terça-feira, setembro 06, 2016

Curiosidade do dia

Por um lado temos o apelo "Marcelo pede “equilíbrio” entre contas públicas estáveis e situação social dos portugueses" do outro temos as opções "O problema não é só a economia".
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Como chamariz para trazer aqui o Cortes cá vão uns trechos:
"Eis a sabedoria política que resume a actual governação: é possível mandar no país desviando todos os recursos para os que dependem do Estado: quem tiver do seu lado os funcionários, os pensionistas, os subsidiados, os parceiros, os protegidos e os instalados, não precisa dos outros, dos jovens, dos activos, dos independentes, de todos os que em Portugal estão por sua própria conta. Primeiro, porque os dependentes do Estado são suficientemente numerosos e motivados para formar um bloco eleitoral decisivo, e previsivelmente inclinado para quem estiver determinado a sacrificar o resto da sociedade a seu favor, como se viu em 2009; depois, porque faz sentido esperar que, sendo as vantagens da dependência tão óbvias, esta se torne um ideal social, de modo que, para quem está de fora, o objectivo não seja mudar o sistema, mas um dia ser admitido nele.
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O governo e a sua maioria parlamentar todos os dias maldizem a UE, mas dependem totalmente da Comissão Europeia e do BCE, e nada fazem para diminuir essa dependência. É este o mecanismo da dependência em Portugal: quanto maior a dependência da população em relação ao Estado, maior a dependência do Estado em relação às instituições europeias.
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[Moi ici: E em linha com a nossa afirmação de ontem sobre os Maduros] Só a Comissão Europeia e o BCE, na medida em que condicionam o financiamento do Estado, limitam neste momento o poder governamental sobre uma sociedade cada vez mais envelhecida, empobrecida e dependente. E é por isso que tudo isto, tanto como um problema económico, é um problema político."
E as consequências económicas em "Montepio: Previsão de crescimento de 1% "rodeada de riscos descendentes". BTW, confrontar com os números dos famosos peritos do PS.

"was so obsessed with the exploration"

Uma perspectiva interessante de ver o encerramento do ElBulli em "ElBulli and the Limits of Corporate Innovation":
"Actually, Adrià became obsessed with the pursuit of culinary innovation. He eliminated elBulli’s à la carte menu — if you were lucky enough to eat there, you ate a tasting menu created from scratch during the six months it was closed. During the downtime, he sent his staff around the world to search out inspiration. In 2002, Adrià didn’t open elBulli at all. Instead, he directed the staff to codify the restaurant’s intellectual capital in order to revitalize the ongoing effort to invent new techniques, tools, and concepts, such as the foams, frozen airs, and spherifications that have become basic elements in the deconstructed dishes of molecular gastronomy.
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In the early 1990s, while the chef was beginning his rise, Stanford Graduate School of Business professor James G. March was exploring the need for companies to balance “the exploration of new possibilities and the exploitation of old certainties”. Adrià, however, was so obsessed with the exploration that he eventually shut down the exploitation altogether — launching a nonprofit innovation lab. No corporate leader can afford to follow his example that far."

Acerca da produtividade

"If traditional competition means innovating according to parametric criteria of performance (quicker, cheaper, smaller, safer) - that is, improving the object within its given identity in many sectors [Moi ici: Não alterar a identidade, significa apostar no denominador, apostar na redução do custo unitário] - the very identity of the object has become uncertain. [Moi ici: Alterar a identidade, significa apostar no numerador, apostar no aumento do preço unitário] It is constantly changing as a result of the on-going pressure of progressive technologies, with the new set of social values, new regulations, and new low-cost competitors."
Outra forma de abordar o tema do numerador versus o denominador referido recentemente em "Augusto Mateus bem". Mais longínqua, esta reflexão de Christensen em "Sobre a paranóia da eficiência e do eficientismo".

Trecho retirado de "The Innovation Factory" de Gilles Garel e Elmar Mock.

