segunda-feira, agosto 17, 2009

Em busca de um novo paradigma de operação (parte I)

Tenho percebido, no último semestre, o acentuar de uma tendência no mundo industrial actual.

A diminuição do tempo disponível para produzir bens no ramo do “pronto moda”:

A data de entrega dos produtos para as prateleiras e montras no inicio de uma época mantém-se constante (?) (em Julho no Porto já vi lojas em centros comerciais com uma das montras dedicadas à nova época de Outono-Inverno), no entanto, a data de colocação das encomendas firmes vai deslizando cada vez mais para a frente diminuindo o tempo disponível para produção.

Esta compressão temporal acarreta uma mudança de paradigma que tem de ser encarada de frente.

Durante aqueles dois meses, de meados de Março a meados de Maio, as empresas têm de pagar salários e não produzem. Os operários têm de compensar dando horas-extra durante o tempo de produção. Contudo, por mais horas que dêem, como o tempo está comprimido e as máquinas estão ocupadas, as empresas acabam por ter de subcontratar produção para além do que seria necessário ou desejável.

Por isso, assistimos a um fenómeno deveras interessante e sintomático de algo não corre bem no modelo, os subcontratados negoceiam numa posição de força porque não são suficientes para as encomendas.

Esta compressão temporal é algo que já vem de há anos, por causa da progressiva aposta na flexibilidade e no serviço em detrimento do preço-baixo puro e simples, no entanto, agora, com a crise actual acentuou-se.

A incerteza, a quebra na procura, a baixa do poder de compra, tudo contribui para que as encomendas sejam postas cada vez mais tarde, cada vez mais em cima da hora, devido ao receio e ao risco envolvido.

A par desta compressão temporal acentuam-se tendências que já vêm em aceleração há alguns anos: encomendas cada vez mais pequenas; maior variedade de modelos e explosão do número de amostras na fase pré-produção.

Tudo isto contribui para a necessidade de repensar:

· O planeamento da produção (definitivamente optar pelo puxar em vez do empurrar, pull vs push);

· A subcontratação;

· O aprovisionamento;

· A organização das equipas de produção (células versus linhas);

· A modelação, ou a engenharia de processo, ou a engenharia de produto.

Precisamos de:

· Reduzir os tempos de ciclo;

· Aprender a trabalhar com muita variedade;

· Aprender a controlar os custos de outra forma;

· Aumentar a flexibilidade.

Só que o modelo mental que funcionava no passado é cada vez mais um entrave a este novo panorama.

Continua.

domingo, agosto 16, 2009

O rácio da Procura sobre a Oferta

Neste postal "Cenários: O que diz Roubini (parteI)" desenvolvi uma série de esquemas que acabaram por culminar no da figura que se segue:
Enquanto a Procura for muito menor do que a Oferta vamos ter: deflação; desemprego a subir; confiança a descer (os estímulos governamentais estão a ajudar a mantê-la); falências a subir.
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Ontem, Evans-Pritchard escreveu no Telegraph sobre o tema do rácio da Procura sobre a Oferta: "There's no quick fix to the global economy's excess capacity":
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"Excess plant will hang over us like an oppressive fog until cleared by liquidation, or incomes slowly catch up, or both. Until this occurs, we risk lurching from one false dawn to another, endlessly disappointed.

Justin Lin, the World Bank’s chief economist, warned last month that half-empty factories risk setting off a “deflationary spiral”. We are moving into a phase where the “real economy crisis” bites deeper – meaning mass lay-offs and drastic falls in investment as firms retrench. “Unless we deal with excess capacity, it will wreak havoc on all countries,” he said.

