sexta-feira, abril 05, 2013

Fungibilidade e anátemas

Depois de terminar a redacção deste postal "Comparações enganadoras (parte II)" li este artigo "Presidente da República sublinha necessidade de "produzir mais para exportar mais"" onde tropecei nisto:
""Portugal no ano que terminou importou cerca de 7100 milhões de euros de produtos alimentares de origem agrícola, exportou 4200 milhões de euros de exportações de origem agrícola. Portanto, nós temos de conseguir produzir mais para exportar mais e importar menos", afirmou o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, durante a apresentação da nova plataforma Peço Português."
A minha mente de não-economista foi ao arquivo mental e desencantou uma palavra:
FUNGIBILIDADE 
Até parece que faz sentido no campo agrícola produzir para substituir importações... por que havemos de destruir os nossos pobres solos a produzir mais cereais e oleaginosas, que podem ser comprados a preços sempre mais baixos no mercado internacional, e não devemos antes produzir mais daquilo em que somos bons ou podemos fazer a diferença?
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Temos de produzir mais vinho para importar menos "água escocesa"?
Temos produzir mais pêras para importar menos mangas?
Será que são fungíveis? Será que se podem comparar e meter no mesmo saco golos numa partida de andebol e de futebol? Temos de jogar muito melhor para que a média de golos nas partidas de futebol se aproxime da média de golos nas partidas de andebol... pois!
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Por que é que os políticos, e não só, são capazes de, na mesma frase, anatemizar as importações e abençoar as exportações?
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As exportações que esse político A abençoa são importações de outro país B... o que diria esse político A de um político B no país B que fizesse uma campanha violenta anatemizando as importações feitas do país A? Será que gostava?

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