Mostrar mensagens com a etiqueta china. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta china. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, maio 20, 2020

segunda-feira, março 16, 2020

Quantas empresas (parte XI)


Na minha infância, antes do saco plástico, o leite do dia era comprado em garrafas de vidro que vinham com uma tampa de alumínio:

Suil era a marca do leite que se bebia em São João da Madeira em 1969.

Nesses tempos era comum as cozinhas terem uma peça como esta para limpar o interior das garrafas:
Ontem à noite tive oportunidade de ler o capítulo 3 do livro “Nine Rules for Thriving in the Twenty-First Century” de Adam Davidson. Um capítulo sobre a “Braun Brush, um negócio com sede em Long Island e gerido por uma família - Braun Brush, the “Makers of Specialty Brushes Since 1875”. 

Um capítulo que se enquadra bem nesta série e ilustra como as empresa de calçado podem dar o salto para a descoberta do cliente. Divido a história da Braun Brush em quatro fases:
A Fase I - Artesanal
O fundador da empresa começou por ser alguém que trabalhava numa fábrica que engarafava o leite e, tinha a função de lavar as garrafas devolvidas pelos consumidores. Além de ser uma tarefa morosa, estava constantemente a ser repreendido pelo chefe quando a limpeza não ficava bem feita. Tinha um problema, tinha uma dor, e começou a trabalhar numa solução que lhe facilitasse a vida. Ele era o inovador e, em simultâneo, o cliente da sua inovação. Como cliente foi rechaçando as inúmeras soluções que ia testando. Depois de anos de trial & error chegou a uma escova que resolvia o seu problema. O que fazia num dia passou a ser feito numa hora.

Patenteou a sua solução. Despediu-se e começou a fazer escovas. Fabricava as escovas durante a noite e, durante o dia visitava potenciais clientes para lhes apresentar/entregar o produto.

Os anos de experiências fizeram dele um especialista em escovas, quer no tipo de materiais usados, quer em formas e outras possibilidades. Nesta fase o Braun fundador não tinha acesso à escala, era um artesão. O know-how adquirido permitiu que desenvolvesse escovas para animais, para culinária, para têxteis, até para queijos. O seu entusiasmo e paixão era o adequado para uma economia local e artesanal, embora já tivesse uma pequena fábrica. Era um artista, sempre pronto a desenhar soluções específicas para problemas específicos. Por exemplo, desenvolveu uma escova para limpar ecrâns de cinema, uma actividade em crescimento na altura dos primeiros anos da empresa.

A Fase II - Industrial
Anos 50 do século passado, a fase artesanal entrou em declínio. A empresa passou para as mãos do genro do filho do fundador. O investimento público em vias de comunicação tornou a economia americana nacional em vez de local. [Moi ici: Como não recordar "Decisões de localização (parte I)"] Assim, um pequeno fabricante de escovas em New York podia servir clientes no Alabama, Colorado e Oregon. 

Enquanto durante duas gerações a Braun apostou na diversidade de escovas para fins específicos, os novos tempos exigiam abraçar a comoditização. Seleccionar as escovas com maior mercado potencial, descartar as restantes e escalar a produção o mais possível para vencer a corrida
Os anos 50 do século passado representaram a transição do artesanal para a linha que aprendemos com Terry Hill:
Redução da variedade de modelos ao mínimo, para evitar a perda de tempo em alterações de setup. Era mais lucrativo produzir em massa e encontrar novos mercados para escoar a mercadoria. A empresa já não precisava de artistas, a ciência e a gestão eram a solução.

O actual CEO entrou na empresa chefiada pelo pai nos anos 80 do século passado. Ao longo dos anos 90 ele almoçava diariamente com o pai, analisavam os números do negócio e estavam sempre em desacordo num ponto: o filho (Lance) dizia ao pai que a empresa deveria voltar às suas raízes iniciais e  concentrar-se na criação de novos tipos de escovas, escovas UAU!, escovas com emoção. Ao longo desses primeiros 10 anos Lance tinha feito amizade com um artista que fazia esculturas com as escovas. O pai ria-se e dizia que ele era tolo.

A Fase III - O choque chinês (Recordar esta série de 2010)
Entretanto, ao longo desses anos 90, os fabricantes chineses começaram a enviar um grande número de escovas para os Estados Unidos. Inicialmente concentraram-se nos modelos mais baratos vendidos   pela distribuição grande. Eram escovas de qualidade inferior. No entanto, ano após ano, as escovas importadas da China ficavam cada vez melhores e começavam a invadir áreas mais especializadas. 

Durante as conversas ao almoço com o pai, Lance avisava-o que os chineses em breve começariam a fazer mossa no seu negócio. O pai ria-se. Em 2002, no entanto, as fábricas chinesas começaram a fazer exatamente os tipos de escovas que a Braun produzia. As escovas chinesas eram muito mais baratas e, Lance teve que admitir, quase com a mesma alta qualidade quanto as da Braun. Os seus avisos para o pai tornaram-se cada vez mais desesperados. Ele temia que um dia o negócio colapsasse. O pai achava que ele era um exagerado.

