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terça-feira, janeiro 09, 2024

Uma via difícil e os escolhedores de vencedores

 E volto a "A Growth Strategy for the Greek Economy":

"Global competition in all sectors of the economy, and particularly in manufacturing, demands a reduction in production costs through the introduction of advanced technologies, and the development of innovative high-quality products. Success in these areas requires R&D activities. However, R&D spending in Greece is low compared to other European countries. For example, in 2018, the R&D spending of Greek firms accounted for 0.57% of GDP, compared to 1.41% on average in the EU (Figure 5-13, Section 5.4)."

O texto sublinhado implica que à medida que os custos de produção baixam, o sistema produtivo tem de ser capaz de produzir e vender muito mais unidades para poder pagar o capital investido. Uma via difícil. 

Outra vez, os autores não colocam a hipótese da economia se mover na horizontal.

A propósito, no JdN de ontem li:

"Se quando venceu as diretas o discurso foi criticado pela falta de preparação, no encerramento do 24.° congresso do PS Pedro Nuno Santos fez questão de dizer ao que vinha: pretende implementar um novo modelo "com mais dinheiro para menos setores" da economia,

...

A grande mudança, anunciou, será feita - se vencer - na forma como os apoios passarão a ser atribuídos, selecionando "um número mais limitado de áreas estratégicas onde concentrar os apoios durante uma década". Defendeu que "é tempo de ser claro e de fazer escolhas [na atribuição de incentivos|". "Só conseguiremos transformara economia com mais dinheiro para menos setores.""

Quem segue este blogue sabe que eu cada vez mais torço o nariz ao efeito nefasto dos subsídios na economia. No entanto, o que acho interessante nesta proposta é saber quais são as áreas estratégicas. Quais os critérios para a sua definição? BTW, "picking winners" sempre deu asneira, daí a minha proposta de longa data "deixem as empresas morrer".

BTW, ainda acerca de Pedro Nuno Santos e este pormaior:

"Isto porque, explicou, "a economia está em profunda transformação", onde "a automatização, a robotização e a inteligência artificial têm um enorme potencial para aumentar a produtividade, mas trazem desafios". "Neste processo, muitos setores altamente lucrativos mas com poucos trabalhadores, deixam de contribuir para o sistema de segurançasocial tanto quanto poderiam e deveriam", enfatizou."

Que mais treta vai inventar ao melhor estilo do jogador de bilhar amador, tão focado na próxima jogada, na jogada imediata, que não se pensa nas consequências dessa jogada. Um clássico deste blogue: Nós não estudámos até ao fim todas as consequências das medidas que sugerimos.

Sempre preocupados em sacar e não em criar riqueza. Aquele "setores altamente lucrativos", faz-me logo pensar no Portugal actual, se ganhas mais de 1800 euros por mês já és rico pela bitola socialista.

Já nem a UE nos consegue salvar deste monstro fiscal.

segunda-feira, janeiro 08, 2024

Come on, aumentar a produtividade à custa de apoiar salários?!

Primeiro, pelo que vou lendo, tenho uma opinião positiva sobre a evolução da economia grega. Recordo, por exemplo este postal do início do passado mês de Dezembro, "A receita irlandesa na Grécia (parte II)", ou este outro publicado no início do passado mês de Outubro, "A receita irlandesa na Grécia".

Segundo, há dias escrevi este postal "Por causa de uns pastéis de nata (parte II)" que termina com um comentário a um video de Milei:

"Voltando agora ao vídeo de Milei. Simpatizo com a teoria, mas o desafio é criar as condições para que a evolução horizontal na figura acima possa ocorrer a uma velocidade tal que não torne a transição muito dura. Contudo, os governos fazem exactamente o oposto. Em vez de apoiarem o novo, apoiam os incumbentes, fica-se numa terra de ninguém tão bem descrita por Spender e Taleb."

Na passado Sexta-feira mão amiga mandou-me este artigo, "A Growth Strategy for the Greek Economy" que me levou ao original.

Escolhi começar pelo capítulo 3, "Vision and goals for the Greek economy" e o que li ... não me agradou:

"Employment in manufacturing has fallen internationally, but in Greece it has declined excessively. This is attributable to distortions that have led to too many self-employed individuals and small businesses that are dominant in the specific environment. In more technologically mature EU member states (the so-called EU15 group), the share of labour in the manufacturing sector was 20% in 2000, and just 14% in 2019. The reasons behind this reduction are new technologies and globalisation, in particular China's emergence and its impact on international trade. In Greece, 14% of the labour force was employed in manufacturing in 2000 and 8.2% in 2019. Based on Greece's technological lag compared to the EU15 countries and its relatively closed economy, one would expect that the share of employment in manufacturing would be larger than in the EU15. Indicatively, in Portugal, which is at the same technological level as Greece, 22.7% of the labour force was employed in manufacturing in 2000 and 17.6% in 2019.

It is important to contain the reduction of employment in Greece's manufacturing sector and to achieve a convergence to the EU average. Currently, Greece exhibits one of the lowest shares of manufacturing activity in the EU, comparable only with the Netherlands and the Nordic countries - economies with much higher per capita income and greater industrial maturity. Policy proposals for enhancing Greece's manufacturing sector, and the remaining sectors examined in this section, are examined in detail in Chapter 6. This section summarises the main directions.

