sexta-feira, julho 18, 2014

Acerca do valor (parte I)

A conversa sobre o valor é tão traiçoeira... o marxianismo entranhado trai-nos a cada passada. Num livro interessante que descobri a certa altura o autor tropeça.
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A acompanhar esta figura
Acrescenta:
"these daily opinions and price changes don’t change the nature of the goose’s value; thus a company’s intrinsic value, like the value of the golden goose, is often different from its price."
Fiquei logo de pé atrás... dizer que uma empresa tem um valor intrínseco é todo um currículo escondido.
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Contudo, mais à frente o autor desfaz o equívoco:
"value, in the simplest sense, is the human perception of what is important. As such, it is subjective and context dependent. Value is experienced in many forms, from the physiological—food, water, shelter—to the experiential—music, art, sport—to the psychological desires for social position, freedom, creativity, and love. The individual and group choices we make to organize and collectively maximize value are the major concerns of the economics field.
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The flexible, subjective, and contextual nature of economic value has confounded fixed absolute models of economic value from Karl Marx to John Maynard Keynes. There is no economic value other than that beheld and experienced. It is all relative experience. This subjectivity poses challenges when it comes to defining, measuring, and managing true or intrinsic value."
Trechos retirados de "The nature of value : how to invest in the adaptive economy" de  Nick Gogerty

BSC numa IPSS (parte I)

Imaginem que têm de desenvolver um balanced scorecard (BSC) para uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) sem fins lucrativos e que conta com apoios da Sesgurança Social.
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Que actividades desenvolve?

  • Mantém um Lar de Idosos e um Lar para Grandes Dependentes
  • Presta Serviços de Apoio Domiciliário
  • Opera uma Creche, um Jardim-de-Infância e um ATL
O mapa da estratégia desenvolvido, que encontrei numa dissertação, foi:

Que alterações fariam a este mapa da estratégia?
A ordem das perspectivas é a mais correcta?
As relações de causa-efeito retratadas no mapa da estratégia fazem sentido?
Estão contempladas todas as partes interessadas?
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Continua

Acerca da importância das feiras

A propósito do artigo "Dielmar entra na China", publicado no Caderno de Economia do Expresso do passado Sábado, sublinho este ponto:
"Alertada pela quebra do volume de negócios, de 15 milhões de euros para 13 milhões de euros, entre 2012 e 2013, a Dielmar reforçou a aposta internacional, consciente de que o principal motor teria de estar nas exportações, onde garante, atualmente, 60% das vendas. Para cumprir esta aposta estratégica, a empresa, especializada na produção de fatos de homem, investiu em novos mercados e em contactos com potenciais parceiros. "Precisamos de soluções facilitadoras para a internacionalização, já que os investimentos são muito elevados e a atual conjuntura continua pouco propícia a ajudas financeiras", sublinha Ana Paula Rafael. Um dos caminhos foi o circuito de feiras internacionais. "Antes da crise, íamos a três, agora estamos em 18","
Fundamental a presença nas feiras frequentadas pelos donos das prateleiras onde os consumidores-alvo compram.
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Recordar em "Outra história portuguesa longe da corte lisboeta" o que penso sobre a importância das feiras.

quinta-feira, julho 17, 2014

Vemos cada vez mais cenas destas


Chamada de atenção

Os interessados em desenvolver balanced scorecards para municípios não têm de inventar.
Às vezes uma visão macro ajuda a não cair na armadilha do pormenor e, na guerra da miríade de feudos e paróquias que querem ver a sua quinta mencionada.
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O que se espera de um município?

  • Ser um bom lugar para viver!
  • Ser um bom lugar para investir!
  • Ser um bom lugar para trabalhar!
  • Ser um bom lugar para visitar!
Tudo o resto é secundário.
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há que primeiro ser-se claro para si próprio

Nem de propósito, depois de "Na base de qualquer estratégia..." e de "Há recursos para ir a todas ao mesmo tempo?" encontro este texto de Seth Godin:
"here's a great way around this problem: Make sure that the instruction manual, the website and the tech support are so clear, so patient and so generous that customers don't find themselves being wrong."
Só que para se ser claro para os potenciais clientes há que primeiro ser-se claro para si próprio.
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Em que é que a empresa realmente se distingue, em que é que pode fazer a diferença?
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Trecho retirado de "When in doubt, re-read rule one"

Os clientes criam a sua própria experiência

"Companies need to throw out the notion that they can control the customer experience, Kolsky states. Customers create their own experiences. They do not wait for companies to tell them how to do it; they push companies to enable them to do what they want. Companies must transform their businesses and get out of the way so customers can create their own experiences; this is the true definition of customer experience. It is about building the infrastructure that allows customers to do whatever they want to do, through whatever channel they choose to do it."

Os clientes criam a sua própria experiência.
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As empresas produzem, fornecem, os recursos, os instrumentos, que os clientes vão utilizar para criar a experiência que procuram ou valorizam.
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As empresas podem ajudar os clientes a encontrar alternativas mais positivas para chegar às experiências que eles definiram.



