sábado, fevereiro 13, 2016

A pesquisa e o resultado

Ao pesquisar na net o nome de um autor, reparei que aparecia nos resultados um livro que não conhecia. Copiei o nome "Search Patterns: Design for Discovery" do livro e pesquisei-o na Amazon.
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Na Amazon resolvi folheá-lo rapidamente, naquilo que está disponível para consulta. A certa altura, algo que tinha lido duas ou três páginas atrás começa a incomodar-me e ... volto atrás para reler:
Aquela legenda da figura ... está carregada de significado.
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A pesquisa que fizemos, a busca que empreendemos, ajuda a perceber o que conseguimos atingir, ajuda a perceber os resultados que obtemos.
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Se a sua empresa quer ter resultados que buscas faz, que empreendimentos concretiza?
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Nunca esquecer as pessoas que, como crianças, "brincam" nas empresas.
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BTW, o autor que eu procurava aparece algures a elogiar o livro, daí o que encontrei.


Engenheiros operários e a Gemba

Ontem estive numa empresa que injecta peças plásticas. Quando me fui despedir do Director Comercial ele estava junto a uma máquina, estavam a testar peças injectadas, depois do cliente ter mandado fazer uma modificação no molde.
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O cliente tinha urgência em receber as peças porque o cliente do cliente já tinha pago o produto em que aquelas peças se vão integrar e o prazo de entrega já estava ultrapassado. Só que a alteração ao molde estava a provocar defeitos nas peças.
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O Director Comercial começou logo a identificar uma série de correcções a fazer ao molde para eliminar a produção do defeito. E a minha mente viajou até 1988 na CIRES em Estarreja, ou às conversas em 1991 com o Sr Karikomi da Yazaki. A CIRES sempre teve maioria de capital japonês, e à boa maneira japonesa um engenheiro que entrasse para a empresa para a área técnica tinha de começar por ... ser operário e fazer turnos. Já o sr. Karikomi olhava para peças injectadas para o protótipo do Ford Mondeo (o CDW27) desenvolvidas por engenheiros alemães em Dusseldorf e classificava-as de "masturbações de engenharia" (aqui também) e explicava: os engenheiros alemães nunca estiveram a trabalhar com uma máquina de injecção. Assim, não fazem ideia de como esta peça fica mais cara por causa das opções que fizeram.
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Sim, estranhei que nenhum técnico da empresa de moldes estivesse lá a assistir aos ensaios, a ver se tudo iria correr bem e pronto para aprender a evitar futuros erros em futuras construções/alterações de moldes.
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Pena que os engenheiros prefiram os gabinetes e os monitores à Gemba.

Indicadores e BSC

Ainda esta semana que passou me colocaram uma pergunta acerca da temporalidade das metas associadas aos indicadores que se colocam no BSC.
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Na altura tinha dado um exemplo de indicador com meta a atingir no espaço de um ano. No entanto, nada obriga a ser um ano, pode ser uma meta a atingir no longo prazo, embora faça sentido avaliar periodicamente a convergência para a meta.
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Segue-se um exemplo de uma evolução de médio-longo prazo, é para o calçado português. No entanto, podia ser, por exemplo, para a notoriedade de uma marca.
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Como está o calçado português agora? Aqui "Calçado português melhor que o italiano em prova cega":
"O consumidor está teoricamente disponível para pagar 34 euros por um par de sapatos de homem fabricado em Portugal e para despender 31,5 euros por sapatos para mulher. Mas só se desconhecer a origem de fabrico. Quando confrontado com a “nacionalidade” do produto, o mesmo consumidor só está disposto a pagar 27,8 euros pelos sapatos de homem (menos 18,2%) e avalia o par de sapatos de mulher em 25,7 euros (menos 18,4%).
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Numa prova cega, que contou com a participação de 85 retalhistas e grossistas internacionais, o calçado português esteve sempre à frente do sapato italiano, líder mundial neste sector. Os sapatos para homem tiveram uma avaliação, em média, superior a 7,9% e o calçado para mulher foi valorizado em mais 6,4% face aos de origem italiana. Quando os participantes da prova foram confrontados com a proveniência do artigo, o valor intrínseco do produto português diminuiu e o calçado italiano registou um aumento.
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Os resultados desta prova cega permitiram concluir que, em menos de uma década, o calçado português reduziu para metade o défice de imagem face ao italiano, o seu grande concorrente no mundo. “O diferencial de valor do calçado português face aos sapatos italianos, tradicionalmente associados a design e a qualidade, ronda actualmente os 15%, metade do valor que durante anos foi usado como diferença de preço aceitável entre os dois”"
Como estava há 10 anos? Aqui "Calçado tem potencial para exportar mais 320 milhões":
"Há cerca de uma década, igual avaliação no mercado indicava haver “uma diferença significativa, na ordem dos 30%, entre a qualidade intrínseca do calçado português e a qualidade percebida pelo consumidor”. Esta constituía, então, a “mais séria fragilidade” das empresas do setor e levou a Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos (APICCAPS)  a reforçar, a partir de 2009, a presença em feiras no exterior e a lançar uma série de iniciativas de promoção ao abrigo da campanha The Sexiest Industry in Europe."

