sábado, janeiro 22, 2022

Todos perdem, Rei Lear, tragédia dos baldios

Numa sociedade adulta, a fiscalização estatal é o último recurso. 
Numa sociedade adulta, os participantes sabem que quando um deles falha pôe em causa a reputação de todos, o meu clássico "todos perdem".
Numa sociedade adulta, os participantes criam entre si mecanismos internos de verificação e de punição dos infractores. 

Recordo um postal de 2009:
"BTW, os fabricantes low-cost de cortinas em PVC para a casa de banho deram cabo do produto. Hoje, já ninguém usa esse material, mesmo que seja produzido por fabricantes com cuidado. No redemoinho turbulento da tragédia dos comuns ninguém se safa... o Rei Lear: Uma estória amoral, todos perdem os bons e os maus."

Cortinas de chuveiro em PVC, ambiente húmido e quente ... alimento para bactérias e fungos se não colocarem uns pós de bactericida na formulação.

Ontem tive oportunidade de ler "IVDP confessa apreensão com vinho do Porto" no semanário Expresso:

"O Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) escreveu um e-mail na última segunda-feira à Universidade de Groningen, na Holanda [Moi ici: Come on Expresso, não é Holanda, é Países Baixos], em que admite uma apreensão "enorme" com a divulgação dos resultados obtidos por uma equipa de cientistas daquele estabelecimento a partir de análises de carbono-14 feitas a 20 garrafas de Tawny 10 anos e 20 anos. De acordo com esse estudo, revelado pelo Expresso na semana passada, o vinho do Porto tinha menos idade do que dizia o rótulo em metade dos casos analisados."

Reacção do IVDP: o seu presidente escreveu carta ao responsável do laboratório dos Países Baixos, ao reitor da Universidade de Groningen, à embaixada dos Países Baixos a menorizar o acontecimento, dizendo que foi feito segundo um "método interno". A argumentação que se segue quase gera vergonha alheia:

O presidente do IVDP sublinha ainda que:

"o instituto que dirige é uma agência estatal "com um dos laboratórios e uma câmara de degustação mais bem equipados" do mundo, onde são feitos testes a "dez mil amostras de vinhos anualmente, num total de cerca de 200 mil parâmetros físico-químicos e sensoriais analisados", permitindo "interpretar adequadamente os dados e integrar os vinhos nas respetivas categorias de vinho do Porto"".

A resposta do laboratório da Universidade de Groningen fez-me lembrar Galileu: Eppur si muove.

Pobre Portugal, todos perdem, bons e maus ... daí o Rei Lear:

"Encontrámos vários vinhos do Porto Tawny, com idades alegadas de 10 ou 20 anos, que eram definitivamente mais novos do que isso, e por vezes muito mais novos. Apesar de não termos qualquer opinião sobre o seu sabor, os textos nas garrafas destes vinhos do Porto, em que se afirma, por exemplo, que o vinho foi 'pacientemente envelhecido durante 10 anos numa barrica de carvalho', são simplesmente falsos e enganadores para os clientes."

sexta-feira, janeiro 21, 2022

A toxic corporate culture ...

"A toxic corporate culture is by far the strongest predictor of industry-adjusted attrition and is 10 times more important than compensation in predicting turnover. Our analysis found that the leading elements contributing to toxic cultures include failure to promote diversity, equity, and inclusion; workers feeling disrespected; and unethical behavior."

‘Em tempos de debandada de profissionais do SNS isto dá que pensar. 

Trecho retirado de "Toxic Culture Is Driving the Great Resignation

quinta-feira, janeiro 20, 2022

Criar as condições para que as empresas do futuro surjam

A falta de trabalhadores é também um sinal de que muitas empresas terão de fechar. Terão de fechar porque não geram a rentabilidade suficiente para serem atraentes.

O mesmo que aconteceu na Alemanha e na França dos anos 70 do século passado, quando as suas fábricas nos sectores tradicionais fecharam para abrir em Portugal e noutros países mais baratos.

Anotei isto na semana passada. E agora recordo alguém que numa fábrica de calçado há cerca 4 anos me dizia: “Dentro de 10 anos mais de metade das pessoas que trabalham aqui não vão cá estar, vão estar reformadas. Quem as vai substituir?”