Mr Lin said capacity use had fallen to 72pc in Germany, 69pc in the US, 65pc in Japan, and near 50pc in some poorer countries. These are post-War lows. Fresh data from the Federal Reserve is actually worse. Capacity use in US manufacturing fell to 65.4pc in July"

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Este rácio é o busílis da questão na economia real...
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Será que isto vai de alguma forma ajudar?

sábado, agosto 15, 2009

Inovação na ponta do lápis

Quando andava na escola primária usava um lápis Viarco, lembro-me muito bem.
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É com interesse que acompanho a luta da Viarco ao longo dos anos, é o último fabricante de lápis na Península Ibérica.
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No passado sábado o semanário Expresso publicou um artigo sobre a Viarco intitulado "Inovação na ponta do lápis", registo aqui alguns recortes do artigo que ilustram bem a estratégia que tem permitido à empresa sobreviver. E, pelos vistos, especulo eu, a empresa ao racionalizar o que lhe tem acontecido, decidiu transformar a "sorte", a oportunidade, numa estratégia. Uma estratégia de diferenciação e fuga do combate com os chineses:
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"É numa prensa centenária que a Viarco faz a nova barra de grafite, um bastão de 200 gramas de grafite aguarelável pronto para a intervenção directa do artista no espaço. Vendido a €20, contra os €0,40 cêntimos do lápis tradicional, o produto-estrela da empresa vem confirmar a aposta na inovação..."
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""são as situações que geram as oportunidades", mas decidido a criar produtos com mais valor acrescentado ... O objectivo é ganhar margens e criar um portefólio de produtos para "olhar a internacionalização a sério e inverter a estrutura de vendas, tornando as exportações dominantes". "É preferível ter um nicho nos Estados Unidos ... ou no Japão, do que no mercado tradicional".

Can't solve debt-induced crisis with more debt

Deleveraging-induced downturn inevitable.
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The problema was caused by irresponsible lending and the only way out is to eliminate that debt.
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Um vídeo interessante sobre uma palestra de Steve Keen.
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BTW, leiam o texto da página 7 deste relatório da OCDE... de Junho de 2007

sexta-feira, agosto 14, 2009

Se eu morasse perto de Braga...

... era para aqui que eu queria mudar o meu estaminé!
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Estranho!



Ontem, no Porto, na Avenida da Boavista, constatei a presença destas duas Cajas separadas por cerca de 100/200 metros...
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O que fazem bancos deste tipo numa zona daquelas?

Não seguirás bovinamente as indicações de um governo, usarás a tua cabeça

Longe da política politiqueira, se houver algum esforço de reflexão, reconhecer-se-á neste exemplo o perigo da crença no Grande Planeador, no Estado que tudo sabe e prevê melhor do que os indivíduos.
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Se a economia tivésse seguido bovinamente as indicações do primeiro-ministro em 2005 "Prioridade - Espanha, Espanha, Espanha, repetida por Sócrates." como encaixaríamos este golpe "A economia espanhola registou, no segundo trimestre deste ano, um recuo de 1 por cento face ao desempenho dos primeiros três meses do ano. A quebra é menos profunda do que a registada no trimestre precedente: -1,9 por cento.?"
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Os indivíduos são todos diferentes: diferentes recursos; diferentes prioridades; diferentes estratégias; diferentes personalidades. A nossa esperança nunca estará numa Opção Única, mas num ramalhete de diversidade. A diversidade é o melhor seguro para as crises como a que vivemos.
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BTW, em Espanha a coisa está mesmo mal, Zapatero conseguiu pôr a economia espanhola a pagar juros mais altos que a portuguesa... é obra!

O que dizer da nossa competitividade... (parte III)

