sábado, abril 03, 2010

Os pregadores da economia socialista

Avilez Figueiredo brinda-nos com mais uma pregação em defesa da economia socialista.
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Interrogo-me como é que ele pode acreditar nas virtudes do Estado Grande Planeador, como é que ele ainda pode acreditar no Estado Grande Geometra?
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Incentivos correctos?
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Avilez Figueiredo acredita que a situação se assemelha à da resolução de um puzzle e que existe uma solução única e correcta à espera de ser encontrada... quase tenho inveja dessa ingenuidade porque desconfio que seria muito mais confortável encarar o mundo dessa perspectiva.
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A nossa situação é a de uma wicked mess em que não há uma solução à espera de ser encontrada.
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"UM: Dinheiro. Criar um contrato social de cinco anos com os portugueses, em que o dinheiro arrecadado por uma maior taxa fiscal, e novas privatizações (portanto mais dívida), serviria para financiar um novo caminho." (Moi ici: UM caminho? UM?! Só UM!!! Nesta sociedade em que até os velhinhos já andam tatuados basta UM caminho!!!! Como é que a Natureza, a VIDA, resolveu o seu problema? Com UMA espécie única? Ou com diversidade? Não existe UM caminho! Existem caminhos e ninguém pode prever que caminhos que resultem hoje não falhem amanhã... é muito arriscado pôr todos os ovos no mesmo cesto.)
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"DOIS: Educação. Lançar..." (Moi ici: Mais educação para quê? Avilez Figueiredo tem de ler este texto: The Portuguese Brain Drain, e tem de ler o que James Galbraith escreve acerca deste tema.)
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"TRÊS: Investigação. Criar uma equipa de investigação em mercados e oportunidades de negócio, sociedade financiada pelo Estado e pelas PME." (Moi ici: Chefiados por quem? Com que critérios de decisão? Com que critérios de breakthrough? Com que critérios de eficiência? E como matematizar o rasgo e a ousadia de arriscar? Com que critérios de emprego? Se a eficácia é cada vez mais importante que a eficiência como é que vão justificar apostar em algo?)
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"O que aqui está escrito não é desejo. É acreditar que o papel do Estado consiste em lançar sobre o sistema incentivos correctos, que empurrem um país para uma direcção comum, sem com isso anular a criatividade e a autonomia." (Moi ici: IMHO o único incentivo correcto que o Estado pode dar é não complicar, é tornar mais fácil o emprendedorismo, é deixar que milhares de pequenos e grandes caminhos sejam definidos e palmilhados por pessoas concretas que arriscam o seu dinheiro e vivem os seus sonhos e não os de um qualquer burocrata bem intencionado. Como escreveu Jay Forrester, criador da dinâmica de sistemas, "people deeply involved in a system often know intuitively where to find leverage points, more often than not they push the change in the wrong direction.")
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Há uma forma de resolver o nosso problema, é a implosão, a grande simplificação, quando o verdelhão já não aguenta mais suportar o cuco... e o mundo fica mais simples, livre e, pronto para recomeçar basta ler:
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"Complex societies collapse because, when some stress comes, those societies have become too inflexible to respond. In retrospect, this can seem mystifying. Why didn’t these societies just re-tool in less complex ways? The answer Tainter gives is the simplest one: When societies fail to respond to reduced circumstances through orderly downsizing, it isn’t because they don’t want to, it’s because they can’t.
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In such systems, there is no way to make things a little bit simpler – the whole edifice becomes a huge, interlocking system not readily amenable to change. Tainter doesn’t regard the sudden decoherence of these societies as either a tragedy or a mistake—”[U]nder a situation of declining marginal returns collapse may be the most appropriate response”, to use his pitiless phrase. Furthermore, even when moderate adjustments could be made, they tend to be resisted, because any simplification discomfits elites.
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When the value of complexity turns negative, a society plagued by an inability to react remains as complex as ever, right up to the moment where it becomes suddenly and dramatically simpler, which is to say right up to the moment of collapse. Collapse is simply the last remaining method of simplification."
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Este último parágrafo é libertador!!!
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O que não tem remédio, remediado está!!!

