terça-feira, fevereiro 07, 2012

A re-industrialização do Ocidente

Tenho idade suficiente para me lembrar da hemorragia no final da década de 90 do século passado... Seagate, Texas Instruments, foram nomes, dois entre muitos, que abandonaram Portugal e foram para a Ásia.
.
Depois, já na primeira década do século XXI a hemorragia continuou, com a saída de inúmeras empresas, por causa do encarecimento da mão-de-obra portuguesa e a descoberta do modelo "China como fábrica do mundo".
.
Qual é a melhor receita para acabar com os preços altos do petróleo? São os preços altos do petróleo!
.
Qual é o maior perigo para o sucesso do modelo "China como fábrica do mundo"? O seu próprio sucesso, com as consequentes reacções em cadeia que gera. É tudo um jogo de vasos comunicantes e de carambolas de bilhar.
.
Por outro lado, a adopção de modelos de negócio que exigem cadeias de abastecimento mais curtas, mais rápidas, mais flexíveis, menos exigentes em termos de capital empatado foram um sinal que comecei a detectar em 2006 (aqui e aqui) e que se tem acelerado desde então "Mantenham as vossas fábricas".
.
Para a semana, Medina Carreira na TVI24 vai falar sobre a desindustrialização da Ocidente, ele que só conhece a concorrência perfeita, a que assenta no preço, aposto que vai passar ao lado deste tipo de sintomas:
.
"China's Export Pain May Be Mexico's Gain"
...
"Buying stuff from China isn't such a bargain anymore. One consequence of that: Companies that move freight from Mexico are getting busier.
.
China has long been the destination for companies looking to cut costs. A huge population of untapped workers, along with a leadership keen to build out the country's manufacturing infrastructure, made it the world's best place to make things cheaply. But nothing lasts forever.
.
The pool of Chinese workers is getting shallower. China's one-child policy and cultural preference for boys have led to a shrinking population of young people, particularly the women who work the floors of the apparel and electronics firms. The United Nations projects the number of women aged 15 to 24 in China will fall from 106 million in 2010 to 92 million in 2015. Add rising affluence, and labor costs are going up faster than productivity increases at Chinese firms can offset them.
.
Moreover, commercial land prices have shot up, while government-controlled prices for energy are moving closer to market rates. The yuan has risen 30% in trade-weighted terms over the past five years and will continue to creep up. It is no wonder that the price of imports from China, flat for many years, has been rising since late 2010.
.
Supply-chain problems have also led companies to rethink outsourcing. When demand fell sharply following the 2008 financial crisis, many were stuck with inventory on slow boats from China. Volatile energy prices have made transportation costs (Moi ici: A vantagem da proximidade, mais importante que a flexibilidade laboral) more uncertain. Last year's tsunami in Japan and Thai floods (Moi ici: Ainda na semana passada me contaram a história de uma multinacional que teve fábricas em Portugal e que concentrou toda a sua produção mundial numa fábrica na Tailândia. Com as cheias, parece que perderam grande parte das máquinas e estão, a trabalhar novamente em Portugal com trabalhadores que tinham despedido e indemnizado) underscored the fragility of long supply chains (Moi ici: Este fim-de-semana, num centro comercial, vi na montra que a Sacoor estava a praticar saldos de 60% e a Sisley de 70%... será que continua a fazer sentido este modelo de negócio assente em contentores cheios, fabricados no outro lado do mundo seis a nove meses antes de serem expostos nas prateleiras?)
...
The biggest beneficiary is Mexico. The country and its companies were hurt badly over the past decade by a loss of exports to China. The trade shift could be a salve to the economic and social woes that have made some investors skittish of putting money there." (Moi ici: Isto no caso do fornecimento do mercado americano, e no caso da Europa? BTW, na Europa há uma vantagem para os países periféricos, os consumidores são mais exigentes e requintados que os norte-americanos)
.
De outra fonte:
.
"it seems more and more evident that the balance of growth is shifting. We don’t have any details yet, but given that the trade surplus ended 2011 at only just over 2 pct of GDP, it seems clear that net trade negatively contributed more and more as the year progresses. Consumption, therefore, must have started to rise as a share of GDP."
.
Basta recordar o que se passa com o vinho e como os portugueses estão a aproveitar.  

1 comentário:

CCz disse...

http://ht.ly/8TEBf