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domingo, fevereiro 12, 2012

Uma indústria pouco competitiva?


Falar de economia é traiçoeiro porque facilmente misturamos macroeconomia e microeconomia, bens transaccionáveis com bens não-transaccionáveis. 
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Quando falo de economia portuguesa falo de 3 economias em simultâneo:
  • a dos funcionários públicos;
  • a que vive do mercado interno;
  • a que exporta.
A maior parte dos portugueses vive nas duas primeiras e a austeridade impacta sobretudo estas. Os políticos, para prometer um futuro melhor, afirmam que o país tem de sofrer transformações que o tornem mais competitivo, para que mais empresas possam exportar, para que as empresas fiquem mais competitivas.
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Enquanto as duas primeiras economias tiveram uma década interessante, a terceira, a que exporta, passou uma década tormentosa, teve de fazer face à chegada da China ao mercado, teve de aprender a viver sem as boleias da desvalorização da moeda. Muitas empresas fecharam, muitas multinacionais fecharam, mas a transformação fez-se. 
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O que os políticos não sabem, nem os habitantes das duas primeiras economias é que  a receita de by-pass ao país, que prego há vários anos neste blogue teve este resultado em 2010:
  • CAE 10 - Indústrias alimentares - exporta 15% do que produz
  • CAE 11 - Indústria das bebidas - exporta 28% do que produz
  • CAE 12 - Indústria do tabaco - exporta 78% do que produz
  • CAE 13 - Fabricação de têxteis - exporta 59% do que produz
  • CAE 14 - Indústria do vestuário - exporta 78% do que produz
  • CAE 15 - Indústria do couro e dos produtos de couro - exporta 72% do que produz
  • CAE 16 - Indústria da madeira e da cortiça e suas obras, excepto mobiliário; fabricação de obras de cestaria e de espartaria -  exporta 52% do que produz
  • CAE 17 - Fabricação de pasta, de papel, cartão e seus artigos - exporta 65% do que produz
  • CAE 18 - Impressão e reprodução de suportes gravados - exporta 6% do que produz
  • CAE 19 - Fabricação de coque, de produtos petrolíferos refinados e de aglomerados de combustíveis exporta 19% do que produz
  • CAE 20 - Fabricação de produtos químicos e de fibras sintéticas ou artificiais, excepto produtos farmacêuticos - exporta 49% do que produz
  • CAE 21 - Fabricação de produtos farmacêuticos de base e de preparações farmacêuticas - exporta 32% do que produz
  • CAE 22 - Fabricação de artigos de borracha e de matérias plásticas - exporta 59% do que produz
  • CAE 23 - Fabricação de outros produtos minerais não metálicos -  exporta 32% do que produz
  • CAE 24 - Indústrias metalúrgicas de base - exporta 50% do que produz
  • CAE 25 - Fabricação de produtos metálicos, exceto máquinas e equipamentos - exporta 43% do que produz
  • CAE 26 - Fabricação de equipamentos informáticos, equipamento para comunicações e produtos electrónicos e ópticos - exporta 39% do que produz
  • CAE 27 - Fabricação de equipamento eléctrico - exporta 68% do que produz
  • CAE 28 - Fabricação de máquinas e de equipamentos, n.e. - exporta 50% do que produz
  • CAE 29 - Fabricação de veículos automóveis, reboques, semi-reboques e componentes para veículos - exporta 82% do que produz
  • CAE 30 - Fabricação de outro equipamento de transporte - exporta 80% do que produz
  • CAE 31 - Fabricação de mobiliário e de colchões - exporta 49% do que produz
  • CAE 32 - Outras indústrias transformadoras - exporta 40% do que produz
  • CAE 33 - Reparação, manutenção e instalação de máquinas e equipamentos - exporta 28% do que produz
  • CAE 35 - Eletricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio - exporta menos de 0,1% do que produz
  • CAE 38 - Recolha, tratamento e eliminação de resíduos; valorização de materiais - exporta 28% do que produz
Como costuma escrever o Anti-comuna, os CAE 10 e 11, podem aproveitar a boleia da expansão do Pingo Doce (se se especializarem na guerra do preço e na escala). Basta atender a este exemplo recente:
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 "Os produtos portugueses, sobretudo alimentares, já representam metade da facturação do Lidl em Portugal. No entanto, a cadeia alemã de ‘hard discount' quer aumentar a relação com os produtores nacionais e aposta, para este ano, no reforço das exportações de bens portugueses para os mercados europeus onde está presente. ... Este é um processo que exige a instalação de capacidade adicional nos fornecedores, que não é possível conseguir-se de forma imediata." (Moi ici: claro que não é uma decisão fácil, basta recordar o que costumo escrever sobre a pedofilia empresarial)
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CAE 21 continua sujeito a regras absurdas num mercado que se quer livre "Meio milhão de euros de multas por exportação ilegal de medicamentos"
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Como a economia portuguesa em 2011 encolheu, e como as exportações cresceram mais de 15%, estes números já estão desactualizados. Por exemplo, as de calçado cresceram 16%, as de têxteis e vestuário mais de 12%, as de mobiliário mais de 9%, ...

sábado, fevereiro 11, 2012

Trabalhar mais horas para aumentar a produtividade do país?

Quando se comparam produtividades de países o que é que se compara?
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Um indicador que mede a riqueza gerada nas horas trabalhadas, ou seja, PIB/horas trabalhadas.
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Quando um país tem uma fraca produtividade o que é que dizem os encalhados da tríade?
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Tem de trabalhar mais!!!
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Contudo, se o país não estiver a usar a sua capacidade instalada ao máximo, de nada serve aumentar as horas de trabalho, para aumentar a produtividade. Pelo contrário, a produtividade baixa. 
Este gráfico foi feito com base em dados da OCDE relativos ao ano de 2010. Cada ponto representa um país da OCDE (por exemplo, Coreia e Chile num extremo e Holanda e Alemanha no outro. A Noruega e o Luxemburgo são dois outliers)
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BTW, não é porque se é mais produtivo que se é mais competitivo.
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De qualquer forma, isto serve para mostrar que é absurdo pensar em medidas de secretaria para aumentar a produtividade das empresas.