Voltamos à nossa reflexão anterior e ao tema da mortalidade empresarial, a famosa destruição criativa de Schumpeter, a propósito da leitura dos excelentes artigos "Measuring and Explaining Management Practices Across Firms and Countries" de Nick Bloom e John Van Reenen e de "The link between management and productivity" publicado pelo The McKinsey Quarterly e assinado por Stephen Dorgan, John Dowdy e Thomas Rippin.
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Traduzimos algumas das conclusões do artigo para um conjunto de gráficos simplificados:
O principal factor para o sucesso económico das empresas é... a qualidade da gestão. Os gestores são mais importantes para o sucesso de uma empresa do que as suas linhas de produtos, do que a geografia e as políticas governamentais, daqui a importância de estudar a micro-economia. As diferenças entre empresas do mesmo sector, dentro do mesmo país, revelam que é a equipa de gestão que faz a diferença (basta ver a figura 1 do artigo do The McKinsey Quarterly).
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O segundo gráfico diz-nos que quanto melhor é a qualidade da gestão maior é a produtividade de uma empresa. Assim, aumentar a produtividade da nossa economia há-de ser a consequência natural do somatório dos aumentos individuais ao nível da micro-economia, não o fruto de uma actuação de um iluminado governamental com medidas globais.
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O terceiro gráfico salienta que quanto mais as empresas estão protegidas da concorrência menor é a necessidade de melhorar a qualidade da gestão. Podemos logo adivinhar quais as consequências para a nossa produtividade agregada de uma economia que protege as suas empresas e que não as deixa morrer e morrer rapidamente.
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O quarto gráfico regista que, estatisticamente, são as empresas mais novas as que evidenciam melhor qualidade de gestão. Assim, quando protegemos e não deixamos morrer empresas ultrapassadas pelo evolução da realidade económica, estamos a protelar a melhoria da qualidade da gestão, estamos a impedir uma melhor remuneração dos recursos utilizados, estamos a atrasar a melhoria da produtividade. As empresas mais antigas, apegadas a práticas que resultaram no passado, têm uma grande dificuldade em alterar processos e modelos mentais.
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As empresas novas não têm "a cama feita" têm de mostrar abertura para vingar, daí que estejam muito mais abertas a fazer experiências de gestão em busca de resultados.
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Os quinto e sexto gráfico ilustram que quanto melhor é a qualidade da gestão de uma empresa maior é a probabilidade de ela investir em formação e de contratar empregados com um curso superior.
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Por que é que tantas empresas mal geridas sobrevivem e vegetam durante anos e anos?
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"One of the interesting features of the raw data is the substantial fraction of firms that appear to have surprisingly bad management practices, with scores of two or less. These firms have only basic shop-floor management, very limited monitoring of processes or people, ineffective and inappropriate targets, and poor incentives and firing mechanisms. In addition, our calibration of the measurement error suggests these firms cannot be entirely explained by sampling noise."
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O artigo "The link between management and productivity" publicado pelo The McKinsey Quarterly propõe uma resposta:
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"If effective management and good performance are tightly linked, how do so many badly managed companies survive? It is a question that has long baffled researchers. Economic theory has it that competition ensures the survival of only the best-managed companies and the elimination of the weak ones. Competition, the theory says, will spur managers to work more effectively and outlast rivals.
Our research sheds new light on the subject. It showed that poorly managed companies hang on because of a lack of competition, combined with restrictive labor laws. In each country, we found some high performers working with varying degrees of regulation, but, overall, we uncovered a clear link between badly managed companies and government regulations that hobble a company's ability to manage its employees. The connection is even stronger if the freedom to hire and fire is restricted.
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We also found that the more protected companies are from competition, the less incentive they have to adopt advanced management tactics. With this kind of protection, some companies can survive for years. In fact, we found that some of the most persistently mismanaged companies are family owned and often do business in uncompetitive markets."
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Tudo isto leva-me a recordar o "The Global Competitiveness Report 2008–2009" na página 293. Qual o parâmetro em que Portugal está pior posicionado?
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"7th pillar: Labor market efficiency" estamos na posição 87 entre 134 países. Sobre o que parâmetros trata este sétimo pilar?A página 294 revela que entre 134 países estamos comparativamente muito mal colocados em quase todos os tópicos... aquele 125 é impressionante (mas a Alemanha, página 184, está na posição 130). Eu sei que digo que com o euro somos todos alemães... mas eles nos outros pilares são impressionantes.
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Como é que está a nossa taxa de mortalidade empresarial?

quinta-feira, agosto 13, 2009

Para reflexão

"Workers over 60 are surprise key to McDonald's sales"
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"The fast food chain invited Lancaster University Management School to examine the performance of 400 of its restaurants and the researchers found that customer satisfaction levels were on average 20pc higher in those outlets that employed kitchen staff and managers aged over 60."
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Boas novas


