terça-feira, dezembro 19, 2023

Acerca da produtividade (parte III)

Acerca da produtividade (parte I) e (parte II).

Não concorda com a resposta?

"A produtividade portuguesa é baixa porque os trabalhadores ganham pouco e, por isso, são preguiçosos, ocupam demasiado tempo em conversa de café."

Quem pensa que proferiria tal resposta?

...

Tem a certeza? Pense outra vez!

...

Vejamos agora o texto no semanário Expresso do passado fim de semana, "Como as empresas otimizaram o tempo":

"A maior parte das empresas que avançaram para a semana de quatro dias mudaram a forma de organização do trabalho para garantir que as tarefas eram executadas num mais curto espaço de tempo pelas mesmas pessoas. Reduzir o número e a duração das reuniões, evitar o desperdício de tempo em conversas pessoais e o atropelo entre múltiplos canais de comunicação, como o e-mail, WhatsApp, telefonemas e diferentes programas, estão entre as práticas que foram sendo ajustadas.

...

Foi preciso dar "mais atenção ao cafezinho". , reduzindo o tempo dos intervalos, e perceber que as reuniões "não podiam ter um período antes e um período depois", , que geram desperdício. [Moi ici: Estes sublinhados fazem-me recuar a 2021 e a um artigo delirantemente mau Se não fosse triste, era cómico!!!]

...

No relatório, Pedro Gomes e Rita Fontinha dizem que as organizações tiveram dificuldade em avaliar em que medida a redução do tempo de trabalho interfere na produtividade. "Verificámos que grande parte das empresas tem dificuldades em medir e quantificar o output, e daí a predisposição natural dos gestores a associar horas de trabalho a produtividade", mas os funcionários acham que há vantagens."

Reduzem a semana de trabalho de 5 para 4 dias e não sabem qual o impacte na produtividade? Mais, nem sabem medir a produtividade?

Outra vez, é olhar para o salto de 35% que é preciso fazer para chegar à media europeia:

É fazer umas contas simples, quanto teria de aumentar a produção do output, vendido ao mesmo preço, com os mesmos recursos, para completar o salto? Recordar A brutal realidade de uma foto.

Pensar que melhorias de eficiência vão ajudar a colmatar aquele gap de 35% é cometer o mesmo erro dos políticos referidos na parte II. Já fizeram contas? Já conseguiram desenhar um itinerário para fazer essa transição?

Boa sorte. 

Sem comentários: