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sexta-feira, setembro 08, 2017

A Natureza tem horror ao desperdício

A propósito de, "Farmácias preparam serviço para prescrever exercício físico personalizado", algumas notas.

Há muito que uso na minha actividade formativa sobre o BSC um exercício com um ginásio que decide apostar em servir o segmento senior encaminhado pela prescrição médica.
Até o uso nas formações sobre a ISO 9001:2015 para exemplificar como concebo a utilidade da cláusula 4.2 sobre as partes interessadas relevantes e os seus requisitos relevantes:

Naturalmente faltam neste ecossistema da figura acima os regulares, os legisladores e os grupos de lobby sobre os outros dois anteriores.
Se quisermos até podemos usar a sugestão da cláusula 4.1 da ISO 9001:2015 sobre a compreensão do contexto em que uma organização está inserida.

Façamos um muito breve levantamento do contexto:

  • demografia (envelhecimento da população)
  • doenças crónicas (diabetes, hipertensão, et al)
  • prevenção da saúde (salvaguardar qualidade de vida, autonomia e custo do SNS)
  • preços praticados nas clínicas de fisioterapia versus preços praticados pelos ginásios (numa clínica uma sessão pode custar 30 € e a ADSE, ou um seguro, ou ... pode pagar uma fatia de leão. Já os ginásios continuam a sua guerra fratricida, reduzindo preços. Ainda no último Barómetro da AGAP descubro que a mensalidade média é de 35,48 €) 
  • concorrência forte entre ginásios com o mindset em quantidade, custos unitários, juventude, músculos e beleza,  padronização da oferta para reduzir custos unitários;
  • mercado de séniores em busca de exercício prescrito e acompanhado

Ontem, publiquei aqui sobre o tema da "irreversibilidade e estratégia". Quando um ginásio coloca pósteres de moças e moços a caminho de algum concurso de culturismo ou de beleza, está a apostar e a dizer ao mercado quem são os seus alvos e, ao mesmo tempo está a dizer aos seniores: nós não somos para vocês.

Sabem o quanto gosto de associar biologia e economia. Por isso, vejo este desenvolvimento como: os nutrientes existem (os seniores e os gestores que pensam no futuro do SNS) e as espécies existentes (ginásios) não os consomem. A Natureza tem horror ao desperdício. Por isso, cria novas espécies que aproveitam esses nutrientes (recordar que a evolução natural é fugir de restrições)

Isto faz-me lembrar o papel da Uber, útil para destruir/desestabilizar um ecossistema instalado mas sem grande futuro ao fim de iterações subsequentes, se outros aproveitarem a redução das barreiras à entrada.

BTW, conheço alguns ginásios, via conversas com familiares que não fazem a mínima ideia do que é acompanhamento personalizado, do que é ajudar a atingir objectivos pessoais.

Continua.

domingo, fevereiro 26, 2017

Biologia e economia


"One particularly memorable set of meetings we had involved a CEO who represented the third generation of his family to run a major public company which his grandfather started. When we met with him he was nearly always focused on macroeconomic issues like Federal Reserve interest rate policy and forecasts about the economy. Talking about these macro issues seemed to make him feel better. He never seemed to know much about his actual business. Over the years that business has declined to a point where all that is left today is the brand. It is a tragic story that negatively impacted not only him and his family, but tens of thousands of people. Of course, startup founders can fail for essentially the same reason at this CEO when they spend too much time on macro, attending industry conferences and shows and posing for photo shoots.
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The CEO I am referring to attended one of the most well-known business schools in the world where he was taught that the systems his company had to deal with could be explained by concepts borrowed from physics like “equilibrium.” This was both unfortunate and fatal since the reality is that a capitalist economy is an evolutionary system and the best metaphor for how it works is biology rather than physics. Charlie Munger agrees: “I find it quite useful to think of a free-market economy – or partly free market economy – as sort of the equivalent of an ecosystem.” Unfortunately for people like this CEO there is no formula that will tell someone like him what to do. People who claim to have such a formulas are never right more than once in a row. The good news is that there are processes which can be followed that will greatly increase the probability of success. One process that killed the huge business was customer development. The pace at which new products were developed at his company was so ponderous and expensive that they were unable to react with sufficient speed when customer demand changed."
Como não recordar o que já escrevemos aqui acerca da relação entre a biologia e a economia e os ecossistemas.