Entretanto, o pai autorizou a compra do primeiro computador, que o filho aproveitou para criar bases de dados sobre os clientes, as vendas e os custos. Assim, ficou cada vez mais ciente da mutação em curso no mercado.

Lance e o pai pertenciam a mundos diferentes e tinham desenvolvido visões totalmente diferentes sobre a Braun Brush e, mais amplamente, sobre a economia americana na era da tecnologia e comércio. O pai, cresceu na América do pós-guerra, quando os Estados Unidos dominavam quase todos os mercados globais com seus produtos, um mundo em que a chave para um negócio bem-sucedido era o volume de vendas. Nesse tempo, a maioria das empresas prosperava vendendo commodities: jogando pelo seguro e vendendo a mesma coisa repetidamente. O pai queria vender o maior número possível de escovas ao maior número possível de pessoas. O seu objetivo era nunca perder uma venda. Se fosse preciso baixava os preços, prometia entregar escovas mais rapidamente - qualquer coisa para conseguir essa venda.

Lance irritava-se com este posicionamento da empresa, usava o computador para mostrar ao pai que linhas inteiras de modelos da empresa não eram lucrativas, ou que podiam vender milhões de certos tipos de escovas e continuar no mesmo sítio. A famosa maldição da Rainha Vermelha.

Até que o pai morreu... duas semanas para fazer o luto e, depois.

A Fase IV - Mongo
A propósito de Mongo - recordar "1 Origem de uma metáfora", ou "Estranhistão ... weirdistão"

Ao regressar começou logo a trabalhar na mudança. Reuniu a equipa comercial e comunicou que a partir desse dia não venderiam uma única escova em concorrência directa com as importações baratas da China. Se uma fábrica chinesa pudesse fazer um modelo de escova razoavelmente semelhante, a Braun sairia completamente dessa linha. A Braun deixaria o negócio das commodities e entraria no campeonato das escovas altamente especializadas. A Braun deixaria a competição pelo preço e volume. Voltariam às raízes do bisavô, voltariam à arte e à Economia da Paixão. Como não recordar o Evangelho do Valor!!!

As escovas especializadas, tinham grandes margens de lucro. Elas seriam desenhadas para clientes com necessidades tão específicas que não haveria concorrência. O problema era o esses clientes serem raros. Lance disse à equipa que o sucesso não viria do número de vendas que eles fizessem, mas da qualidade das vendas. E mais, passou a mensagem de quanto mais baixo o tamanho da encomenda, menor a probabilidade de haver concorrentes a competirem por essa mesma encomenda. E se não houvesse concorrência, a Braun poderia apresentar preços baseados no valor que aportavam aos clientes e não com base nos custos. Clientes em busca de uma escova única pagariam um preço-premium por ela.

Lance iniciou a transição para uma empresa de escovas especializadas aproveitando uma oportunidade inesperada. Recordar o princípio da limonada na parte X. Recebeu um telefonema de uma pessoa que acabara de concluir uma inspecção de rotina a uma central nuclear. Esse inspector percebeu que as escovas que estava a usar na limpeza do sistema de refrigeração da central geravam riscos de segurança. Lance desenhou uma escova, levou várias para a central e, após uma bateria de testes, conseguiu provar que eram seguras. 

Hoje, essas escovas são usadas em geradores nucleares em todo o mundo. E as centrais nucleares economizam milhões de dólares por ano à custa de um modelo de escova que custa 12 dólares em matérias-primas.

É exatamente isto que os empresários da Economia da Paixão devem procurar: um produto cujo preço seja determinado pelo valor que fornece ao cliente, não pela matéria-prima usada para fabricá-lo.

Hoje a empresa ainda faz pincéis, é claro, mas seus lucros não provêm da fabricação de um produto físico. Os seus lucros provêm da criatividade, do conhecimento e do pensamento que entram nesses produtos. Os seus lucros provêm do valor que é gerado na vida dos clientes. Lance tornou-se um especialista em pincéis personalizados. 

Lance descobriu algo que suspeitava nos dias em que implorava ao pai que mudasse a estratégia da empresa: é possível ganhar muito mais dinheiro produzindo muito menos escovas quando as escovas criadas resolvem problemas fora do comum de uma empresa ou de um indivíduo. Lance costuma cobrar milhares de dólares por essas escovas, e os seus clientes pagam a conta com prazer porque as escovas permitem-lhes economizar muito mais do que isso.

Lance agora faz quinze mil tipos diferentes de escovas com uma equipe de trinta fabricantes de pincéis - ou, mais precisamente, artesãos. Ele vende várias escovas exclusivas, feitas sob medida para as necessidades específicas de uma pequena base de clientes. Recordar esta figura de "Muitos picos, muita arte"
Além disso, Lance faz algo que teria horrorizado seu pai. Anualmente, elimina centenas de referências de escovas do catálogo da empresa. Frequentemente, essas referências são exactamente as escovas que têm o maior volume de vendas, mas a menor margem de lucro. Se alguém na China pode fazer a mesma escova com aproximadamente o mesmo nível de qualidade, a Braun abandona a linha.

Outro exemplo, a Marlin:


sábado, fevereiro 22, 2020

Riscos e oportunidades: Covid-19

Interessante no Correio da Manhã de ontem:
"As empresas portuguesas do sector têxtil estão a preparar 'planos B' para lidar com o impacto do Covid -19 na China, admitindo recorrer a novos fornecedores na Índia e na Turquia. [Moi ici: Como se fosse tão fácil como sair da loja A e entrar na loja B num centro comercial] A falta de matéria-prima pode ditar o encerramento de fábricas já em março. O cenário é traçado ao CM por Mário Jorge Machado, presidente da Associaçâo Têxtil de Portugal (ATP). Se a epidemia não abrandar, a fileira do têxtil e vestuário admite que poderá ser forçada a parar a produção no próximo mês, perante a falta de matéria-prima. Fios, tecidos, botões, forros, fechos e etiquetas são alguns dos componentes cujo fornecimento está a ser afetado pelo vírus com a paragem da produção na China. [Moi ici: Estou a imaginar uma oportunidade para armazenistas com monos fazerem um negócio de oportunidade. Quando a Apple ou a Adidas avisam o mercado acerca do impacte do Covid-19, fazem-no porque a produção do produto acabado não está a ocorrer na China. Neste caso do têxtil, o que falha é a matéria-prima e componentes para a produção feita cá. O impacte é semelhante, em ambos os casos o produto não chega ao mercado. Embora, seja mais fácil arranjar alternativa de matéria-prima do quer alternativa de fabrico] E mesmo com os 'planos B' em marcha, as empresas terão de esperar semanas para que a matéria-prima indiana ou turca comece a chegar a Portugal. "Sendo uma situação preocupante, não é dramática" , assegura Mário Jorge Machado. O responsável admite que o vírus poderá trazer "oportunidades" a Portugal. "Temos uma série de compradores que vieram cá fazer compras. Perceberam que estar dependente da Ásia é uma ameaça." O interesse tem chegado sobretudo de França, Alemanha, Reino Unido e Suécia."
Fui em busca de artigos de jornal em Espanha sobre o impacte do Covid-19 na Inditex, "El sector textil español busca alternativas a las fábricas chinas por el coronavirus":
"Las colecciones que llegarán a las tiendas el próximo invierno se producen ahora –la mayor parte de la colección primavera-verano ya está entregada–, y puede afectar de forma notable a las firmas de fast fashion, que lanzan colecciones y modelos nuevos cada pocas semanas,
...
“En el sector hay inquietud y se están buscando centros productivos alternativos en el norte de África, Egipto, Portugal o España”, aseguran.
...
En el caso del gigante Inditex, que también renueva colecciones continuamente –vende 65.000 referencias al año–, la producción está más diversificada. El 95% de su fabricación se produce en doce países, aunque China es su principal proveedor, con más de 1.800 plantas que trabajan para llenar las tiendas de Zara, Bershka o Pull&Bear. Sin embargo, más del 50% de la producción se encuentra en países más cercanos, como España, Marruecos, Portugal o Turquía.
...
China también es el principal proveedor de Mango, aunque en los últimos años ha seguido el modelo de Inditex y ha diversificado la fabricación de sus prendas. Las empresas grandes, con todo, podrán tener una mayor capacidad de reacción si el cierre de fábricas se mantiene. El mayor problema, explican fuentes del sector textil, está en las pequeñas firmas con fuerte dependencia de China y poca capacidad para llevar su producción a otros países.
...
Voces del mundo de la moda empiezan a plantear que la cadena de distribución “debe replantearse”. Primero, porque depender en exceso de un solo país deja a las empresas demasiado expuestas a la coyuntura de terceros. Y segundo, porque los largos trayectos para transportar la mercancía están en cuestión por su impacto climático."
Alguns números daqui:
"Así, el 31% de la ropa de Mango se fabrica en China, el 50% de Desigual y el 41 % de la de Mark and Spencer. Por su parte, C&A dispone de 300 factorías en el país asiático, por 239 de GAP y 89 de Primark." 

domingo, fevereiro 16, 2020

Um momento definidor


O jornal espanhol "El Economista" de ontem defende:

No entanto, ao ler "Coronavirus Outbreak Exposes China’s Monopoly on U.S. Drug and Medical Supply Industry":
"The coronavirus outbreak has exposed the United States’ dangerous dependence on China for pharmaceutical and medical supplies, including an estimated 97 percent of all antibiotics and 80 percent of the active pharmaceutical ingredients needed to produce drugs in the United States."
E ao ler "¿‘Made in’ China? El coronavirus amenaza el ‘sourcing’ de los gigantes de la moda":
"El coronavirus impacta de lleno en el corazón del sourcing de moda. La epidemia ha cerrado fábricas y ha limitado los envíos desde la mayor fábrica de ropa del mundo, China, donde se aprovisionan, en mayor o menor medida, todos los gigantes del sector. La crisis sanitaria amenaza la campaña primavera-verano y pone en riesgo los precios para otoño-invierno, la segunda (y mayor) temporada del año. 
Las empresas que concentran su aprovisionamiento en China serán las más afectadas. En cambio, aquellas que tiene un sourcing flexible están comenzando ya a adaptar sus pedidos. Portugal, en menor medida, Turquía y Marruecos son los países a los que la mayoría de compañías están mirando. Sin embargo, los tres países juntos no pueden absorber la capacidad de producción de China.[Moi ici: O banhista gordo]"
Sinto-me tentado a pensar que este é um momento definidor de um novo ciclo de relacionamento com as fábricas chinesas.

segunda-feira, fevereiro 10, 2020

Que rearranjos vão emergir? (parte III)

Parte I e parte II.

A revista The Economist de 8 de Fevereiro último, no artigo "A long game" publicou o seguinte gráfico:

Uma evolução interessante, quer para os EUA, quer para a China.

Que impacte terá este choque do coronavírus nestas cadeias de fornecimento?

Duas notas:





quinta-feira, fevereiro 06, 2020

Que rearranjos vão emergir? (parte II)

Parte I.
"Hyundai said it had to shut down all its car factories in South Korea after running out of components from China as disruptions caused by the coronavirus outbreak rippled through the global manufacturing supplychains.
.
The world’s fifth-biggest carmaker by sales said it was searching for new sources of engine wire-harness after problems in the supplies of the core electric componentry from China, as executives at several carmakers and auto suppliers warned plants in Europe and the US are only weeks away from being forced to close.
...
Pressure is building on supply companies to maintain output and protect staff, with parts makers Continental and Thyssenkrupp both holding crisis meetings earlier this week.
.
“We are working closely with our suppliers and customers to minimise any disruptions,” said Continental, which runs 50 sites in China, and makes parts for most main European carmakers."
Entretanto, em linha com o que me contaram ontem ao almoço - "Coronavirus disrupts display panel production in China, spurring supply shortfalls and rising prices"

A pergunta mantem-se no ar. Que rearranjos irão emergir como consequência do crescente proteccionismo, aumento de salários na Ásia, exigências de Mongo e da rapidez/flexibilidade, e desta crise?

Trechos retirados de "Carmakers struggle with supply chain disruption" publicado no FT de ontem.

domingo, fevereiro 02, 2020

Que rearranjos vão emergir?

A economia actual é isto:
Um mecânico italiano que esteve há dias na China a reparar máquinas e agora estava a reparar máquinas em várias empresas de Felgueiras.

Há dias no Twitter ironizei:


Agora em "When China Coughs, Supply Chains Fall Ill" publicado no Wall Street Journal de ontem:
"As the spread of the new coronavirus in China causes more factory shutdowns, the effect on global industrial supply chains could linger for years. China now makes up more than twice the share of global merchandise exports it did in 2003, when the SARS virus hit. Guangdong province alone exported more in 2018 than China did as a whole 17 years ago.
.
Manufacturers already gripe about the effect of the Lunar New Year holiday, which falls in January or February, on their business as Chinese factories shutter. But the public-health response to the virus this year effectively means extending the holiday. China’s industrial output could be running at a similarly low level for a much longer period.
...
Global supply chains are considerably more complex than they were in 2003, shortly after China’s accession to the World Trade Organization. Even items with a marginal quantity of Chinese content will be affected as production is halted.
...
The current lockdown is of a scale beyond either SARS, floods in Thailand or the earthquakes in Japan. China’s industrial heft leaves global manufacturers in a quandary with no obvious parallel, even with shutdowns only just beginning. The impact may be felt for years to come."
Já no NYT li "Coronavirus Outbreak Tests World’s Dependence on China":
"Apple is rerouting supply chains. Ikea is closing its stores and paying staff members to stay home. Starbucks is warning of a financial blow. Ford and Toyota will idle some of their vast Chinese assembly plants for an extra week.
...
The mysterious coronavirus that has killed more than a hundred people and sickened thousands has virtually shut down one of the world’s most important growth engines. Desperate to slow the fast-moving virus, the Chinese authorities have extended the country’s national holiday to Feb. 3, and crippled land, rail and air transport. Entire cities have shut down.
...
Automakers like General Motors and Nissan plan to close their factories until the week of Feb. 3 to comply with the longer mandated holiday, while Toyota and Ford said this week that they would close some of their factories a week longer than that because of virus-related disruptions. Companies like G.M., Honeywell, Facebook and Bloomberg restricted travel for employees in China and established their own self-quarantine measures.
...
Wuhan in particular appeals to major companies because it is a major national transport hub. The auto industry, including General Motors, Honda, Nissan and many others, have set up shop there, and many of their suppliers have followed. It is the home to more than one third of all French investment in China.
...
In Thailand, Chinese sightseers spend nearly $18 billion annually, totaling about a quarter of tourist spending.
.
“Chinese tourists are the No. 1 tourists to Thailand,” said Yuthasak Supasorn, the governor of the Tourism Authority of Thailand."
Que impacte é que isto pode ter nas cadeias de fornecimento mundiais? Que rearranjos vão emergir?

sábado, dezembro 14, 2019

Curiosidade do dia - comunismo e Chega (parte III)

Parte I e Parte II.


"Mr. Nesi’s father was a lover of Beethoven, literature and timely payment. He bestowed to his son a lucrative arrangement: He sent wool to overcoat manufacturers in West Germany, and they unfailingly sent back money 10 days later. His father assured him that this was a formula for enduring success. Be honest, produce quality fabric, “and you will be as happy as I am.”
.
“We lived in a place where everything had been good for 40 years,” Mr. Nesi says. “Nobody was afraid of the future.”
.
In retrospect, they should have been. By the 1990s, the Germans were purchasing cheaper fabrics woven in Bulgaria and Romania. Then, they shifted their sights to China. The German customers felt pressure to find savings because enormous new retailers were carving into their businesses — brands like Zara and H&M, tapping low-wage factories in Asia.
.
Chinese factories were buying the same German-made machinery used by the mills in Prato. They were hiring Italian consultants who were instructing them on the modern arts of the trade.
.
Some companies adapted by elevating their quality. One local mill, Marini, followed the American clothing brands that were its customers as they gravitated to China, shipping its fabric there. But this was clearly the exception. From 2001 to 2011, Prato’s 6,000 textile companies became 3,000, as those employed in the industry dropped to 19,000 from 40,000, according to Confindustria, an Italian trade association.
.
Mr. Nesi tried making clothes for Zara, which constantly demanded lower prices. “You started to work on how to pervert your own quality in order to sell it to Zara,” he says. “They wanted the best look. It had to be something that looks like your quality without actually being it. That’s more or less a description of what they wanted our life to become. Something that looks like your life but is of lesser quality.”[Moi ici: Recordo uma das mensagens mais antigas deste blogue - competir pelo preço não é para quem quer, é para quem pode]
.
Eventually, he sold the business to spare his father from “an old age full of shame.”"
O que aconteceu em Itália em nada difere do que aconteceu em Portugal. No entanto, a economia de bens transaccionáveis recuperou mais depressa e melhor em Portugal. Recordo que no caso do têxtil português, ainda antes da China, já a Turquia provocava estragos na segunda metade dos anos 90 do século passado. Recordo que isto é um sobe e desce permanente, e que quanto mais barreiras à entrada e saída mais raerefeita é a paisagem competitiva.

BTW, lembrem-se que a mensagem da esquerda para estes trabalhadores é "Quantos mais forem para o desemprego, mais a produtividade agregada do país cresce". E qual é a mensagem da direita tradicional? Não é diferente, "Empresas que não consigam pagar 750 euros daqui a quatro anos são ficção, diz Bagão Félix". Gente instalada na vida, sem skin in the game, são o máximo a mandar postas de pescada

Trecho retirado d"How the Rise of Chinese Textile Manufacturing in Italy Fuelled the Far Right". 

segunda-feira, dezembro 09, 2019

Curiosidade do dia - comunismo e Chega (parte II)

Parte I.

Em Dezembro de 2011 escrevemos "It's not the euro, stupid! (parte IV)" e em Março de 2013 escrevemos "Acerca da desvalorização interna".
"In 1961, when Mr. Catini was only 22, he started his own business, making women’s shoes in his garage. His two younger brothers joined him. They bought leather from tanneries in Naples and Milan and made 50 pairs of shoes a day, selling their stock at street markets.
.
They invested their profits into adding machinery and workers. By the 1980s, they had hired a designer from Milan, and their factory employed 70 people, selling its shoes in the United States and West Germany. His two children completed high school. He and his wife, who handled the factory’s books, bought a brick house on a hilltop looking out on the glittering sea.
.
But by the 1990s, danger was brewing. At trade fairs in Milan and Bologna, where he displayed his wares to foreign buyers, Mr. Catini noticed visitors from China taking photos of his designs. “Why are they coming to fairs and not buying anything?” he wondered.
The following decade revealed the answer. German customers were canceling orders, suddenly able to buy increasingly high-quality shoes at cut-rate prices from Chinese suppliers.
In 2001, China secured entry to the World Trade Organization, gaining easy access to markets around the globe. In subsequent years, exports by Italian footwear manufacturers plummeted by more than 40 percent.
[Moi ici: Há uns anos usei este gráfico para ilustrar o impacte chinês e o comeback do calçado]
In a desperate bid to survive, Mr. Catini reluctantly struck a deal to make shoes for a trendy Italian fashion brand. He borrowed about €300,000 ($331,000) and used the money to establish a factory in Romania to make the uppers for the new shoes at a fraction of his costs in Italy.
.
Soon, the Italian brand pressed him to lower his prices, asserting that it could buy the same shoes for half the cost in China. But the reduced price would not have covered his expenses.
.
We thought we were the best in the world. Everybody was making money.
.
One morning in early 2008, Mr. Catini gathered his employees on the factory floor. He had known many of them for decades. He had attended their weddings, their children’s christenings, funerals for their relatives. He had advanced them pay to allow them to buy homes. Now, he told them that they were all losing their jobs.
.
“I dream of this every night,” he says, his ruddy cheeks contorting in pain. “The workers were part of the family, from the first to the last.” He crushes his brown twill cap in his hands, prompting his wife to reach over and gently take it away.
.
In the nearby hilltop town of Montegranaro, some 600 footwear companies have dwindled to about 150, prompting locals to embrace the League and its harsh words about immigrants.
.
When people do not feel secure economically, they cannot stand the fact that guarantees are given to people who come from abroad,” says Mauro Lucentini, a League member who holds a seat on Montegranaro’s council."
Continua.

Trecho retirado d"How the Rise of Chinese Textile Manufacturing in Italy Fuelled the Far Right". 

sábado, dezembro 07, 2019

Curiosidade do dia - comunismo e Chega (parte I)

Lembro-me de descobrir que em França, em poucos anos, os eleitores de Geoges Marchais, histórico líder comunista, passaram rapidamente a eleitores da Frente Nacional de Jean-Marie Le Pen.

Em Outubro surpreendi-me com os votos no Chega em zonas tradicionalmente comunistas, disseram-me que era por causa dos ciganos e do RSI. Por estes dias no Twitter alguém, a propósito da decisão de revisão do programa do Chega, escreveu que este tipo de partidos são anti-sistema, mas são à sua maneira socialistas de direita e, sobretudo proteccionistas.

Agora a viajar através do túnel do Marão leio este excelente texto, "How the Rise of Chinese Textile Manufacturing in Italy Fuelled the Far Right". O artigo abre assim:
"Like everyone in her family and most of the people in the factories where she laboured in this town nurtured by the textile trade, Roberta Travaglini counted herself an unwavering supporter of the political left.
.
During her childhood, her father brought her to boisterous Communist Party rallies full of music, dancing and fiery speeches championing workers. When she turned 18, she took a job at a textile mill and voted for the party herself.
.
But that was before everything changed — before China emerged as a textile powerhouse, undercutting local businesses; before she and her co-workers lost their jobs; before she found herself, a mother of two grown boys, living off her retired parents; before Chinese immigrants arrived in Prato, leasing shuttered textile mills and stitching up clothing during all hours of the night.[Moi ici: Como não recordar o postal de há um mês "Bofetadas e a turbulência em curso". Portanto, preparem-se para o futuro crescimento do Chega no Vale do Ave]
.
In last year’s national elections, Ms. Travaglini, 61, cast her vote for the League, an extreme right-wing party whose bombastic leader, Matteo Salvini, offered a rudimentary solution to Italy’s travails: Close the gates."
Interessante, normalmente associo comunismo a ateísmo. Escrevo isto porque li há bocado no WSJ de ontem um texto onde alguém recomendava a pais ateus que mentissem aos filhos enquanto crianças, porque uma educação religiosa em criança predispõe as pessoas para um atitude mais voluntarista e de partilha mais tarde na vida.

De volta ao texto:
"“When I was young, it was the Communist Party that was protecting the workers, that was protecting our social class. Now, it’s the League that is protecting the people.”
...
The rise of the League — now exiled from the government, yet poised to lead whenever national elections are next held — is typically explained by public rage over immigration. This is clearly a major factor. But the foundations of the shift were laid decades ago, as textile towns like Prato found themselves upended by global economic forces, and especially by competition from a rapidly evolving China.
.
When there was an expansive economy, the left was strong, because the left offers you jobs."
Interessante como o discurso ao estilo-Louçã, de apelo à gratificação imediata, colocando na responsabilidade do Estado a resolução de todos os problemas do indíviduo, abre a porta à extrema-direita.
"Many working-class people say that delineation is backward: The left had already abandoned them.
.
“So many Italian families are struggling,” says Federica Castricini, a 40-year-old mother of two who works at a shoemaker in Marche, and who has dumped the left for the League. “The left doesn’t even see the problems of Italian families right now.”"[Moi ici: Consigo imaginar os futuros desempregados da próxima crise a associarem as prioridades da esquerda aos aumentos na função pública, às questões de género, à Greta e pouco mais. Como li num texto sobre a proposta da Iniciativa Liberal acerca do conteúdo dos recibos de salário, "os trabalhadores só querem saber quanto recebem e a evolução da carrreira do Jorge Jesus", o resto é filosofia, resumo eu. Lembram-se da conversa das sanitas com os pés na terra? Sabem o que acontece quando os pés deixam de contactar com a Terra? Recordem Anteu]
Os políticos e os media durante a Grande Recessão andaram a embalar-nos com a canção de que a culpa era do euro. Aqui sempre elegemos a China e nunca defendemos o proteccionismo.

Continua.

quarta-feira, setembro 18, 2019

Heterogeneidade dos mercados (parte II)

Em "Heterogeneidade dos mercados" sublinhámos, com o exemplo da China, que se pode ser muito bom a produzir e a exportar um produto e, no entanto, precisar de importar esse produto para outra segmento de mercado.

Outro exemplo que poderia ter utilizado no texto inicial é o do mobiliário. Portugal exporta mobiliário caro, e importa mobiliário barato.

