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sexta-feira, agosto 19, 2016

Deformação profissional

Vi este documentário DOP Sal | 10 Jun, 2015 | Episódio 2 na última terça-feira à noite na RTP3.
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Gerou-me algum sentimento de tristeza...
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Primeiro, fez-me lembrar Schumpeter (trecho que começa aos 10 minutos)
  • o antigo emigrante que comprou antigas marinhas e que há 15 anos se dedica à aquacultura criando robalos e douradas. A certa altura começa a queixar-se: antigamente vendia até 7 toneladas de peixe por semana. Agora, por causa dos concorrentes gregos, vende 300 a 500 kg por semana no Verão e cerca de 100 kg no Inverno
Ao ouvir a referência aos gregos, automaticamente a minha mente confidenciou-me: muda de espécies, diferencia-te.
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Depois, olhei para aquele empresário de camisa aberta, a distribuir ração - que ração será aquela? - olhei para aquele balde merdoso e para aquela espécie de colher de tolva e choquei com Schumpeter e os custos do futuro. Uma das primeiras lições que aprendi com Peter Drucker - os custos do futuro. Quantos euros aquele empresário terá posto de lado para fazer face aos custos do futuro? Para investir em investigação sobre rações, sobre produtividade em viveiros. Para investir em marketing, ...

  • A jornalista pergunta-lhe algo acerca da "prateleira", acerca da montra que ele usa e ele responde "vendo através do amigo Paixão"... 
E investimento em actividade comercial? E investimento em feiras? E investimento numa loja online para restaurantes?
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Demasiado mau...
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Depois, a partir do minuto 12:36 um empresário da construção civil no Luxemburgo e que comprou uma marina de sal.
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Depois, temos minutos de apresentação da arte de produção de sal artesanal e ... ficamos tristes até mais não quando percebemos que uma forma de produção de sal artesanal é escoada para salgar as estradas carregadas de neve da Europa Central. Sal que podia ser vendido com autenticidade e diferenciação é usado para espalhar nas estradas como uma vulgar e reles commodity. Mau demais!
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Recordar:
Uma pessoa já não pode ver um documentário em paz e sossego sem ser atazanado pela deformação profissional.

sexta-feira, agosto 05, 2016

Flagrante da vida real


Interrompo aqui a pausa de férias só para relatar um flagrante da vida real que incorpora três temas muito caros a este blogue: Valor, pricing e autenticidade.
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Antes, dois tweets desta semana que relaciono com o flagrante. O primeiro, num tom irónico mas sério:
O segundo, sobre a tolice que muitos académicos divulgam, que o preço é a única coisa que conta:
Esta manhã tive de ir a Estarreja e aproveitei para comprar fruta no supermercado Couto. Resolvi comprar pêssegos. Então, tive de escolher de entre três variedades:

  • uma caixa de madeira com pêssegos espanhóis;
  • duas caixas de madeira com pêssegos portugueses.
Houve uma caixa que me seduziu porque os pêssegos tinham todo o aspecto de serem caseiros. Não sei explicar ... talvez uma maior diversidade de tamanhos e não o "autoritarismo" do calibre, talvez um tom mais amarelado a sugerir apanha mais tardia, talvez a estirpe menos "comercial", tudo a sugerir-me, subjectivamente, um je ne sais quoi de autenticidade. Só sei que escolhi os pêssegos dessa caixa. Depois, reparei que eram os mais baratos a 1,20 €/kg.
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Ao chegar à balança, em tom cúmplice disse a um dos gerentes:
- Estes é que deviam ser os mais caros. Parecem caseiros!!!
A resposta foi imediata:
- E são! Vieram directamente do agricultor na serra da Estrela.
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Bingo!
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É a isto que chamo deixar dinheiro em cima da mesa. A gerência até é capaz de ficar toda contente por os pêssegos se venderem bem. É aquilo a que os alemães da Simon-Kucher & Partners me ensinaram a chamar de minivation. Imaginem que o supermercado queria vender os preços do agricultor e ganhar dinheiro a sério. Seguindo regras do pricing, colocaria uma das caixas de pêssegos portugueses a um preço de entrada. Colocaria a caixa de pêssegos do agricultor a um preço bem superior mas intermédio e a caixa de pêssegos espanhóis a um preço mais alto. Imaginem, seguindo os ensinamentos e percentagens do Evangelho do Valor, o quanto mais dinheiro seria libertado!!!
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A informação que o gerente me deu não devia estar escondida. A caixa de pêssegos devia ter uma foto do agricultor, um mapa da região onde foram produzidos e uma mensagem pessoal dele para os consumidores. 
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Voltando ao segundo tweet, citado lá em cima, o século XX enterrou-nos no Normalistão, encarcerou-nos num modelo mental em que só o preço conta, e só nos ensinou uma forma de fazer preços: custo mais uma margem.
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No Estranhistão, os actores económicos vão aprender que o preço não tem nada a ver com o custo e tudo a ver com o valor percepcionado pelos clientes-alvo.
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Tenho de arranjar marca de multinacional e inflaccionar os honorários.
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De volta às férias.