The support of salaried employment is critical to the growth of the manufacturing sector in Greece. Greek manufacturing firms are generally small, in part due to the particularly high number of self-employed in the services sector. When measures to support salaried employment are adopted, these businesses will have a greater comparative advantage in the international markets and will grow."

E recuo a 2006 e à ideia de Blanchard sobre a redução de salários para aumentar a produtividade que comentei em "Redução dos salários em Portugal" (Blanchard retratou-se em 2017). E recordo Reinert e o caso do Uganda e o quadrante do empobrecimento.

O que os autores propõem no artigo citado acima é aumentar a competitividade das empresas apoiando-as no pagamento dos salários dos seus trabalhadores. Weird!!!

O que estes autores não perceberam ainda foi a necessidade do que escrevi acima "mas o desafio é criar as condições para que a evolução horizontal na figura acima possa ocorrer a uma velocidade tal que não torne a transição muito dura". Não conseguem ganhar produtividade a proteger o passado.

quinta-feira, janeiro 04, 2024

Por causa de uns pastéis de nata (parte II)

 Parte I.

Primeiro, recomendo a visualização deste discuro de Milei:

Agora vamos à visão tradicional dos bens transacionáveis:

É tabu mexer no numerador porque se vê o numerador como um dado e não como uma variável.

Qual a lei da vida nos negócios? Recordar de 2010 The Knowledge Funnel (parte I)


Alguém vai olhar para o denominador e reduzi-lo, passando aquilo que era mistério, para um conjunto de regras heurísticas e, depois, para um algoritmo e, depois quiçá, transformando num conjunto de linhas de programação.

Além disso, mesmo não mexendo no numerador, a lei de Kano:
"Price is like gravity,it always goes down if you do nothing"
Como se reduzem os custos?
  • Reduzindo o custo dos factores de produção
  • Aumentando a eficiência
Numa economia aberta, as empresas que não mexem no numerador estão sempre sob a ameaça de "cair no abismo" quando os clientes as trocam por alguém mais barato:

Voltando ao esquema da parte I:


Sem mexer no que se produz, pode-se mexer no que chamei de "contexto" na figura acima para acrescentar valor através de atributos associados ao produto: rapidez, flexibilidade, ... (não coloco aqui a "marca" deliberadamente).

Mexer no "contexto" permite ser competitivo sem no entanto ser muito mais produtivo:

Foi isto que não vi quando escrevi "Mas claro, eu só sou um anónimo engenheiro da província". No entanto, continuo a não concordar com os economistas citados no postal: Aumentar a produtividade à custa de aumentos de volume e escala não é suficiente. Reparar na lição asiática, o que nos traz ao presente não nos pode levar ao futuro:


Voltando agora ao vídeo de Milei. Simpatizo com a teoria, mas o desafio é criar as condições para que a evolução horizontal na figura acima possa ocorrer a uma velocidade tal que não torne a transição muito dura. Contudo, os governos fazem exactamente o oposto. Em vez de apoiarem o novo, apoiam os incumbentes, fica-se numa terra de ninguém tão bem descrita por Spender e Taleb.

domingo, dezembro 31, 2023

Por causa de uns pastéis de nata

Há dias o @romeu publicou este tweet: 

Pastéis de nata à venda em Nova Iorque a 4 dólares a unidade. E o comentário dele "os pastéis de nata também têm de pagar a renda".

Este tweet é, para citar FCF, paradigmático. 

No mesmo dia deste tweet a capa do JdN trazia:

Só aumentos de produtividade importantes podem garantir o aumento dos salários sem aumento do desemprego. Contudo, penso que esses aumentos de produtividade importantes não poderão ser feitos sem aumento da turbulência empresarial.

Voltemos aos pastéis de nata.

Comecemos pela nossa velha conhecida equação sobre a produtividade e o Evangelho do Valor:

Vivemos num país onde quando se fala de aumentar a produtividade fala-se em reduzir o denominador da equação acima porque se considera que o numerador é um dado e não uma variável. Por isso, no resto do postal vamos ignorar as mexidas no denominador. Recordo:
No resto do postal vou usar um significado para a palavra "Valor" diferente do que costumo usar aqui no blogue. Vou usar a palavra "Valor" como "Preço que uma empresa consegue praticar".

Vamos primeiro aos bens não transaccionáveis. Como aumentar a produtividade de uma empresa que produz bens não transaccionáveis?
  • Se os concorrentes nacionais alinharem, a forma mais simples é ... aumentar os preços.
Por isso, um motorista de autocarro deixa de trabalhar em Portugal e na semana seguinte está a trabalhar na Dinamarca a ganhar 6 vezes mais (os políticos portugueses acham que é por causa da formação).

Por isso, os pastéis de nata em Nova Iorque podem ser vendidos a 4 dólares a unidade.