Ontem li "Valérius afasta para ¡á produção da Dielmar em Marrocos":

"Anotícia surgiu na semana passada no Jornal Têxtil: a Valérius, o grupo que quer pegar na Dielmar – empresa do mesmo sector que se encontra em processo de insolvência – admitia a deslocalização da produção da empresa de Castelo Branco para Marrocos, ficando em Portugal a parte do design. Mas em conversa com o Jornal Económico, a CEO da Valérius, Patrícia Ferreira, diz que a questão não se põe neste momento, apenas se colocará em dez a 15 anos.

...

“Segundo avançam todos os estudos sectoriais sobre o tema, o têxtil nacional vai confrontar-se com a evidência de “em dez, 15 anos”, deixar de ter mão-de-obra especializada disponível."

Ontem também tive oportunidade de ler a entrevista de Teixeira dos Santos no JdN do dia 17:

"Os salários são uma questão política importante, delicada, e por isso têm estado presentes no debate político mais recente. Mas são também uma questão essencialmente económica e não podemos retirar a economia do tema. É importante não ignorar que tem de haver um alinhamento muito grande entre a evolução dos salários e da produtividade. Isto em termos de salários reais. Em termos de salários nominais, alinhar o salário nominal com a evolução da inflação mais a produtividade. Ir para além disto é comprometer a competitividade das empresas."

Ao ler isto, recordei Avelino de Jesus e pensei: "Deve ter sorrido"

Por fim, recordei Jorge Marrão:

"Se nós eliminarmos a empresa mais improdutiva, a produtividade do sector sobe muitíssimo"

Tudo relacionado. Sem dramas, à la finlandesa, devíamos evitar os presentes envenenados e criar as condições para que as empresas do futuro surgissem:

No JdN de hoje a coluna de Nogueira Leite é sobre transições energéticas mal preparadas e suas consequências. Também aqui estamos a cozinhar uma transição do perfil da economia mal amanhada. Forçamos a velocidade de encerramento das empresas do perfil antigo, mas ao mesmo tempo não criamos as condições para que as empresas do perfil novo se instalem em quantidade suficiente.

quarta-feira, janeiro 19, 2022

A economia da felicidade

"Durante estes debates, houve candidatos que defenderam que se deve estruturar uma economia da felicidade e do bem-estar. Esquecem que a teoria económica é 11111 ramo do conhecimento condenado a ser triste, porque tem de decidir a afectação de recursos escassos a necessidades que são ilimitadas."

Fez-me recordar este comentário a um outro texto de Joaquim Aguiar em 2014:

"Desconfio sempre de quem só promete coisas boas, de quem garante que vamos poder comer carne todos os dias, sem problemas para a carteira ou para a saúde." 

Só se fala de distribuir, ninguém fala em criar riqueza. 

Joaquim Aguiar no JdN de ontem. 

O meu lado contrarian

No último número do Caderno de Economia do semanário Expresso encontrei um artigo, "Colegas que ajudam os outros são menos produtivos", que me deixou com várias interrogações.

"Ser aquele colega que todos procuram quando é preciso ajuda e que está sempre pronto a colaborar com os demais ou "aguentar o barco" é bom para uma carta de referência, mas tem custos pessoais e empresariais elevados."

Não ponho em causa o artigo, não tenho conhecimentos suficientes. No entanto, o meu lado contrarian lembrou-se de duas situações que podem contrariar a mensagem do artigo. 

  1. O meu velho livro de Análise Matemática, o Piskounov, alertava-nos para o perigo de andarmos à procura do óptimo em torno de um óptimo local e não perceber que o óptimo global é o mais importante. Algo na linha daquilo a que chamo o paradoxo dos processos, para optimizar o desempenho global de uma organização há que ter alguns processos a operar suboptimamente.
  2. A Teoria das Restrições, o desempenho de uma organização é limitado pelo elo mais fraco. Não adianta ter desempenho forte numa série de elos se o elo limitativo não for apoiado. Ainda na segunda-feira estive numa empresa em que se concluiu  que uma operação numa linha de produção era tão limitativa que se colocassem tês pessoas nessa operação, seria possível duplicar a produção de uma linha com quase 20 pessoas. 

terça-feira, janeiro 18, 2022

Não penso que seja a voz do cliente a mudar

Na semana passada realizei um webinar, "Measurement, analysis, and improvement according to ISO 9001:2015". Depois do webinar os participantes podem sugerir temas para outros webinars. 

Uma das sugestões roubou-me um sorriso e fez-me recordar vários projectos transformadores em que estive envolvido. Refiro-me a este tema: 

"How to manage the Quality Objectives of a company if the Voice of the costumer change frequently?"

"the Voice of the costumer change frequently"... quase de certeza que isto não tem a ver com a voz do cliente mudar com frequência. Quase de certeza que isto tem a ver com a falta de definição sobre quem são os clientes-alvo.

Há uns anos (2016) ao trabalhar com uma empresa, percebi que também sofriam deste suposto problema. Perante a gestão de topo apresentei dois slides.

Este:

E este:
A empresa tinha uma unidade de negócio industrial que trabalhava para dois tipos de clientes com requisitos e expectativas muito diferentes, quase opostas. Ser muito bom a servir um tipo de cliente, significava não ser bom a servir o outro tipo de cliente.

Os clientes do mundo 1 são representados pelas bolas azuis na figura que se segue. Os clientes do mundo 2 são representadas pelas bolas pretas na figura.
O meu cliente estava na situação representada pelas bolas vermelhas da figura que se segue:
A clássica situação de stuck-in-the-middle ao tentar ser tudo para todos. 

Hoje em dia sorrio quando passo por uma fábrica nova construída para separar a produção para cada tipo de cliente. Uma versão radical do plant-within-plant de Wickham Skinner.

segunda-feira, janeiro 17, 2022

Dúvidas, certamente provocadas pela minha ignorância...

No Caderno de Economia do semanário Expresso encontrei um artigo, "Esta empresa nasceu na Suíça mas está a crescer em Portugal", que levanta-me várias questões, certamente provocadas pela minha ignorância:

"A Mocoffee nasceu na Suíça, há 30 anos, pela mão de Eric Favre, o inventor da cápsula monodose de café e primeiro presidente executivo da Nespresso, mas agora é controlada pelo português Ricardo Flores, que investiu €6 milhões na Azambuja e já antecipa um novo ciclo de expansão no valor de €4 milhões para aumentar a produção de 33 milhões até 120 milhões de cápsulas no horizonte de 2023.

...

empresa dedicada ao café de especialidade para outras empresas (com origem numa única fazenda) criou 20 postos de trabalho na Azambuja e espera empregar 50 pessoas em 2023.

...

A trabalhar num segmento de nicho, Ricardo Flores acredita na "descentralização da indústria, numa oferta à medida de cada cliente, na desintermediação", sabendo que "quem está no negócio do café prefere clientes grandes a uma pequena e média empresa, uma loja ou uma rede de lojas com uma pequena marca própria desenhada para quem já tem o paladar desenvolvido e quer alternativas".

...

A diferença entre um café de especialidade e um café normal? "Será algo como uma cerveja artesanal e uma cerveja industrial", responde numa altura em que espera faturar €4,6 milhões na Azambuja, cumprindo a meta inicial de 33 milhões de cápsulas de café, e garante que e "esta é mesmo uma empresa portuguesa"."

Como conjugar um aumento da produção de 3,6 vezes em 1 ou 2 anos, com trabalhar para um segmento de nicho?

Como conjugar "quem está no negócio do café prefere clientes grandes a uma pequena e média empresa", com "numa oferta à medida de cada cliente"?

Sem fugir da concorrência perfeita ...

"price taker - a firm in a perfectly competitive market that must take the prevailing market price as given"

Um mercado de commodities é um bom exemplo de um mercado onde reina a concorrência perfeita. Qual é a commodity por excelência no sector alimentar? O leite!

Portanto, isto faz-me lembrar crianças que acreditam no Pai Natal: 

Quem ganha num mercado onde reina a concorrência perfeita? Quem tem os custos unitários mais baixos e pode, por isso, ter os preços mais baixos. Onde é que isso nos leva?
Como se resolve a situação? Fugindo da concorrência perfeita, introduzindo diferenciação. Em 2019, acerca do azeite escrevi "E sem intenção, e sem querer, apareceu na minha mente a decisão de pôr de lado o azeite alentejano". Na semana passada, para meu espanto encontrei azeite da marca Pingo Doce que já ostenta de forma bem visível que é de Trás-os-Montes e embalado em Valpaços.

