they can determine the kind of organization they want to be and then develop a supply chain agenda that matches this aspiration.
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Alignment between your strategy and your supply chain has one final benefit. Because each form of leverage is associated with different metrics, it gives you an effective way to measure the ongoing health of your supply chain. Keeping track of the right metrics is crucial, helping to differentiate you from competitors on a daily basis. As an enterprise with an eye on its value proposition, you can reap substantial rewards from having this sort of very capable supply chain."
E a sua cadeia de valor, está alinhada com a sua proposta de valor?
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E a sua cadeia de valor, está desenhada para suportar a sua empresa a distinguir-se?

sexta-feira, fevereiro 10, 2012

Lições sobre a concentração fabril e sobre as cadeias de abastecimento demasiado longas

Neste postal "A re-industrialização do Ocidente" escrevi:
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"Ainda na semana passada me contaram a história de uma multinacional que teve fábricas em Portugal e que concentrou toda a sua produção mundial numa fábrica na Tailândia. Com as cheias, parece que perderam grande parte das máquinas e estão, a trabalhar novamente em Portugal com trabalhadores que tinham despedido e indemnizado"
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Cá está a confirmação:
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"A Ecco, a multinacional dinamarquesa que chegou a ser a maior produtora de calçado em Portugal, está de volta e a contratar trabalhadores "em grande escala".
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A empresa, que deslocalizou a sua produção para a Ásia em 2009 e deixou aqui apenas o centro de investigação e desenvolvimento, está novamente a produzir calçado na fábrica de Santa Maria da Feira. O objectivo é chegar, rapidamente, aos 450 funcionários.
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Segundo o JN/Dinheiro Vivo apurou, só na última semana terão sido admitidos cerca de 150 trabalhadores e outros tantos estarão para ser contratados. A fábrica estará já com 300 funcionários, número que não conseguimos confirmar com exatidão, já que a Ecco não se mostrou disponível para comentar o reforço de posição em Portugal, e o sindicato desconhece o número atual. Mas sabe que “todas as semanas entra pessoal”, como confirmou a líder do Sindicato dos Operários da Indústria do Calçado. Fernanda Moreira afirma que é com “grande satisfação” que vê, na actual conjuntura de aumento generalizado do desemprego, uma empresa a “recrutar em grande escala”. “O que mais esperamos é que a decisão seja a de manter aqui a produção”, sublinha.
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Já o delegado sindical da empresa, Fernando Linhas, explica que este reforço – em 2009, para o desenvolvimento das amostras ficaram, apenas, 120 trabalhadores – visa colmatar a falta da fábrica na Tailândia, “completamente destruída” nas graves inundações que devastaram o país por mais de três meses e provocaram largas centenas de mortos."
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Interessante a pressão que tal vai impor sobre os salários dos operários na região. 
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Lições sobre a concentração fabril e sobre as cadeias de abastecimento demasiado longas?

terça-feira, fevereiro 07, 2012

A re-industrialização do Ocidente

Tenho idade suficiente para me lembrar da hemorragia no final da década de 90 do século passado... Seagate, Texas Instruments, foram nomes, dois entre muitos, que abandonaram Portugal e foram para a Ásia.
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Depois, já na primeira década do século XXI a hemorragia continuou, com a saída de inúmeras empresas, por causa do encarecimento da mão-de-obra portuguesa e a descoberta do modelo "China como fábrica do mundo".
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Qual é a melhor receita para acabar com os preços altos do petróleo? São os preços altos do petróleo!
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Qual é o maior perigo para o sucesso do modelo "China como fábrica do mundo"? O seu próprio sucesso, com as consequentes reacções em cadeia que gera. É tudo um jogo de vasos comunicantes e de carambolas de bilhar.
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Por outro lado, a adopção de modelos de negócio que exigem cadeias de abastecimento mais curtas, mais rápidas, mais flexíveis, menos exigentes em termos de capital empatado foram um sinal que comecei a detectar em 2006 (aqui e aqui) e que se tem acelerado desde então "Mantenham as vossas fábricas".
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Para a semana, Medina Carreira na TVI24 vai falar sobre a desindustrialização da Ocidente, ele que só conhece a concorrência perfeita, a que assenta no preço, aposto que vai passar ao lado deste tipo de sintomas:
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"China's Export Pain May Be Mexico's Gain"
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"Buying stuff from China isn't such a bargain anymore. One consequence of that: Companies that move freight from Mexico are getting busier.
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China has long been the destination for companies looking to cut costs. A huge population of untapped workers, along with a leadership keen to build out the country's manufacturing infrastructure, made it the world's best place to make things cheaply. But nothing lasts forever.
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The pool of Chinese workers is getting shallower. China's one-child policy and cultural preference for boys have led to a shrinking population of young people, particularly the women who work the floors of the apparel and electronics firms. The United Nations projects the number of women aged 15 to 24 in China will fall from 106 million in 2010 to 92 million in 2015. Add rising affluence, and labor costs are going up faster than productivity increases at Chinese firms can offset them.
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Moreover, commercial land prices have shot up, while government-controlled prices for energy are moving closer to market rates. The yuan has risen 30% in trade-weighted terms over the past five years and will continue to creep up. It is no wonder that the price of imports from China, flat for many years, has been rising since late 2010.
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Supply-chain problems have also led companies to rethink outsourcing. When demand fell sharply following the 2008 financial crisis, many were stuck with inventory on slow boats from China. Volatile energy prices have made transportation costs (Moi ici: A vantagem da proximidade, mais importante que a flexibilidade laboral) more uncertain. Last year's tsunami in Japan and Thai floods (Moi ici: Ainda na semana passada me contaram a história de uma multinacional que teve fábricas em Portugal e que concentrou toda a sua produção mundial numa fábrica na Tailândia. Com as cheias, parece que perderam grande parte das máquinas e estão, a trabalhar novamente em Portugal com trabalhadores que tinham despedido e indemnizado) underscored the fragility of long supply chains (Moi ici: Este fim-de-semana, num centro comercial, vi na montra que a Sacoor estava a praticar saldos de 60% e a Sisley de 70%... será que continua a fazer sentido este modelo de negócio assente em contentores cheios, fabricados no outro lado do mundo seis a nove meses antes de serem expostos nas prateleiras?)
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The biggest beneficiary is Mexico. The country and its companies were hurt badly over the past decade by a loss of exports to China. The trade shift could be a salve to the economic and social woes that have made some investors skittish of putting money there." (Moi ici: Isto no caso do fornecimento do mercado americano, e no caso da Europa? BTW, na Europa há uma vantagem para os países periféricos, os consumidores são mais exigentes e requintados que os norte-americanos)
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De outra fonte:
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"it seems more and more evident that the balance of growth is shifting. We don’t have any details yet, but given that the trade surplus ended 2011 at only just over 2 pct of GDP, it seems clear that net trade negatively contributed more and more as the year progresses. Consumption, therefore, must have started to rise as a share of GDP."
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Basta recordar o que se passa com o vinho e como os portugueses estão a aproveitar.  