Vejamos no próximo postal o caso dos bens transaccionáveis e a relação com alguns videos de Milei que circulam no Twitter.

sábado, dezembro 23, 2023

Produtividade e pérolas

Pelos vistos este mês houve uma conferência em Vila Nova de Gaia sobre "A Conferência "Portugal: Um país condenado a ser pobre?", com o  objectivo de debater o papel das empresas e das políticas económicas para aumentar a competitividade, a produtividade e também o bem-estar dos trabalharores.

Algumas pérolas que li na imprensa:

"Um novo paradigma que "obriga as empresas e os responsáveis a atravessarem um processo de aprendizagem e adaptação, que tem de ser pelo menos tão célere quanto a evolução dos cânones geracionais", afirmou Rafael Campos Pereira, que reforçou ainda a importância da reformulação da estrutura fiscal como forma de aumentar o rendimento disponível das famílias, nomeadamente através da redução do IRS.

Além disso, acrescentou, também a diminuição do IRC é fundamental para acelerar o crescimento da economia, permitindo aumentar o investimento das empresas, a inovação e a riqueza gerada, 

...

Rafael Campos Pereira defendeu a importância de Portugal apostar em investimentos estruturantes, "mais do que canalizar recursos para o setor A ou B. Portugal não pode passar ao lado de um caminho que leve a aumentos de produtividade e criação de valor, passando também por aumentar a densidade tecnológica a economia" Terminou lamentando que não haja consenso estratégico político de médio e longo prazo para Portugal, para a economia nacional ou para a marca "Portugal", e destacou a necessidade de o país adotar políticas e estratégias bem definidas, colocando a economia nacional ao mesmo nível de competitividade das economias das nações mais desenvolvidas."

Ninguém fala do mastim dos Baskerville... e do facto dos macacos treparem às árvores e não voarem.

Ninguém fala que a redução do IRC e de outras alcavalas fiscais a fazer-se dá uma boleia para as empresas existentes, quando o objectivo é captar outro tipo de empresas com know-how estrangeiro.

Todos falam da empresa Portugal. A empresa Portugal tem de ter uma marca, tem de ter investimento estruturante, tem de aumentar a densidade tecnológica, ... Porventura existe uma empresa chamada Portugal? Falar em Portugal é típico de um locus de controlo no exterior: outros têm de fazer por nós e para nós. As soluções e progressos dependem de acções de terceiros, em vez da iniciativa interna.

BTW, metade do discurso é sobre a redução de impostos, a outra metade é sobre medidas que implicam o aumento dos mesmos. 

terça-feira, dezembro 19, 2023

Acerca da produtividade (parte III)

Acerca da produtividade (parte I) e (parte II).

Não concorda com a resposta?

"A produtividade portuguesa é baixa porque os trabalhadores ganham pouco e, por isso, são preguiçosos, ocupam demasiado tempo em conversa de café."

Quem pensa que proferiria tal resposta?

...

Tem a certeza? Pense outra vez!

...

Vejamos agora o texto no semanário Expresso do passado fim de semana, "Como as empresas otimizaram o tempo":

"A maior parte das empresas que avançaram para a semana de quatro dias mudaram a forma de organização do trabalho para garantir que as tarefas eram executadas num mais curto espaço de tempo pelas mesmas pessoas. Reduzir o número e a duração das reuniões, evitar o desperdício de tempo em conversas pessoais e o atropelo entre múltiplos canais de comunicação, como o e-mail, WhatsApp, telefonemas e diferentes programas, estão entre as práticas que foram sendo ajustadas.

...

Foi preciso dar "mais atenção ao cafezinho". , reduzindo o tempo dos intervalos, e perceber que as reuniões "não podiam ter um período antes e um período depois", , que geram desperdício. [Moi ici: Estes sublinhados fazem-me recuar a 2021 e a um artigo delirantemente mau Se não fosse triste, era cómico!!!]

...

No relatório, Pedro Gomes e Rita Fontinha dizem que as organizações tiveram dificuldade em avaliar em que medida a redução do tempo de trabalho interfere na produtividade. "Verificámos que grande parte das empresas tem dificuldades em medir e quantificar o output, e daí a predisposição natural dos gestores a associar horas de trabalho a produtividade", mas os funcionários acham que há vantagens."

Reduzem a semana de trabalho de 5 para 4 dias e não sabem qual o impacte na produtividade? Mais, nem sabem medir a produtividade?

Outra vez, é olhar para o salto de 35% que é preciso fazer para chegar à media europeia:

É fazer umas contas simples, quanto teria de aumentar a produção do output, vendido ao mesmo preço, com os mesmos recursos, para completar o salto? Recordar A brutal realidade de uma foto.

Pensar que melhorias de eficiência vão ajudar a colmatar aquele gap de 35% é cometer o mesmo erro dos políticos referidos na parte II. Já fizeram contas? Já conseguiram desenhar um itinerário para fazer essa transição?

