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quarta-feira, novembro 30, 2011

Coragem de dizer a verdade (parte II)

O que escrevi esta manhã acerca dos vitivinicultores, assenta como uma luva, também, aos olivicultores:
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""O preço do azeite está muito baixo. Há três anos que estabilizou em baixa. Nesta campanha, a qualidade da nossa azeitona é elevada, com cerca de 1,5 a 2 por cento de maior rentabilidade, e é vendida a um preço similar ao do ano passado. Não é justo", lamentou." (Moi ici: Marxianismo entranhado... a visão de que o preço tem de ser definido na óptica do produtor, não na óptica do jogo da oferta e da procura)
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""Este tem sido um dos principais problemas com que se debate o setor, que põe em causa a nossa rentabilidade e sustentabilidade", afirmou.
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Quem ganha neste processo, segundo José Falcão, "é o intermediário, que vende a azeitona no lagar ao quilo e não pela sua qualidade ou rentabilidade na transformação em azeite"." (Moi ici: Faz algum sentido esta frase? O intermediário ganha porque vende a azeitona ao quilo no lagar e não pela sua qualidade ou rentabilidade na transformação em azeite!!! Queixam-se que o intermediário é preguiçoso e, por isso, não retira mais dinheiro da azeitona e, por isso, não lhes paga mais... então, por que não se juntam (os produtores) e suprimem o intermediário? Ou, por que não seleccionam e segregam a azeitona, entregando a de menor qualidade ao intermediário e procuram uma alternativa de escoamento para a de qualidade superior?)
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""Este ano, tivemos uma alta produção em azeitona de mesa, mas parte dela vai para o processo de transformação em azeite e os lagares incorporam-na juntamente com as outras variedades a um preço médio abaixo do seu real valor", disse."  (Moi ici: Duh! De quem é a azeitona? Quem é que aceita que o destino da azeitona de mesa seja a transformação em azeite? Por que é que esta gente não levanta a cabeça, não pára por um momento para equacionar a hipótese de romper com a tradição e, em vez de fazerem o elo que será cada vez mais mal pago, não chamam a si outros elos e outras oportunidades de negócio?)

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Sigam o exemplo dos vossos vizinhos do norte, esqueçam a produção pela produção, aí o negócio é o preço mais baixo e quem não acompanhar "a prensagem" não tem hipóteses. Apostem numa marca, num nicho, fujam do granel.
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Agora só falta aparecer a mamã-Estado, na pessoa da ministra Cristas, para salvar as crianças com uns subsídios e uns apoios que, mais uma vez atrasarão a chegada de um futuro melhor para quem trabalhar para isso

quinta-feira, novembro 24, 2011

Outra previsão acertada

Como funciona a mentalidade socialista?
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Quando um mercado está saturado, a maioria dos produtores escolhe o caminho da competição pelo preço. Em vez da diferenciação apostam na comoditização, entram numa guerra de preços, reduzem os custos de uma forma, muitas vezes, insustentável... até que ...
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Lembram-se de apelar ao governo e criar barreiras técnicas sob a capa de preocupação com o consumidor... faz parte do cardápio.
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Já por diversas vezes previ aqui no blogue a formação daquilo  que chamo: a bolha azeiteira

Por isso, é com um sorriso irónico, e alguma tristeza que descubro o inevitável nesta sociedade socialista sempre encostada ao Estado "Associação considera urgente criar entidade reguladora para o sector do azeite":
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"O presidente da Associação Olivicultores de Trás-os-Montes e Alto Douro (AOTAD) defendeu hoje a entrada em funcionamento de uma entidade reguladora para a fileira do azeite, de forma a garantir a qualidade do produto.
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António Branco não desarma e assume que é «imperioso» regular o sector do azeite em Portugal para o consumidor «não comprar gato por lebre» (Moi ici: Fico condoído com a atenção para com os consumidores... )
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Segundo o dirigente, esta entidade teria como «papel principal» fazer a protecção do azeite português no mercado interno e externo, bem como disponibilizar mais informação ao consumidor final. (Moi ici: E precisam de uma entidade reguladora para isso? Então para que serve a AOTAD? Duh!!! Quem não cria marcas, quem produz quantidade indiferenciada é que tem medo... vende azeite simplesmente. Quem  tem marca, quem tem identidade, quem tem nome... está noutro campeonato.
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Que tipo de exploração terá António Branco? Será que cumpre a minha previsão sobre os líderes associativos? Ai a leitura de Hagel)

terça-feira, novembro 01, 2011

E vão viver de quê?

