Normalmente, quando faço parte da equipa incumbida com o desafio da formulação da estratégia para uma empresa, procuro seguir um percurso, que pode ser mais ou menos ajustado em função da empresa em particular e do que ela já interiorizou sobre ela própria, que passa por:
- fazer a análise SWOT;
- fazer a análise PESTEL;
- criar um gerador de cenários; e
- fazer a análise TOWS.
Gosto, como oleiro, como
artesão de estratégias, com cada vez mais tarimba, de criar geradores de cenários a partir da informação das análises SWOT e PESTEL.
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Um fragmento de um dos últimos que criei tinha uma parte muito generalizável para vários sectores de actividade que operam no mercado interno:
Breve legenda: Se a "economia" baixar -> a "facilidade de financiamento de empréstimo" baixa. Se essa baixa -> baixa a taxa de "sobrevivência das empresas do sector". Se essa baixa -> aumenta o "esforço para a redução de custos", e assim por diante.
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Uma das vantagens destes geradores de cenários é a facilidade com que mostram as armadilhas sistémicas em que uma empresa pode cair:
Se o esforço para reduzir custos aumenta, cortam-se benefícios, atributos e experiências a serem vividos pelos clientes (o exemplo dos jornais por exemplo) logo, a atractividade das empresas para os clientes baixa. Se baixa, os clientes opta-se pelo mais barato, o oferecido pelo low-cost... o número de clientes baixa, a receita baixa desproporcionadamente (recordar o
Evangelho do Valor)... se a receita baixa, aumenta o esforço para reduzir ainda mais os custos e, assim, começa uma espiral que vai levar as empresas que não saírem deste atractor, para o baú das recordações.
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A grande vantagem de uma imagem destas é que permite aos intervenientes verem o resultados das suas decisões várias jogadas à frente (há que recordar que somos quase todos, nesse campo, péssimos jogadores de bilhar) e, ficar claro que o campeonato do low-cost não é a solução para a maioria das empresas.
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Escrevo tudo isto por causa deste artigo "
Pequeno retalho em perigo":
"Para os retalhistas especializados da Europa e EUA, os tempos estão difíceis. O clima económico instável é um fator crítico, mas um problema não menos importante para milhares de empresas em dificuldades é a transferência de poder da loja física para o retalho on-line.
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Do outro lado do Atlântico, muitos retalhistas consideram que a concorrência do e-commerce, e cada vez mais do m-commerce, está a acelerar tão rapidamente que já não é uma questão de saber se vão cortar volume de vendas, mas de quanto vai ser o corte.
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para os retalhistas especializados mais pequenos, na medida em que a maioria simplesmente não possui economias de escala para
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As margens são já demasiado apertadas para a maioria dos pequenos atores independentes competirem com a Primark (ou a Old Navy nos EUA), enquanto o retalho na Internet evoluiu de tal forma que é agora praticamente impossível alguma iniciativa ser bem-sucedida se não for nas plataformas mais sofisticadas. O aumento de escala para a maioria dos retalhistas especializados é demasiado dispendioso."
Quem escreveu isto está na mesma posição de quem, há muitos dias, assistia do seu acampamento, amedrontado, acobardado, aos desafios arrogantes do gigante Golias e, não vislumbrava alternativa para o combater senão de igual para igual... mas como é que um normal pastor hebreu podia combater um gigante experimentado em muitas batalhas, um profissional da guerra?
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Quem escreveu isto está na mesma posição da equipa que fez uma análise SWOT por fazer e não deu ouvidos ao que o resultado grita:
"NÃO VÃO POR AÍ!!! NÃO PODEM COMPETIR NO MESMO TERRENO QUE DÁ VANTAGEM AOS "INIMIGOS""
O que dizem os pontos fracos? O que dizem as ameaças?
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A única forma de fugir ao atractor, ao buraco negro da figura lá de cima é virar o tabuleiro como fez o jovem David e, com base em pequenas pistas dos pontos fortes conjugados com as mais ou menos ténues oportunidades, vislumbrar uma alternativa que não seja fácil ou cómoda para os Golias deste mundo (nisso é que a análise TOWS é muito útil).
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Na minha opinião, como outsider, uma das alternativas possíveis está à vista no texto:
"O desaparecimento dos pequenos retalhistas de vestuário especializados é negativo para a indústria da moda. As lojas independentes são muitas vezes a única via de acesso ao mercado para os novos designers e desempenham um papel incontornável no mundo da moda em geral."
Os pequenos retalhistas podem criar alternativas estratégicas em torno de jovens designers desconhecidos que apelem a tribos, a gostos diferentes da maioria massificada e uniformizada. Lojas com produtos exclusivos que transpiram autenticidade e que podem ser de rua, de centro comercial ou online, ou tudo ao mesmo tempo. O Estranhistão, Mongo, tem de ser encarado de outra forma pelos pequenos.