Para reflexão

"Statement lets euro states opt out of Greece loan scheme"
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que invista muito mais na criação e aproveitamento de oportunidades do que na resolução de problemas

Se há, e não me custa nada a acreditar que tal seja verdade, móveis importados que não cumprem as regras de segurança que todos têm de cumprir na União Europeia a solução é fácil, inspeccionar e actuar com muita publicidade.
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Por exemplo, basta colocar as brigadas da ASAE que se entretêm a inspeccionar e a impedir a actuação da polícia, quando esta pretende dissuadir o uso de gasóleo agrícola por veículos não agrícolas (parece que esta brincadeira acontece em Santa Maria da Feira), a visitar as lojas onde se vende mobiliário.
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Quanto ao resto da mensagem deste artigo "Indústria declara 'guerra' aos móveis oriundos da Ásia"... IMHO recomendo à Associação das Indústrias da Madeira e Mobiliário de Portugal (AIMMP) que invista muito mais na criação e aproveitamento de oportunidades do que na resolução de problemas.
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Se o consumidor português só usa o preço como critério de compra, vai ser cada vez mais difícil vender mobiliário português, ponto. Ora o que não tem remédio remediado está.
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Até que ponto a indústria tem fugido do negócio do preço?
Até que ponto a indústria tem apostado no design?
Até que ponto a indústria tem apostado em novos circuitos de comercialização?
Até que ponto a indústria tem apostado em novos materiais?
Até que ponto a indústria tem apostado em novos mercados?
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Quem são os clientes-alvo?
Qual a proposta de valor a oferecer?
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Por exemplo, o que estão a fazer para seduzir a geração que vai ficar saturada do design IKEA?
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Basta recordar o desafio de mudança empreendido pela TEMA.

sexta-feira, abril 02, 2010

Para reflexão

"The IMF should impose default on Greece to end the charade" (Porque é que não há políticos que laem assim, claro e de forma transparente como Ambrose?)
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"When the value of complexity turns negative, a society plagued by an inability to react remains as complex as ever, right up to the moment where it becomes suddenly and dramatically simpler, which is to say right up to the moment of collapse. Collapse is simply the last remaining method of simplification." (Se vivêssemos há 300/400 anos ou menos, este era o momento para que as sociedades mais precavidas, invadissem as sociedades menos precavidas para lhes saquear o imobiliário e alargar o poder. Chega-se ao ponto em que, já nem há dinheiro para pagar o soldo a quem defenda a sociedade da invasão) (aqui)

Engenheiros sociais

Primeiro, pensar em todas as qualidades que caracterizam uma criança, coisas como criatividade, imaginação, liberdade, ...
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Segundo, qual o efeito da escola sobre todas essas qualidades?
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Será que podemos encontrar mais uma influência?
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Quantos mais anos de escolaridade menor a disposição para arriscar e empreender?
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Começo a temer que os engenheiros sociais cá do burgo ainda vão encontrar maneira de impedir que pessoas sem frequência universitária sejam patrões do seu próprio negócio...
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Com estes engenheiros sociais, num país socialista, até temeria pela vida desses patrões... ooops! Mas nós somos um país de economia socialista!!!!!!!
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Watch it!

Não esquecer que a Europa é um continente envelhecido e a caminho do asilo

No artigo de Daniel Amaral referido aqui, um leitor deixou o seguinte comentário:
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"se a UE criasse um novo imposto sobre bens importados que fizesse incorporar no preço final do produto as ditas "externalidades" negativas (medida em custos ambientais e no reajuste ao "dumping" salarial, tendo por base o custo dos factores produtivos na UE), quais seriam as prespectivas de crescimento dentro da zona Euro - e, mais concretamente, em Portugal? Como reagiria a nossa indústria? Qual o impacto na competitividade, no investimento, emprego, consumo, nas despesas sociais e nas receita do Estado?"
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É preciso não esquecer os factos... a Europa é um continente envelhecido e a caminho do asilo. Quanto mais elevada a idade média de uma população menos esta consome (veja-se o caso da Alemanha) é preciso exportar... para onde? Para economias jovens e dinâmicas.
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Por exemplo:
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O consumo na Europa não é suficiente para alimentar a economia, é cada vez mais preciso exportar para fora da UE.

quinta-feira, abril 01, 2010

Gerações foram educadas, moldadas e conformadas pela teoria marxiana

Daniel Amaral no DE de hoje:
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"Restam-nos as exportações. Que só podem crescer por duas vias: ou pelo aumento da procura externa ou pela redução dos custos internos. Formas de reduzir os custos: menos impostos do Estado, ganhos de eficiência das empresas, cortes nos salários dos trabalhadores. Querem fazer o favor de escolher? Lamento a conclusão implícita: o Governo foi realista nas projecções que fez - malgrado o fraco crescimento, não há espaço para crescer mais. É trágico mas é assim."
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Quantos anos tem Daniel Amaral?
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Como era o mundo quando Daniel Amaral estudou e se formou na Universidade?
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O que estava na moda quando Daniel Amaral estudou e se formou na Universidade?
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No mundo actual onde vivemos temos esta realidade que uso como exemplo:
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Qual o preço médio de um par de sapatos exportado de Portugal? 20 euros!
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Qual o preço médio de um par de sapatos importado da Ásia para a Europa? 3 euros!
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Perante estes factos, no modelo mental, no paradigma em que Daniel Amaral foi enformado e moldado, qual o destino do calçado português?
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O mesmo que Daniel Bessa previu há cinco anos: um colossal problema, o declínio e a extinção do sector do calçado em Portugal.
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Qual foi a realidade?
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Um sector que em 2009 exportou mais de 96% da sua produção.
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Esta realidade não é explicada pelo modelo mental de Daniel Amaral...
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Daniel Amaral e várias gerações foram educadas, moldadas e conformadas pela teoria marxiana que relaciona trabalho e valor de uma forma que implica que o preço é, sobretudo, baseado numa regra de polegar: o preço é definido tendo em conta os preços da concorrência ou os overheads e um retorno arbitrário. O valor neste mundo é definido pela quantidade de trabalho incorporado...
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A realidade que vivemos hoje já não é a mesma do tempo de Marx, hoje a oferta é várias vezes superior à procura em quase todos os sectores de produção...
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Para Daniel Amaral a única forma de conquistar mercado é... reduzir os custos... é apostar no denominador... nunca leu Rosiello, não descobriu ainda que a resposta austríaca para o valor está na mente do comprador e na capacidade de o seduzir, não porque se oferece o artigo mais barato mas um artigo diferente...
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Será que Daniel Amaral só usa esferográficas? Só usa canetas BIC?

Trecho retirado do artigo "Passos fatais"

Part IV - Concentração e aposta no lado errado

"It is time to replace the old equation described in the (parte I) with this new model:

Profitability = Intellectual Capital X Price X Effectiveness

In the business of the future, effectiveness takes precedence over efficiency. A business does not exist to be efficient; it exists to create wealth for its customers. An obsessive compulsion to increase efficiency (doing things right) reduces the firm’s effectiveness at doing the right things. The pursuit of efficiency has hindered most companies’ capability to pursue opportunities, hence these organizations spend most of their time solving problems. One cannot grow a company and continuously cut costs and increase efficiency.
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It is not that efficiency is bad, per se, it is that it is being pursued at the expense of nearly everything else. To add insult to injury, the efficiency measures that do exist in the modern organization tend to be lagging indicators that measure efforts and activities, not leading indicators that measure results and define success the same way the customer does.
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The word “efficiency” has been deliberately replaced with “effectiveness,” bowing to the observation that a business does not exist to be efficient, but rather effective. What happens if you are 100 percent efficient at doing the wrong thing? Effectiveness, on the other hand, stresses the power to produce a particular effect, in this case, something of value for customers. Still, this word, too, is not quite precise enough at describing the effect a modern firm is trying to create."

quarta-feira, março 31, 2010

Agarrados a paradigmas ultrapassados

A propósito deBanco de Portugal projecta crescimento mais baixo este ano e no próximo

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Se não gostamos dos resultados, se não gostamos do comportamento, temos de mudar, temos de transformar as estruturas sistémicas.