Como não recordar o que aqui critico na academia que ainda está no século XX a pensar o Normalistão quando já estamos no Estranhistão. Ah! Mt 11, 25

Como não recordar a superioridade da micro-economia face à macroeconomia quando trabalhamos num mundo repleto de tribos e pleno de idiossincrasias.

quarta-feira, outubro 05, 2016

Parar a evolução, o sonho de muito "empresário"

"The lesson for strategists is that you can never take for granted the most fundamental strategy questions: “What business should you be in?” “What should be your value proposition?” And “What capabilities do you need to win in your business and deliver your value proposition?” Answering these questions is never as easy as it seems, and the answers never last as long as you think or hope."
Dedico este parágrafo final retirado de "Lessons from the Strategy Crisis at Netflix" a todos os "empresários", políticos, académicos e jornalistas que se especializaram em apoiar empresas que não querem mudar apesar do seu contexto ter mudado, fazendo-se de vítimas dos maus que, supostamente, mandam no mundo.
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A verdade é que o contexto muda, os clientes mudam, os concorrentes mudam, e, por isso, os verdadeiros empresários também mudam, a si e às suas empresas.
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Há bocado favoritei no Twitter este tweet:
Acho que muitos "empresários", os especialistas em obter suporte de vida dos governos, dirão antes:
If we can keep government money focused on us while the world change, we can decouple and turn out all right.

terça-feira, julho 14, 2015

O efeito BES


"Mais 21 mil empresas criadas no 1.º semestre"
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"Mais de 21 mil empresas criadas até junho"
"Na primeira metade do ano foram criadas 21.094 empresas em Portugal, o que representa um crescimento de 11,9% face ao primeiro semestre de 2014 e de 6,8% face ao mesmo período de 2013, foi hoje divulgado."
Impressionante como, apesar das insolvências estarem a estagnar/cair (conforme as fontes), continua esta depuração:
"Os serviços dependentes da procura interna e das importações concentram a maioria das insolvências, embora reduzindo o número de empresas insolventes face ao mesmo período de 2014."

