"Em Portugal, radicais e radicalizados estão no poder.
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Queriam acabar com a austeridade, rever a relação com a Europa. Mas o que fazem, de facto, é outra coisa: aproveitar a assistência financeira do BCE para distribuir rendas por grupos de dependentes do Estado, com os quais esperam cerzir uma “base social de apoio”. Assim se está a transformar o Estado social num Estado clientelar, isto é, num Estado onde os serviços públicos são menos importantes do que o emprego público.
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Mas como os juros sobem, a oligarquia parece empenhada em que não haja nenhuma alternativa dentro do país que possa começar a gerar pressão sobre o governo. Daí a conveniência de desestruturar e desmoralizar a oposição, forçando-a a lidar, sob o charivari da oligarquia político-mediática, com a perspectiva de compromissos vexantes, como neste caso.
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só Passos Coelho dá neste momento forma de oposição aos partidos parlamentares à direita do PS. Sem Passos, seria o caos à direita. Toda a classe política acabaria diluída numa sopa da pedra que António Costa poderia mexer à vontade com a sua colher orçamental. Mas isso também significaria que, quando mudarem as circunstâncias externas que agora permitem o défice e a dívida, não só o país não estaria preparado para viver de outro modo, mas também não haveria uma alternativa organizada dentro do regime. A oligarquia, porém, não quer saber disso."
Trechos retirados de "Porque é que não pode haver oposição?"