Contudo, fugir da concorrência perfeita exige pensar no que não é instintivo, implica apostar nas emoções, na paixão, na experiência. Claro que a malta das associações do sector do leite tem um rasto pouco interessante: Karma is a bitch!!! Ou os jogadores de bilhar amador no poder!

domingo, janeiro 16, 2022

Não são elas que precisam de Portugal, Portugal é que precisa delas

Na passada sexta-feira fixei-me na mensagem desta imagem na capa do JdN:


No interior do jornal sublinhei esta frase do ministro da Economia:
"Não acreditamos que uma baixa de impostos pura e simplesmente ponha por magia a economia a crescer."

De que fala o ministro quando fala em competitividade? Recordo um postal publicado em Novembro último, com base num texto de Eric Reinert, "Competitividade, absurdo, lerolero e contranatura".

Reinert refere que há quem use a palavra competitividade para significar empresas mais competitivas pelo preço, e há quem use a palavra competitividade para significar empresas mais competitivas por causa do valor criado. Foquemos a nossa atenção naquela que aqui pregamos com o Evangelho do Valor, a segunda.

Queremos que aumente a competitividade que permite o aumento dos salários por causa do aumento do valor percepcionado pelos clientes. Ou seja, outra forma de dizer que queremos um aumento da produtividade à custa do valor criado e não da redução de custos (foco no numerador e não no denominador).

O que aprendemos com os finlandeses:
"It is widely believed that restructuring has boosted productivity by displacing low-skilled workers and creating jobs for the high skilled."
Mas, e como isto é profundo:
"In essence, creative destruction means that low productivity plants are displaced by high productivity plants." Por favor voltar a trás e reler esta última afirmação.
E o grande finale:
"As creative destruction is shown to be an important element of economic growth, there is definitely a case for public policy to support this process, or at least avoid disturbing it without good reason. Competition in product markets is important. Subsidies, on the other hand, may insulate low productivity plants and firms from healthy market selection, and curb incentives for improving their productivity performance. Business failures, plant shutdowns and layoffs are the unavoidable byproducts of economic development."

Ou seja, para que a produtividade agregada do país cresça precisamos de empresas novas. Quem as vai criar? Quem tem o know-how para trabalhar nas zonas mais altas da escala de valor? Entra Nassim Taleb com:

"Systems don’t learn because people learn individually – that’s the myth of modernity. Systems learn at the collective level by the mechanism of selection: by eliminating those elements that reduce the fitness of the whole, provided these have skin in the game"[Moi ici: Isto é duro! Pensem nos Saraivas deste mundo, ou nos Fóruns para a Competitividade. Come on!]

Aprendam a receita irlandesa:

"Gostei de ouvir muitas das coisas que Alexandre Relvas disse, não todas. No entanto, saltou-me a tampa quando Alexandre Relvas disse que os empresários portugueses tinham muito a aprender com os empresários irlandeses.

Não acredito! - Pensei. Ele pensa que o salto de produtividade e PIB irlandês foi feito à custa dos empresários irlandeses? Come on! Esta gente não analisa os números?

Enquanto conduzia debaixo de chuva pensava em como mostrar o quão longe da realidade está o pensamento de Alexandre Relvas. Onde posso ir buscar tais números?

Lembrei-me de Hausmann e do seu trabalho no MIT acerca dos product spaces. Já em casa, depois de comer algo fui ao site do MIT (agora está em Harvard) e analisei a evolução do perfil de exportações da Irlanda e de Portugal entre 1995 e 2018. Entretanto, já hoje de manhã durante a caminhada matinal recordei-me deste artigo "A Tale of Two Clusters: The Evolution of Ireland’s Economic Complexity since 1995". 

Reparem nesta comparação entre as empresas de capital estrangeiro e as empresas de capital irlandês a operar na Irlanda (número de trabalhadores, facturação e número de empresas por sector)"

Portanto, para aumentar a competitividade/produtividade como eu defendo (através do numerador), temos de captar investimento estrangeiro. Agora reparemos no presente envenenado que queremos que os estrangeiros comam: No international Tax Competitiveness Index, quanto ao "Corporate Tax Rank" e ao "Cross-Border Tax Rules Rank" vêmos coisas que não lembram ao careca ... Portugal (35º lugar) é menos atractivo que a França (34º lugar) para as empresas. Quem diria!!!