sexta-feira, outubro 29, 2010

Mais estratégias, mais valor acrescentado, mais nichos, mais diversidade

Ontem, no postal "Qual é a diferença?"escrevi que acredito que a biologia nos pode dar pistas importantes sobre a actuação em economia.
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Não há acasos! Todas as coincidências são significativas!!!
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Pois bem, ao final da tarde dei de caras com alguns textos deste livro "Evolutionary Essays - A Thermodynamic Interpretation of the Evolution" de Sven E. Jørgensen.
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E recordo o que Holland escreveu sobre os Complex Adaptive Systems:
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"A complex adaptive system, CAS, is an evolving, perpectually novel set of interacting agents where
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• There is no universal competitor or optimum
• There is great diversity, as in a tropical forest, with many niches occupied by different kinds of agents
• Innovation is a regular feature – equilibrium is rare and temporary
• Anticipations change the course of the system."
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Há poucas horas, no Twitter, John Ortner escreveu:
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"#complexity is movement toward a future that is under perpetual construction by the movment itself. Strategic meaning arises in the present!"; "#complexity theory advocates the relationship between emergence and self-organisation and how it can re-create a new reality" e "#complexity theory: self-organisation, rather than being marginal, must be the primal ground of all reality!".
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Não há destinos inevitáveis, não há fados inexoráveis: o futuro constrói-se!
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Em vez de imaginar um futuro governado por mega-empresas que tudo controlam e tudo ocupam... diversidade, variedade, Mongo rules!!! (About Mongo, the explanation): o triunfo dos pequenos, dos rápidos, dos diferentes, dos que ouvem, dos flexíveis, dos conhecidos, dos próximos, dos amigos, das relações humanas!!!
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No livro de Jørgensen fui atraído por algumas figuras e trechos acerca do papel da diversidade. Para mim, diversidade na economia significa opção por estratégias de valor acrescentado, opção por nichos, opção pela situação descrita por Holland:
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"The more different species, the better is the possibility to build a larger, more effective and better organized ecological network. (Moi ici: O que contraria todas as abordagens top-down. O que contraria todos os Grandes Planeadores e Geometras. O que desmascara o perigo que sempre representou a afirmação "Espanha! Espanha! Espanha!" Precisamos de ecossistemas de agentes e de estratégias. A diversidade é fundamental. Por exemplo, cada vez me convenço mais, que a indústria automóvel, por causa das guerras de eficiência, tem já as suas cadeias de valor a serem afectadas por diversos tumores resultantes da falta de variedade... todos os meses mais uma marca é obrigada a recolher milhões de veículos. É a mensagem da Torre de Babel.....................eu escrevi isto, eu usei esta metáfora mas só agora é que ela me acordou a sério!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Uau!!!!!!!!!!!!!  ) It is therefore important, before the evolution of ecological networks is scrutinized, to examine how the diversity has evolved.
Tilman and his coworkers (Tilman and Downing, 1994) have shown that temperate grassland plots with more species have a greater resistance or buffer capacity (Moi ici: Remember Hamel & Valikangas) to the effect of drought. The resistance or buffer capacity could be expressed by the change in biomass between a drought year and a normal year. However, there is a limit—each additional plant contributed less. … Many experiments (Tilman and Downing, 1994) have also shown that higher biodiversity increases the biomass and therefore the eco-exergy, because by a higher biodiversity more ecological niches will inevitably exist and be utilized. (Moi ici: Quem defende o proteccionismo não acredita na capacidade de criar, prefere manter o enganadoramente seguro, em vez de arriscar o futuro, por que incerto.) There seems, in other words, to exist relationships between biodiversity and eco-exergy, between eco-exergy and resistance or buffer capacity and between biodiversity and buffer capacity. It is possible from fossil records to estimate the evolutionary increase of the biodiversity and the species richness or what we could call the horizontal evolution. The results of the estimations are presented in the following section.
Biodiversity may cover several diversity concepts as, for instance, the number of species, the number of families, the genetic diversity…”
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É interessante apreciar a evolução do número de espécies até à actualidade, sempre a crescer, sempre a crescer:


Agora, fazendo o paralelismo para a economia... mais complexidade, mais auto-organização, mais valor acrescentado, mais nichos, mais diversidade, mais modelos de negócio, mais estratégias, mais riqueza.
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Mongo rules!!!
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No caso particular de Portugal, dez a quinze anos depois, iremos, como comunidade, descobrir que a resposta foi sempre a que Barroso prometeu em campanha eleitoral mas que, uma vez chegado ao poder, teve medo de implementar. Medo a sério, por que significa confiar nos outros, nos anónimos empreendedores. Vamos descobrir que a resposta foi sempre o choque fiscal prometido por Barroso...
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A Torre de Babel...
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quarta-feira, agosto 12, 2009