Esta boa notícia "Economia portuguesa cresceu 0,3 por cento no segundo trimestre" está em sintonia com a minha experiência pessoal recente "Esperança para a produção industrial na Europa" (aquele BTW final).
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Estes números, para Portugal e para vários outros países da zona euro "Metade dos países da Zona Euro já está a crescer"... não serão um fruto natural das políticas de estímulo económico dos governos? O dinheiro injectado pelos governos tem de ter algum efeito... será sustentável?
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Sócrates acha que sim: "Tenho boas indicações e bons sinais que o crescimento do PIB vai ser sustentável". Gostava de ter essa opinião, por mim tenho dúvidas. Só quando vir o BCE a subir taxas de juro é que vou acreditar.Gráfico retirado daqui.

Os efeitos da liberdade e do empowerment

"In most organizations, the decision-making freedoms of frontline employees are highly circumscribed. Sales reps, call center staff, office managers, and assembly line workers are usually trussed up in tangle of top-down policies, “best practices,” and standard operating procedures. Yet it’s impossible to build a highly adaptable organization without first expanding the scope of employee freedom. To create an organization that’s adaptable and innovative, people need the freedom to challenge precedent, to “waste” time, to go outside of channels, to experiment, to take risks and to follow their passions."
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Aconselho a leitura deste artigo sobre a experiência realizada pelo Bank of New Zealand.
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Por exemplo, como é que o controlo central poderia gerar esta acomodação às necessidades dos clientes?
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"In Takapuna, a tiny Auckland suburb, BNZ became the first bank to open on Sunday mornings. This allowed the store to serve the thousands of customers who flocked in to the local farmers’ market. In South Island ski towns, store managers opted to stay open until late in the evening, so skiers could attend to their banking needs after a full day on the slopes. Within city centers, many store managers chose to synchronize their schedules with nearby retailers, rather than to keep bankers’ hours. Within 6 months, nearly 95% of BNZ’s 180 stores had altered their opening hours in some way"
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"“It’s amazing,” says Blair. “If you get head office out of the way and give people accurate data about their performance, they quickly figure out that its good to be open when there’s money to be made!
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Reparem na conjugação dos três parâmetros: incentivos, liberdade/autonomia e dados!!!
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"At BNZ, store employees have the incentives, the data, and the freedom that are typical of a small business owner. As a result, most regard themselves as more than mere clock-punchers; they’re folks who have a real stake in a real business—and they run it as if it was their own."
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Desemprego: por que não investigar estes oásis?

"Macedo de Cavaleiros, Felgueiras e Torre de Moncorvo são os únicos pontos da rede de centros de emprego públicos que dão sinais de descida ou estabilização dos níveis de desemprego. São, efectivamente, três oásis no panorama nacional, e em particular na região Norte, onde o desemprego registado nos postos do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) aumentou mais de 35% no primeiro semestre deste ano face a igual período de 2008."
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Realmente, na última semana de Julho, descobri que em Felgueiras os operários continuam a despedir-se por iniciativa própria com alguma facilidade.
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Trecho retirado de "Há apenas três oásis no deserto do desemprego"

quarta-feira, agosto 12, 2009

Romanes Eunt Domus

Queria passar ao lado do fait-divers estival, pero este artigo "Manuel Salgado diz que substituição de bandeiras mostra "insegurança" na capital" leva-me a recordar uma homenagem ao políticos sem sentido de humor, aqui feita em tempos:
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Empresas que não querem ganhar dinheiro... (parte II)