Uma estratégia.
Indicadores alinhados com a estratégia.
Metas ambiciosas.
Acção para transformar a realidade de hoje na realidade do futuro desejado.
Monitorização e decisão.

sexta-feira, fevereiro 12, 2016

Curiosidade do dia

"Portugal tem, agora, um problema com a democracia mágica, em que se formula um desejo e espera-se que a realidade se conforme ao desejado, sem precisar de escala e sem precisar de regulação."
Qual é mesmo a postura do fragilista? Pois! Basta recordar "Sh*t happens!"
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Para o fragilista, até os "cofres cheios" eram motivo de chacota... cambada de cigarras!

Trechos retirados de "A democracia mágica"

Estratégia e padrões de actuação e decisão

Ontem arranquei com um projecto de desenvolvimento de um balanced scorecard (BSC) numa empresa. Uma empresa que está bem, que tem crescido mas que reconhece que precisa de concentração, foco, coerência e alinhamento, terreno fértil para o BSC ajudar.
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Como trabalho de casa pedi que escolhessem um exemplar do produto que fabricam com mais margem e outro do produto que fabricam com menos margem. Pedi que pensassem nos clientes que os pediram, nos materiais que são usados e nas máquinas que são ocupadas.
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Numa empresa nestas circunstâncias não é preciso formular ou desenhar uma estratégia. Ela já existe, ela pode não ser consciente mas já lá está.
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Na próxima sessão vamos ver onde é que o trabalho de casa (n)os vai levar. No final da sessão de ontem, um elemento da equipa comentou algo em abstracto sobre o conceito de estratégia, aquilo que me veio à cabeça na altura é um dos pontos de partida que usarei com o resultado do trabalho de casa: os 5 P de Mintzberg:
Se a estratégia "subconsciente" está a funcionar, olhando para a informação e experiências existentes será possível reconhecer padrões, conjuntos de decisões, de escolhas, de prioridades, que sistematicamente são seguidos com bons resultados. Por isso, o sublinhado que faço a este postal de Seth Godin:
"Pattern recognition is a priceless skill that comes with practice, with the experience of noticing. Noticing what works, what you've seen before, what might not work.
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The art is to see patterns, but to use them to do something new, something that rhymes."

Mais uma peça para a construção de Mongo

Ontem no Twitter o Miguel chamou-me a atenção para este texto "Why Baby Boomers Refuse To Retire".
"Nearly half of boomers still working say they don’t expect to retire until they are 66 or older, including one in 10 who predict they will never retire.
How will all these aging boomers thrive in the 21st century? According to many experts on aging, it's increasingly by staying in the workforce, at the very least on a part-time basis.
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Boomers don’t consider themselves old until around 72 years of age,
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And most long-held culturally and historically embedded notions about how to retire are quickly becoming outdated. Many boomers no longer see themselves playing shuffle board, golfing, fishing and generally relaxing for the remainder of their days. Plus, age-related scientists now posit that a life overly focused on leisure and passive entertainment could actually promote poor health.
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A 2014 study conducted by the Rush University Alzheimer’s Disease Center in Chicago points to living a life of purpose (identified as having a strong sense of meaning, which frequently comes from essential paid employment and/or volunteer work) as highly conducive to reducing one’s susceptibility to stroke, dementia, movement problems, disability, and premature death. In short, full retirement is not a smart or healthy option."
Mas a parte mais interessante é esta "Gig Economy: Better for Boomers Than Millennials".
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Os paradigmas criados no século XX a caírem todos, um a um. Por mim, saúdo esta evolução. Nunca fiz tenção de me reformar, até porque daqui a 15 anos poucos poderão viver com o que vão receber de reforma.
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Mais uma peça para a construção de Mongo, esse mundo cheio de gente excêntrica, cheio de tribos, cheio de gente fora da caixa.