Variedade em vez de uniformidade

Agora, no Verão, quando apanho amoras, não consigo conter-me, em vez de simplesmente apanhar amoras (fruto carregadinho de anti-oxidantes), dou comigo a procurar explicar por que salto de um ponto de colheita para um outro, o que me atraiu no novo ponto se o anterior ainda não estava esgotado?
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Sei que o meu inconsciente está a tentar relacionar este comportamento com o dos clientes que trocam de fornecedor, apesar de estarem satisfeitos com o actual. Contudo, nesta fase do campeonato não sei como vai acabar a coisa.
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Cada vez mais procuro analogias na Natureza para tentar perceber o que pode acontecer no mundo da competição económica.
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Quando olhamos para um habitat rico, atraente, pleno de potencial e vida, o que vêmos? Variedade não uniformidade!
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A variedade traduz-se em resiliência, traduz-se num seguro contra catástrofes que afectem uma espécie (indústria) em particular. Além do mais a variedade aumenta a produtividade já que não vão todos competir pelos mesmos nutrientes nas mesmas quantidades.
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Tudo isto a propósito deste artigo "Debate in Germany: Research or Manufacturing?" É preciso decidir? Quem decide? E essa decisão é a mais adequada para todos os intervenientes?
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Não será preferível deixar essa decisão aos intervenientes individualmente?
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Não será preferível alimentar um ecossistema económico rico em (bio)diversidade?

terça-feira, maio 06, 2008

Economia e biologia, o mesmo desafio evolutivo

Por vezes sinto que andamos todos em busca do mesmo Santo Graal só que por caminhos diferentes, com linguagens diferentes, com disciplinas e amostras diferentes.
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Eric Beinhocker no seu fabuloso livro "The origin of wealth" compara a economia com a biologia:
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“Economic wealth and biological wealth are thermodynamically the same sort of phenomena, and not just metaphorically. Both are systems of locally low entropy, patterns of order that evolved over time under the constraint of fitness functions. Both are forms of fit order. And the fitness function of the economy – our tastes and preferences – is fundamentally linked to the fitness function of the biological world – the replication of genes. The economy is ultimately a genetic replication strategy. It is yet another evolutionary Good Trick, along with leopard camouflage, bat radar, and fruit-fly eyes. The economy is a massively complex Good Trick built on the complex Good Tricks of big brains, nimble toolmaking hands, cooperative instincts, language, and culture.”
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Ontem, dei de caras com este artigo sobre biologia e eco-sistemas de plantas e produtividade de biomassa: "Plant diversity and ecosystem productivity: Theoretical considerations" de David Tilman, Clarence Lehman e Kendall Thomson.
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É impressionante como estes trechos têm tudo a ver com o desafio estratégico das organizações, com o seu posicionamento competitivo, e no entanto são sobre a competição de plantas, de vegetais:
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"As the simplest possible case consider homogeneous habitats in which all species compete for and are limited only by a single resource (o recurso escasso para as organizações são os clientes), and in which all individuals experience identical resource concentrations at any given moment. According to resource competition theory, of all the species initially present in a habitat, the one species with the lowest requirement for the resource would dominate at equilibrium, displacing all other species. The resource requirement of each species is measured by its R*, which is the concentration to which the resource is reduced by an equilibrial monoculture of that species. Although all habitats become monocultures at equilibrium (só que na economia o equilibrio dura pouco tempo), it is instructive to ask how initial species diversity influences their equilibrial total plant biomass and nutrient use. The answer, derived in
mathematical detail below, is that, on average, total plant biomass increases with diversity because better competitors produce more biomass and because the chance of having better competitors present increases with diversity. Let the species pool be a collection of plant species that are identical in all other ways but differ in their R* values. In any community selected from this species pool, the one species with the lowest R* would reduce the resource concentration to its R*, competitively dominate the community, and ultimately determine total plant biomass and resource use. In this model, better competitors produce more biomass because they obtain more of the limiting nutrient."
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E ainda:
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"On average, ecosystems started with sufficiently low diversity could experience net losses of nutrients, i.e., declines in soil fertility." Ou seja, sem diversidade de estratégias o destino é o declínio soviético.
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"In a habitat in which supply rates of these nutrients are spatially heterogeneous, no species would be competitively superior throughout the entire habitat. Rather, each species would leave sufficient unconsumed resources in regions away from its optimum ratio that some other species could invade and persist there."
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Pode-se aprender nos locais mais inesperados.