“So, how do we change the structure of systems to produce more of what we want and less of that which is undesirable?”

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“This idea of leverage points is not unique to systems analysis—it’s embedded in legend: the silver bullet; the trimtab; the miracle cure; the secret passage; the magic password; the single hero who turns the tide of history; the nearly effortless way to cut through or leap over huge obstacles.

We not only want to believe that there are leverage points, we want to know where they are and how to get our hands on them. Leverage points are points of power.”

“Paradigms are the sources of systems. From them, from shared social agreements about the nature of reality, come system goals and information flows, feedbacks, stocks, flows, and everything else about systems.”

Como não se vai ao fundo da questão… como só se fazem remendos, estica-se o paradigma até à última: “Fórum para a Competitividade sugere aumento do IVA” mesmo quando já está podre e obsoleto.

“There is yet one leverage point that is even higher than changing a paradigm. That is to keep oneself unattached in the arena of paradigms, to stay flexible, to realize that no paradigm is “true,” that every one, including the one that sweetly shapes your own worldview, is a tremendously limited understanding of an immense and amazing universe that is far beyond human comprehension. It is to “get” at a gut level the paradigm that there are paradigms, and to see that that itself is a paradigm, and to regard that whole realization as devastatingly funny. It is to let go into not-knowing, into what the Buddhists call enlightenment.

People who cling to paradigms (which means just about all of us) take one look at the spacious possibility that everything they think is guaranteed to be nonsense and pedal rapidly in the opposite direction. Surely there is no power, no control, no understanding, not even a reason for being, much less acting, embodied in the notion that there is no certainty in any worldview. But, in fact, everyone who has managed to entertain that idea, for a moment or for a lifetime, has found it to be the basis for radical empowerment. If no paradigm is right, you can choose whatever one will help to achieve your purpose. If you have no idea where to get a purpose, you can listen to the universe.”

terça-feira, março 30, 2010

Parte III - Concentração e aposta no lado errado

Continuado da parte I e parte II.

Revenue = Capacity X Efficiency X Cost-Plus Price

"Next is cost-plus pricing, a direct cousin of the Dupont return on investment formula. But the real ancestor of cost-plus pricing is the Labor Theory of Value, posited by economists of the eighteenth century and Karl Marx in the middle nineteenth. This theory was almost immediately shown to be false—in terms of its ability to explain, predict, or prescribe—as a method of determining value in a marketplace. Fortunately, a better theory was posited, known as the Subjective Theory of Value—that is, ultimately, the person paying for an item, not the seller’s internal overhead, desired profit, or labor hours, determines the value of anything. Value, like beauty, is in the eye of the beholder.

The offense of believing internal costs have anything to do with value is serious. A business should be judged—and price-based—on the results and wealth it creates for its customers. The cost-plus pricing paradigm is not worthy of businesses operating in an intellectual capital economy, and it is time we throw it on the ash heap of history. It is an idea from the day before yesterday.

Last, consider revenue. It is one thing to get more business; it is quite another to get better business. The “bigger is better” mentality is an empty promise for most companies. Acquiring more customers is not necessarily better. Growth simply for the sake of growth is the ideology of the cancer cell, not a strategy for a viable, profitable company."

Trecho retirado de Ronald Baker no seu livro "MEASURE WHAT MATTERS TO CUSTOMERS USING KEY PREDICTIVE INDICATORS".

segunda-feira, março 29, 2010

Fazer o teste

É pegar no PEC, é ouvir os discursos sobre o PEC e fazer o teste:
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"Clarity: Complex problems require simple, clear and honest solutions.
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Context: No solution should be developed and delivered in isolation, but should recognize its context in terms of time, place and culture.
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Inspiration: Successful solutions will move people by satisfying their needs, giving meaning to their lives and raising their hopes and expectations.
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Participation: Effective solutions will be collaborative, inclusive and developed with the people who will use them.
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Sustainability: Every solution needs to be robust, responsible and designed with regard to its long-term impact on the environment and society. Quality of the materials and design concept should be long-lasting.
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Transformation: Exceptional problems demand exceptional solutions that may be radical and even disruptive."
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Então, qual destes tópicos é respeitado?
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Trecho retirado daqui.

Para reflexão

"A Grécia está salva, o euro ainda não" (Não será whishful thinking?)
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Parte II - Concentração e aposta no lado errado

Continuado da parte I.
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O texto do semanário Vida Económica "Pequenos empresários melhoram eficiência das suas empresas" é um texto que aponta e a ajuda as empresas e os empresários a concentrarem-se no lado errado.
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Ronald Baker no seu livro "MEASURE WHAT MATTERS TO CUSTOMERS USING KEY PREDICTIVE INDICATORS" é muito mais eloquente do que eu nesta minha batalha para mudar o modelo mental dominante neste país.
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"When you think about the traditional theory of an enterprise, you would no doubt construct a model similar to this:

Revenue = Capacity X Efficiency X Cost-Plus Price

Efficiency is a word that can be said with perfect impunity, since no one in their right mind would dispute the goal of operating efficiently. In fact, it is well known that in free market economies, efficiency is critical, as it ensures a society’s resources are not going to waste. It is also well established that different levels of productivity largely explain differences in wages across countries. An American farmer will earn more plowing with a tractor than a Cuban farmer with an ox and hand plow; the American farmer is more productive, hence higher wages and more profits.

There is no doubt that increasing efficiency—or at least not sliding into inefficiency—is important. But the pendulum has swung too far in the direction of efficiency over everything else. It seems innovation, dynamism, customer service, investments in human capital, and effectiveness have all been sacrificed on the altar of efficiency. It is critical to bear in mind that a business does not exist to be efficient; rather, it exists to create wealth for its customers. This wealth creation function can be thought of as the difference between the maximum price a customer would be willing to pay minus the opportunity costs of the activities necessary to bring to market the product or service.

Peter Drucker was fond of pointing out that the last buggy-whip manufacturers were models of efficiency. So what? What happens if you are efficient at doing the wrong things? That cannot be labeled progress. In fact, one indicator an industry is in the mature or decline stage of the product/service life cycle is when it is at the apogee of its theoretical level of efficiency.

The point is this: In industry after industry, the history of economic progress has not been to wring out the last 5 to 10 percent of efficiency, but rather to change the model to more effectively create wealth."

Continua.

domingo, março 28, 2010

Acerca do I e D

Trecho retirado de "Como reduzir o défice externo em Portugal?"

publicámos recentemente um artigo em que demonstrámos que a maior produtividade das empresas exportadoras em relação às não exportadoras resulta do maior investimento em I&D (investigação e desenvolvimento) das primeiras.(Moi ici: A realidade é tão complexa… para podermos exportar temos de ser capazes de oferecer algo de forma competitiva. Se exportamos é porque somos competitivos. Se somos competitivos é porque ou vendemos mais barato ou vendemos coisas diferentes. Ao vender coisas diferentes sobe-se na escala de valor, trabalha-se no numerador mais do que no denominador (ver marcadores abaixo), para vender coisas diferentes tem de haver um qualquer investimento em I&D. Para vender mais barato de forma sustentável só há uma via, aumentando o investimento em I&D. BTW, o que propõe o presidento do Forum para a Competitividade? Falo do Forum para a Competitividade não falo de uma qualquer conversa de café … “aumentar a competitividade reduzindo salários!!!”. O que é que estraga todo este raciocínio? ( o meu e o do autor) Já o escrevi aqui há anos… os portugueses são bons a abrir fronteiras, a desbastar novas terras, a ir à frente, a explorar (na linguagem de March, os portugueses são bons na exploration e fracos na expolitation. Embora, também possa dizer que os incumbentes confiam demasiado na exploitation e pouco na exploration) por isso, há cada vez mais empresas a exportar para Angola, não por causa do I&D mas por causa da língua comum, mas por causa do gerente que pôs a mochila às costas e foi à luta.) A ligação entre competitividade e exportações é, por isso, central para o debate em torno do défice externo português. De facto, a melhor maneira de resolver de forma sustentável este problema é através de uma melhoria da competitividade das exportações nacionais. Isto, no entanto, só será possível se as empresas portuguesas apostarem mais em I&D.