Chegar à concorrência imperfeita


Ontem no Twitter Nassim Taleb chamou-me a atenção para este postal no seu FB:

No diálogo que se seguiu pode ler-se:
"Finally note that rankings (from comparisons) are zero-sum by definition; real life is not so.
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as you had once said, true success is being out of the hierarchy and not being on top of it.
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Bingo. Success for the collective is eliminating hierarchies, except for the functional."
Nesta linha escrevi:

Perceber o alcance das palavras de Nassim Taleb foi o que há talvez 10 anos me fez concluir que o objectivo das empresas deve ser evitar que os clientes façam comparações entre fornecedores. Quando se descobre isso, então, a consequência imediata é a adopção da concorrência imperfeita como o ideal a perseguir. A concorrência imperfeita impede comparações.



Ilustração da narrativa de Mongo (Parte II)

Parte I.
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A mensagem da primeira parte é tão importante que resolvi voltar a sublinhá-la:
"innovative brands producing specialized products. While the behemoths go wide, trying to appeal to as many consumers as possible, the upstarts go deep, focusing on particular groups of athletes"
 Voltando à ideia do Estranhistão:
Os gigantes continuam com o chip do pico único na paisagem, tão ao jeito do século XX, apostando no mínimo múltiplo comum ao maior número possível de clientes/consumidores. As pequenas empresas dinâmicas, com uma estratégia clara e muito focalizada, já estão no Estranhistão, já estão no século XXI. Vêem o mercado como uma paisagem enrugada cheia de picos. Cada pico representa um nicho, representa uma especialização.
Estas empresas especializadas, em vez de apontarem à caixa dos clientes normais, dos clientes médios, escolhem um tribo e concentram-se em servi-la acima de tudo.
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Resultado, os gigantes, apesar de terem muito mais recursos, não conseguem ser a resposta para os nichos.


segunda-feira, setembro 05, 2016

Curiosidade do dia

Há muito que deixei de ser ingénuo em relação aos media, ainda me recordo da TSF assegurar que o bispo de Díli tinha sido morto pelos indonésios, só o pai de Xanana teria sido morto pelo menos 3 vezes... afinal era tudo jogada para criar um clima.
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Por isso, não tenho ilusões, estas entrevistas "Nobel da Economia Joseph Stiglitz defende saída de Portugal do euro", não são inocentes, nem no conteúdo, nem no timing.
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Sair do euro por causa da competitividade exportadora? Treta de ignorantes que não estudam os números.
Só há uma razão para os políticos portugueses quererem sair do euro, para poderem voltar a enganar os portugueses com a ilusão monetária.
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Quanto ao senhor Stiglitz nem estudou o caso português nem ele lhe interessa. O que lhe importa é salvar a reputação, depois de ter condenado os EUA a um buraco com as suas manigâncias, até é capaz de vender a alma ao Diabo para que o fim do euro ocorra.
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O euro é a nossa melhor protecção contra os Maduros de esquerda e de direita que pululam no nosso país.

Em Portugal vem logo a procissão do choradinho

"“All organizations are perfectly designed to get the results they get!
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This truism should be tattooed on every leader’s chest so that one glimpse in the morning mirror reminds them of the CEO’s responsibility. If they don’t like their organizational results, they must change the underlying design that created them.
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Yes, there is a glut of retail space in the USA (five-and-a-half times that in Europe). With the on-line retail segment growing, many brick and mortar stores will shrink in footprint or close. But there is a story behind why Macy’s is closing so many stores while Nordstrom’s adding them, creating a market share shift. And the authors of the story are the leadership teams of these two retail giants.
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What results is your system perfectly designed to create?"
Como não recordar "Cinco empresas receberam 11 milhões de apoios mas 4 já fecharam":
"Sobre as causas para a queda das sociedades em questão, a tutela apontou a “redução da procura”, o “emagrecimento das margens”, o “aumento agressivo da concorrência” mas também as “insuficiências da qualidade de gestão”"
Em Portugal vem logo a procissão do choradinho, com o andor levado pelas associações patronais e sindicais do sector, a pedir apoios, subsídios, quotas e proteccionismo. Já mudar de estratégia, já mudar de vida ...

Trechos retirados de "Macy’s slow demise"

Um mês de calçado


Ilustração da narrativa de Mongo

A narrativa que ao longo dos anos desenvolvo acerca de Mongo, aqui e no meu trabalho com as PME, acerca daqueles que não querem ser tratados como plancton, acerca dos gigantes que querem servir tudo a todos e, por isso, são incapazes de servir tribos especializadas, está bem ilustrada neste artigo "Does The Sportswear Industry Ignore Serious Athletes? These Entrepreneurs Think So" e neste trecho que descreve bem a coisa:
"innovative brands producing specialized products. While the behemoths go wide, trying to appeal to as many consumers as possible, the upstarts go deep, focusing on particular groups of athletes"
E ao mesmo tempo que Mongo se entranha, estes grupos particulares, estas tribos, distanciam-se cada vez mais da média que os gigantes perseguem. E ao mesmo tempo, estes gigantes, dependentes da pressão de activistas mais ou menos influentes no mercado bolsista, vão-se esvaziando de competências, vão-se tornando nas tais carcaças com um marketing espectacular a suportar um produto tornado banal para ser fácil e barato de produzir.
"In a post-athleisure world, companies like Nike and Adidas are increasingly designing clothes for casual fitness activities, like going to the gym or a studio class, rather than hardcore athletes.
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But three years ago, he decided to strike out on his own to launch a clothing label called Tracksmith, designed with serious runners in mind. His brand uses cutting-edge technical fabrics engineered specifically for serious male and female runners,
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Taylor's not the only executive who has defected from a sportswear Goliath to create a brand with a different point of view. Three years ago, a former Reebok executive started ISlide, which creates customized slide sandals for sports teams to wear when they're off the court or field.
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In 2014, two other Reebok employees left the company to launch NoBull, which makes high-tech shoes for CrossFit training. Like Tracksmith, these brands are reaching out to particular niches of athletes whose needs are not being met by the mainstream brands.
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[Moi ici: O trecho que se segue é a descrição perfeita da nossa narrativa] The new generation of sportswear founders believe that there is room for innovative brands producing specialized products. While the behemoths go wide, trying to appeal to as many consumers as possible, the upstarts go deep, focusing on particular groups of athletes. [Moi ici: Que melhor descrição de porque é que Mongo não é um mundo amigável para os gigantes]
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Tracksmith creates many products like this, with details that only a runner would appreciate.
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"The big sportswear brands have failed to speak to competitive runners," Taylor says. "In an effort to capture as much of the market as possible, they're not responding to individual communities of athletes."
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responding to what they deem an unmet need among CrossFitters: shoes that perform well in activities such as weightlifting, interval training, and calisthenics (all central to CrossFit workouts), but also look fashionable. Nike and Reebok have begun to make CrossFit shoes, for example, but to the NoBull founders, they're nothing much to look at, usually with few colors and patterns. "In the CrossFit community, style is very important," Wilson says. "They take it seriously and so do we.""
Isto é o mesmo tema do postal sobre os iogurtes artesanais. Quem trabalha para nichos pode dar-se ao luxo de oferecer algo diferente da média que os gigantes são obrigados a vender, porque querem chegar ao cliente médio ao mais baixo custo.