sexta-feira, janeiro 27, 2012

Pensamento contrário

Ao longo dos anos temos aqui escrito sobre o fim da média:

Sobre o triunfo da cauda longa sobre a distribuição de Gauss. 
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Porque acabou a média, porque acabou o mercado do meio termo, porque existirão cada vez mais nichos povoados por tribos, acabou a Terra plana e homogénea.
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Por isso, é interessante que o autor de "O mundo é plano" escreva "Average Is Over".
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Contudo, continua a prolongar as projecções do passado para descrever o futuro. 
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Às segundas, terças e quartas, mundo e meio escreve sobre como o modelo de negócio da Apple é superior e diferente do dos outros. às quintas, sextas e sábados, o mesmo meio mundo, usa o exemplo das operações, da cadeia de fornecimento da Apple para concluir que a produção no Ocidente não tem futuro.
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Quantas empresas precisam de produzir ao ritmo e no volume que a Apple vende? Quantas empresas podem competir em diferentes mercados e apresentar as mesmas necessidades de cadeias de fornecimento em capacidade instalada?
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Parece que as pessoas lêem, estudam, decoram umas palavras-chave mas não reflectem. Tomemos o canvas de Osterwalder como ferramenta para ilustrar um modelo de negócio:

Os parceiros, as operações e os recursos não são independentes dos clientes que decidimos servir e da proposta de valor que resolvemos oferecer. 
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Assisto a jogos de andebol de escalões juvenis que muitas vezes me fazem recordar o mundo dos negócios. As equipas são muito heterogéneas, por isso, quando uma equipa mais fraca defronta uma rival mais poderosa e joga acelerando o jogo... dá os trunfos à outra equipa.
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Nos negócios é a mesma coisa, a Apple montou um modelo de negócio bem sucedido. Bom para ela! Faz sentido replicar o seu modelo de negócio? Faz sentido replicar a sua cadeia de fornecimento?
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Admiro os feitos da Apple mas não me passa pela cabeça que uma empresa tenha de os copiar. E, como trabalho com PMEs, o meu pensamento de contrário começa logo a funcionar, que modelos de negócio alternativos podem ser criados para que PMEs possam prosperar sem serem esmagadas pelo poder de empresas grandes? É a lição de Gause e das suas paramécias.
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E, ao contrário dos jogos de andebol, o caminho que recomendo quase sempre é o subversivo, como podemos dinamitar este jogo e as suas regras e, criar um outro com regras feitas à nossa medida? Uma PME não pode deslocalizar-se integralmente, tem um passado, tem uma história que a tolhe e que a potencia. 
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OK! Que clientes-alvo podemos servir, oferecendo que proposta de valor, assente naquilo que a nossa história potencia?




BTW, basta recordar o que se escreve sobre a necessidade imperiosa das empresas investirem nas redes sociais... conhecem o FB da Apple? E o twitter?

sexta-feira, outubro 07, 2011

Avaliar a suficiência, alinhamento e coerência entre objectivos estratégicos e actividades críticas

Dois artigos interessantes que podem ajudar quem tem de traduzir os desafios de uma estratégia num conjunto de actividades alinhadas com a sua execução prática.
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Os autores abordam o caso prático da "firm's supply chain strategy", no entanto, acho que é aplicável à operacionalização da estratégia para uma unidade de negócio.
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O primeiro artigo é sobre como criar aquilo a que os autores chamam "functional strategy map":
Prefiro a minha abordagem a partir da identificação dos clientes-alvo e da proposta de valor a oferecer. Contudo, há que chamar a atenção para o facto dos autores não pretenderem criar uma estratégia mas o de retratarem a estratégia real que emerge das actividades da empresa.
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O segundo artigo é sobre a avaliação da qualidade de uma estratégia emergente. Até que ponto é aquilo que se faz é consistente, é coerente, é sinérgico, é suficiente...
Tenho em mãos um projecto com um cliente em que a proposta de valor é "o preço mais-baixo" e vou experimentar usar esta abordagem para avaliar a ligação entre os objectivos estratégicos do mapa da estratégia com as actividades críticas a desenvolver no dia-a-dia no âmbito dos processos.