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Apesar de, nos últimos anos, Portugal ter assistido a progressos significativos nesta área (de 2004 a 2007, o investimento em I&D aumentou de 0,77 por cento para 1,51 por cento do PIB), tal não é ainda suficiente. Na verdade, o investimento em I&D em Portugal ainda se encontra abaixo do da OCDE, que é de 2,28 por cento do PIB. Para além disso, enquanto em Portugal a maior parte do investimento em I&D provém de subsídios estatais (59,8 por cento do total), na OCDE acontece o contrário (28,1 por cento do total). Isto é uma desvantagem, uma vez que a evidência empírica mostra que os subsídios à I&D não são eficazes no aumento da produtividade das empresas. (Moi ici: Quem atribui os subsídios? Qual a sua experiência de vida? Que critérios são usados para atribuir os subsídios? O que é verdadeiramente inovador começa de pequeno, dirige-se a um mercado pequeno e, por isso, não é atraente para os números de empregos a criar nos critérios políticos. Por outro lado, o que é verdadeiramente inovador demora mais tempo a produzir resultados do que o previsto nos critérios. E até que ponto o subsídio não é uma ajuda encapotada à manutenção da realidade actual?) Primeiro, os subsídios tendem a substituir - em vez de complementar - os fundos próprios das empresas. Segundo, dada a incerteza associada à continuidade no futuro dos subsídios, estes não são utilizados pelas empresas como parte de uma estratégia de longo prazo de aumento da competitividade.

No entanto, basta observar que o sector com um maior crescimento nas exportações em Portugal tem sido o farmacêutico, onde a I&D é central. (Moi ici: Este parágrafo preocupa-me… quer dizer que o autor não conhece a realidade. Olha para as estatísticas e, depois, soma-as a um punhado de estereótipos acerca das farmacêuticas… Para que mercados é que estão a exportar? E que princípios activos estão a exportar? Suspeito que as respostas são: África e América Latina e genéricos) Contudo, continuam a existir muitas resistências por parte dos agentes económicos nacionais a uma reorientação para sectores intensivos em I&D. (Moi ici: Não temos qualquer hipótese, no curto-prazo, para sectores intensivos em I&D, basta atentar no caso único da Bial… o tempo que demora a colher os primeiros frutos é, com sorte, demasiado longo. O que sugiro é, a partir dos sectores tradicionais, dentro dos sectores tradicionais, subir na escala de valor e, para isso recorrer à I&D) Por um lado, os empresários portugueses não têm uma cultura de I&D, uma vez que, no passado, se habituaram a ajudas à competitividade, como subsídios, salários baixos e desvalorizações competitivas. (Moi ici: Enquanto o Estado não deixar de apoiar empresas por tudo e por nada e não se criar um simplex para o encerramento rápido de empresas, continuaremos a ter a economia do passado a sugar os escassos recursos necessários para criar a economia do futuro e com futuro.)

sábado, março 27, 2010

Parte I - Concentração e aposta no lado errado

Para já sem comentários, o trecho retirado do Vida Económica:
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"A maioria dos pequenos empresários (53%) acredita que economizar é a melhor estratégia para manter o seu negócio no actual clima económico, de acordo com um estudo acabado de lançar pela Brother International Corporation. O estudo, intitulado «Brother Small Business Survey», revelou ainda que a maior parte dos pequenos empresários (79 %) vai tentar tornar o seu negócio mais eficiente no decorrer deste ano.
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«Os pequenos empresários sentem-se extremamente ansiosos relativamente à economia e ao seu negócio. Desta forma, estão a economizar o seu dinheiro de forma a garantir que possam sobreviver à crise económica e a posicionar-se para o sucesso a longo prazo», disse John Wandishin, director de marketing de produto e comunicações da Brother International Corporation. «Para ajudar a reduzir os custos, os empresários estão a procurar formas de tornar o seu negócio mais eficiente e uma das formas é através do investimento em equipamentos e consumíveis para a empresa que são fiáveis e irão proporcionar-lhes o melhor retorno do seu investimento».
O estudo revelou ainda que os pequenos empresários estão a considerar tomar medidas drásticas e desesperadas para ajudar a manter o seu negócio. Um exemplo da pressão que sentem é o facto de 15% mencionarem que abdicariam de 10% da sua empresa em troca da garantia que seriam protegidos dos efeitos negativos da economia em 2010. Dos pequenos empresários inquiridos, 51% afirmam que o seu nível de stress nunca foi tão elevado como agora e cerca de 48% pensa na sua empresa antes de adormecer.
A maioria dos pequenos empresários acredita que trabalham mais horas do que se estivessem a trabalhar por conta de outros, metade dos inquiridos aprecia a flexibilidade relacionada com o facto de deter a empresa e um terço admite que a empresa é uma paixão."
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O que é que eu critico no PEC? Tratamento dos sintomas sem ir às causas-raiz.
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Continua.