Conclusão: Baixar o IRC pode não ser suficiente, mas é certamente necessário. Temos de trabalhar para melhorar o posicionamento no "Corporate Tax Rank". A mexida no IRC não é para melhorar a competitividade de empresas que venham para cá, mas é para tornar o país atractivo para os decisores dessas empresas que racionalmente procuram o melhor para elas.

Não são elas que precisam de Portugal, Portugal é que precisa delas.

sábado, janeiro 15, 2022

Empresários e escolaridade ou signaling

Ontem de manhã cedo, enquanto tomava o meu chá preto das 6 da manhã, apanhei este tweet:

Uma regra a nunca esquecer nestas circunstâncias, quando uma população tem uma distribuição muito assimétrica, nunca focar a atenção em quem está presente, mas em quem não está presente, aquilo a que chamo a Regra do Mastim dos Baskerville:

"Não adianta chamar brutos aos patrões portugueses, esses dão o seu melhor. Quem achar que sabe fazer melhor que avance e lhes coma o negócio. Aqui o tema é como o cão dos Baskerville, não é quem está, é quem não está que é relevante."

 No final de 2007 desenhei aqui no blogue este gráfico:

A ideia surgiu-me depois de ter trabalhado com um empresário:

"Quando penso em decisões rápidas recuo sempre a um mês de Setembro em Felgueiras... empresário sem curso superior, agarrou-me por um braço, meteu-me no carro e levou-me a um subcontratado que tinha arranjado durante as férias, para pôr em prática o que tínhamos discutido no último dia de Julho antes de férias. Pensei nos licenciados que engonham e engonham, quando basta fazer uma experiência."[Moi ici: Este empresário é hoje dono de uma das maiores empresas do seu sector. Na altura tinha uma barracão e talvez 20 funcionários]

Ainda ontem, por volta das 6h50 comecei a minha caminhada matinal. E comecei com a leitura de um dos melhores postais de Steve Blank, de abril de 2018, "Steve Blank Why Entrepreneurs Start Companies Rather Than Join Them". O postal é baseado neste artigo "Information Frictions and Entrepreneurship" publicado pelo Strategic Management Journal.

"By the way, as you read the conclusions keep in mind the authors are not talking just about high-tech entrepreneurs. They are talking about everyone who chooses to be self-employed – from a corner food vendor without a high school diploma to a high-tech founder with a PhD in Computer Science from Stanford.

...

The most provocative conclusion in the paper is that asymmetric information about ability leads existing companies to employ only “lemons,” relatively unproductive workers. The talented and more productive choose entrepreneurship. (Asymmetric Information is when one party has more or better information than the other.) In this case the entrepreneurs know something potential employers don’t – that nowhere on their resume does it show resiliency, curiosity, agility, resourcefulness, pattern recognition, tenacity and having a passion for products. 

This implication, that entrepreneurs are, in fact, “cherries” contrasts with a large body of literature in social science, which says that the entrepreneurs are the “lemons”— those who cannot find, cannot hold, or cannot stand “real jobs.”"

E ainda:

"The Economic Environment. So, how much of signaling (hiring only by resume qualifications) is influenced by the economic environment? One could assume that in a period of low unemployment, it will be easier to get a traditional job, which would lead to fewer startups and explain why great companies are often founded during a downturn. Those who can’t get a traditional job start their own venture."

BTW, há cerca de 28 anos iniciei a minha vida de empreendedor, depois de 8 anos a trabalhar por conta de outrem na indústria. Olhando para trás, mudei de vida para fazer aquilo que gostava. Como empregado, fui bem tratado, ganhava acima da média, tinha menos preocupações com leis e fiscalidade, tinha mais tempo para a família.

sexta-feira, janeiro 14, 2022

"customer service is getting worse"

"Yes, customer service is getting worse. Companies treat customer service as a cost and as Zeynep Ton has explained over and over, the outcome is predictable.