Acerca do calçado em 2015

A propósito de "Calçado com exportações de 1.865 milhões de euros":
"As exportações portuguesas de calçado encerraram 2015 com um “crescimento ligeiro” de 1%, equivalente a um novo máximo histórico de 79 milhões de pares no valor de 1.865 milhões de euros." [Moi ici: O crescimento refere-se ao número de pares ou aos euros?]
Em 2014 tivemos:
""No ano passado, Portugal exportou sensivelmente 90 milhões de pares de calçado, no valor de 1.870 milhões de euros", acrescenta.
Sim, recordo que houve aquele do calçado importado da China e vendido como Made in Portugal e que a APICCAPS pode estar a retirar dos números de 2014. E os media não acham estranho? Os dois recortes são do mesmo jornal, não deviam ter comparado os números?
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Olhando para os números do INE e para o capítulo 64 da nomenclatura combinada, entre 2014 e 2015 as exportações de calçado caíram cerca de 0,04%. "Peaners" como diz o outro. Por isso, não percebo este título "Exportações portuguesas de calçado crescem 1%, para 1.865 milhões de euros, no “exigente”  2015".
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BTW, este título é enganador "Exportações de calçado subiram 50% desde 2009", ao não referir que 2009 foi um ano atípico. Recordar o gráfico da evolução das exportações portuguesas de bens, aquela queda abrupta foi em ...  2009:
O mesmo "erro" em "Exportações de calçado aumentaram mais de 600 milhões em seis anos"
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A revolução no calçado é suficientemente forte e bonita para não precisar de ser embelezada com essa comparação enganadora.
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Estou preocupado com os números do INE e com uma ligeira quebra em 2015?
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Claro que não!!! Recordar ""um sinal para aumentar a exploration versus exploitation"".


Pensem bem na narrativa


Há dias, citava aqui estas palavras de Esko Kilpi:
"the learned helplessness created during the industrial era. Learned helplessness is a belief that we are at the mercy of external forces, the managers, the employers, the markets, and not in control of what is happening to us. Martin Seligman claims that this feeling is not only learned but built in as a feature in many of our social systems,"
Quem é que nos "ensina a ser desamparados, enfraquecidos, impotentes"?
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As narrativas que nos tornam vítimas, as narrativas que deslocam  o nosso locus de controlo do interior para o exterior de nós.
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Um dos grandes criadores desse tipo de narrativa é, por exemplo, João Ferreira do Amaral. Segundo ele: o euro é a causa de todos os nossos males; não temos economia para competir se tivermos ou continuarmos com o euro como moeda.
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Claro, os media, acríticos, há muito deixaram de mediar, há muito deixaram de investigar e ver se as narrativas aguentam um pouco de contraditório.
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Pergunto, qual é a economia mais forte da zona euro? Ainda há dias no Twitter alguém escrevia que o sucesso das exportações alemãs era tão grande que era sinal de que precisavam de uma moeda mais forte.
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Agora, pensem no que se segue.
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Na senda de "Exportações nacionais cresceram 33% nos últimos cinco anos", posso acrescentar que as exportações de bens portugueses cresceram 60% nos últimos 10 anos.
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E quanto é que cresceram as exportações alemãs entre 2005 e 2015?
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Cresceram...
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Conseguem adivinhar?
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Cerca de 53%
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Além de ser outra vez a fazer sombra aos alemães.
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O que é que isto diz dos nossos media, dos economistas da tríade, e do peso do Estado português sobre a economia portuguesa?

quinta-feira, fevereiro 11, 2016

Curiosidade do dia

Esta semana tive de ir a um funeral numa freguesia do concelho de Penafiel.
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E descobri uma coisa que nunca tinha visto. Uma lápide com um CV!!!

Só estranho é como é que se podia ter sido nomeado procurador da república em 1899.