Há cerca de um ano escrevi sobre quem não vai de férias e fica em casa "Empresas que não querem ganhar dinheiro..." e sobre as implicações para as empresas de distribuição.
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Encontrei, recentemente, o tema desenvolvido no WSJ em "U.K. Grocers in Price Fight, and It's Drawing Customers"
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"The global recession is spoiling the summer for a lot of industries, but not the U.K.'s supermarkets. They're loving it.
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With an estimated five million Britons staying home this summer instead of traveling, the country's leading grocers are slugging it out for shoppers' time and money. They're slashing prices, launching new budget brands and taunting the price claims of rivals in advertising."
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Nem de propósito, ontem, uma visita ao Pingo Doce de Estarreja confirmou-me que ainda não aprenderam a lição desde o ano passado e, decididamente, não estão na Liga dos Campeões como os ingleses. Ás 12h00 tive de sair da loja sem parte da lista de compras riscada, por que as prateleiras estavam vazias. Exemplos? Os iogurtes Agros biológico, os iogurtes Nesquick e as embalagens de cominhos. Querem mais exemplos?
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Não há por lá, a nível central, quem futurize? Quem estude cenários? Será que as vendas diárias de 2009 estão a ser superiores às de 2008 e de 2007? Mudou alguma coisa na forma de gerir as lojas? Mudou a forma de monitorizar o nível de inventário nas prateleiras?
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BTW, algo off the main topic, aquele pormenor no final do artigo "For all the stores' efforts to stand out on price, some shoppers say the battle only makes them look more similar. "The shops all do the same thing," said Monica Lombard, a 31-year-old video producer, surrounded by discount signs in the center aisle of a large Sainsbury's store one recent morning. "What's on offer here is probably on offer at Tesco as well.""
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Estão a pensar o mesmo que eu? Pois, é assim, que nasce a diferenciação e a fuga ao negócio do preço mais baixo.

O próximo mês ...

... de Setembro de 2009 vai ser um teste.
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Como se comportarão as bolsas mundiais? Não estarão a subir demasiado depressa?
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Como se comportarão as economias dos países da Europa de Leste? Acabarão por arrastar os bancos italianos e austríacos e, depois, os alemães?
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Como será o após-férias?
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Quantas empresas não vão voltar a abrir portas?
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O panorama no Jornal de Negócios de hoje impõe respeito:
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"A Rohde, fábrica de calçado de Santa Maria da Feira, não sabe se terá encomendas para continuar a funcionar após as férias."
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"a construtora MSS já não patrocina ninguém e está a lutar pela sobrevivência. Depois das férias, os trabalhadores da empresa vão saber que destino terá a MSS, que já apresentou um pedido de insolvência." (por que é que uma empresa que compete no negócio do preço-mais baixo, em que supostamente o concurso é rei, apostou no aumento da notoriedade junto do grande público? watashi wa shorimasen!)
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"É que esta unidade, que emprega cerca de 180 pessoas, retoma a produção na próxima segunda-feira sem saber se vai continuar a laborar por muito mais tempo"
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"Sem apelo nem regresso, como são os casos da têxtil Neivatex e das confecções Maiamac, que fecharam a 31 de Julho para nunca mais reabrir. Ou então, em situação de insolvência e fechadas para férias, têm dia marcado para voltar ao activo mas sem saber por quanto tempo e em que condições."
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Entretanto no Público de hoje "O número de desempregados sem qualquer subsídio de desemprego está a crescer ao dobro da subida do desemprego."
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Se aos números oficiais de desemprego em Portugal acrescentarmos as mais de 230 mil pessoas que estão em programas de formação do IEFP, se acrescentarmos, como ouvi ontem no jornal das 21h na SIC-N, os 100 mil portugueses que estão em Angola, se acrescentarmos os milhares de portugueses que foram para Espanha e que por lá continuam ao abrigo do subsídio de desemprego, ficamos com uma ideia do que se passa.
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BTW, viram ontem à noite no canal RTP Memória o filme Vinhas da Ira com Henry Fonda?

Variedade em vez de uniformidade

Agora, no Verão, quando apanho amoras, não consigo conter-me, em vez de simplesmente apanhar amoras (fruto carregadinho de anti-oxidantes), dou comigo a procurar explicar por que salto de um ponto de colheita para um outro, o que me atraiu no novo ponto se o anterior ainda não estava esgotado?
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Sei que o meu inconsciente está a tentar relacionar este comportamento com o dos clientes que trocam de fornecedor, apesar de estarem satisfeitos com o actual. Contudo, nesta fase do campeonato não sei como vai acabar a coisa.
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Cada vez mais procuro analogias na Natureza para tentar perceber o que pode acontecer no mundo da competição económica.
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Quando olhamos para um habitat rico, atraente, pleno de potencial e vida, o que vêmos? Variedade não uniformidade!
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A variedade traduz-se em resiliência, traduz-se num seguro contra catástrofes que afectem uma espécie (indústria) em particular. Além do mais a variedade aumenta a produtividade já que não vão todos competir pelos mesmos nutrientes nas mesmas quantidades.
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Tudo isto a propósito deste artigo "Debate in Germany: Research or Manufacturing?" É preciso decidir? Quem decide? E essa decisão é a mais adequada para todos os intervenientes?
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Não será preferível deixar essa decisão aos intervenientes individualmente?
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Não será preferível alimentar um ecossistema económico rico em (bio)diversidade?