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In fact, there is industry-speak for this it's called 'containment." It represents "the percentage of users who engage with an automated system and end their interaction without transferring to a voice or live chat agent. The goal is to prevent you from ever contacting a person, and companies have gotten very smart about this.

...

All of this gets at a growing  problem that I don’t think corporate types factor into their customer service equation.  It’s easy to figure out that a typical service encounter costs $5.  What is a lot harder to measure is the upside of providing excellent service (not to mention the upside of not turning up in slightly snarky articles penned by business school professors)."

Em linha com o meu aviso em Every visit customers have to make ...


Trechos retirados de "The better your automated customer service options, the worse your customer service experience

quinta-feira, janeiro 13, 2022

Customers, value and revenue

"What is the problem? Why is commerce still so wasteful? In our mind, the issue is not that customer focus is somehow flawed or broken. To the contrary, the issue is that most organizations fail to take the promise of customer focus to its logical conclusion. That is, the typical company today may well obsess over customers when it comes to designing offerings and positioning them in the market. In fact, we struggle to find a business that doesn't praise its customers, and boast of the attention paid to them, on its corporate website. But then the same company pays hardly any attention to customers when it decides how to earn revenue from them. This lapse shrinks the opportunity in the market.

...

John Wanamaker invented the price tag in 1861.

...

Price tags quickly became the norm because they greatly facilitated the ongoing push for customer focus in production, distribution, and communication.

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Accordingly, organizations gradually shifted their pricing decisions away from customers and what they value, which was the focus of haggling, to the one piece of information they could trust and readily collect: information on the cost of making an offering and bringing it to market.

In essence, prices became a mere bystander in a company's efforts to build closer ties with customers. Rather than considering how the process of generating revenue could assist in this endeavor, the company concerned itself with how to cover its costs and minimize any interference. The price tag went along for the ride, treated as a tactical afterthought, but this in turn cemented the idea that a company's only logical move is to earn revenue from selling the "stuff" it makes."

Trechos retirados de "The ends game : how smart companies stop selling products and start delivering value" de Marco Bertini e Oded Koenigsberg.   

quarta-feira, janeiro 12, 2022

"aligns the way it earns revenue with the way customers derive value"

"There are three critical checkpoints, if you will. First, customers have to access the solutions that firms bring to market. Clearly, customers cannot derive value if they are blocked, financially or physically, from reaching the products and services that are intended to address their needs and wants. Second, conditional on access, customers have to consume these products and services. Again, customers cannot derive value unless they actually experience or make use of the solution offered by a firm. Third, conditional on access and consumption, the product or service has to perform as customers expect-that is, it has to solve the need or want satisfactorily.

We claim that an exchange is inefficient [Moi ici: Julgo que a palavra ineficácia aqui ficava bem melhor] when customers experience friction at any one or more of these checkpoints."

"Clearly, the more an organization aligns the way it earns revenue with the way customers derive value - that is, the more responsibility for the three checkpoints of access, consumption, and performance it takes on-the "leaner" (as in more efficient, less wasteful) the exchange between the two becomes. ... market potential converts into actual market value as the organization brings its revenue model increasingly into line with the "ends" sought by customers."

Na sequência de Outcomes em vez do que se produz

Trechos retirados de "The ends game : how smart companies stop selling products and start delivering value" de Marco Bertini e Oded Koenigsberg.  




terça-feira, janeiro 11, 2022

Outcomes em vez do que se produz

Interessante ouvir os debates políticos sobre o SNS e quem providencia os serviços de saúde, e depois ler:

"Would you rather pay for health care or better health? Would you rather pay for school or education? Groceries or nutrition? A car or transportation? A theater act or entertainment?

Paying by the pill, semester, food item, vehicle, show, and so on is a poor reflection of the value that individual and business customers actually derive from their purchases. Nonetheless, the idea that a company could be compensated for the quality of the outcomes it delivers, rather than the products and services it brings to market, would have been dismissed until recently as utopian academic theory. Reality called for a compromise, one that most organizations have practiced pragmatically for decades: make a living by selling the "means" to customers, and promise that the "ends" they desire will follow."

Na senda de " But they matter only as means to the ends that people seek" 

Trecho retirado de "The ends game : how smart companies stop selling products and start delivering value" de Marco Bertini e Oded Koenigsberg. 

"The Great Resignation"


"The Great Resignation that has seen more than 43 million Americans leave their jobs in the past year shows no sign of slowing. Job quitting hit a record in November.

Restaurants and hotels have had the highest resignation rate, and that’s hardly surprising. The pandemic has caused millions of workers to reassess their lives and walk away from low-paying jobs. Many are getting hired quickly elsewhere for more money and better hours. Health-care workers are also quitting at record rates, as doctors, nurses and aides face burnout after their harrowing experience these past two years.

But another part of the resignation story has received far less attention. Manufacturing has weathered the biggest surge in workers quitting — a nearly 60 percent jump compared with pre-pandemic. No other industry has seen an increase like that."

Trecho retirado de "Why manufacturing workers are voluntarily leaving jobs at rates never seen before



segunda-feira, janeiro 10, 2022

Era bom que se aproveitasse esta boleia ...

Recordo Emprego, preços e desglobalização

"A variante Ómicron pode tornar a China vítima do seu sucesso, à medida que a política de “zero covid” prolonga o isolamento do país, quando o resto do mundo vislumbra uma fase endémica para a doença, apontam analistas.

“Em 2022, a China vai enfrentar a altamente transmissível [variante] Ómicron, com vacinas aparentemente menos eficazes e muito menos pessoas protegidas por anticorpos criados por infeções anteriores”, observou a consultora de riscos políticos norte-americana Eurasia Group, num relatório.

As medidas de bloqueio para conter os surtos deverão ser ainda mais frequentes e duras, envolvendo dezenas de milhões de pessoas, lê-se no mesmo documento.

“Esta crise vai continuar até que a China possa lançar vacinas de RNA mensageiro desenvolvidas internamente e reforços para os seus 1,4 mil milhões de habitantes, o que ainda deve demorar pelo menos um ano”, acrescentou.

A política de zero casos implicou a suspensão das viagens de negócios e turismo ou intercâmbios académicos com o exterior.

Quem chega ao país tem que realizar uma quarentena cujo período varia entre duas e quatro semanas, dependendo da província de destino. As autoridades exigem ainda a apresentação do certificado negativo dos testes serológicos tipo IgG e IgM e o teste de ácido nucleico PCR antes do embarque."

Depois, queixem-se e chamem-me nomes por achar que anda muito optimismo mal justificado no ar. 

Era bom que se aproveitasse esta boleia para preparar a próxima etapa, antes que a maré mude outra vez.

Trecho retirado de "Ómicron deve deixar China mais isolada com insistência na política de zero casos"

domingo, janeiro 09, 2022

"Inflation and the ‘Experience Economy’"


"Inflation tends to be understood as higher prices resulting either from increased costs—global supply-chain issues and hard-to-find workers—or from increased demand, such as pent-up purchases, as well as easy monetary policy from the Federal Reserve and blowout spending from Congress. But there’s another significant factor at play: Price increases also arise from growth in the perceived value of economic offerings.
...
Consumer values have shifted greatly over the years, most notably from goods and services to experiences. As I first argued on these pages in 1997 with my business partner, Jim Gilmore, experiences are a distinct economic offering, as different from services as services are from goods.
Fundamentally, experiences offer time well spent. People value the time they spend in experiences, resulting in a memory (and, so often these days, a trail of social media posts).
...
Unfortunately, the government still classifies experiences as services. The latter, however, merely provides time well saved. The disparity in value is too profound between, say, going to a dry cleaner and a concert, between having your oil changed and changing your physique at a gym, between home delivery of goods and the spending the day with your family at a theme park.
...
That’s why Walt Disney World outpaced measured inflation by so great a rate—because consumers value its experience more than the average market-basket good and are willing to pay much more for it relative to other offerings. This same effect is true for the myriad experiences that make up today’s “Experience Economy.”
Consumers also value their time more highly than they used to. They want goods and services to be commodities—bought at the lowest possible price and greatest possible convenience—so they can spend their hard-earned money and their harder-earned time on experiences they value more highly."

sábado, janeiro 08, 2022

Puro sumo!!!

Para pessoas e para empresas. Puro sumo!!!