terça-feira, julho 19, 2016

Mongo e a autencidade da imperfeição




Relacionar com:

"To be human is to be imperfect. Yes, we expect absolute perfection and precision when it comes to things like airplanes, automobiles, or the engineering behind the bridge we drive across everyday. And people naturally assume that the products they purchase will perform to at least the standard advertised. But with aspects of life that require a degree of human expressiveness, absolute perfection is not only impossible to produce, it usually would not lead to better results even if it were.
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people prefer listening to the sound of a human playing a musical piece—even though the human-created version had tiny errors—over that of a computer perfectly playing the same piece.
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When it's live, stuff happens. That's life. Relax, you are only human. If Sir Paul can make mistakes, you can too. Besides, people do not want your perfection, they yearn to see your humanity."

sábado, julho 09, 2016

Dois exemplos e a minha proposta (parte II)

Parte I.
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Entretanto, por associação de ideias, recordei esta "Curiosidade do dia" sobre o exemplo da quinoa peruana e o perigo da comoditização. Também aí a minha proposta passava pela autenticidade.

sexta-feira, julho 08, 2016

Dois exemplos e a minha proposta

"Divine Chocolate isn't a classic enterprise story of one person having a great idea and pursuing it. It was an idea about collaboration put forward by the cocoa farmers it was set up to help.
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Divine Chocolate began in 1997, when over 20,000 farmers of the Kuapa Kokoo cooperative in Ghana, realizing how much more money there was in chocolate than in cocoa alone, voted to establish their own chocolate company. Today, after a merger, Kuapa Kokoo has grown to over 85,000 members and sells 70 products in 10 countries around the world.
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Divine's mission is completely integrated into its business plan.
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They've also introduced a whole generation of schoolchildren to the world of cocoa, using the power of chocolate to encourage young people to think about where their food comes from and the lives of the people who produce it."
Ocorreu-me conjugar este exemplo do chocolate com este desafio da HBR "Case Study: How Do You Compete with a Goliath?" Empresa pequena a iniciar operações, pretende encontrar o posicionamento adequado. Comercializa produto artesanal produzido no Perú. Actualmente a categoria está dominada por gigante que produz o tal produto artesanal do Perú no ... Bangladesh.
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O gigante vende o produto entre os 60 e os 100 USD. A empresa pequena vende os seus produtos entre os 40 e os 70 USD.
"Branding is like trying to buy real estate in the consumer’s mind, and I’m not sure you want to spend time and resources fighting for the space Saira [Moi ici: O gigante] already has. You might be better off finding an empty lot elsewhere. And at the end of the day, you need to land on a message that feels comfortable for Tela.[Moi ici: A empresa pequena] ”"
A minha proposta para a Tela:
  • Subir o preço - qualidade superior, na mente dos clientes, é mais cara. Não competir pelo preço, procurar paridade de preços com o gigante
  • Apostar na autenticidade, apostar nas estórias que acompanham o produto, acrescentar-lhe significado intangível. Cada poncho é feito por uma artesã, é contar as suas estórias, é acrescentar as suas fotos, é referir as suas localidades. O gigante nunca poderá entrar território. 