Boa sorte. 

segunda-feira, dezembro 18, 2023

Acerca da produtividade (parte II)

Acerca da produtividade (parte I)

Há dias publiquei este postal, Sem comentários, com este gráfico:

Quando oiço políticos a falar do fim dos carros movidos a combustíveis fósseis para daqui a uma ou duas legislaturas perco o pouco respeito que ainda podia ter por eles. Olho para o gráfico acima e pergunto?
  • Terão um itinerário concreto?
  • Fizeram contas?
  • Como conseguem garantir que vão ter alternativas?
Este exemplo retrata a leviandade com que políticos tratam tantos e tantos temas. Vejamos outro exemplo, a produtividade.

Qual a diferença de produtividade entre Portugal e outros países da União Europeia? 

Segundo um relatório da Fundação Francisco Manuel dos Santos, a produtividade por hora de trabalho em Portugal é uma das mais baixas da UE, situando-se em cerca de 65% da média da UE27. Isso coloca Portugal como o sétimo país da UE com a menor produtividade por hora de trabalho. Esta situação é contrastante com países como a Irlanda, Luxemburgo e Dinamarca, que estão no topo da lista em termos de riqueza gerada por hora trabalhada:


Como se dá um salto de 35% para chegar à media europeia?

Imaginem que ouviam a seguinte resposta para justificar a baixa produtividade:
  • A produtividade portuguesa é baixa porque os trabalhadores ganham pouco e, por isso, são preguiçosos, ocupam demasiado tempo em conversa de café.
Qual seria a vossa reacção?

Continua.

domingo, dezembro 17, 2023

Acerca da produtividade

"A produtividade é uma medida da eficiência dos fatores usados numa economia para produzir os bens e serviços. Como o valor acrescentado dos bens produzidos é equivalente, ao rendimento dos fatores que produzem esses bens, a produtividade é, no fundo, também uma medida do rendimento dos fatores produtivos. 

Nesse sentido o Produto Interno Bruto (PIB) per capita entre diversos países comparamos a produtividade dos fatores produtivos, como o trabalho, e o rendimento desses mesmos fatores.

Em termos agregados, a produtividade do trabalho é calculada como a relação entre o produto total e o trabalho utilizado para produzi-lo. [Moi ici: Tenho de escrever sobre isto. Por que é que se pede a uma empresa para quantificar a sua produtividade e ... ela não o consegue fazer. BTW, já leram o que se escreveu na semana passada acerca da produtividade e da experiência da semana de quatro dias? Leiam e façam um esforço para não rir/chorar. Tenho de escrever sobre isso] Há muitas formas diferentes de fazer esse cálculo, mas, em termos gerais, o objetivo é o mesmo. No fundo o bem-estar médio numa economia só pode subir se a produtividade do trabalho aumentar.

...

Aumentar a produtividade da economia é, a médio prazo, o único ingrediente para aumentar o bem-estar das pessoas na sociedade. Medidas como alterações no salário mínimo ou nas taxas de imposto podem ser populares e adequadas, por razões de equidade. Mas o seu impacto na produtividade pode ser nulo ou até negativo. [Moi ici: O seu impacte pode ser nulo ou até negativo porque não deixamos os zombies morrerem. Recordar o Chapeleiro Louco no país do absurdo] De igual modo sistemas fiscais que beneficiem as empresas de menor dimensão podem ser populares na perspetiva da opinião pública, mas são normalmente negativas em termos de produtividade. [Moi ici: Outra falha clássica na análise da produtividade: atrabuir as falhas às empresas/empresários existentes sem nunca pensar nos mastins dos Baskerville

...

para a economia portuguesa, os indicadores mais preocupantes são do seu baixo crescimento da produtividade relativamente às economias europeias de dimensão semelhante. A especialização setorial da economia portuguesa também pode ser prejudicial aos ganhos de produtividade. Por exemplo, a fileira do turismo tende a ter produtividades do trabalho relativamente baixas. Isso não significa que Portugal possa prescindir do Turismo, mas sugere que se o turismo crescer acima da média da economia a nossa produtividade do trabalho irá provavelmente baixar. Em termos empresariais o discurso da produtividade é normalmente impopular. Os trabalhadores sabem que esse discurso vem acompanhado de medidas de eficiência que são percebidos como cortes nos benefícios. [Moi ici: Este trecho faz-me recordar um postal clássico deste blog acerca dos engenheiro e da produtividade. Achar que a produtividade só aumenta à custa da eficiência] Em parte, isso explica porque no ambiente eleitoral os vários partidos fazem tanta questão de evitar falar na importância do crescimento da produtividade.

...

O crescimento da produtividade, em particular do trabalho, continua a ser o principal desafio da economia portuguesa. [Moi ici: Vamos chegar ao final deste texto e só vamos ficar com a ideia de que a produtividade só aumenta à custa de mexidas no denominador... nem uma pista sobre o Evangelho do Valor ] É aí que reside a chave da criação de empregos melhor remunerados. Condição necessária para evitar a saida do país de muitos jovens que procuram apenas salários suficientes para terem uma vida normal."

Trechos retirados de "A produtividade", publicado no Expresso desta semana.

sexta-feira, dezembro 08, 2023

Acerca da evolução de Portugal e da Roménia (parte II)

Ontem publiquei Acerca da evolução de Portugal e da Roménia. Também ontem li no JdN, "Peso dos bens transacionáveis na riqueza produzida quase estagnado".