Acerca do i) recordo, para começar, "Managing the Unexpected - Sustained Performance in a Complex World" de Karl Weick e Kathleen Sutcliffe: 

"Preoccupation with failure, the first high-reliability organization (HRO) principle, captures the need for continuous attention to anomalies that could be symptoms of larger problems in a system."

Acerca do iii) recordo Youngme Moon e a mensagem de "Different" em "There’s nine times more to gain by elevating positive customers than by eliminating negative ones"

Acerca do iv) recordo David versus Golias em Lidar com os Golias!



sexta-feira, janeiro 07, 2022

Agricultura, como se aumenta a rentabilidade?

A propósito de "Trabalhadores precisa-se. Nos olivais, o chão está "solado de azeitona" porque não há ninguém para a apanhar" fiz este esquema:
Primeiro começamos com Erik Reinert acerca da rentabilidade da agricultura em "How Rich Countries Got Rich . . . and Why Poor Countries Stay Poor":
"Generally increasing returns goes with imperfect competition; indeed, the falling unit cost is one cause of the market power under imperfect competition. Diminishing returns - the inability to extend production (beyond a certain point) at falling cost - combined with the difficulty of product differentiation (wheat is wheat, while car brands are very different) are key elements in creating perfect competition in the production of raw material commodities. The exports of the rich contain the `good' effects - increasing returns and imperfect competition - whereas traditional exports of poor countries contain the opposite, the `bad' effects"
A baixa rentabilidade só permite pagar salários baixos, o que a par da demografia leva à falta de trabalhadores. O recurso a imigrantes é uma consequência natural desta "race to the bottom".

Como sair deste ciclo vicioso?

Aumentando a rentabilidade!

Como se aumenta a rentabilidade? Apostando na concorrência imperfeita. Duas possibilidades:
"Cooperativa Agrícola dos Olivicultores de Sousel quer continuar com olival tradicional para manter a qualidade do azeite" [Moi ici: Recordar, por exemplo, a minha relação com o azeite de produção intensiva]

quinta-feira, janeiro 06, 2022

Suspeito de demasiado optimismo

No Jornal de Notícias de segunda-feira encontrei o artigo, "Têxtil-lar no Vale do Ave sem mãos para as encomendas".

Achei interessante os sublinhados que se seguem. Suspeito de demasiado optimismo:
"Na altura em que as empresas asiáticas encerraram, em virtude da covid-19, o comércio de produtos têxteis não parou. As pessoas deixaram de comprar vestuário, com os confinamentos e o teletrabalho, mas passaram a dar mais importância ao conforto e à decoração do lar. As marcas que antes mandavam fazer na Ásia foram obrigadas a procurar soluções em outras geografias.
...
Segundo Mário Jorge Machado, presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, os custos de contexto, a energia e os impostos determinaram o fim da competição pelo preço. [Moi ici: Gostava de acreditar nesta conclusão, acho demasiado cedo para chegar a ela. Sim, o artigo é sobre o têxtil-lar]
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Para este investigador, o têxtil português sobreviveu porque se reinventou, passou de uma indústria que vendia pelo preço baixo para uma que vende valor acrescentado e que tem marca própria. [Moi ici: Gostava de acreditar nesta conclusão, acho demasiado cedo para chegar a ela. Sim, o artigo é sobre o têxtil-lar]
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A China continua na competição pelo preço, mas, segundo o investigador, "este já não é o campeonato das nossas empresas. "Depois dos transportes e da refinação, a indústria a têxtil é o maior poluente do planeta", aponta João Gomes. Isto apresenta-se como uma oportunidade para a indústria portuguesa, "porque já está a traçar o caminho de uma produção mais sustentável e com maior valor acrescentado e isso é reconhecido pelos clientes". [Moi ici: Se é um factor relevante, porque é que foi preciso a covid-19? Ainda não percebeu que o factor crítico não é a produção menos poluente, mas também a redução da produção. Recordar a Inditex]

Numa coluna encontro o título: "Quando a China fechou, o têxtil aproveitou a oportunidade" onde se pode ler:

"Clientes que fogem da Ásia atraídos por processos eficientes e pela inovação" [Moi ici: Fogem da Ásia por causa da covid-19 ou por causa da inovação?]

As encomendas no sentido da subida na escala de valor têm de ter preço unitário mais elevado e serem de menores quantidades.