"Vinho e azeite brilham no 'cluster' que cresce há cinco anos"
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"Em 2010, o sector do azeite totalizou 156 milhões de euros, representando 8,2% das exportações nacionais de bens alimentares. Com um total de 46,5 toneladas exportadas, no mesmo período, o azeite tem como principais destinos de exportação o Brasil (63,4%), Angola (9%), Espanha (8%), Venezuela (6%), EUA (5%) e Cabo Verde (3,5%).
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Em 2009, trabalhavam no sector do azeite 454 empresas, que representavam 4,4% das empresas da indústria da alimentação. Neste mesmo sector, no mesmo período, trabalhavam 1400 pessoas, representando 1,5% do emprego da indústria da alimentação."
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"Com a exportação de 2,5 milhões de hectolitros (o vinho do Porto representa 53%), o vinho totalizou 609 milhões de euros em valor, representando 31,4% das exportações nacionais de bens alimentares.
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Angola, Reino Unido, Estados Unidos, França e Alemanha são os principais mercados de exportação para os quais trabalham sete mil empresas (2009), cerca de 70% do total da indústria de bebidas, que empregavam 7900 pessoas, 60% do total da indústria de bebidas e 0,4% do total nacional. No mesmo período o vinho totalizou um volume de negócios de 1,2 mil milhões de euros, ou seja 0,4% da economia portuguesa.
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Com quotas mais modestas nas exportações nacionais (entre 0,4% e 0,1%), mas com crescimentos dignos de registo, entre 2005 e 2010, estão os açúcares de cana ou beterraba e sacarose quimicamente pura (16,4%), outros produtos agrícolas preparados ou conservados, não congelados (16%), águas e água minerais gaseificadas e adicionadas de açúcares (15,2%), tomates preparados ou conservados, excepto em vinagre ou ácido acético (13,4%) ou enchidos e produtos semelhantes de carne, miudezas ou sangue (10,5%)."
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Não consegui encontrar fontes que suportem a afirmação, mas já ouvi ex-ministro da Agricultura afirmar, na televisão, que Portugal exporta mais flores do que vinho.
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domingo, outubro 30, 2011

Seguir o caminho menos percorrido!!!

"Espanhóis inauguram lagar de azeite no Alentejo"
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"Grupo Innoliva investe €7,3 milhões num lagar em Santiago do Cacém, onde tem 5 mil hectares de olival para produção superintensiva de azeite.
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O grupo espanhol Innoliva inaugura hoje, 28 de outubro, um lagar na herdade do Carapetal, no concelho de Santiago do Cacém, que envolveu investimentos de €7,3 milhões e com uma capacidade de produção de 50 mil toneladas de azeitona por campanha."
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Este não é o modelo que os portugueses podem suportar. Não lhes está no ADN!!! As exigências de planeamento, de gestão, de tesouraria e de agressividade comercial não encaixam bem com o português típico.
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Mas há lugar para estas empresas grandes. São, ou podem ser campeões nos custos e nos preços-baixos.
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Os outros, os que são mais pequenos, os que sempre venderam azeite pelo preço, ou desistem, ou trabalham para estes grandes, ou ... seguem o caminho menos percorrido.
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Não vendam azeite!!!
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Vendam tradição, vendam localização, vendam o contrário, o antónimo, o oposto de "produção superintensiva de azeite", vendam sabor, vendam escassez, vendam prazer, acarinhem uma marca que distinga!
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A minha irmã vive na zona da Beira Alta a que chamo Tikrit (por razões óbvias... também podia chamar-se Sirte) e o azeite que sai das suas oliveiras, prensadas num lagar a quem paga o serviço, não tem nada, mas nada a ver com o azeite das marcas de produção superintensiva. 
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O azeite das marcas superintensivas tem o seu lugar na cozinha, como ingrediente culinário, durante a preparação, mas à mesa... à mesa, só entra azeite com sabor!
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Uma vez um norueguês disse-me que na sua língua neve (snow em inglês) não é suficiente para comunicar, existem mais de 40 palavras diferentes que caracterizam diferentes tipos de neve. 
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O que os pequenos produtores têm de fazer, é educar os consumidores de todo o mundo, é ensinar os 400 sabores, cores que pode ter o azeite, para que eles nunca mais pensem em azeite e pensem em marcas de azeite.
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Há anos uma letã passou uma semana no Porto em casa dos meus pais, uma das coisas que levou de volta para a sua terra foi azeite português, o preço era o mesmo... o sabor era completamente diferente.

sexta-feira, julho 29, 2011

Azeite...

Ontem, ao almoço, os meus filhos discutiam quantos PCs tem a HP de vender para conseguir ganhar o mesmo que a Apple com a venda de um Mac.
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Por isso, cuidado com a bolha azeiteira.
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"Azeite Gallo investe cinco milhões na fábrica de Abrantes e em renovação de imagem"
"Azeite Gallo quer ser o terceiro mais vendido do mundo"
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Tudo aponta para o aumento da eficiência na produção e para o aumento do shelf-life que também permite reduzir custos na compra e na logística de entrega.
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Acham que estes produtores são concorrentes? (aqui e aquiAcham que estão preocupados?

sexta-feira, junho 17, 2011

Nicho, nicho, nicho, ...

Pequenas empresas que fazem subir a fasquia do desempenho, para fornecer experiências superiores para clientes mais exigentes.
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Não precisam... não podem ser muito grandes, pois não há mercado com massa crítica para as suportar.
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"A microempresa algarvia/alentejana de produção de azeite Herdade Jóia do Sul ganhou a medalha de ouro "Prestige Gold" no Concurso Internacional de Azeite de Israel. Esta firma familiar, criada em 2006, considera esta distinção como "o reconhecimento internacional da qualidade que se produz no país.""
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Trecho retirado do semanário Vida Económica "Azeite nacional ganha medalha de ouro em Israel"

sexta-feira, maio 06, 2011

Como competir contra o grátis?


Atenção ao final do vídeo... sintomas da bolha azeiteira.
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Este fim-de-semana guardem um tempo para ir a um hipermercado qualquer ver a prateleira dos azeites.
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Comparem o que era o corredor dos azeites há 10 anos e o que é hoje...
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Claro que quem continua a produzir azeite está com problemas, ou está a ficar com problemas.
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Garrafões de azeite das marcas da distribuição na prateleira do chão. As marcas clássicas da nossa infância ao lado das garrafas da marca da distribuição e, depois, uma infindável variedade de azeites com marca própria que apostam na diferenciação.
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Quem continua a produzir "azeite" está a começar a competir com o "azeite grátis"... quem é que pode competir com o "azeite grátis"?
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Só quem produz e vende azeite que não é "azeite grátis"!!!

quinta-feira, março 17, 2011

As bolhas azeiteiras como mais uma manifestação do socialismo na economia

Por favor, não tomem as linhas que se seguem como um exercício de arrogância intelectual.
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Qualquer um, desde que pratique: mantenha os seus sentidos em alerta e reflicta sobre o que está a acontecer, colocando os factos em perspectiva consegue aperfeiçoar a capacidade de prever o futuro.
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No inicio de Dezembro passado escrevi este postal sobre as bolhas "Não se muda por decreto" onde previ a formação em curso de uma bolha azeiteira. No final desse mês de Dezembro escrevi "Mais uma previsão acertada".
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Pois bem, agora, chegou-me pelo twitter esta notícia "Portugal, Espanha, Grécia e Itália pedem ajuda para encarecer azeite"
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Socialismo no seu esplendor!!!
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Socialismo que se arroga o conhecimento e a capacidade de decisão para financiar e apoiar a plantação de olival. Claro que isso gera uma bolha azeiteira. Qual a solução socialista?
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Intervir no mercado para "como resposta a uma conjuntura de "perturbação do mercado"."
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Perturbação de mercado? Qual perturbação de mercado?
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Numa sociedade não socialista a solução passaria por deixar quem produz e quem transforma arcar com o prejuízo, os mais fracos, os menos preparados (não os mais pequenos) fechavam e os preços recuperavam. Claro que não será o que se passará por cá. Ainda vamos ter olivicultores a serem apoiados para plantarem oliveiras às segundas, terças e quartas e os mesmos olivicultores serem apoiados para arrancarem as mesmas oliveiras às quintas, sextas e sábados.
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É de loucos.
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Outra alternativa, que não é para todos, é para quem tiver paixão pelo azeite como referi aqui em "Mais uma previsão acertada (parte II)"

terça-feira, janeiro 04, 2011

Mais uma previsão acertada (parte II)

No final de Dezembro escrevi este postal "Mais uma previsão acertada" acerca da bolha azeiteira.
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No final desse postal escrevi:
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"agora especulo, façam como se fez para o vinho que teve sucesso. Criem uma cooperativa da região, criem uma marca, desenvolvam uma marca, pensem em castas de azeitona, pensem em regiões demarcadas, não pensem em quantidade, isso fica para os olivais que pertencem às grandes distribuidoras de azeite. Pensem em boutique de azeite, pensem em azeite = luxo, pensem em azeite = néctar, pensem em azeite = saúde."
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Pois bem, qual não foi o meu espanto quando ontem à noite descobri que essa ideia já está em curso:
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"A Cooperativa Agrícola de Alfândega da Fé vai colocar no mercado, a breve prazo, um azeite com a chancela de DOP, o que acontece pela primeira vez na história daquela organização.