Iceberg? Prefiro mais da imagem do verdelhão

"Vieira da Silva lembrou que a recuperação da economia está dependente das indústrias de bens transaccionáveis, com capacidade de exportar, mas na actual situação as empresas com esse potencial (oito por cento do total) representam apenas a parte emersa do iceberg. Para o ministro, é no desenvolvimento deste segmento que está "a base de boa parte do sucesso" da economia do Norte e do país."
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Prefiro a imagem do verdelhão.
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As PMEs produtoras de bens transaccionáveis são os verdelhões que têm de alimentar o cuco (Estado e empresas do regime).
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Texto retirado daqui.

O poder da inércia e as bolhas

Esta notícia "Centros comerciais batem recorde", bem como esta "Sonae Sierra inaugura hoje maior centro comercial de Leiria" não podem deixar de me fazer recordar este postal sobre a inércia.
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Como nos desenhos animados, trava-se (?) mas só se pára muito tempo depois...
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Há que melhorar a capacidade de cenarização e futurização.
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Ou seja, num país com 10% de desempregados, num país com um deficit comercial monumental, num país com um baixo PIB per capita, isto "Portugal bate recorde europeu na abertura de shoppings" cheira-me a bolha.

sexta-feira, março 26, 2010

Esquizofrenia analítica... por causa de 0,6%

Ontem de manhã, nas rádios, fui bombardeado nos vários noticiários com as palavras do ministro da Administração Interna sobre os números da "Criminalidade violenta e grave" incluídos no Relatório Anual de Segurança Interna -2009".
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O que foi dito e, sobretudo, a entoação com que foi dito, por causa de uma redução de 0,6% no número total de crimes, violentos e graves, fez-me desconfiar da esquizofrenia analítica.
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Ao final do dia consegui recolher os dados do período 2003 a 2009 o que me permitiu fazer uma análise do comportamento estatístico.
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Para a carta do valor individual e da amplitude móvel obtive os seguintes resultados:
Conclusão?
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Treta...
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Nos últimos 7 anos não houve alterações no nível da criminalidade violenta e grave.
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Ou seja, mais um caso de esquizofrenia analítica.

quinta-feira, março 25, 2010

Modelos mentais e intuições de políticos

E quais são os modelos mentais e as intuições dos políticos que ocupam o ecossistema de oposição e situação em Portugal?
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"José Sócrates pode sublinhar a sua eficácia a reduzir o défice, mas os mercados desconfiam. Não de Sócrates, mas do modelo político em que o dinheiro dos impostos financia as necessidades do Estado. Há já quem brinque que o único negócio com lucro neste momento de crise é cobrar impostos. Basta mandar, que a factura sobe.
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É isso que traduz grande parte do Programa de Estabilidade e Crescimento, o mesmo que as oposições parecem decididas a deixar passar para uma fase legislativa. Não deviam: não porque tenha erros, mas porque desvaloriza a importância que os mercados dão hoje ao modelo de Estado que cresce à custa de impostos."
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Este é o modelo mental que partilham e defendem, todos.
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O livro "Creative Destruction - Why Companies That Are Built to Last Underperform the Market - and How to Successfully Transform Them", de Richard Foster e Sarah Kaplan, faz uma boa descrição do perigo de "lock-in" dos modelos mentais.
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"“Cultural lock-in” – the inability to change the corporate culture even in the face of clear market threats – explains why corporations find it difficult to respond to the messages of the marketplace. Cultural lock-in results from the gradual stiffening of the invisible architecture of the corporation, and the ossification of its decision-making abilities, control systems, and mental models. It dampens a company’s ability to innovate or to shed operations with a less-exciting future. Moreover, it signals the corporation’s inexorable decline into inferior performance.”