terça-feira, agosto 11, 2009

Ciência nos jornais

Quando frequentei o Ensino Secundário, segui a opção de Quimicotécnia, por causa dos 200 anos da independência dos Estados Unidos que me levaram a apaixonar pela Química (long story).
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Nesse tempo era cool e imprescindível ter uma tabela periódica da Sargent Welch. Na altura o elemento mais pesado tinha o número atómico 105 ou 106 e julgo que se chamava Hânio.
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Hoje, parece que a contagem já chegou ao 112
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BTW, reparem como a abordagem do jornal A Bola a um tema científico é mais correcta que a do jornal i!!!
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No jornal i o título "Cientistas da NASA descobrem o planeta mais parecido com a Terra".
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O sangue corre mais rapidamente, a emoção aumenta "uuuuuuawesome!"
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O que diz o texto?
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"Cientistas da NASA acreditam ter encontrado um corpo celeste muito semelhante à terra." Onde será?
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"Apesar de estar milhões de quilómetros de distância, uma das luas que gira em torno de Saturno tem inundações repentinas e uma neblina sufocante (que na Terra é provocada pela poluição). “É muito surpreendente como é que a superfície da Titan – nome da lua – faz lembrar a da Terra”, "
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Afinal o tal planeta encontrado trata-se de Titã!!!!!!!!!!
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Qual a abordagem do jornal A Bola?
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"Nasa acredita que lua de Saturno é muito semelhante à Terra"

Spider: where is it??














Então, Aranha, onde fica?

Porquê?

Quando estamos na praia, em frente ao mar, podemos observar o imediato e próximo, a sucessão de ondas, umas maiores e outras mais pequenas.
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Podemos fazer previsões sobre se a próxima onda vai subir areia acima mais do que a anterior ou não. No entanto, independentemente do imediato, há uma corrente de fundo que é função da maré e que no médio-prazo vai levar as ondas sistematicamente mais acima ou mais abaixo.
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Edward Hugh acha que a situação económica em Portugal não é pior do que a espanhola por causa dos anos sucessivos de crescimento raquítico que temos tido, vai para uma década.
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Antes da crise mundial sofríamos de um crescimento anémico, com a crise mundial, afundaremos talvez 5 a 6% até ao final de 2009, e pior, segundo a OCDE o período de 2011 a 2017 vai continuar a ser anémico e anoréctico.
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Basta consultar o relatório "OECD Economic Outlook 85" de Junho de 2009 (capítulo 4: BEYOND THE CRISIS:MEDIUM-TERM CHALLENGES RELATING TO POTENTIAL OUTPUT,UNEMPLOYMENT AND FISCAL POSITIONS", página 19, tabela 4.2, previsão do crescimento do PIB português no período 2011 a 2017...
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Portugal entre 2006 e 2008 teve o crescimento do PIB mais baixo da OCDE, mesmo abaixo do italiano, 0,8%
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Portugal entre 20011 e 2017 terá o crescimento do PIB mais baixo da OCDE, 0,7%
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E isto não tem nada a ver com partidos políticos, nem com este governo nem com os anteriores... porque todos partilham da mesma cartilha.
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Este desempenho passado e estas perspectivas de desempenho futuro é que deveriam fazer pensar "Porquê?" e reflectir sobre alternativas de resposta para actuar e alterar o cenário.
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Outra vez aquela pergunta de à dias "Como é que se podem re-orientar esses recursos para outros empreendimentos mais competitivos e mais geradores de riqueza?"