Trechos iniciais retirados de "How This Chocolate Company Is Challenging Hershey's and Nestle's Business Model (and Winning)"

quinta-feira, julho 07, 2016

Exemplo de plant-within-plant

Não conheço pormenores deste projecto. Sublinho, no entanto, esta consciência:
"“De um lado a produção em escala, de outro, a alta-costura”,
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A Nally é o maior produtor nacional de cosmética líquida para terceiros, um caminho que a empresa começou a trilhar nos anos 80, para compensar a queda das marcas próprias. A Benamôr é a marca de cremes de rosto e mãos da Nally. Nasceu ainda na década de 20,
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“Há uma tendência internacional” de “respeito pelos produtos antigos e pelo fabrico artesanal” e “de procura de autenticidade, perenidade e qualidade, e esses são valores da nossa marca”,
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Todos os anos saem desta fábrica, automatizada e moderna, sete milhões de unidades de gel de banho e sabonete líquido para os dois principais grupos de distribuição portugueses. Um volume de produção que contrasta com o universo Benamôr, onde a máquina de enchimento “funciona desde o final dos anos 50” e a D. Rita assegura este processo “há 25 anos”.
Pelo que leio, há uma distinção entre a parte da fábrica que trabalha para terceiros e a parte que trabalha para a marca própria, o tal plant-within-plant (aqui também)





Trechos retirados de "O creme das avós é agora uma marca de luxo"

sexta-feira, maio 20, 2016

Promotores da concorrência imperfeita, dos monopólios informais e das rendas excessivas (Parte II)

Parte I.
"Several broad forces, most of them peculiar to our times, are combining to create advantageous conditions for small companies. A market segment known as “selectionists,” who constitute 30 percent of consumers, are seeking greater variety and new tastes in the food and drinks they buy—and sometimes care deeply about factors such as the origins of a product and how far it has been shipped. Some traditional supermarkets are catering to this trend as a way to differentiate themselves from Walmart and big price clubs. The fragmentation of media and the generally lower cost of digital platforms are giving small players new outlets to reach customers in more targeted, cost-efficient ways. But what should most concern large players is how technology is eroding their scale-driven advantages. Small players are increasingly able to outsource invoicing, HR systems, and logistics, as well as other back-office SG&A functions. Retail consolidation is further chipping away at scale advantage. The preference among bigger retailers is to work with a broad range of manufacturers—both large and small—to keep large consumer packaged goods companies from gaining too much leverage."
Em vez de choradinho, pensamento estratégico.
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Em vez de mais do mesmo, novidade, diferenciação, proximidade, autenticidade.
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Em vez da aposta na eficiência e no denominador, aposta na eficácia e no numerador.

quinta-feira, abril 21, 2016

Acerca da autenticidade

Andamos há uns tempos aqui no blogue a relacionar agricultura com autenticidade como uma enorme oportunidade estratégica de negócio:

Agora, encontro, num suplemento do Jornal de Negócios, o título "Consumidores querem mais autenticidade nos alimentos":
"O consumo está a mudar e o consumidor também. Em particular os "millennials" (geração Milénio), que estão a trazer novas tendências de consumo na alimentação. A qualidade só já não chega. Agora acrescenta-se a diferenciação. A investigação é, por isso, na agricultura, mas também na indústria agro-alimentar. crucial. "O mercado está mais desperto para inovações." Se no virar do século o que contava era o preço.agora "a vontade de experimentar coisas novas, as implicações que os alimentos têm na saúde, os produtos funcionais", são argumentos de compra.
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Os consumidores procuram, em qualquer um desses segmentos, autenticidade."

segunda-feira, abril 04, 2016

O papel da arte!