“The heart of the problem is the formation of hidden sets of rules, or mental models, that once formed are extremely difficult to change. Mental models are the core concepts of the corporation, the beliefs and assumptions, the cause-and-effect relationships, the guidelines for interpreting language and signals, the stories repeated within the corporate walls.”

““… mental models the “theoretical frameworks that help investors better understand the world.”
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"Mental models are invisible in the corporation. They are neither explicit nor examined, but they are pervasive. When well crafted, mental models allow management to anticipate the future and solve problems. But once constructed, mental models become self-reinforcing, self-sustaining, and self-limiting. And when mental models are out of sync with reality, they cause management to make forecasting errors and poor decisions. The assumption of continuity, in fact, is precisely the kind of disconnect with reality that leads corporations into flawed forecasting and poor decisions.”
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Mintzberg dá o exemplo das palas nos cavalos, perde-se a capacidade de visão a 360º e fica-se apenas preso a olhar em frente, apesar do mundo em volta mudar e exigir novas respostas.
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Como é que se quebram estes modelos mentais?
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Quando se embate violentamente contra a parede da realidade!!! Como o Sporting, e o FCPorto que, tudo indica, na próxima época vão seguir um novo modelo de negócio.
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BTW, recordo as palavras de José Sócrates na última entrevista televisiva que deu. Disse qualquer coisa como "Poupança. Que horror! Dinheiro parado no banco" e as palavras sábias de Avilez Figueiredo:
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Aqui, como no resto da Europa. Comprar dinheiro, e existir quem o venda pelo justo valor, é um dos activos mais determinantes das economias modernas. É por isso que é tão importante incentivar a poupança - dinheiro gera dinheiro é ditado antigo."
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Trechos retirados de "Portugal assusta América"

Intuição e modelos mentais

E como é alimentada a intuição?
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O que está na base do iceberg de Senge? (aqui e aqui)
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Os modelos mentais!
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"Experts are not just accumulating experiences. People become experts by the lessons they draw from their experiences, and by the sophistication of their mental models about how things work."
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"Mental models are developed through experience—individual experience, organizational
experience, and cultural experience. The richer mental models of experts ... include more knowledge and also enable the experts to see more connections. These are two defining features of complexity.
The mental models of experts are more complex than those of other people."
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"With experience we learn more and more patterns. These patterns let us size up situations quickly and accurately. The experience and the patterns enable us to judge what to pay attention to and what to ignore. That way, we usually reserve our attention for the most important cues and aspects of a situation. However, if the situation is deceptive or is different from what we expect, we may focus our attention on the wrong things and ignore important cues. That’s why the concept of ‘‘mindsets’’ creates so much controversy. Our mindsets frame the cues in front of us and the events that are unfolding so we can make sense of everything.
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Experience and patterns produce mindsets. The more experience we have, the more patterns we have learned, the larger and more varied our mindsets and the more accurate they are. We depend heavily on our mindsets. Yet our mindsets aren’t perfect and can mislead us.
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With more expertise, we may become more confident in our mindsets, and therefore more easily misled. As we saw in the previous chapters, every mechanism has limitations.
The mindsets that reflect our experience and power our expertise can, on occasion, cause our downfall. Mindsets aren’t good or bad. Their value depends on how well they fit the situation in which we find ourselves. Mindsets help us frame situations and provide anchors for making estimates."
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É também por isto que fico com os cabelos em pé quando olho para os curricula dos políticos que nos governam, por exemplo aqui e aqui.
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Que modelos mentais é que esta gente transporta? O que é que as habilita a exercer o poder nos tempos que correm? Como é que vêem o mundo?
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Como escreveu Joaquim Aguiar, somos governados por funcionários.
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Trechos retirados de "Gary Klein retirado de “Streetlights and Shadows - Searching for the Keys to Adaptive Decision Making”"