Trecho retirado de "What Is Customer Experience?"

quarta-feira, julho 16, 2014

"Worry about..."

"Worry about skin in the game, not inequality. Worry about equality in opportunity not outcome. Worry about the powerful corporations taking over the system via lobbyists and blocking artisans. Worry about the class of privileged mandarins-WNSITG (with no skin in the game) taking over the system via "grandes ecoles"..."
Trecho retirado de "Opacity: What We Do Not See  -  A Philosophical Notebook, by Nassim Nicholas Taleb"

Consequências da exportação da revolução

Confesso que nunca tinha visto as invasões francesas sob este prisma.
"First the French Revolutionary Armies and then Napoleon invaded large parts of continental Europe, and in almost all the areas they invaded, the existing institutions were remnants of medieval
times, empowering kings, princes, and nobility and restricting trade both in cities and the countryside. Serfdom and feudalism were much more important in many of these areas than in France itself.
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The guilds regulating all kinds of economic activity in the cities were also typically stronger in these places than in France.
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The leaders of the French Revolution and, subsequently, Napoleon exported the revolution to these lands, destroying absolutism, ending feudal land relations, abolishing guilds, and imposing equality before the law—the all-important notion of rule of law, ... The French Revolution thus prepared not only France but much of the rest of Europe for inclusive institutions and the economic growth that these would spur.
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The French revolutionary armies quickly started carrying out a radical process of reform in the lands they’d conquered, abolishing the remaining vestiges of serfdom and feudal land relations and imposing equality before the law. The clergy were stripped of their special status and power, and the guilds in urban areas were stamped out or at the very least much weakened.
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he codified the Roman law and the ideas of equality before the law into a legal system that became known as the Code Napoleon. Napoleon saw this code as his greatest legacy and wished to impose it in every territory he controlled.
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All in all, French armies wrought much suffering in Europe, but they also radically changed the lay of the land. In much of Europe, gone were feudal relations; the power of the guilds; the absolutist control of monarchs and princes; the grip of the clergy on economic, social, and political power; and the foundation of ancien régime, which treated different people unequally based on their birth status. These changes created the type of inclusive economic institutions that would then allow industrialization to take root in these places."
Eu, que nunca suportei Napoleão, sinto que nunca mais o vou encarar da mesma maneira.

Trechos retirados de "Why Nations Fail" de Daron Acemoglu e J. Robinson.

Na base de qualquer estratégia...

Para os que constroem mapas da estratégia sem equacionar quem são os clientes-alvo:
"Segmentation is actually one of the most essential steps in progressive market management, and it’s also one of the most neglected. By neglected, I mean it’s either not performed at all or it’s designed in a very traditional fashion using demographic or firmographic parameters."
Não é possível desenvolver uma estratégia decente sem identificar os clientes-alvo.
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A subir a A25, cerca de 2 km antes da saída para Vouzela, está um cartaz gigante a publicitar um certo parque em S. Pedro do Sul.
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O texto escrito informa, "parque de actividades radicais".
A imagem mostra um papá, uma mamã e um par de miúdos vestidos na Benetton.
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Os adeptos das actividades radicais olham para o cartaz e pensam, não deve ser radical se tem lá desses betinhos.
Os papás e mamãs olham para o cartaz e pensam, que horror, não vou lá meter os meus meninos.
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Quem não escolhe bem o seu segmento, acaba por espantar clientes

Trecho retirado de "Segmentation: At The Heart Of Customer Data Analytics"

"não é impunemente que se diz mal do próprio sector"

Mais um sector que descobre que não é impunemente que se diz mal do próprio sector:
""Esta indústria está a fazer-se com menos pessoas e menos empresas. Precisamos de pessoas. É preciso trazer pessoas para a indústria", referiu, apelando às empresas para que mostrem como "trabalham bem" e as fábricas "fabulosas" que o país possui."
Um desenvolvimento positivo.
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Algo que ainda falta mudar é o choradinho da investigação financiada:
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Trecho  retirado de "APIC: Indústria de curtumes modernizou-se e "vai precisar de pessoas""

terça-feira, julho 15, 2014

Héroique Machado


Um mar verde

Entre Estarreja e Salreu:

Curioso este efeito, parece a superfície de um mar verde

Curiosidade do dia

Há dias mencionei aqui os velhos amigos que fizeram investimentos para abordar o mercado norte-americano do calçado de trabalho.
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Hoje, verifico que também a Lavoro está a querer abordar o mesmo mercado em "Lavoro quer conquistar Canadá e Estados Unidos".
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Verifico também, que fabricantes chineses de calçado de trabalho estão a estabelecer-se nos Estados Unidos com produção local, ver "Shoemaking Gets a Foot in the Door in the U.S.". Neste caso, vemos também um exemplo prático de como se regenera um sector que perdeu os seus trabalhadores experimentados e do tão propalado reshoring.