Um outro exemplo que acrescento agora é "Fast Fashion Must be High-End to Compete in China". Podemos logo relacionar o título com o exemplo do calçado. Os chineses produzem calçado barato, não precisam de importar calçado barato. Daí que o preço médio de um par de sapatos importado pela China é substancialmente superior ao preço médio do calçado importado por países como a Alemanha, França ou a Holanda:
Voltando ao artigo sobre a fast fashion na China:
"While overseas fast fashion brands were quick to enter the Chinese market, they’ve had a hard time competing with local online retailers on websites like Tmall and Taobao. Chinese tastes have also shifted toward more elevated options, which offers an opportunity to high-end, fast fashion brands but hurts entry-level fast fashion. McKinsey & Company’s research suggests that more than 75 percent of China’s urban consumers will enter the middle-class bracket by 2022.
...
Chinese consumers have easy access to a variety of home-grown and affordable fashion brands online that pose a bigger challenge to brands like H&M and Zara,” says Ray Ju, the New York-based senior consultant of the global brand consultancy Labbrand. As this consumer steps into a new bracket, they are looking for new options that they can’t already find online: clothing with an affordable price point but with higher quality and design.
.
Local customers have shown waning interest in fast fashion in recent years, complaining about bad quality and uncompetitive prices compared to local brands on Taobao."

terça-feira, setembro 17, 2019

Heterogeneidade dos mercados

No Domingo passado falava com alguém com quase 90 anos, que não percebia porque exportamos maçãs e ao mesmo tempo importamos maçãs.

Qual o maior fabricante mundial de sapatos?

A China. (Vou usar dados de 2013 já que os tenho reunidos aqui)

Qual o preço médio de um par de sapatos exportado pela China? 3,87 USD

A China importa sapatos? Sim, claro!

Qual o preço médio de um par de sapatos importado pela China? 29,93 USD

Produzir barato é a especialidade chinesa, e quando se pretende algo mais?

Isto fez-me recordar um texto que me enviaram na semana passada "2018 International: German Luxury Car Sales Worldwide and in China"

A China é um grande produtor mundial de carros.

A China importa carros. Que tipo de carros importa a China?
"In 2018, German car brands Volkswagen, BMW, Mercedes-Benz and Porsche had record sales worldwide and in China. Audi sales were lower. German luxury and premium car brands mostly outperformed the broader market."

sábado, agosto 31, 2019

"like Switzerland"

Mal comecei a ler "Can China Avoid a Growth Crisis?" encontrei um trecho que me prendeu a atenção:
"China’s Fortune 500 firms are heavily reliant on domestic revenues, and a rapidly falling working-age population will severely reduce domestic GDP growth in the absence of improvements in labor productivity (which are unlikely to occur). Japan provides an uncomfortable precedent for the consequences of this demographic shift.
...
To keep their places on the Fortune 500, China’s domestic giants will have to develop a global mindset more characteristic of multinationals from small countries like Switzerland—a transformation that has to date eluded most of Japan’s businesses." [Moi ici: O conselho para subir na escala de valor que há milhares de anos recomendo às PME tugas, aqui enviado para as empresas gigantes chinesas]
Há dias voltei a publicar este diagrama de 2009. Publicado inicialmente em Abençoada internet (parte III) (BTW, fez-me recordar o infelizmente desaparecido Edward Hugh)
No postal explico as relações de causa-efeito do diagrama.

Sobre a China, sabemos que a população está a envelhecer aceleradamente, que o consumo interno cai com o envelhecimento, que o destino da produção low-cost é sair da China para África e outros países do Sudeste Asiático. Só a subida na escala de valor aumenta a produtividade e abre mercados novos para as exportações.

Recordar também os "hidden champions" de Hermann Simon e o truque alemão.

Qual o desafio? Trabalhar as marcas chinesas.

Há muitos anos, vi um filme num Domingo à tarde na RTP1. A pesquisa no Google diz-me que se chama "A Princesa e o Pirata", e foi feito em 1944 com a participação do grande Bob Hope, comediante dos filmes da minha infância. Neste livro encontrei uma descrição da cena que recordo desse filme. Atenção, era um filme passado em 17XX, tempo de piratas e corsários:
"Looking back over the history of industry, I am frequently reminded of the expression 'Made in Japan'. One day in 1947 I was in a theatre watching an American movie. Bob Hope was acting as a pirate and had an Iron hook on his left arm. He was fighting against other pirates on a boat and finally his iron hook was broken just by a blow of a sword. He checked the broken hook end said with a sneer on his face, 'Ah! It's made in Japan'. I clearly remember that this expression was widely accepted during and after World War II, meaning 'reasonable price but poor quality'. That was synonymous with Japanese products for a long time."
Quando eu assisti ao filme, Made in Japan tinha um sinal de qualidade.

Mesmo trabalhando as marcas há que ter cuidado com os alemães, por causa da assimetria nas gamas de preço.

quinta-feira, agosto 22, 2019

As banheiras pequenas enchem depressa

Um interessante tweet do @nticomuna:



Uma evidência do aqui previsto há anos com alguns postais sobre o efeito do banhista gordo.

E fecho com uma previsão feita no rescaldo dos Jogos Olímpicos de Pequim em Agosto de 2008 - Especulação.

BTW, Março de 2008, a primeira vez que usei a designação de banhista gordo.

domingo, junho 02, 2019

Lembram-se do banhista gordo?

Lembram-se do banhista gordo?