Sábado, ao ouvir o deputado Pedro Duarte a pedir mais uma revolução no Ensino, desta feita para apostar e quatro vectores: ciência; engenharia; tecnologia e economia, escrevi no Twitter:
É preciso não conhecer a biografia de Jobs, ou os textos de Hilary Austen, ou o futuro de Mongo para esquecer o papel da arte.
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Sem arte como é que a Bang & Olufsen teria o sucesso que teve?
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Sem arte como haveria concorrência imperfeita?
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Esquecer a arte é continuar a pensar que o valor resulta de um cálculo e não de um sentimento. Por tudo isto, recomendo a leitura deste texto "Hedi Slimane: The Steve Jobs of Fashion":
"Like many industries, Big Fashion companies keep acquiring tiny, money-losing, buzz-worthy brands… that never quite go mainstream. They die silently and perhaps mercifully. But the real question is: why is this a pattern, when it’s both predictable and pointless? Because the fashion industry is making stuff for critics. Like many industries, from tech to media to sports, it’s trying to please them, win them over, even pander to them. But the critics aren’t the people who are buying the stuff. Result: shapeless, gigantic, genderless clothes that critics love… but that are driving the business of fashion to stagnation. They’re out of touch with what people actually want, love, hunger for.
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He also, importantly, made clothes people actually wanted to wear, and that looked better up-close in stores than they did on the runway. The fashion world was shocked.
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But collection by collection, he built a devoted cult of fans precisely because he was ahead of even the critics. The self-referential game of pleasing critics might feel good — but it doesn’t necessarily build a business.
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To do that, you have to make products people truly desire. It’s a dirty word in boardrooms, desire. We’re more comfortable with calculative, rational expressions of wants. We can put them in spreadsheets and crunch and process those. There’s just one tiny problem. So can consumers. You don’t pay royally for stuff that you’re running a calculation in the back of your mind about. You pay royally for stuff that enchants, hypnotizes, and entrances you. Stuff you love. Stuff that we love — whether that “stuff” is people or clothes or phones, to be crude — suspends the rational bits of us. It intoxicates us and leaves us giddy. We say to ourselves, “Of course it’s too expensive… but I don’t care. I have to have it.” [Moi ici: Excelente!!! Isto é Mongo! Isto é a concorrência imperfeita! Isto é arte!]
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At the core of this financial success is real artistry.
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Clusters like Brooklyn and Detroit are putting artistry and craft back into products from chocolate to coffee to furniture today. But the harsh truth is that Big Corporations see artisanship as marketing. They try to brand it, tricking people into thinking there’s artistry in things – Tesco’s “fictional farms” marketing ploy is a recent example — not really practicing itor investing in it. They should take a lesson from Slimane and actually do it.[Moi ici: A importância da autenticidade]
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That’s how you get out of the trap of simply riding trends and cashing in on them: ignoring critics, breaking rules, making things people truly desire, and making them with real artistry. It takes a rare combination of personal genius and organizational risk – which is perhaps why we don’t see that many Slimanes out there. Still, we can always hope for more."

segunda-feira, março 28, 2016

Decomoditizar (parte VIII)

Em sintonia com a parte VII seguem-se textos que representam sintomas das mudanças em curso e que podem servir para dar poder negocial aos pequenos produtores que apostarem na autenticidade:
"“What we eat and where it comes from, generally, we don’t know any more. It’s a very complex web. Every time you have a transaction [in the supply chain], there’s another opportunity to cheat.” And every week his lab picks up several cases of food fraud happening somewhere in the world. “If we think about Europe first of all,” Elliott says, “we pick up more and more reports now about the mafia getting involved in criminal activity in food. Part of that is because in other areas of criminal activity they’ve been involved in, they’ve been clamped down on.”
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Tomato juice is usually adulterated by diluting a famous brand name with a cheaper product. Chocolate, coffee and cookies are also targets, says Vansteenkiste. This spread of fraud poses a particular brand risk to companies with established reputations. In response to the horsemeat scandal, PwC, the financial consulting firm, introduced a food-supply-chain consultation as one of its services, and has estimated the global trade in food fraud to be worth around $40bn a year. Hans Schoolderman, European leader of PwC’s food supply and integrity services, says: “Companies think, ‘It won’t happen to me — it will happen to another.’” But the multinational companies that PwC works with need to be aware of the risks: “How are you negotiating contracts with your suppliers — are you putting suppliers under pressure, and could that trigger fraud? It’s about asking your suppliers to provide you with information, it is nitty-gritty and it’s not an easy task.”"
Trechos retirados de "The fight against food fraud".
"The food industry is in the midst of a revolutionary change and the growing call for transparency has become unmistakable. The concepts of transparency and real food are tangible values that more and more consumers are seeking. People are increasingly demanding to know where their food comes from, how and where it’s grown and why certain ingredients are used. They now expect this kind of information to be accessible at the touch of a button. The question is no longer if companies should disclose the details of food ingredients, but how."
Trechos retirados de "How Purpose Is Informing Transparency In The Food Industry"

sábado, março 26, 2016

Decomoditizar (parte VII)

Parte VI.
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Uma linha de actuação que podia ser testada por alguns no sector leiteiro e na suinicultura, "Empresas ampliam iniciativas para informar origem de seus alimentos":
"A empresa americana colocou códigos especiais em suas embalagens que, quando digitados no site, fornecem informações sobre como cada ingrediente é produzido e as pessoas envolvidas. Alguns produtos embalados da Fishpeople, que são vendidos em 7.500 pontos de varejo nos Estados Unidos, agora mostram fotos do capitão e da embarcação que pescou o peixe.
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O que (os consumidores) estão mais interessados é nos lugares e nas pessoas”,
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Nos EUA, as dez principais empresas de alimentos processados perderam 4,3 pontos percentuais de participação de mercado nos últimos cinco anos, principalmente para concorrentes pequenas e médias, segundo Nicholas Fereday, analista do banco Rabobank.[Moi ici: BTW, por isso é que as grandes se andam a comprar umas às outras, para iludir esta pressão]
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As pequenas empresas se beneficiam da agilidade. Há cerca de dois anos, a Real Co., com sede no Estado de Nova York, começou a vender arroz mostrando, na embalagem, o nome da fazenda paquistanesa onde o produto foi cultivado. O arroz da cooperativa agrícola Al-Farid, da província de Punjab, agora é vendido em cerca de 800 supermercados nos EUA. O diretor-presidente, Belal El-Banna, expandiu os negócios para oferecer açúcar de uma fazenda na Costa Rica e sal rosa vindo de uma região dos Himalaias. A Real está desenvolvendo um adoçante com zero caloria que usa folhas moídas de estévia do Paraguai, em vez do extrato da planta.
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dá ao consumidor protagonismo. Ele entende que “há um impacto direto na vida dessa pessoa se eu comprar esse produto”, diz."

quarta-feira, março 09, 2016

Não é um sprint é uma ultramaratona

Recordando os factores de sucesso para uma estratégia de luxo ao ler:
"O presunto mais caro do mundo – um pata negra com uma edição muito limitada
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por ano apenas 80 exemplares chegam ao mercado e são todos vendidos ao domicílio e através da internet"
 Pensei logo em:
"Volume and market share must remain within strict limits: Observing volume and market share limits - especially if limited editions have been promised - is a must in the luxury goods market. Companies have to resist the temptation to go for a “bigger” volume or market share, no matter how attractive this may seem in the short term."
Pelo título "Presunto mais caro do mundo está a 45 minutos da fronteira" fico com a ideia de que pensam: se é feito tão perto, cá também se pode fazer o mesmo. Recordar o que escrevi recentemente sobre o vinho espanhol. Para ter um artigo de luxo não basta ter um produto, é preciso ter uma mística, uma estória, um sentimento, voltando a Hermann Simon:
"The primary factor in price setting is the customers’ willingness to pay: Willingness to pay is decisive, while variable costs play a relatively smaller role"
Ou seja, não é um sprint é uma ultramaratona.

quinta-feira, janeiro 28, 2016

Para reflexão

"A key point about being different is that differentiation strategies are not driven by formal market research; rather they ignore it. Differentiation is not a tactic, it’s a way of thinking. It’s  mindset. It’s a commitment."
 Julgo que é por isto que os gigantes não têm a vida facilitada em Mongo, as tribos reconhecem as ofertas plastificadas, sem autenticidade, sem identidade e rejeitam-nas.
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Trecho retirado de "Different: Escaping Mediocrity"

sexta-feira, janeiro 01, 2016

Começar 2016 olhando em frente!


Qual a melhor maneira de começar 2016?
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Olhando para a frente!
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E o que é que encontramos pela frente?
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MONGO!
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Sim, essa metáfora que uso sobre o mundo económico para onde nos estamos a entranhar, o Estranhistão.
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Em "2016 Food Trends: Being Brand Agnostic, New Proteins, Delivery Shifts and 5 more" julgo que encontramos muitas das características desse mundo:
"Trend #1. Agnosticism" [Moi ici: Aqui estou um bocado dividido e tentado a discordar do autor. Em Mongo teremos dois caminhos, ou entregar o produto ou serviço básico (estilo "Grab & Go") ou co-construir a experiência. As marcas grandes optaram há muito pelo básico e, por isso, serão vítimas daquilo a que chamo radioclubização ou hollowing e os clientes nada sentirão por elas. As marcas que optam por co-construir a experiência, por servir uma tribo, terão cada vez mais força, talvez não a força dos números grandes, mas a força dos Davids]
A tendência que se segue é tão Mongo:
"Trend #2. Have it your way...
personalization will become pervasive...
Food retailers will need to curate their offerings, and understand what all of their customers’ wants and desires truly are [Moi ici: Isto fez-me lembrar o falhanço da Papelaria Fernandes... algures no tempo quiseram fazer uma mini loja Staples, sem máquinas, num espaço caro e visitado por outro tipo de público... BTW, foi outra prova do tempo que foi superada] if they will remain in business and grow and compete with online sellers who continue to hone their algorithms and offerings based on purchase history." [Moi ici: Confesso que não tenho grande receio dos algoritmos, nos próximos anos, se houver humanos do outro lado. Em Outubro recorri ao Booking para reservar um quarto de hotel em Almeirim, por causa de uma visita de trabalho. Desde então, não voltei a precisar de dormir em Almeirim. No entanto, já recebi 17 e-mails parvos a oferecer-me "ofertas de última hora para Almeirim"]
Em Mongo além da tribo e da personalização: a localização, a proximidade, a autenticidade e o DIY:
"Trend #3. Bioregions:
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“Local” has been one of the biggest trends in the supermarket aisles for almost ten years.
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A recent study by A.T. Kearney found that women and (with?) children – are willing to pay more for locally produced food. The ultimate in local? Growing lettuces, herbs and yes even kale in your own kitchen year-round without herbicides."
Salami slicers?
"Trend #4. Micro-stores:
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Far from the everything-and-the-kitchen-sink hypermarkets, look for smaller, neighborhood grocers to spring up. These stores, such as ALDI (with over 1,400 locations in the U.S. and counting), Bfresh in Boston, Green Zebra in Portland are more relaxed, attentive and curated, with a heavy emphasis on products that Millennials yearn for, and buy. Excellent private and exclusive brands with prices that this generation can afford."[Moi ici: Recordar o que escrevi acima sobre o agnosticismo da tendência 1. Recordar o TOO BIG TO CARE]
O que é que a loja disponibiliza, produto ou experiência? Produto ou saúde? Ainda me recordo, numa longínqua vida passada de engenheiro, achar que uma PME nunca precisaria de um marketeer. Hoje, sentir que não precisa é o que me faz espécie. E as mercearias do futuro precisarem dos serviços de nutricionistas?
"Trend #5. A new way of eating:
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unless your store can disrupt the pattern by offering retail dietitians, health fairs and a 24/7 source of unbiased food and health information. In 2016 we will see new kinds of proteins that are more sustainable and affordable than animal sources. Algae, nuts, vegetable, yeast and even insects will be used as ingredients to up the protein punch and we will see development of new healthier profiles
...
Look for an emphasis on “less is more” – fewer ingredients, and many more products touting their “free from” claims – free-from growth hormones, free-from GMOs ..."
Algo que julgo está muito mais atrasado em Portugal, o à vontade da compra online:
"Trend #6. Evolution of the millennial generation:
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There are now more Millennials than Baby Boomers and although they got a late start in their careers they are now earning dollars, getting married and moving out of their parents homes. Millennials garner a lot of attention, and they buy very differently. There is no difference to buying online or in a store."
Também neste sector a explosão do "home delivery":
"Trend #7. A delivery shift:
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It already feels as though you can order any food at any time and have it delivered in a flash, and that trend will only increase. One major change is that people of all age groups are willing to pay extra for that service."
Por fim, é a experiência da compra ao contexto da sua confecção e usufruto:
"Trend #8. Technology to the rescue:
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In every way, from supply chain to point-of-sale systems to loyalty and more, technology continues to affect the food retail industry, and there’s no chance of that stopping. But as so many technologies flood the market, some of them aren’t that reliable. Retailers should be certain they have accurate and relevant information on their websites and apps, so shoppers don’t have to go to other sources – that may mislead. We cherish our mobile devices, and believe everything that is on the screen. The opportunity to retain a shopper relationship will come through information, service and empowerment. Now more than ever we need to equip store level personnel with information and technologies that can answer the questions that shoppers have. To create a food experience like no other with tastings and classes. To truly be the center of a community.
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What will 2016 be like? More mobile. More delivery. More artisan. More curated. More delivered. More nutrition. More expensive."