«Para a obtenção da Denominação de Origem Protegida (DOP), a campanha de apanha de azeitona foi este ano antecipada em cerca de 15 de dias, de forma de a criar um lote de azeite que obedeça aos mais exigentes testes de mercado», avançou à agência Lusa, o presidente da cooperativa alfandeguense, Eduardo Tavares.

A cooperativa vai laborar este ano qualquer coisa como 200 toneladas de azeitona provenientes dos olivais da região do Baixo Sabor, que depois de espremidas darão origem a cerca de 50 mil litros de azeite virgem

«Para alcançar a qualidade desejada no azeite a extrair, foi importante colher o fruto em verde e livre da formação de gelo e geadas, uma vez que estes elementos alteram as características organoléticas do produto final», acrescentou o responsável.

Até agora a cooperativa apenas comercializava azeite a granel, ou em embalagens de cinco litros, no entanto, a partir deste ano, esta prática vais ser alterada com a montagem de uma linha de engarrafamento.

«Vamos aproveitar as máquinas que já existiam na empresa municipal de Alfândega da Fé e remonta-las nas instalações da cooperativa ao abrigo de um protocolo celebrado com a autarquia», explicou o Eduardo Tavares.

Com a produção de azeite, a Cooperativa Agrícola de Alfândega da Fé (CAAF) factura em média por ano cerca de um milhão de euros, «sendo esta a alavanca económica de todas a estrutura».

O azeite agora produzido será colocado no mercado com a marca “Terras de Alfândega” à semelhança de outros produtos já existentes no mercado, como é o caso do mel, doçaria ou das compotas, oriundos daquele concelho transmontano."
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Falta referir no texto como é que será feita a comercialização, como será feita a distribuição ... factor crucial para o sucesso: como chegar às prateleiras? Como chegar à mesa dos clientes?
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Produzir é fácil. Difícil é vender!!
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De qualquer forma:

Muitos Parabéns pela iniciativa!!!
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Trecho retirado de "Cooperativa de Alfândega da Féentra no mercado olivícola com azeite DOP"
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BTW, "Em 2010, as exportações nacionais de azeite vão aumentar cerca de 20 por cento, ultrapassando as 40mil toneladas e com um volume de facturação de 130 milhões de euros." "Exportações nacionais de vinho devem atingir máximo em 2010"