Para mim não é um problema de exportações

"A economia portuguesa não vive tempos extraordinários. Está estagnada desde o ano 2000, na sequência de um processo iniciado pelo menos cinco anos antes. Precisa de competitividade, para poder beneficiar de uma procura que, nos mercados externos, à nossa escala, se afigura como infinita – não nos falta procura, faltando-nos, isso sim, competitividade para poder satisfazer a procura existente. Precisa de investimento, para poder tornar-se competitiva. O consumo há-de vir por acréscimo, em resultado dos rendimentos gerados pela exportação, esperando-se que encontre uma economia suficientemente competitiva para poder satisfazê-lo – sem o que redundará em importações. Tentar, por via política, fazer crescer a economia puxando pelo consumo, privado e público, se a economia não for competitiva, redundará em importações, e a economia não crescerá."
Leio estas palavras de Daniel Bessa em "A estratégia económica do Governo está a falhar? Quatro economistas respondem" e interrogo-me.
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Não tenho certezas, tenho muitas dúvidas mesmo.
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Será que temos um problema de competitividade mesmo? A maioria das empresas que decide exportar consegue exportar. Basta recordar aquela comparação de "Façam as contas comigo" que nenhum inimigo figadal do euro ousa abordar:
Dentro da zona euro, entre 2002-2014 o crescimento das nossas exportações só é batido marginalmente pela Alemanha.
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IMHO o problema da economia portuguesa não é a competitividade do sector exportador, o problema é a dimensão do sector não-transaccionável e a falta de concorrência interna.
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Os números daquela tabela são imbatíveis, não temos um problema de competitividade, temos é demasiados recursos prisioneiros de um sector não-transaccionável pouco competitivo, pouco eficiente e demasiado rentista. Basta recuperar as notícias do último mês sobre o leite, desde as manifestações de rua até à loucura de um ministro do sector com pensamento-chavista.

Um exemplo e uma sugestão

Ontem, em comentário ao postal "Preço do leite, para reflexão" mão amiga indicou-me este sítio "Davaca - Lacticínios do Monte", acerca de uma produção artesanal de iogurtes em Elvas.
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O leite é de uma unidade com 450 animais, bem acima da média nacional das explorações leiteiras. O que é artesanal é a produção de iogurte.
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O que é isto senão seguir o meu conselho de subir na escala de valor.
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Na linha da experiência da minha irmã em York e do meu conselho em "Confundir o Estanhistão com Comoditização... suspeito (parte VI)", na linha dos exemplos que recolho ao longo dos anos e juntei em "Diferenciação (parte III)".
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Pena que as associações de produtores, em vez da rua, não optem por preparar os seus associados para uma outra realidade, para outras alternativas. Por que não pegar em exemplos como este Davaca e, criar casos para a produção artesanal de iogurte, ou a venda de leite não industrial, ou de ... com simulações, para certo nível de produção, quanto é preciso investir, qual o retorno em função das vendas.

domingo, setembro 04, 2016

Curiosidade do dia

Ainda me estou a rir...
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Há bocado no Twitter alguém foi ao baú dos tesourinhos deprimentes e desenterrou esta preciosidade:
O delírio:

A boa árvore conhece-se pelos frutos.

BTW, apreciei um tweet comentário que rematou:

Crony capitalism

Em "Edge Strategy" encontrei uma história interessante:
"The story begins in 1947 at Frank Urich's convenience store in Los Angeles.
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A born entrepreneur, Urich opened the world s rst self-service gas station. This was long before automation, so he still required some attendants, typically gliding from pump to pump on roller skates collecting cash and resetting the meters for the next customer. But the reduction in labor costs was signicant and meant that Urich could offer his customers a better deal.
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Yet, for all this, the gas stations that offered full service continued to dominate the business. It helped that these were mostly owned by deep-pocketed oil companies that spent a fortune lobbying state regulators to prohibit their self-service rivals. Two years after Urich s pioneering move, New Jersey was persuaded to prohibit self-service gas stations. They are still banned there."

Conhecer os clientes

"Instead of simply asking customers what they want, we suggest inquiring about what they want to achieve, what their needs are, which solution they use and why, and what they would expect from a good or better solution. Understanding customer needs is attained by focusing on the objective to be achieved, the outcome to be attained, the customer experience, and the process the customer goes through in order to come to this outcome. Besides investigating the underlying need, also look at which solutions, products, and services customers currently turn to in order to satisfy these needs, and examine their motivation for using these instead of others. What drives their choices?"
Trecho retirado de "The Art of Opportunity"
"Companies know a lot about the characteristics and attributes of their customers, but they don’t know why customers buy their products and services. In other words, companies know the correlations between types of customers and their products and services, but they don’t understand what causes customers to buy their offerings.
Trecho retirado de "The “Jobs to Be Done” Theory of Innovation"