domingo, dezembro 20, 2015

Too Big To Care

Recordo muitas vezes este tweet de Tom Peters:
Esta é a nesga que as PME podem usar para atravessar a fortaleza de Sauron e aproveitar a oportunidade do Estranhistão.
"Large organizations are facing a crisis of trust. Big is becoming associated with bad.
...
 “Unfortunately, for many of our large coverage companies, this runs amok of their long-established brands as those are often identified as faceless machines of profitability and propaganda by many consumers, not as trustworthy or even high quality … [Moi ici: Recordar a radioclubização, o hollowing]  it remains a challenge for large companies to re-brand an incumbent brand and develop trust."
...
People believe that big is bad. There’s an inverse relationship between the size of an organization and the perception of shared values. Our qualitative and quantitative research shows that the larger the organization / company / farm, consumers are more likely to believe that it will put profit ahead of principle—that it will put its own interests above consumer interests every time.”
...
We are entering an era of brand switching and disloyalty where the Web becomes a huge comparison tool. We’re getting societies of distrust, where people become more and more cynical about the official story or the brand / establishment promise."
E como é que a sua PME aproveita esta oportunidade? Como é que aproveita a vantagem da proximidade, da autenticidade, da personalização?
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E como usa esta vantagem para construir uma estratégia? Para escolher os clientes-alvo e as prateleiras onde expõe a oferta? Pergunte-nos como.

Trechos retirados de "The bigger the brand the less it is trusted"

segunda-feira, outubro 12, 2015

O pós-Uber(ismo)

Começam a aparecer as plataformas que ligam directamente os produtores aos consumidores ou utilizadores, algo a que já aqui chamei o pós-uberismo. Recordar:
Exemplos recentes:

Sobretudo acho que este ponto:
"I like the idea that there's 100% traceability,"
Vai ter um peso cada vez maior, o potencial de proximidade, de autenticidade, de comunidade:
"He's convinced that knowing those details actually makes the fish taste better. "People kept telling us, 'I've never had fish like that before,'" [Moi ici: O que importa cada vez mais é a experiência] he says. "We realized it was a combination of two things: People are having extraordinarily high-quality, fresh seafood. But when they know the name of the fisherman and they're seeing pictures, that helps their minds reconnect to the actual food source."" 

sexta-feira, setembro 25, 2015

Autenticidade e empreendedorismo

Mais um exemplo português de aplicação do conselho que dei à artesã de Bragança em 2011.
- Não mexa no produto! Respeite a autenticidade. E vá expor o produto em outras prateleiras, noutros mercados, em que os potenciais clientes valorizem mais a oferta.
O exemplo a que me refiro é retratado em "Chinelos dos pastores da Serra dão a volta ao mundo":
"Os Chinelos d'Avó são feitos de burel ou com os retalhos das sobras das fábricas têxteis da região. O trabalho é 100% artesanal e o resultado é exportado do interior profundo para os quatro cantos do mundo.
...
Os chinelos dos pobres, dos pastores da serra, são agora calçados em todo o mundo. “Alemanha Holanda, Luxemburgo, Venezuela, vieram buscar o que temos de muito bom que é o artesanato”, diz a orgulhosa artesã.
...
Rita pegou nos chinelos de pano, fez deles negócio e estão agora espalhados por vários pontos do mundo, a milhares de quilómetros de um atelier instalado no interior de Portugal."
Como não pensar nesta cascata de aproveitamento de recursos: pasto > ovelhas > leite > queijo > lã > burel > chinelos e relacionar com a floresta tropical de Holland.