Reparem no texto inicial do artigo:

"Valor acrescentado gerado pela produção de setores de bens transacionáveis atingiu mínimos em 2010 e desde então está quase estagnado. Perda de competitividade da indústria explica panorama. Valor acrescentado das exportações no PIB abranda."

Agora vamos à minha matriz produtividade versus competitividade:

Não devemos confundir produtividade com competitividade.

Não devemos cair no erro de ignorar a lição japonesa. 

Falta a parte dolorosa da transição. O aumento do valor acrescentado que é preciso tem de ser obtido à custa da evolução na horizontal para actividades com mais valor acrescentado. Não podemos esperar que a evolução desejada seja consequência de continuar a exportar o que já exportamos. O peso dos bens transaccionáveis não cresce por causa do mastim dos Baskerville, por causa do que falta. Já me repito: Depois do hype: O mastim dos Baskerville! 

No artigo pode ler-se:

"A diminuição do peso do VAB gerado pelos setores produtores de bens transacionáveis é explicada pela alteração do modelo de especialização produtiva da economia portuguesa, com os serviços a ganharem destaque nos últimos anos, a que se junta "a perda de competitividade de alguns dos principais setores de bens transacionáveis" em Portugal, com destaque para a indústria."

Na Parte I pode ver-se a evolução dos serviços em Portugal e Roménia, agora acrescento a Dinamarca:

É claro que a exportação de serviços tem muito mais potencial de valor acrescentado que as exportações da indústria. Não percebo esta argumentação.

Agora segue-se um momento de catequese. Uso esta palavra como um substantivo para nomear afirmações que ninguém contesta, mas que não são suportadas num plano verosímil:

"Carlos Tavares defende, por isso, que o objetivo central de Portugal "deve ser produzir mais e mais valiosos bens transacionáveis internacionalmente do que simplesmente aumentar o volume das exportações."

Quantos mais anos vão laborar no mesmo erro em que eu laborei por tanto tempo? Recordar: A brutal realidade de uma foto. E não, não é criando empresas maiores a produzir o mesmo que já se produz, é arranjar outros protagonistas para produzir coisas diferentes. Não cometam o erro de Relvas - Tamanho, produtividade e a receita irlandesa

quinta-feira, dezembro 07, 2023

Acerca da evolução de Portugal e da Roménia


A evolução da produtividade de Portugal e Roménia (fonte)

Com base nesta ferramenta, "Atlas of Economic Complexity", a evolução do perfil das exportações de Portugal e Roménia entre 1999 e 2021:

Impressionante!


quarta-feira, dezembro 06, 2023

Again, por que se pedem paletes de mão de obra estrangeira barata?

Ao longo dos anos tenho escrito aqui no blogue sobre a relação imigração e salários dos trabalhadores menos escolarizados. Por exemplo:

Ouvir Eric Weinstein a partir do minuto 3.


Por que será que a imigração está descontrolada?

sexta-feira, novembro 17, 2023

Depois não se venham queixar das empresas zombies (parte II)

Ontem publicamos aqui no blogue: "Depois não se venham queixar das empresas zombies". 

Volta e meia escrevo aqui sobre o país do absurdo. Querem mais um exemplo? O novo aeroporto de Lisboa. Às segundas, terças e quartas, empertigam-se porque já deveria estar construído e em operação, para às quintas, sextas e sábados protestarem contra o excesso de turismo e contra as alterações climáticas.

Às segundas, terças e quartas, empertigam-se porque temos demasiadas empresas zombies...

para às quintas, sextas e sábados, quando lhes começam a tremer as pernas, protestarem por causa da falta de apoios para elas.

Voltemos ao tema da parte I, a falta de mão-de-obra. Vai ser o novo normal.

Entretanto no NYT de quarta-feira passada encontro "Signs of a Lasting Labor Crunch"

"At Lake Champlain Chocolates, the owners take shifts stacking boxes in the warehouse. At Burlington Bagel Bakery, a sign in the window advertises wages starting at $25 an hour. Central Vermont Medical Center is training administrative employees to become nurses. Cabot Creamery is bringing workers from out of state to package its signature blocks of Cheddar cheese.

The root of the staffing challenge is simple: Vermont's population is rapidly aging. More than a fifth of Vermonters are 65 or older, and more than 35 percent are over 54, the age at which Americans typically begin to exit the work force. No state has a smaller share of its residents in their prime working years.

Vermont offers an early look at where the rest of the country could be headed

...

"All of these things point in the direction of prolonged labor scarcity," 

...

Employers are fighting over scarce workers, offering wage increases, signing bonuses and child care subsidies, alongside enticements such as free ski passes. [Moi ici:a diferença para a parte I é notória] When those tactics fail, many are limiting operating hours and scaling back product offerings.

...

Long-run labor scarcity will look different from the acute shortages of the pandemic era. Businesses will find ways to adapt, either by paying workers more or by adapting their operations to require fewer of them. Those that can't adapt will lose ground to those that can.

"It's just going to be a new equilibrium," said Jacob Vigdor, an economist at the University of Washington, adding that businesses that built their operations on the availability of relatively cheap labor may struggle. [Moi ici: A quem caberá a carapuça?]

...

"You may discover that that business model doesn't work for you anymore," he said. "There are going to be disruptions. There are going to be winners and losers." [Moi ici: Sinto tanta falta deste pragmatismo adulto carregado de bom senso... faz-me voltar ao piquenine e às formigas de 2006

...

The winners are the workers. When workers are scarce, employers have an incentive to broaden their searches - considering people with less formal education, or those with disabilities and to give existing employees opportunities for advancement.

...

Other businesses are finding their own ways to accommodate workers. Lake Champlain Chocolates, a high-end chocolate maker outside Burlington, has revamped its production schedule to reduce its reliance on seasonal help. It has also begun bringing former employees out of retirement, hiring them part-time during the holiday season.

...

"We've adapted," said Allyson Myers, the company's marketing director. "Prepandemic we never would have said, oh, come and work in the fulfillment department one day a week or two days a week. We wouldn't have offered that as an option."

Then there is the most straightforward way to attract workers: paying them more. Lake Champlain has raised starting wages for its factory and retail workers 20 to 35 percent over the past two years.

...

"We need to start looking at immigrants as a strategic resource, incredibly valuable parts of the economy,;" said Ron Hetrick, senior labor economist at Lightcast, a labor market data firm."

Na parte I temos o típico comportamento tuga em que o locus de controlo está no exterior (nós somos uns desgraçados, uns Calimeros, não temos agência, tem de ser alguém no exterior a resolver o nosso problema). Na parte II temos um discurso em que o locus de controlo está no interior.

quinta-feira, novembro 16, 2023

Depois não se venham queixar das empresas zombies

 "Seis em cada dez empresas portuguesas teve dificuldade em contratar pessoas com as competências adequadas às suas necessidades, uma questão que é transversal a todos os setores económicos. Este é mesmo o maior problema identificado pelas PME nacionais nas respostas a um inquérito da União Europeia, no qual reclamam incentivos fiscais, designadamente através da redução da TSU à Segurança Social, e ações de requalificação profissional. Subsídio diretos são também bem acolhidos."

Tendo em conta os sublinhados pergunto: É um problema de falta de mão de obra, ou um problema de incapacidade de pagar o nível salarial para atrair as pessoas?

Será que incentivos fiscais, acções de requalificação profissional e subsídios directos têm a ver com falta de mão de obra, ou são soro para manter empresas em coma?

Depois não se venham queixar das empresas zombies. Deixem as empresas morrer!

Trecho retirado de "PME querem incentivos fiscais para ajudar a combater a falta de mão-de-obra"

terça-feira, novembro 14, 2023

A possibilidade do optimismo

Ontem, no postal "Espero que não vos tremam as pernas quando as empresas começarem a cair como tordos" (Parte III) mostrei esta tabela:
Fiquei satisfeito com a evolução dos produtos farmacêuticos. Recordo da semana passada, Menos dor na transição, este trecho:
"É uma boa notícia e um exemplo concreto da teoria dos Flying Geese."
Sobre a instalação de uma empresa farmacêutica no reino do calçado.

O calçado, o têxtil e vestuário estão em queda? Sim, mas isso terá de ser a tendência para criar o nível de produtividade desejado no futuro. 

O que é que o JdN de ontem escolheu para abordar?

Na capa:

Pena que não tenha salientado o lado positivo. Em 10 anos as exportações de produtos farmacêuticos cresceram quase 270%, as de calçado cresceram 10%.


BTW, na mesma capa, ao lado, outro título:








sábado, novembro 11, 2023

Menos dor na transição

Esta semana apanhei nas notícias:

  • Fábrica que fazia casacos de luxo fecha da noite para o dia (Têxtil de Penafiel despede 120 funcionárias por email na véspera do regresso ao trabalho. Encerramento justificado com falta de serviço) - JN de quinta-feira passada.
  • Sapatos aclamados por Paulo Portas nas mãos da banca - JdN de quinta-feira passada.

"A Coloplast, cuja atividade inclui cuidados em ostomia, em continência e urologia, vai investir 100 milhões de euros em Portugal naquela que será a sua maior unidade industrial.
Na nova fábrica, que irá erguer em Felgueiras, conta vir a empregar mais de mil pessoas."

Já por várias vezes referi a Coloplast aqui no blogue, um praticante de Mongo na indústria farmacêutica. É uma boa notícia e um exemplo concreto da teoria dos Flying Geese. 

Alguns vão dizer:

- Não há pessoas para trabalhar, ainda para mais em Felgueiras, um concelho com pleno-emprego. 

A rentabilidade de uma empresa como a Coloplast permite-lhe pagar salários que os incumbentes em Felgueiras nunca conseguirão. 