Acerca de uma previsão

No início de Agosto de 2011 escrevemos aqui no blogue "Para recordar no final do ano". Tratava-se de uma previsão acerca das fiações com futuro. Algo na linha do escrito em "Augusto Mateus bem":
"Devia ser uma lição para todos aqueles que julgam que Portugal podia ter evitado o choque de desemprego iniciado em 2009 e aprofundado pela implosão da economia não-transaccionável durante os anos da troika. Portugal não podia recuperar, nem pode almejar um futuro melhor para os portugueses e as empresas, a continuar a fazer o que se fazia só que em maior quantidade ou ritmo."
A previsão de 2011 era:
"Uma sugestão de interpretação: onde se consegue mais flexibilidade? onde se consegue mais customização? onde se pode criar mias diferença? onde se está mais próximo do mercado de consumo?
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Realmente não é nas fiações que existiam...
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Conhecem alguma fiação portuguesa maluca? Uma fiação fora do comum? Uma fiação diferente e capaz de fazer coisas malucas para gente excêntrica? Uma fiação mais pequena do que é habitual?"
Isto a propósito de "Fiação investe 10 milhões de euros em Famalicão e cria mais de 100 empregos":
"A fábrica dedica-se à produção de fios técnicos, de valor acrescentado, “articulados com a tendência da moda do momento”. [Moi ici: Diferenciação e rapidez] Em causa estão fios multicores, com brilhos metálicos, diferentes aplicações e mistura de fibras.
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“Trabalhamos por encomenda, ao lote”, [Moi ici: Flexibilidade e pequenas séries a acrescentar à diferenciação e rapidez] acrescentou, sublinhando que os fios ali produzidos se dedicam essencialmente à indústria de malhas e à tecelagem."

sábado, setembro 03, 2016

Curiosidade do dia

"injectar dinheiro na economia" veneno de activista keynesiano.
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No mínimo ingenuidade, no máximo tentativa de suborno eleitoral. Onde o estadinho injecta dinheiro normalmente segue-se asneira.
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Recordar o têxtil vs o calçado:
"O calçado teve de conquistar o futuro porque não tinha experiência, histórico, tradição de estar protegido por barreiras alfandegárias. O têxtil tem gasto demasiado tempo e outros recursos a defender o passado, a pedir proteccionismo... não lhe sobra tempo para abraçar o futuro.
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Esta argumentação da revista, põe em causa todos os programas sectoriais de transição"
Por que não se preocupam em reduzir a orgia de endividamento?

O rastilho apagou-se... cuidado com Sines

Se ler "La flota naviera con 540.000 contenedores que ningún puerto del mundo quiere recibir" ou "Maior armador sul-coreano pede protecção contra credores" recomendo a leitura desta "Curiosidade do dia".
O rastilho apagou-se...
"...
Agora, imaginem que o rastilho se apaga...
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Imaginem que o comércio global diminui...
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O consumo de aço cai e a sua cotação também... deixa de ser rentável abater navios velhos, logo, deixa de haver controlo do número de navios em actividade. Simultaneamente, a procura por fretes marítimos cai, os preços dos fretes caem, os lucros desaparecem e o endividamento dispara... e começam as movimentações para mais consolidação entre os grupos de navegação."
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BTW, cuidado com os sonhos mirabolantes acerca de Sines e o canal do Panamá. A maré da globalização está em refluxo, recordar "Pós-pico da globalização".