Decisions Under Uncertainty

"There are decisions where:
1. Outcomes are known. This is the easiest way to make decisions. If I hold out my hand and drop a ball, it will fall to the ground.
2. Outcomes are unknown, but probabilities are known. This is risk. Think of this as going to Vegas and gambling. Before you set foot at the table, all of the outcomes are known as are the probabilities of each. No outcome surprises an objective third party.
3. Outcomes are unknown and probabilities are unknown. This is uncertainty.
We often think we’re making decisions in #2 but we’re really in #3."
Trechos retirados de "Decisions Under Uncertainty"

"um atestado de desconhecimento da realidade" (parte IV)

Em 1987, no meu último ano na universidade como aluno, numa cadeira de gestão, o professor Folhadela ensinava-nos os rudimentos da micro-economia acerca da importância do cálculo da contribuição, o que eram custos fixos e o que eram custos variáveis, Recordo um exercício em que uma empresa produzia gabardinas e recebia uma encomenda do estrangeiro. O preço era mais baixo que o praticado nas encomendas normais, as do país. Contudo, como os custos fixos estavam pagos e o preço era superior aos custos variáveis, a conclusão era: aceitar a encomenda.
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Este era o racional da "guerra anterior" o mundo pré-China, ou antes, o mundo em que nós, Portugal, éramos a china antes de haver China.
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Hoje, o mundo económico é outro e as empresas portuguesas que operam no sector transaccionável tiveram de fugir do negócio do preço mais baixo para escapar ao rolo compressor chinês.
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O bicicletas ainda está na sua torre de marfim a contemplar as folhas de cálculo e os modelos que os seus professores lhe ensinaram. Por isso, como ilustrei em "um atestado de desconhecimento da realidade" (uma série com 3 partes) a falta de sustentação de uma afirmação como:
"Como é que se resolve o desafio das exportações?
Baixam-se os preços e os salários"
Ontem, mais uma confirmação do tal atestado de desconhecimento da realidade do bicicletas através do artigo "Portugueses compram mais roupa e calçado estrangeiros":
"O baixo nível de vida e o elevado preço da roupa e calçado "made in Portugal" são apontados como os principais motivos para que o consumidor português continue a privilegiar produtos estrangeiros.
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Apenas 1,7% dos inquiridos admite que o vestuário português representa a totalidade das suas compras. No calçado, o número é maior: 14,4%. Um em cada quatro consumidores não tem um único par de calçado português em casa."