Confrontar com "Logistics Bottlenecks Hamper Efforts to Produce Less in China":
"Companies looking to move some production from China to other Asian countries to avoid mounting U.S. tariffs on Chinese imports face significant bumps in the road.
.
Manufacturers and supply-chain experts say logistics infrastructure in Southeast Asia, where many goods-makers are scouting for new production sites, remains far less developed than China’s long-established connections between factories, suppliers and customers around the world.
.
Poor roads, sparse rail lines and congested ports in Vietnam, Thailand, the Philippines, Cambodia and other potential manufacturing destinations in Southeast Asia have stretched out delivery schedules and raised shipping costs, according to manufacturing and transportation company executives, even as companies have migrated some factory work to the region in the past decade in search of lower labor costs.
...
Even before U.S. tariffs, factory work in Southeast Asia has been growing as companies have sought lower costs while wages and other expenses in China have increased. That manufacturing migration has taken on more urgency for some producers as the trade conflict between the U.S. and Washington has heated up, with a new round of back-and-forth tariffs this spring and threats of higher levies this summer."

sexta-feira, dezembro 28, 2018

Anónimo da província, mas muito à frente

Este anónimo engenheiro da província, enquanto o mainstream culpava o euro, apontava o dedo acusador à China:
Entretanto, em Outubro de 2018 o semanário Expresso chegou lá, "Negócios da China custaram 162 mil empregos a Portugal":
"Segundo o coautor, Portugal foi claramente um dos perdedores da globalização chinesa, “não em termos de concorrência direta (importações de produtos chineses para Portugal), mas em termos de concorrência indireta, ou seja, pela substituição da exportação de produtos portugueses por produtos chineses em países como a Alemanha, França e outros”." [Moi ici: Imaginem que ainda estávamos com uma moeda manipulável por governos volúveis e ignorantes. Imaginam a dimensão da manipulação monetária para tentar competir com a China via desvalorização cambial?]
A propósito desta interpretação:
"“As empresas recusaram-se [Moi ici: A abarrotar de "hindsight bias". As empresas não se recusaram, as empresas foram sendo dizimadas. Lembrem-se que os académicos previam o fim do sector. As empresas comportaram-se como a Natureza, "nature evolves away from constraints, not toward goals", quando as primeiras começaram a ter sinais positivos começou a contaminação por spillover. Só à posteriori parece que foi pensado e deliberado] a vender minutos de produção e apostaram no desenvolvimento de produtos de excelência e valor acrescentado e nas marcas”, explica. Se tivessem escolhido outro o caminho, reconhece Paulo Gonçalves, “teria sido o nosso suicídio coletivo”" 
E ainda, a propósito de:
"“Os têxteis nacionais não competem com a China. Se competíssemos com a China, já não teríamos sequer indústria.”"[Moi ici: Lembram-se de quando este senhor achava que competíamos com o Paquistão? Não? Então, regressem a Outubro de 2010]

quinta-feira, novembro 08, 2018

Para reflexão

Qual o impacte económico a nível mundial desta tendência, "China's middle class tightens its belt"? No mínimo são tantos quantos todos os habitantes da UE.

BTW, o que faz um país que não está afundado em dívida quando a economia ruma a sul?
"The belt-tightening narrative has been strongly disputed by Beijing, which has made a long-term bet that consumption will fuel China's future growth. To encourage citizens to spend more, Chinese leaders recently announced the country's first income tax cuts in seven years, reducing the income tax bill by an estimated 320 billion yuan this year."

terça-feira, outubro 30, 2018

A China da Europa

Encontrei recentemente este texto de 2015, "Why "Made In Portugal" Is The New Wave":
"The reasons are clear: 1. It has nearly the same craftsmanship quality as France or Italy at a lower wage cost, 2. It's driven by small-scale factories that are able to produce smaller orders, which appeals to high-end designers who want shoes produced in limited quantity and 3. it imports raw materials quickly.
.
It's those first two reasons that make Portugal so appealing for brands. They get products with Italian or French-level quality at a fraction of the price. It wasn't always that way thought. Previously, Portugal was seen as the "China of Europe" with lost costs and equally low quality."
Em linha com uma terminologia que uso há alguns anos, para defender o euro da acusação de que foi o culpado da perda de competitividade no início deste século. Por exemplo:
 "nós éramos a China antes da China, éramos a China da CEE)"


E com este gráfico:

Retirado de uma sinopse sobre as Indústrias do Couro e do Calçado, da autoria da Direção-Geral das Atividades Económicas (DGAE)

sexta-feira, julho 06, 2018

Acerca do impacte da China

Ler:
"The increased range and quality of China's exports is a major ongoing development in the international economy with potentially far-reaching e􏰁ects. In this paper, we examine the impact of the China's integration in international trade in the Portuguese labour market. On top of the direct e􏰁ffects of increased imports from China studied in previous research, we focus on the indirect labour market e􏰁ffects stemming from increased export competition in third markets. Our 􏰄findings, based on matched employer-employee data in the 1991-2008 period, indicate that workers' earnings and employment are signi􏰄cantly negatively affected 􏰁 by China's competition, but only through the indirect 'market-stealing' channel."
 E recordar:

sexta-feira, maio 18, 2018

Quando as galinhas tiverem dentes... (parte ??)


Esta série começou há quase 10 anos, Setembro de 2008, quando estranhei um défice comercial japonês. Depois, o estranho entranha-se, de Agosto de 2012, para culminar em Janeiro de 2014 num novo normal.

Em Abril de 2013 apanhei o primeiro défice comercial chinês. Em Março do ano passado o @nticomuna pôs o tema no meu radar.

Agora, "China’s vanished current-account surplus will change the world economy":