domingo, dezembro 26, 2010

Mais uma previsão acertada

Eu sei que sou um humano.
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Eu sei que os humanos não podem prever o futuro.
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No entanto, pela quarta ou quinta vez, previsões feitas neste blogue cumprem-se com uma regularidade que deixa o meu ego em alta.
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A 7 de Dezembro escrevi neste blogue que estávamos a caminho de uma "bolha azeiteira". Dias antes, a propósito de um extenso artigo do Jornal de Negócios sobre o tema do azeite, no twitter tinha feito a mesma previsão.
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Não foram precisos 20 dias para começar a ver a manifestação dos sintomas dessa bolha, ontem no Jornal de Notícias: "Mais 30% de azeite nos olivais do Norte"
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"Entre os pequenos agricultores, a falta de motivação para continuar com a cultura do olival é crescente. Muitos ainda guardam azeite do ano passado e não têm grandes perspectivas de escoamento para este. Mais: quem tiver de pagar mão-de-obra para a colheita não ganha para a despesa. "Aumentou o gasóleo, os adubos, o pessoal, mas o preço do azeite não aumenta", refere António Branco. Parte da culpa é atirada para a "bolsa" espanhola que acaba por indexar o preço do azeite português. "Apostar na qualidade é a única possibilidade de vender melhor"."
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O artigo do JN disponível na internet é apenas uma fracção do artigo que li ontem em papel. Na versão em papel vários agricultores aparecem a dar a cara, dizendo que não compensa cultivar o azeite. Um deles chega mesmo a rematar com a frase típica para estas ocasiões "A culpa é do governo".
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Se o governo é culpado de alguma coisa é de apoiar a plantação de olival.
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O que está a acontecer estava escrito nas estrelas, vai acontecer aos pequenos produtores de azeite o mesmo que aconteceu aos pequenos produtores de vinho sem marca, sem distinção... o fim. Reparem nos comentários do leitor "Antonio" e como estão impregnados de marxianismo "O produtor é roubado e não vê compensação do seu trabalho". O mercado não compensa o trabalho. O mercado recompensa o valor. E quem é que atribui o valor? É o mercado, é o conjunto de compradores.
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Se estas terras transmontanas, caro Nuno, tivessem gente do marketing e do design atentas à realidade da sua terra, e não sonhassem apenas com o Phillipe Starck e em dar o salto para Nova Iorque, teriam aqui matéria-prima para muito trabalho.
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Primeiro, gente que lhes mostrasse a inevitabilidade do que está a acontecer - aumento da produção nacional a uma velocidade superior ao aumento da procura.
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Segundo, gente que lhes desse esperança, que lhes mostrasse o exemplo do vinho.
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Terceiro, gente que os despertasse para a necessidade de uma estratégia, para a necessidade de se diferenciarem. Não acredito naquela frase lá de cima, retirada do artigo "Apostar na qualidade é a única possibilidade de vender melhor". Hoje em dia não basta produzir com qualidade ponto! Que o digam os produtores de batata de Chaves, por exemplo. De que serve produzir azeite com qualidade se o mercado está saturado de oferta de azeite com qualidade? Têm de se diferenciar.
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Quarto, agora especulo, façam como se fez para o vinho que teve sucesso. Criem uma cooperativa da região, criem uma marca, desenvolvam uma marca, pensem em castas de azeitona, pensem em regiões demarcadas, não pensem em quantidade, isso fica para os olivais que pertencem às grandes distribuidoras de azeite. Pensem em boutique de azeite, pensem em azeite = luxo, pensem em azeite = néctar, pensem em azeite = saúde.
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Caro Nuno, não consegue convencer uns marketeiros e designers daí, a meterem os pés e as mãos ao caminho?
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Algumas sugestões de leitura:



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