Para pessoas e para PME

Aqui no blogue escreve sobre o advento do Estranhistão (ou Mongo). Ainda esta semana sublinhava uma mensagem da CEO da IBM que parecia retirada daqui:
"And value will be for individuals not for segments.
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You will see the death of average ... and instead you will see an era of YOU"
Esta tendência suporta uma narrativa deste blogue: a vida no futuro será cada vez mais difícil para os gigantes, porque as pessoas não querem ser tratadas como plankton e acham os gigantes "Too Big To Care".
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Talvez porque habite em Portugal, concentro-me em chamar a atenção das PME para o potencial que o Estranhistão carrega consigo. Para muitos pode parecer loucura mas para mim é tão claro que o futuro será muito mais risonho para as PME que com uma estratégia assumam a interacção, a co-criação de valor, as plataformas, os ecossistemas.
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Esko Kilpi, talvez porque habite na Finlândia, está um pouco mais à frente e já não pensa nas PME mas na etapa seguinte, nas pessoas, nos freelancers, nos empreendedores.
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Primeiro, a Finlândia. Enquanto a geração egoísta cá do burgo se empertigava toda por causa da reacção da Finlândia ao empréstimo a Portugal nós escrevíamos vários postais, desde 2009 até ao de Agosto de 2015 em "A lição finlandesa". A revista The Economist do passado dia 6 de Fevereiro traçava um retrato da actualidade finlandesa em "Permafrost". Não é um ambiente bonito. O velho continua a morrer e o novo ainda não mostra a sua graça, ou seja, os finlandeses ainda estão a fuçar, à procura de alternativas.
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É neste ambiente que Esko Kilpi escreve e é influenciado. E gostei muito de "A new agenda connecting people and business":
"The definition of an employee is “somebody who works for another person or a company for pay”. It is then not about you, but about what the other people want of you, and, they don’t really want you, but what you can do, your competences.
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The post-industrial revolution is a revolution in power. More and more opportunities are democratized. The new power is vested in knowledgeable people. Just as the industrial revolution catered to managers and firms, the post-industrial world rewards individuals and networks.
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[Moi ici: Acho interessante, na argumentação usada para as pessoas, o facto de eu a usar há anos aqui para as PME. Diferenciação, saber que há sempre uma alternativa ainda que tenha de ser construída, formulada, trabalhada] “Onlyness is what only that one individual can bring to a situation. It includes the journey and passions of each human.”
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I interpret “Onlyness” as a form of responsibility that grows from your own context. [Moi ici: Muito de effectuation também] Response-ability, the ability to choose what you do is one of the key work skills in the future. [Moi ici: O trecho que se segue é precioso. Quantas vezes aqui no blogue escrevemos sobre o discurso do coitadinho, o discurso do locus de controlo no exterior, o discurso da vítima...]  It is the polar opposite of the learned helplessness created during the industrial era. Learned helplessness is a belief that we are at the mercy of external forces, the managers, the employers, the markets, and not in control of what is happening to us. Martin Seligman claims that this feeling is not only learned but built in as a feature in many of our social systems, [Moi ici: Lê.se e como não recordar Constança Cunha e Sá e a sua indução de cortisol] where somebody else, by default, tells us what we should think and do. In the post-industrial world we need to make a conscious effort to clear our minds of learned helplessness. [Moi ici: O que pode passar por desistir dos media]
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[Moi ici: Reparar a seguir no paralelismo com o que escrevo para as PME em "Estratégia e pontos fortes, o ovo ou a galinha"] What would work be like if your own life, your own context would be the starting point? Should individuals then think like firms do? Just as companies today dissolve their boundaries and erase their hierarchies, so must the individual be ready to invent and reinvent herself. Many people have already started thinking this way.
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Knowledge of your abilities, interests, strengths and weaknesses is essential to becoming response-able in choosing and changing your career. These are the important personal criteria. However, the overwhelming majority of job seekers react to purely external criteria, the conditions created by employers or financial pressures. Huge life decisions often turn on external factors instead of one’s own directions for the future and the strongest practical skills one has. [Moi ici: Como não recordar esta lição] The legacy of the industrial age is strangely passive workers simply falling into their jobs. Too few people actively make a connection between what they are good at and what they do for a living. It is ironic that we wonder why people are not engaged.
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No human being is exactly like another. We are all unique combinations of talents and experiences that never existed before and will never exist again in quite the same way. No one has ever done precisely what you are now doing. No one has ever faced your future. But life is not something to step back from and admire. We never get it quite right. It is never perfect. Therefore it should always be under construction."

O exemplo do têxtil e vestuário continua

Uma evolução que acarinhamos há muito, mesmo quando outros se entretinham a perder energias a lutar pela defesa do passado (aquiaqui e aqui também) em vez de se concentrarem na construção do futuro. Um verdadeiro movimento bottom-up culmina 2015 com este resultado "Exportação de têxteis e vestuário bate recorde de 12 anos":
"Por produtos, em 2015 registaram-se crescimentos assinaláveis nas exportações de vestuário (mais 4%, correspondente a um aumento de 103 milhões de euros), de matérias têxteis (com uma taxa de crescimento de 5% e um acréscimo de 64 milhões de euros) e de têxteis-lar e outros artigos têxteis confeccionados (taxa de crescimento de 7% e um acréscimo de 49 milhões de euros).
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Em termos de matérias-têxteis, o grande destaque vai para o comportamento das exportações de têxteis técnicos, onde se verificou um crescimento de 10%." 
E como tão bem sublinhou o dono da Riopele:
"Temos de aproveitar esta fase positiva para nos prepararmos para os momentos difíceis de um outro ciclo no futuro."
Nunca descansar, preparar já hoje o que há-de ser o sustento do depois de amanhã, num esforço de ambidextricidade: exploration e exploitation.
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Já não massacro mais os profetas da desgraça que previram o fim do têxtil em Portugal... a Qimonda já era.

quarta-feira, fevereiro 10, 2016

Curiosidade do dia

Recordar "47 dias incipientes e depois, de repente..." a propósito desta imagem que encontrei à dias no Twitter:

Plataformas e sobre a sua gestão

"“A platform or complement strategy differs from a product strategy in that it requires an external ecosystem to generate complementary product or service innovations and build positive feedback between the complements and the platform.  The effect is much greater potential for innovation and growth than a single product-oriented firm can generate alone.”
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The importance of platforms is closely linked to the concept of network effects - the more products or services it offers, the more users it will attract.  Scale increases the platform’s value, helping it attract more complementary offerings which in turn brings in more users, which then makes the platform even more valuable… and on and on and on.
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This embrace of platforms by established firms raises a number of organizational and governance issues.  Managing a platform ecosystem raises a number of new governance issues, including “who has access to the platform, how to divide value, and how to resolve a conflict,” notes the CGE report.  “The goal is to arrange complementors and consumer rules to maximize ecosystem profits
All of this must be done recognizing that the platform leader is orchestrating free agents rather than directing employees in a hierarchical command- and-control structure.”
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Approaches to platform governance must also consider the way value is created.  While traditional business models would incent managers to maximize the price of each product or services, different approaches are needed to manage platforms

Pursuing broader ecosystem profits over specific products and services may only be achieved with significant changes to managerial incentives and organizational culture.”
Por isso, muitas das plataformas existentes, acredito, são apenas a primeira versão, a transição da empresa para a plataforma pelo lado das empresas. No futuro, teremos as plataformas cooperativas.
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Recordar:


Trechos retirados de "The Rise of the Platform Economy"

Um bom exemplo

Alguns recortes comentados, retirados de "O novo fato da Riopele" publicado na revista Exame de Fevereiro de 2016.
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Fica o retrato de uma empresa que se reinventou para dar a volta com sucesso e o retrato de um líder que não tem medo de ser desafiado, nem acredita no queijo garantido como direito adquirido.
"No papel de empresário e dirigente associativo do sector têxtil em Portugal e na Europa, aprendeu que "é fundamental manter a mente aberta" e usou essa receita para tentar dar a volta à empresa e transformar a Riopele "num fabricante criativo de tecidos" para clientes de referência.
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[Moi ici: Interessante este ponto, tão caro a Skinner. Diferentes unidades de negócio para servir diferentes clientes-alvo com diferentes modelos de negócio]
Na prática, o que temos na Índia é a Riopele de 1985. Aqui, em Pousada de Saramagos, não tinha margens para fazer esses produtos e tivemos de subir na cadeia de valor, mas a procura no segmento mais básico continuava a existir e corríamos o risco de ser substituídos por outros fornecedores. Por isso fomos para lá", explica. [Moi ici: Segue-se outro modelo de negócio para outro tipo de oferta e de clientes] Outro projeto em crescimento é a Riopele Fashion Solutions, um centro de modelagem com microconfeção, onde a empresa tem a colaboração do designer Nuno Baltazar para desenvolver peças de vestuário com os tecidos da casa para os seus clientes. A ideia, aqui, é responder aos pedidos crescentes dos clientes através de uma coleção em private label, que é depois confecionada em empresas do Vale do Ave, em função das encomendas. Feitas as contas, o empresário diz que este "segmento de private label já contribui com seis milhões de euros para as vendas do grupo" e tende a continuar a crescer."
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Os empresários têxteis portugueses souberam reestruturar as suas empresas e fortalecer a forma como faziam bem os têxteis. Por isso, quando o mundo da moda começou a pedir prazos de entrega cada vez mais curtos. [Moi ici: Tenho uma opinião ligeiramente diferente. Acredito que o que aconteceu, e acontece, é uma espécie de co-evolução em que sucessivamente, cada uma das partes - empresários e mundo da moda - descobre, usa e tira vantagem de uma nova característica que serve de alicerce para um novo ciclo de descoberta, uso e vantagem e assim sucessivamente] Portugal tinha uma indústria pronta a responder a isso. E quem voltou encontrou uma têxtil diferente do passado, porque, entretanto, melhorámos as nossas empresas.
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Qual é o caminho do sucesso para os têxteis portugueses seguirem?
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Temos de aproveitar esta fase positiva para nos prepararmos para os momentos difíceis de um outro ciclo no futuro. [Moi ici: Os fragilistas não pensam assim para eles não haverão momentos difíceis no futuro] E isso exige que os empresários não fiquem apenas dentro das suas empresas, mas consigam dar passos em conjunto, uns com os outros. Têm de saber trabalhar em parceria." 