domingo, dezembro 26, 2010

Mais uma previsão acertada

Eu sei que sou um humano.
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Eu sei que os humanos não podem prever o futuro.
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No entanto, pela quarta ou quinta vez, previsões feitas neste blogue cumprem-se com uma regularidade que deixa o meu ego em alta.
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A 7 de Dezembro escrevi neste blogue que estávamos a caminho de uma "bolha azeiteira". Dias antes, a propósito de um extenso artigo do Jornal de Negócios sobre o tema do azeite, no twitter tinha feito a mesma previsão.
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Não foram precisos 20 dias para começar a ver a manifestação dos sintomas dessa bolha, ontem no Jornal de Notícias: "Mais 30% de azeite nos olivais do Norte"
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"Entre os pequenos agricultores, a falta de motivação para continuar com a cultura do olival é crescente. Muitos ainda guardam azeite do ano passado e não têm grandes perspectivas de escoamento para este. Mais: quem tiver de pagar mão-de-obra para a colheita não ganha para a despesa. "Aumentou o gasóleo, os adubos, o pessoal, mas o preço do azeite não aumenta", refere António Branco. Parte da culpa é atirada para a "bolsa" espanhola que acaba por indexar o preço do azeite português. "Apostar na qualidade é a única possibilidade de vender melhor"."
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O artigo do JN disponível na internet é apenas uma fracção do artigo que li ontem em papel. Na versão em papel vários agricultores aparecem a dar a cara, dizendo que não compensa cultivar o azeite. Um deles chega mesmo a rematar com a frase típica para estas ocasiões "A culpa é do governo".
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Se o governo é culpado de alguma coisa é de apoiar a plantação de olival.
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O que está a acontecer estava escrito nas estrelas, vai acontecer aos pequenos produtores de azeite o mesmo que aconteceu aos pequenos produtores de vinho sem marca, sem distinção... o fim. Reparem nos comentários do leitor "Antonio" e como estão impregnados de marxianismo "O produtor é roubado e não vê compensação do seu trabalho". O mercado não compensa o trabalho. O mercado recompensa o valor. E quem é que atribui o valor? É o mercado, é o conjunto de compradores.
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Se estas terras transmontanas, caro Nuno, tivessem gente do marketing e do design atentas à realidade da sua terra, e não sonhassem apenas com o Phillipe Starck e em dar o salto para Nova Iorque, teriam aqui matéria-prima para muito trabalho.
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Primeiro, gente que lhes mostrasse a inevitabilidade do que está a acontecer - aumento da produção nacional a uma velocidade superior ao aumento da procura.
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Segundo, gente que lhes desse esperança, que lhes mostrasse o exemplo do vinho.
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Terceiro, gente que os despertasse para a necessidade de uma estratégia, para a necessidade de se diferenciarem. Não acredito naquela frase lá de cima, retirada do artigo "Apostar na qualidade é a única possibilidade de vender melhor". Hoje em dia não basta produzir com qualidade ponto! Que o digam os produtores de batata de Chaves, por exemplo. De que serve produzir azeite com qualidade se o mercado está saturado de oferta de azeite com qualidade? Têm de se diferenciar.
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Quarto, agora especulo, façam como se fez para o vinho que teve sucesso. Criem uma cooperativa da região, criem uma marca, desenvolvam uma marca, pensem em castas de azeitona, pensem em regiões demarcadas, não pensem em quantidade, isso fica para os olivais que pertencem às grandes distribuidoras de azeite. Pensem em boutique de azeite, pensem em azeite = luxo, pensem em azeite = néctar, pensem em azeite = saúde.
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Caro Nuno, não consegue convencer uns marketeiros e designers daí, a meterem os pés e as mãos ao caminho?
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Algumas sugestões de leitura:



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domingo, dezembro 19, 2010

Lições de uma ida às compras

Ontem fui a um centro comercial fazer umas compras de Natal. Comecei pelo hipermercado:
  • Depois de ter estado largos minutos especado a apreciar as prateleiras do azeite vim embora com uma garrafa. O meu filho mais novo perguntou-me "Tanto tempo e só trouxeste uma?". Respondi-lhe "Estive a apreciar a variedade de azeites. Os azeites têm de começar a ser tratados como os vinhos, tal é a variedade e diversidade." 
  • No corredor das conservas fui buscar uma prenda de Natal para o mais novo, uma lata de "tintenfich" (private joke)... há anos numa formação que dei, no intervalo, comentei com uma formanda que trabalhava num produtor de conservas: "Em minha casa o atum que se come vem todo do Lidl, só porque têm a opção de vir em salmoura e não em óleo". Ontem reparei como o mundo mudou... n marcas, n embalagens com referências ao uso de azeite ou de salmoura, com referência à menor quantidade de sal, com referência ao ómega-3 ou 6. É a lição dos morangos ou como lhe chama Youngme Moon "break-away brands" e de Lincoln & Thomassen.
  • Dois exemplos quotidianos e próximos de como vamos a caminho de Mongo. Um planeta sem moda (vão à definição estatística), um planeta de tribos... Se trabalhasse numa destas empresas começaria a apresentar os produtos por tribos. Por exemplo: Conseguem fazer o retrato-tipo do(a) comprador(a) que escolhe conservas por causa do preço? Por causa de um piquenique? Por causa de um prato diferente? Por causa da saúde? Que mensagens têm para cada um? 
No centro comercial tive duas experiências negativas que me deixaram a pensar na maldade que o economicismo provoca nos resultados das empresas, sobretudo nestas épocas de grande afluência.
  • Um consumidor está repleto de oportunidades de escolha e, de entre esse universo de escolhas ele optou pelo centro comercial onde está a sua loja.
  • Dentro do centro comercial ele tem muitas escolhas e ele optou por entrar na sua loja.
  • Dentro da sua loja ele tem algumas possibilidades de escolha e ele optou por retirar um produto da prateleira e convenceu-se a fazer a troca do seu dinheiro pelo produto.
  • Dentro da sua loja, com o produto na mão, ele dirige-se à caixa para fazer a compra e coloca-se na fila à espera.
  • Na fila à espera, o tempo passa e ele começa a verificar que a fila não se move, que estão sete ou oito pessoas à sua frente e só há uma caixa.
  • Na fila à espera, começa a duvidar da validade da sua opção de compra. Não, não é nada contra o produto que tem na mão... é mais contra a empresa, contra a sua loja que não se importa de fazer os clientes pagarem esta taxa em tempo.
  • Na fila à espera, o cliente descobre que o seu tempo é demasiado precioso para estar numa fila para lhe fazer o favor de comprar um artigo da sua loja. 
  • Modalfa, passe bem. Por mim desisto!
Outro exemplo:
  • Um consumidor está repleto de oportunidades de escolha e, de entre esse universo de escolhas ele optou pelo centro comercial onde está a sua loja.
  • Dentro do centro comercial ele tem muitas escolhas e ele optou por entrar na sua loja.
  • Ao apreciar o interior da loja,  um aviso em letras garrafais e demasiado impessoal começa por lhe chamar a atenção a si para que não hesite em pedir outros modelos e números... leitura do cliente carregada de subjectividade: um aviso da gerência que não confia nos funcionários da loja para que estes façam o seu papel.
  • A propósito, onde estão os funcionários da loja? Só há uma funcionária na loja.
  • Onde está e o que está essa funcionária a fazer? Atrás do balcão concentrada a escrever nuns papéis, parece que está a fazer contas, nem cumprimentou os clientes, nem deu sinal da sua existência, nem fez contacto visual... não, não a culpo a ela. Culpo a gerência desta loja Lanidor que, tudo indica, sobrecarrega as pressoas com multi-tarefas. OK, nem vale a pena continuar a pesquisa. Saio sem perturbar as contas da funcionária.
Apetece-me recordar a equação de Drake que o mestre me deu a conhecer num longínquo sábado à tarde de à mais de 30 anos:

Também podemos fazer uma equação que represente o fenómeno da compra numa loja de um centro comercial:

É impressionante como o dia-a-dia está repleto destas coisas da estratégia.
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Já agora este trecho de Seth Godin: Cherish my time.

domingo, setembro 26, 2010

Focalização, focalização, focalização

"A decisão foi de gestão e motivada pela necessidade de focalização de negócio. Uma coisa são sopas, caldos, gelados e chá gelado, outra são azeites e vinagres, sujeitos às oscilações muito próprias da matéria-prima.
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Em Julho de 2009 a Unilever Jerónimo Martins decidiu autonomizar a unidade de azeites e óleos vegetais, onde se destaca a marca Gallo."
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Trecho retirado de "Separação do negócio dos azeites faz aumentar quota de mercado da Gallo"

domingo, maio 09, 2010

Mais tarde ou mais cedo...

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Mais tarde ou mais cedo, como aconteceu com o vinho de Bordéus, ou com o vinho australiano, a produção de azeite vai ser excessiva, os preços vão começar a cair, os empréstimos a tornarem-se mais difíceis de pagar,...
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Isso vai acontecer, é só uma questão de quando. Alternativa?
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Marca, diferenciação, artesanato, prateleiras seleccionadas.
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É melhor começar hoje, enquanto os concorrentes mais distraídos saboreiam os resultados da jogada em curso, e começar a preparar a vida para o depois de amanhã.
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Pode-se ganhar menos no curto-prazo, pode ter de se investir mais, pode ter um retorno mais lento, ... mas é deixá-los pousar.
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Não caiam na tentação de produzir azeite...
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Produzam: tradição, saúde, Mediterrâneo, equilíbrio, néctar do Olimpo, ...

domingo, janeiro 31, 2010

Conciliar modos de vida numa organização

"Organizations dominated by analytical thinking are built to operate as they always have; they are structurally resistant to the idea of designing and redesigning themselves and their business dynamically over time. They are built to maintain the status quo. By sticking closely to the tried and true, organizations dominated by analytical thinking enjoy one very important advantage: they can build size and scale.
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In organizations dominated by intuitive thinking, on the other hand, innovation may come fast and furiously, but growth and longevity represent tremendous challenges. Intuition-biased firms cannot and will not systematize what they do, so they wax and wane with individual intuitive leaders."
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E quando o mundo muda... e o status quo que permitia o sucesso de uma empresa, de um sector de actividade, desaparece rapidamente. Qual dos dois tipos de empresa tem mais hipóteses de dar a volta e adaptar-se à nova realidade?
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Como é que um suiço ignorante, se tornou num suiço connaisseur que produz em Portugal o melhor azeite do mundo? O que impediu os tradicionais produtores de azeite de darem o salto na escala de valor?
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Trecho retitrado de "The Design of Business - Why Design Thinking Is the Next Competitive Advantage" de Roger Martin.
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terça-feira, dezembro 01, 2009

A revolução que aguarda a exaustão dos diques que a impedem

A energia, o potencial, a riqueza que se esconde por trás desta comporta!!!
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Ontem a meio da tarde, o Aranha telefonou-me para me convidar a ver um programa que estava a dar na RTP2.
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O programa chama-se "Da Terra ao Mar" (um magazine sobre o panorama da Agricultura, da Floresta, das Pescas e do Desenvolvimento Rural, em Portugal).
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Como estava longe de uma televisão o Aranha teve de me exlicar o que se passava.
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Parte do programa tinha sido dedicado a apresentar uma empresa agrícola na costa alentejana, o Aranha falou-me na Driscoll, contudo ao pesquisar na net interrogo-me se o programa não teria sido sobre a Luso-Morango.
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Não interessa, o ponto do Aranha era este, durante toda a conversa com os responsáveis da Driscoll (Luso-Morango?) transpirou estratégia, visão, confiança, concentração no cliente, aposta, ... pois, em tempos de crise não chegam para as encomendas.
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No entanto, a nossa agricultura é a do choradinho, do subsídio, do apoio, dos coitadinhos, das carpideiras, dos desgraçados vítimas da ira dos deuses e dos supermercados:
Por isso é que sou tão crítico dos subsídios à agricultura. Esses subsídios estão a impedir uma revolução agrícola em Portugal.
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O ex-ministro Jaime Silva falava no kiwi, no diospiro, no... e era logo massacrado pelos dependentes da cultura dos subsídios.
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domingo, setembro 13, 2009

Mais um exemplo positivo

Sei perfeitamente o que é "Volvidos três anos, assegura que não se arrepende de se ter lançado por conta própria. "É muito bom ser eu a criar o meu ritmo de trabalho, o motor está em mim, é exigente, trabalho mais horas", contou."
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Aliás, este discurso só me lança a interrogação, para uma pessoa com esta fibra, visão e força de vontade ter sido despedida, como serão os super-homens ou mulheres que ficaram à sua frente na renovação do contrato. A esta hora devem estar ...
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Alguém que do nada se lança na apicultura e adiciona condições naturais da região com saber adquirido em sala e capacidade de reflexão.
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Lembram-se do suíço que dá cartas a produzir e vender azeite?
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Pois, são mentes livres de mapas cognitivos castradores que são precisas.
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Não perder no JN "Professora universitária passou para a apicultura"
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BTW, reparem neste pormenor:
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"Este ano comercializou três toneladas de mel biológico, e já não conseguiu dar vazão a todas as encomendas. "Tive lista de espera para entrega de mel, foi extraordinário", afirmou.

Nos últimos meses investiu mais de 30 mil euros na montagem de um laboratório de investigação, que realiza ensaios internos para optimizar métodos que poderão vir a ser usados também por outros produtores."
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Lembram-se de "O futuro das marcas" e de "A agricultura com futuro"

domingo, agosto 09, 2009

Pequenos prazeres da natureza

Escrevo este postal no alto de um monte, sob um sol que não existe no distrito de Aveiro, debaixo de uma sombra fresca e saborosa de figueiras e nogueiras.
Uma encosta com jovens nogueiras
Uma encostas com jovens figueiras... e os figos já estão no ponto de rebuçado.
As oliveiras estão carregadas de azeitonas.
A encosta está cheia de saborosas amoras.

sexta-feira, maio 22, 2009

Saúda-se

Saúda-se a iniciativa "Azeite Esporão investe 800 milhões em nova imagem e posicionamento" vai no sentido da subida na cadeia de valor, vai no sentido do que defendo como estratégia para a agricultura portuguesa poder ser competitiva extra-muros e gerar valor acrescentado que suporte níveis de vida mais elevados para quem trabalha a terra (sem o recurso a subsídios).
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No entanto preocupa-me esta linguagem ""A verdade do azeite" é a nova assinatura e o conceito que sustenta toda reformulação de imagem. O ‘design' ficou a cargo de Eduardo Aires, ‘designer' responsável por toda a reformulação de identidade do grupo e das marcas que o compõem."
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Eu, que sou um pós-pós-pós qualquer coisa, desconfio destas linguagens. Gosto de azeite e abuso do seu uso, e gosto de um bom azeite.
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Para além do design, mudou alguma coisa no azeite?
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Como lembram Lincoln e Thomassen o produto é que satisfaz as necessidades não a marca.
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É que convém não esquecer que no mercado de azeites da grande distribuição as revistas da Deco costumam dar o prémio de melhor azeite à marca... Chaparro!!!
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Sim, essa mesmo, a marca do Lidl.

quinta-feira, março 26, 2009

Mentes livres de mapas cognitivos castradores


Muitas vezes, na minha interacção nas empresas, uso uma imagem para ilustrar a necessidade de criar distanciamento para formular o pensamento estratégico. Recorro à figura da mente abandonar o corpo, por momentos, para pairar sobre a paisagem competitiva e, longe da pressão do dia-a-dia, encadear os acontecimentos sob uma outra luz.
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Há dias, no artigo “Understanding and breaking the rules of business: Toward a systematic four-step process” de Dodo zu Knyphausen-Aufsess, Nils Bickhoff e Thomas Bieger publicado em Business Horizons (2006) 49, 369-377, encontrei uma referência à definição que Bertold Brecht atribuía à palavra alienação: “Bertold Brecht introduced the notion of alienation, which contends that new insights cannot emerge if we identify too closely with a subject or issue; therefore, we need to distance ourselves from it and shed light on interrelationships from a different angle in order to make progress.”
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É isto que eu procuro transmitir, fugir às grilhetas e ao jugo da pressão quotidiana que nos pode trazer de olhos virados para o chão em vez de virados para a frente e muito lá à frente. Pois, como escrevem os autores no artigo acima referido:
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“We live within paradigms, and it takes tremendous energy to break out of those paradigms and redraw cognitive maps.”
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Escrevo isto, por que na passada segunda-feira, durante uma viagem de comboio, tive oportunidade de ler na revista Outlook do Semanário Económico de Sábado 21 de Março o texto intitulado “Este é o azeite”
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“Andreas Bernhard é suíço, está em Portugal há 15 anos e nunca tinha prestado muita atenção aos olivais do Alentejo. Faz sentido: também não vivia ali. Começou por instalar-se no Algarve, na zona de Castro Marim, onde viveu sete anos. Procurou um lugar para começar uma vida nova e encontrou, à saída de uma pequena aldeia chamada Santa Iria, uma herdade. “Encontrei um paraíso olivícola”, pensou. Para decidir a seguir: “É mesmo isto que vou fazer.” Este “isto” não era ainda o melhor azeite biológico do mundo, mas uma produção que apostasse no acompanhamento permanente do olival, que respeitasse árvores centenárias e que conseguisse competir com a concorrência dos grandes azeites italianos.
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Este azeite competiu e ganhou. O Risca Grande Virgem Extra venceu o primeiro prémio do Concurso de Azeites Biológicos da BIOFACH 2009 em Nuremberga, na Alemanha.”
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Um suíço?!
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E agora a cereja em cima do bolo, voltemos ao texto de Ângela Marques no jornal:
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“Para Andreas, o facto de nunca antes ter trabalhado com azeite é uma vantagem. “Chegar a um ramo completamente novo é uma vantagem. Informamo-nos mais, queremos saber como é que os espanhóis fazem, como é que os italianos fazem, como é que os outros fazem, e depois decidimos como é que nós queremos fazer, encontrando uma maneira diferente de fazer”, explica.”
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Estes momentos de crise, são também momentos em que gente que já não tem nada a perder, depois de perder quase tudo, se lança em novos empreendimentos, libertos de mapas cognitivos gastos, carregados de regras castradoras obsoletas que se seguem por que foi sempre assim que se fez. Essa gente nova, não de idade necessariamente, introduzirá os choques epistemológicos que precisamos para dar saltos de produtividade à custa da criação de mais valor.
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E quanto mais se defender o passado e os incumbentes enquistados, mais se dificultará a transição, after all:
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"It is widely believed that restructuring has boosted productivity by displacing low-skilled workers and creating jobs for the high skilled."Mas, e como isto é profundo:"In essence, creative destruction means that low productivity plants are displaced by high productivity plants." Por favor voltar a trás e reler esta última afirmação.”