Para reflexão, acerca da vantagem do pioneiro

"Get Ahead by Betting Wrong"
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"Companies that invest heavily in R&D are often torn between emerging technologies, wondering which will win in the market and is therefore the one to develop.
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 Conventional wisdom suggests that they pay dearly for getting it wrong. But my research shows that betting on a losing technology and then switching to the winner can position a company to come out ahead of competitors that were on the right track all along.
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 I believe that switching to a new technology often forces companies to rapidly ascend a steep learning curve, [Moi ici: E o sentimento de estarem numa burning platform acelera-lhes os ritmos] and they can then use their knowledge to beat competitors whose learning proceeded more slowly."

Cada vez mais actual

Um esquema feito em 2008 e cada vez mais actual. Quando o preço do dinheiro aumenta, a exigência de rentabilidade  vem perturbar o status-quo e gerar destruição.
Uma forma de tentar dar a volta? Mudar de estratégia! Fazer escolhas difíceis! 

Mais um exemplo

Lembram-se de "Proteccionismo eriça-me logo os pêlos" e do remate final:
"Acredito que isso tudo já aconteceu e, agora, sem intervenção de engenheiros sociais, num movimento genuíno bottom-up já estão a ser criados os circuitos da geração seguinte, combinando produções nacionais, com autenticidade, agricultura biológica e internet. Tudo feito por gente com skin-in-the-game, sem intervenção proteccionista.
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Aliás, o meu lado mais cínico e conspirativo até procura ver nestas palavras uma artimanha qualquer da distribuição grande para criar barreiras, na aparência vendidas como necessárias para proteger os consumidores, a esta nova geração atomizada."
Ontem tivemos mais um exemplo da criação destas barreiras à entrada pelos incumbentes instalados em "Até as feiras onde se expõe e as conferências a que se assiste, podem ter de ser diferentes".
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Hoje, apanho esta história "Nova lei. Pequenos produtores podem ser prejudicados com regime feito para os proteger":
"Um dos casos que mais poderá ter efeitos perversos é o facto de o comerciante ter de assumir maiores responsabilidades ao comprar a pequenos produtores do que se fizer negócio com produtores de maior dimensão.
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Ou seja, um comprador que faça negócio com um pequeno produtor perde direitos, o que o pode levar os comerciantes a preferir empresas de maior dimensão."
Mais um exemplo de como o Estado em conluio com os incumbentes dificultam a vida a Mongo.

BSC para uma zona franca (parte II)

Parte I.
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Qual foi o mapa da estratégia desenvolvido?
No topo do mapa pode ler-se:
"Aumentar o valor da empresa para os accionistas"
E o valor para a comunidade? E o desenvolvimento regional? E a missão?
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Para não desprezar a missão optaria por colocar a par da perspectiva financeira uma perspectiva da missão na componente da comunidade e desenvolvimento regional.
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De certeza que a Zofrir não pode concentrar-se só no aumento do valor bolsista e, não ter em conta actuações que prejudiquem a sua componente regional.
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Agora vamos aos indicadores financeiros. Que coisa mais estranha... nem um indicador financeiro para o aumento das vendas e da rentabilidade geral. Mais, a maioria dos indicadores da perspectiva financeira não são financeiros:

 Faz algum sentido,na perspectiva financeira, incluir o indicador "Nº de serviços criados"? ou "Opiniões favoráveis ou desfavoráveis sobre a imagem corporativa", ou ainda, "Quantidade de utilizadores do sistema"?
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Começam a perceber as barbaridades que se cometem em nome do BSC?
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Os alunos que escrevem estas dissertações não têm culpa nenhuma, a responsabilidade cai sobre os orientadores que deviam ou ter mais conhecimento, ou dar mais acompanhamento.
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Portanto, quando virem estatísticas sobre o BSC, interroguem-se sempre, mas a que raio é que eles chamam de BSC.
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Continua.

segunda-feira, julho 14, 2014

Curiosidade do dia

Fico contente por descobrir que esse núcleo de socráticos empedernidos, o DN, começou a criticar mais uma prática tão comum dessa governação:


A prática, tão comum em Portugal e na Europa (basta recordar "Lições da Suécia") não é boa ou má consoante o partido que está no poder. É má ponto!
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Notícia aqui.

Há recursos para ir a todas ao mesmo tempo?

O Aranha no FB chamou-me a atenção para "Plano de marketing da Turismo do Centro define dez linhas de acção para 2014/2017":
"Relativamente ao produto turístico da região Centro, o plano de marketing pretende orientá-lo para o mercado de massas, bem como criar gamas de produtos estruturados orientados para segmentos específicos, implementar uma imagem de marca multifacetada, associada a experiências memoráveis para turistas que viajam acompanhados, assim como uma imagem alinhada com o posicionamento do destino Portugal e presente nos “sub-produtos” da Região Centro de Portugal.
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através de articulação dos diversos produtos da região e exploração de novos mercados, como os luso-descendentes, judaico e norte europeus."
Estratégia é fazer escolhas, é não cair na armadilha de querer ir a todas.
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Há recursos para aplicar em todas essas opções ao mesmo tempo? Claro que há muita política pelo meio, os que não seriam contemplados na escolha, estariam contra o plano.
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E como medirão a contribuição do Plano para resultados concretos?