sexta-feira, setembro 18, 2015

E ser artesão pode voltar a ser cool

""Heartcrafted in Portugal". Porque não são só feitos à mão pelos artesãos portugueses, mas carregam consigo um pedaço de portugalidade que importa preservar.
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Cada cesto pode levar dois dias a ser feito, com as imperfeições características do que é artesanal - a "alma" do produto, assim lhes chamam os mentores da marca -, e isso tem um preço. Mais alto. "Mas dura uma vida inteira", asseveram, colocando a sua insígnia numa tendência de consumo crescente que privilegia a durabilidade das peças, o valor estético, tal como a rastreabilidade. Ou seja, é possível contar a história de um produto, desde a origem das matérias-primas, naturais e sustentáveis, passando pela identidade de quem as moldou e deu vida. Peças que são, no fundo, a resposta a um novo movimento, como lhe chama Pedro Pires, que apelida de "romantismo social". Lá fora chamam-lhe slow living.
...
 As máquinas tornaram a modernidade mais acessível a todos, mas estamos a acordar para a valorização do que é feito por pessoas e não por máquinas." O futuro dos mercados de consumo está a moldar-se e a dividir-se em dois:[Moi ici: Recordar a polarização] entre as marcas industrializadas e acessíveis e as insígnias humanas, "nichificadas, imperfeitas" e caras.
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Às vezes, basta comunicar estes objectos de forma diferente" [Moi ici: Como não recordar a artesã de Bragança...]
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A rica diversidade de técnicas artesanais que ainda subsistem em Portugal 'talvez porque nunca fomos muito industrializados", é uma "enorme vantagem competitiva" para aquela que pode ser a "nova vocação de Portugal: um país de marcas multinacionais, feitas por pessoa reais, com ajuda de algumas máquina inspiradas com saberes do passado e na imaginação do futuro", acredita Carlos Coelho. E aponta para o que já acontece lá fora: "Para quem acha que esta apenas uma preocupação de países sub desenvolvidos então esteja atento, por exemplo, à Alemanha, o país das máquinas, da engenharia e das perfeições"


Trechos retirados do artigo "Marcas feitas à mão" publicado pelo semanário Expresso no passado fim de semana.

terça-feira, setembro 01, 2015

Outro tipo de plataforma, para aproximar produtores e compradores

Uma grande oportunidade para os pequenos produtores agrícolas nacionais. Apostar em novos canais de distribuição e em propostas de valor que salientem as suas vantagens competitivas (proximidade, sabor, diversidade, rastreabilidade e comunicação bidireccional).
"It’s no secret that our food system is, for lack of more eloquent phrasing, screwed up. Nearly everything we eat comes from a complicated supply chain: farmer to broker to wholesaler to delivery company and finally, to restaurant.
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It’s problematic. Why? Primarily because dining establishments rely on the quality of their food—and that’s something that naturally suffers when it’s changing hands so many times, going through a long transportation process, and being repeatedly refrigerated and thawed along the way."
Outro tipo de plataforma para aproximar produtores e compradores, eliminando intermediários que não acrescentam valor.
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Trecho retirado de "This Techstars Startup Is Making Farm-to-Fork More Feasible for Boston Restaurants"
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BTW, conseguem imaginar os intermediários a pressionar os governos para impedir este relacionamento directo?

sábado, junho 27, 2015

Acerca do poder da autenticidade

Um artigo, "Where Your Favorite Imported Beer Is Really Made" com material interessante para reflectir acerca do poder da autenticidade:
"What is the advantage of claiming foreign roots? One advantage is the association in consumer's minds between "import" and artisan-like quality--the aura of handmade authenticity. Marketing professors call this the concept of "contagion." The general idea is that a consumer is more likely to infer "quality" about a product, if she believes it was made in its original manufacturing location.
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It is well established that differences in manufacturing location can impact consumer preferences through lay inferences about production quality... Specifically, we find that due to a belief in contagion, products from a company's original manufacturing location are seen as containing the essence of the brand. In turn, this belief in transferred essence leads consumers to view products from the original factory as more authentic and valuable than identical products made elsewhere.
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The main takeaway here is that consumers place a higher value on products they believe contain the aura of authenticity."