Lembram-se de Bruce Jenner? (parte III)

Parte I e parte II.
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A importância da coerência de um modelo de negócio para atingir níveis de desempenho superiores:
"Exceptional Winners figure out what they’re really good at, and configure their business model as well as operating model accordingly. They focus intensely on  what they do better than others to win in the market and build truly distinctive capabilities. Successful companies have a clear understanding of how they win in the market and create value, and have developed a clear positioning strategy.
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However, the bridge between strategy and impact is the business and operating model, and by configuring the business model to create a system of mutually reinforcing capabilities, the competitive advantage can become more powerful.
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We measured the Business Model Coherence as a function of how closely  aligned the company was to a certain business model type.
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A company with a high Business Model Coherence score has made conscious choices about using a single business model throughout the entire company, whereas a company with a low coherence score operates multiple business models."
Este "low coherence score" fez-me recuar a 2008 e ao tema das estratégias puras e híbridas:


Trechos retirados de "Business model innovation in consumer goods" 

Pricing man (parte VII)

"As a customer you have to make sure that you understand the value the product or service offers you, and then decide how much you are willing to pay for it. This knowledge of value is your best protection prior to purchase, in order to avoid regretting the decision.
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As the French say, “ le prix s’oublie, la qualité reste .” Loosely translated, that means that the quality you bought endures long after you have forgotten the price.
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The famous Spanish philosopher Baltasar Gracian (1601–1658), whose wise words I would not encounter until many years after that episode with the harvesting machine, summed up the same sentiment this way: “That is the worst and yet easiest error. Better be cheated in the price than in the quality of goods.”

Yes, it is very frustrating to pay more than you should have. But the anger over this form of “rip-off” fades if the product still gets the job done. Worse is the situation when the product is flawed. The frustration stays with you until you finally use up the product or get rid of it. The moral here is that one should not lose sight of quality in pursuit of a better deal. Admittedly, that is easier said than done.

Price is often ephemeral and quickly forgotten. Consumer research and behavioral studies show time and again that we struggle to remember prices, even for products we just purchased. But quality, good or bad, stays with us. Every one of us has quickly seen a deal, bought a product, and then realized that the product didn’t live up to even our most modest expectations. Many of us have also paid a price that seemed too high, but ended up surprised by the exceptional quality of the product.”
Trechos retirados de "Confessions of the Pricing Man: How Price Affects Everything" de Hermann Simon.

terça-feira, fevereiro 09, 2016

Curiosidade do dia


Um bom sintoma

Um bom sintoma, para chegar a novas prateleiras é preciso dimensão, não basta a qualidade. Algo que aprendi com os produtores de mirtilhos e framboesas. A cooperação é fundamental para ganhar dimensão, para poder ser parceiro da distribuição mesmo grande:
"São concorrentes em Portugal, mas fora das fronteiras desenham estratégias e partilham custos. Com as exportações de fruta, legumes e flores a ultrapassarem os mil milhões de euros até Outubro de 2015, a produção a aumentar e uma profissionalização cada vez maior, os produtores criam empresas comuns para entrar mais depressa em novos países.
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A TriPortugal é um ACE (Agrupamento Complementar de Empresas) que, ao juntar três sociedades, se tornou no maior exportador português de pêra rocha, com vendas no exterior que oscilam entre as 15 e as 25 mil toneladas por ano. Formada pela Frutus, OMelro.OP e O Melro tem à frente uma nova geração de agricultores que seguem as pisadas dos pais. Em 2010, quando foi criada, tinha oito clientes estrangeiros. Agora tem 22. “Todos trabalham e guerreiam pelos melhores clientes no mercado interno, mas lá fora decidimos ir juntos. Abrir mercados é essencial. O primeiro ano é difícil, nos dois a três anos seguintes conseguimos fazer dinheiro, depois surge a concorrência e os preços baixam."
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Cada empresa tem os seus próprios pomares e centrais fruteiras, mas partilha a equipa técnica e comercial. Cerca de 10% da produção que vendem é comprada a outros produtores para responder aos pedidos que, diz o responsável, não têm faltado. “Tem havido procura.”
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O que interessa é que as empresas deixem de ter vergonha de se associarem e de negociarem lado a lado. Sozinhas não têm condições para vender a clientes de grande dimensão”, defende Manuel Évora."
Trechos retirados de "Agricultores concorrentes criam empresas comuns para exportar mais"
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Talvez os produtores de suínos possam ganhar alguma inspiração com este exemplo. Deviam reflectir nisto:
"o porco espanhol é vendido em Portugal a um preço mais alto do que o praticado pelos portugueses."
Sinal de que o preço não é tudo. Acham que a Sicasal é parva?
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 Trecho retirado de "Suinicultores impedem entrada de porcos espanhóis em fábrica nacional"