Conseguem imaginar o aumento da produtividade de um trabalhador que sai da costura ou montagem de sapatos, para uma linha de montagem da Coloplast? Sem formação (lerolero ou caridadezinha) que não a dada pela empresa. Recordo daqui

"Há uma forma rápida de aumentar a produtividade de uma costureira! Basta despedi-la de uma fábrica subcontratada por uma marca para costurar T-shirts e, adimiti-la numa outra fábrica, na mesma rua, que tem marca própria e fabrica T-shirts para vender com essa marca"

Sabem o que isto faz? Contribui para diminuir a dor na transição referida em Falta a parte dolorosa da transição (Parte VI)

domingo, outubro 29, 2023

Falta a parte dolorosa da transição (Parte VI)

Como já escrevi aqui muitas vezes a Economia não é como a Física Newtoniana ou de Galileu. O que é verdade hoje amanhã é mentira, e vice versa (aqui por verdade entenda-se o que resulta, não esquecer os modelos de Lindgren). 

Oiço e leio muita gente com ideias e explicações sobre a baixa produtividade de Portugal face à média europeia. No entanto, julgo não andar longe da verdade ao dizer que este anónimo engenheiro da província tem uma explicação que foge do mainstream.

Em séries como "Falta a parte dolorosa da transição" (Parte I, Parte II, Parte III, Parte IV e Parte V) explano as minhas ideias ( a parte I faz ligação a postais mais antigos, por exemplo, uma outra série "Deixem as empresas morrer") que começaram quando descobri Maliranta e a experiência finlandesa.

A produtividade de um país sobe marginalmente quando o somatório das empresas existentes aumentam a sua produtividade, mas para dar saltos de produtividade, o perfil das empresas existentes numa economia no momento t tem de dar lugar a outro perfil no momento t+1 (por perfil entenda-se distribuição de empresas pelos vários sectores económicos). Esta percepção é terrível porque os políticos têm medo dela, porque pressupõe entender o "modelo flying geese" e o problema da competitividade no Uganda (ambos apresentados na referida Parte I acima). Como mete medo, os políticos correm a despejar dinheiro nas empresas existentes para que mudem e aumentem a produtividade, mas o dinheiro é quase sempre usado para defender o passado, em vez de construir o futuro, como Spender ilustrou de forma magistral.

Há semanas que ando a namorar a ideia de comparar a evolução do perfil económico de países ao longo do tempo. Gostava de começar nos anos 60 e perceber a evolução até ao final da primeira década do século XXI. Ainda não o consegui, nem com a IA (falha minha). No entanto, ontem fiz uma pesquisa que me levou a este site da entidade estatística dinamarquesa. A partir daí criei esta tabela com a evolução do número de empresas e da facturação global por sector económico ligado à manufactura.


Sublinhei os sectores que cresceram acima ou abaixo de 20%. E ainda aqueles que cresceram a facturação em mais de 200%.

Interessante o crescimento do número de empresas a par da redução da facturação. Presumo que seja o crescimento da produção artesanal e a alteração de comportamentos de consumidores.

Interessante a redução daquilo a que chamamos "sectores tradicionais"... aprendi tanto com Eric Reinert: "a nation - just as a person - still cannot break such vicious circles without changing professions."

Agora isto fica ainda mais interessante quanto acrescentamos a evolução do número de trabalhadores a tempo inteiro:

Só há 3 sectores a crescerem em número de trabalhadores: o farmacêutico, o fabrico de motores eléctricos e o fabrico de produtos electrónicos. Uma ilustração dos flying geese:

Para onde vão os trabalhadores? Para os serviços! Onde a produtividade é maior.

quarta-feira, outubro 04, 2023

"Os Anos do Absurdo" (parte II)

 Há dias escrevi sobre o tempo que vivemos e como pode ser apelidado de “Os anos do absurdo”.

Por exemplo, conciliar o querer um novo aeroporto em Lisboa, quando ao mesmo tempo se está contra o consumo de combustíveis fósseis, quando ao mesmo tempo se está contra o excesso de turismo, quando ao mesmo tempo se está contra a gentrificação.

Hoje o JdN traz um conjunto de entrevistas com responsáveis de associações empresariais. Um tema recorrente entre os vários entrevistados, e que é sintoma de mais um absurdo que os jornalistas são incapazes de questionarem, é o tema do sector que “bomba”, do sector que tem falta de trabalhadores, mas ao mesmo tempo não consegue acumular capital.

Não há ninguém que se questione como é que a maioria das empresas num sector económico estão cheias de trabalho e, no entanto, não ganham dinheiro?

Como é que se consegue ser competitivo

Pelo preço ou pelo valor. Quando só se consegue ser competitivo pelo preço e não se ganha escala, porque não faz sentido, porque não é possível, o resultado garantido é o empobrecimento. O sucesso comercial não se traduz em sucesso financeiro. Assim, até se podem pagar os custos do passado, mas não se conseguem pagar os custos do futuro. 

Costa disse que a realidade anda mais depressa que a capacidade do governo legislar. Isso fez-me lembrar os ciclos viciosos que se autocatalizam. Já aqui relacionei esta situação com o esquema Ponzi invertido, os clientes actuais são servidos à custa dos clientes futuros, até que deixa de ser possível manter o esquema.

domingo, setembro 24, 2023

Bêábá da produtividade sob o prisma de um árbitro estrangeiro

Esta semana no WSJ um artigo com o bêábá da produtividade, mas que seria útil ser distribuído por muita gente neste país.

"Pay is ultimately tied to productivity: the quantity and quality of products a company’s workforce churns out. And here, American manufacturing companies and workers are in trouble. The issue isn’t with labor-intensive products such as clothing and furniture, which largely moved offshore long ago. Rather, it’s in the most advanced products: electric cars and batteries, power-generation equipment, commercial aircraft and semiconductors.

...

Yes, American companies still lead the world in design and innovation, but the resulting products increasingly are made abroad, especially in Asia. Biden, like former President Donald Trump before him, wants to reverse this, through tariffs, subsidies and other government interventions. Japan, South Korea, Taiwan and especially China certainly intervened plenty to help their manufacturers. 

But attributing manufacturing performance to government policies alone is dangerous; it underplays how far Asian manufacturers have come in cost and quality and how far their American counterparts have slipped.

...

To say American workers aren’t productive enough isn’t to say it’s their fault; after all, productivity depends on a multitude of factors beyond the workers, including management decisions, the supply chain, public infrastructure and regulation.

...

Warehouses and hospitals can pass the cost of higher wages and reduced hours to customers without being undercut by foreign competitors. Manufacturers don’t have that luxury. That’s why Detroit is recoiling at the UAW’s demands. While their output per employee is among the highest of 11 global manufacturers ranked by consultants AlixPartners, so are their costs per vehicle. The lowest cost: China’s. 

Labor presents problems other than just cost, such as the shortage of skilled workers. “They find desirable candidates, they hire them, they train them, they don’t retain them,” said Jim Schmidt, an automotive expert at consultants Oliver Wyman. “A lot of the younger workforce doesn’t want to do that type of work.” For some, absenteeism is another problem."

Trechos retirados de "American Labor’s Real Problem: It Isn’t Productive Enough

sexta-feira, setembro 22, 2023

Falta a parte dolorosa da transição (Parte V)

Li no JN há dias "Indústrias estratégicas com 90 milhões para formação" e revirei os olhos com a classificação "indústrias estratégicas".

O que são indústrias estratégicas? Estratégicas para quem e estratégicas porquê?

Olho para o esquema clássico dos Flying Geese:
E penso no Japão dos anos 50 a olhar para o sector têxtil como estratégico, ou dos anos 60 a olhar para a metalurgia de base como estratégico e assim por diante.

O WSJ há dias trazia este gráfico:

Como é que Taiwan conseguiu este desempenho? A proteger os incumbentes? Nope!
"According to Taiwan’s Economic Development Performance issued by the National Development Council (NDC) in 2016, the country’s economic development stage is from agriculture to light industry and then heavy industry to high-tech industry. Similarly, factor input also goes from labor to capital, and through knowledge inputs and technology innovation, Taiwan has gradually become a developed country." (Fonte)
Eu sei que este tipo de conversa é tabu em Portugal, e não só. Eu sei que quando escrevo sobre estes temas perco potenciais clientes nestes sectores "estratégicos". Não percebem a diferença entre o Carlos consultor e o Carlos cidadão.


Por um lado, no JN lê-se:
"Pedro Cilínio falava aos jornalistas à margem da visita aos 36 expositores de calçado presentes na Micam, em Milão, assegurando que a medida pretende evitar despedimentos, mas também ajudar as empresas a preservarem a sua competitividade e capacidade produtiva."

Por outro lado, falamos em falta de mão de obra para empresas em sectores mais produtivos. Recordo de há dias no FT  "Why don't they just leave then?".

Hoje no JdN, Cristina Casalinho escreve:

"Na sua analise recente da economia portuguesa, a OCDE voltou a referir a evolução da produtividade do trabalho como uma debilidade e obstáculo a crescimentos mais pujantes. A melhoria da qualificação da força de trabalho operada nas últimas décadas deverá promover progressos nesta vertente. [Moi ici: A sério?! Licenciados a produzir melhores ou mais enxadas vão promover o progresso da produtividade do trabalho? Come one. Já leram algum colunista, ou algum comentador nos media tradicionais com coragem para dizer que sem morte das empresas actuais não chegamos lá?] Porém, o efeito do legado ainda é relevante. Remetendo novamente para o relatório da OCDE de junho passado, relevam as baixas qualificações das equipas de gestão nacionais, sendo que 25% das pessoas com responsabilidades de gestão não possuem educação secundária concluída. [Moi ici: E qual a implicação disto? Vão para a universidade? E a universidade tem formadores e cursos preparados para este nível de executivos? Haverá sempre, certamente, um ou outro com vontade de crescer pessoalmente nesta vertente, mas a maioria não quer, nem tem tempo. E são eles que trabalham o numerador da equação da produtividade. Melhor deixar Darwin trabalhar] Certamente que esta realidade reflete o domínio das pequenas e micro empresas no tecido empresarial. Baixas qualificações, acesso a capital limitado e reduzida dimensão [Moi ici: Acham que a fusão de 3 têxteis gera uma empresa mais produtiva mesmo? Perguntem aos japoneses dos anos 50] integram um círculo vicioso que importa quebrar para se almejar maior produtividade, investimento e crescimento."