Podia ser em Portugal

Um exemplo do que acontece em muitas PME em Portugal, "Explosives Saved an American Company From Chinese Competition".
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Empresa familiar, com muitos empregos que já não se justificam mas que não se eliminam porque são ocupados por familiares ou por trabalhadores leais há décadas e que são tratados como se fossem da família. Empresa com uma vasta gama de produtos, desfocada e perdendo dinheiro com a produção da maioria desses produtos... a mania da one-stop-shop.
"After three decades of losses brought on by changing technology and foreign competition, the family-owned business had been placed in the care of a court-appointed receiver—a form of bankruptcy.
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The business logged revenue of $1.2 million in 2015 and projects $1.4 million this year. Its net margin now runs from 7 percent to 10 percent. Of the plant’s 20 floor workers, 17 have been rehired.
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NEPT survived for three reasons. Like auto manufacturers and airlines, it shed liabilities as it emerged from receivership, though with less fanfare. Then it limited production to only those tubes that no other company, here or abroad, can or is willing to make. Finally, Cournoyer refused to give up.
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didn’t have access to the company’s records on its more than 500 products, so he began building a detailed spreadsheet. That’s how he discovered NEPT was losing money on more than two-thirds of what it made.[Moi ici: Quantas PME são capazes de dizer quanto ganham (ou não) com cada SKU que produzem?]
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The owners of family businesses can have a hard time seeing a company as an asset rather than a way of life,
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The bottom line: A paper-tube maker in Rhode Island avoided collapse by refocusing production on 140 products where it can still make money."

sexta-feira, setembro 02, 2016

Curiosidade do dia

"Os balanços dos políticos, nas quatro décadas da democracia, têm imparidades mais graves do que são as imparidades bancárias. São as imparidades entre o valor das promessas e o valor das realizações. Destruíram um modelo de desenvolvimento com crescimento e quiseram implantar um modelo de desenvolvimento com distribuição - gastaram o que havia e, como se vê no volume da dívida, o que não havia. Os banqueiros só fizeram o que os políticos mandaram fazer."
Trecho retirado de "Prazo de validade"

Augusto Mateus bem!

Em "A estratégia económica do Governo está a falhar? Três economistas respondem" encontro este trecho. As palavras são de Augusto Mateus:
"a dificuldade que existe em Portugal de compreender a crise de produtividade. É que não é uma crise de esforço ou de falta de vontade de trabalhar, nem sequer é uma crise só de eficiência. É uma crise da própria qualidade dos factores produtivos, como o laboral, e um problema de alocação de recursos. Temos recursos a mais em actividades que não crescem.
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Por isso, para a economia portuguesa não se trata de pô-la a crescer tal como ela é. Tem de se fazer algo diferente. A prioridade deve ser garantir que o investimento que é feito tem como resultado uma mudança da especialização da economia e uma maior participação na globalização."
 Não podia estar mais de acordo com o autor. Ao longo dos anos tenho criticado os políticos e governantes da oposição e da situação que associam produtividade a esforço, a vontade de trabalhar, a quantidade de trabalho. Essa é a associação que fazia sentido no Normalistão, em "Act 9, 3-7" recordo essa escola, a escola dos engenheiros concentrados em olhar para dentro do polimerizador.
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Não adianta pensar que a economia portuguesa consegue competir na corrida da Rainha Vermelha, isso é para gigantes.
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Aquele sublinhado final:
"Por isso, para a economia portuguesa não se trata de pô-la a crescer tal como ela é. Tem de se fazer algo diferente."
Devia ser uma lição para todos aqueles que julgam que Portugal podia ter evitado o choque de desemprego iniciado em 2009 e aprofundado pela implosão da economia não-transaccionável durante os anos da troika. Portugal não podia recuperar, nem pode almejar um futuro melhor para os portugueses e as empresas, a continuar a fazer o que se fazia só que em maior quantidade ou ritmo.
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Aquele:
"Temos recursos a mais em actividades que não crescem."
Faz-me recordar um depois de almoço, à porta de uma fábrica em Guimarães, a fazer horas para entrar. Foi nessa altura que li o capítulo que deu origem a este postal "Acerca da produtividade, mais uma vez (parte I)".
Muitos... quase todos os que escrevem sobre aumento da produtividade, olham para a produtividade com uma venda, com um apriori que lhes limita o pensamento. Partem do princípio que o que se produz se mantém constante e apenas se mexe na velocidade de produção, ou nos custos de factores de produção, ou nos desperdícios. Só olham para o denominador.
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Augusto Mateus é dos poucos que vejo nos media a apontar para o numerador.